quinta-feira, julho 31, 2014

Como foi o parto de Jesus Cristo?

“Foi parto normal ou cesariana?”: é comum que uma mulher que deu à luz há pouco tempo responda mil vezes a essa pergunta. Ainda bem que, nos tempos bíblicos, ninguém sequer cogitava levantar esse tipo de questão, pois para a Virgem Maria não seria muito simples explicar o seu parto… inexplicável!

Não podemos afirmar que Jesus nasceu via parto normal, muito menos por meio de uma cesariana. Assim como Deus se encarnou no ventre da Virgem de modo sobrenatural e misterioso, da mesma forma Ele dali saiu. É dogma da Igreja – artigo de no qual todo católico deve crer – que Nossa Senhora permaneceu Virgem antes, DURANTE e depois do parto.

Sei que muita gente vai argumentar que o nascimento de um bebê via vaginal jamais poderia tirar a virgindade de uma mulher, afinal, entendemos que uma mulher só pode deixar de ser virgem ao se relacionar sexualmente com outro homem. Mas tenhamos em mente que esse nosso conceito de virgindade é muito recente; as gerações anteriores não entendiam a coisa assim. Até poucos séculos atrás, e desde que o mundo é mundo, o hímen inviolado sempre foi importantíssimo para uma donzela. Deus, não ignorando essa realidade, fez com que Maria, ao dar a luz, ainda assim conservasse os sinais de sua virgindade física intactos.

Ao conhecer pela primeira vez esse dogma, minha reação foi de estranhamento. Eu já tinha plena convicção da virgindade de Maria antes e depois do parto, e da relação disso com a natureza divina de Cristo, mas… durante o parto?! Que relevância isso poderia ter? O que isso colaborava com a fé cristã? Mesmo sem perceber a beleza e o sentido dessa revelação, acolhi o dogma como verdade por obediência à fé de que Pedro e seus sucessores são infalíveis em questões essas (saiba mais sobre a infalibilidade).

Por meio dos textos patrísticos (os escritos dos padres cristãos dos primeiros séculos) a Igreja sabe que Nossa Senhora não sentiu dor, não derramou sangue e não perdeu o selo de sua virgindade ao dar à luz. A doutrina da Igreja vai até aqui. Daí, podemos inferir que o parto não foi por vias normais.

Estudando, trocando ideias com outras gestantes e vivenciando meu próprio parto, descobri que a sexualidade feminina tem o seu ápice no parto. Sim, o parto normal é uma belíssima extensão do ato sexual: por um ato a vida entra, por outro ato a vida sai – e pelo mesmo local é a entrada e a saída. A relação sexual e o parto não são fatos isolados, mas estão intimamente conectados – o segundo é a continuidade e coroação do primeiro. E esse elo fica claro quando nos damos conta de que o hormônio responsável pelo desejo sexual – a ocitocina – é também aquele que ativa as contrações uterinas durante o trabalho de parto. Cópula e parto normal não são coisas assim tão diferentes, portanto. São apenas duas etapas de um mesmo processo. Realizam-se pela mesma via – a vagina – e são favorecidos pelos mesmos hormônios. Aí está o “pulo do gato”, a chave de entendimento da questão: se o parto normal é parte integrante da atividade sexual feminina e se Maria não vivenciou a primeira etapa desse processo, então é razoável que também não tenha vivenciado a segunda etapa.

Essa é mais uma belíssima expressão da co
movente COERÊNCIA da história da nossa salvação. Isoladamente, esse ponto do dogma realmente pode parecer indiferente, porém,considerando o processo sexual como um todo – que inclui o parto – vemos que uma verdade “puxa” naturalmente a outra, e que as coisas se encaixam perfeitamente.

Em suma: assim como Jesus entrou nas entranhas da Virgem de modo miraculoso, também saiu de lá de modo miraculoso; da mesma forma que entrou, Ele saiu. é simples. E tem sentido, não tem?

Deus é perfeito em todos os detalhes! Bem, há certas coisas que não se devemos esmiuçar muito; temos que ser discretos e muito respeitosos com as coisas que envolvem a Nossa Mãe Santíssima. Mas vejam como há beleza e ordem nisso tudo: imaginem a Santa Virgem, tão delicada e cheia de pudor, tendo que receber assistência em seu parto de um homem (São José)! Hoje isso é normal, mas naquela época seria complicado para qualquer mulher, quanto mais para a Virgem! Deus Pai, que é infinitamente doce e sempre pensa em tudo, preservou Nossa Senhora desse constrangimento. Ela merecia.

As tentativas de explicação desse mistério são limitadas, mas temos o testemunho dos escritos dos padre primitivos (Tradição) e o Magistério de Pedro. No mais, sigamos o conselho de Santo Agostinho: a virgindade durante o parto é uma coisa tão admirável que deve nos levar, humildes e maravilhados, ao louvor e à silenciosa contemplação.

“Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio de Virgem… Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la da sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu e manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira, revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra de mãe e com a santidade de virgem… Que significa isso? Quem pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável. Mas não nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes de esclarecer… Não obstante, sentimo-nos constrangidos a louvar, para que o nosso silêncio não seja sinal de ingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente.”

- Santo Agostinho, Sermão 215,3


Retirado do site: ocatequista.com.br

Como Deus ama os santos, apesar de seus defeitos e imperfeições


Todo o homem, por mais santo que seja, tem imperfeições, visto que foi feito do nada; de forma que não prejudicamos aos santos, se, ao narrarmos as suas virtudes, contamos também os seus pecados e imperfeições . Aqueles que ocultam os defeitos e faltas dos santos , com o pretexto de os honrar, fazem mal, porque não contam o princípio da sua conversão, com medo que diminua a estima em que temos a sua santidade. Todos os grandes santos, escrevendo as vidas de outros santos, narraram sempre as faltas e imperfeições, pensando, e com razão, dar nisto tanta glória a Deus e aos seus mesmos santos como narrando as suas virtudes.

O grande São Jerônimo, escrevendo em epitáfio, os louvores e as virtudes de Santa Paula, explica claramente as suas imperfeições, condenando com toda a lisura muitas das suas ações e sendo sempre claro e sincero ao escrever as suas virtudes e defeitos, pois sabia que uma coisa lhe era tão útil como a outra; porque vendo os defeitos dos santos e a sua vida, bastá-nos, para conhecermos a vontade de Deus, que lhes perdoou; e nos ensina a evitá-los e a fazer deles penitência como os santos fizeram, assim como lemos as suas virtudes para o imitar.


Quando os mundanos querem elogiar as pessoas que estimam, contam sempre as suas graças, virtudes, perfeições e excelências, dando-lhes todos os títulos e dignidades honrosas, procurando encobrir os seus  pecados e imperfeições, e esquecendo tudo o que os poderia tornar desprezíveis. Mas a Santa Igreja nossa mãe faz o contrário; porque embora ame muito os,  seus filhos, contudo, quanto os quer louvar e exaltar, conta exatamente os pecados que cometeram antes da conversão, para dar mais honra e glória á majestade d'Aquele que os santificou, fazendo brilhar sobre eles a sua infinita misericórdia, pela qual os levantou da sua miséria e pecados, enchendo-os de graça e dando-lhes o seu santo amor, afim de chegarem a santidade.


É fora de dúvida que a Igreja, contando e escrevendo os pecados dos santos, não tem intenção senão de nos mostrar que não quer que nos admiremos e aterremos com os pecados passados e as misérias presentes, contanto que tenhamos uma resolução firme e inabalável de pertencer a Deus, e de abraçar a perfeição, e todos os meios que nos podem adiantar no amor divino, fazendo com que esta resolução seja eficaz, e produza obras. As nossas misérias e fraquezas, em vez de nos aterrarem, devem-nos humilhar e lançar nos braços da misericórdia divina, que será tanto mais glorificada, quanto maiores forem as misérias, contanto que delas nos emendemos; o que devemos esperar mediante a graça de Nosso Senhor.


O grande São Crisóstomo, falando de São Paulo, louva-o o mais que pode e fala dele com tanta honra e estima, que é coisa admirável a narração das virtudes, graças, prerrogativas, excelências e perfeições de que Deus encheu a alma daquele santo apóstolo: mas, após isto, este mesmo Doutor, para mostrar que essas graças não vêm dele mas da infinita bondade de Deus, fala também dos seus defeitos, e narra com exatidão os seus pecados e imperfeições.


Vede, diz ele, como este grande perseguidor da Igreja, Deus fez um vaso de eleição, e como transformou este grande pecador, fazendo de um lobo uma ovelha; vede como encheu de graças a este ambicioso e iracundo, tornando-o tão submisso, que chega a dizer: "Senhor! Que vos agrada que eu faça?" E tão humilde que diz ser o menor dos apóstolos e o maior dos pecadores; que se faz tudo para todos, é para os ganhar para Jesus: "Quem está doente, diz ele, com o qual eu não esteja doente? Quem está triste, com o qual eu não me entristeça? Quem está alegre com o qual eu não me alegre também? Quem se escandaliza com que eu não me escandalize?" Os antigos Padres, ao contarem a vida dos santos, eram exatos em contar os pecados e faltas deles, para exaltarem e glorificarem a bondade divina, fazendo ver a eficácia da graça por cujo meio se converteram.


(São Francisco de Sales)


FONTE: São Pio V

Retirado do blog: http://www.catolicostradicionais.com.br/

quarta-feira, julho 30, 2014

OS "IRMÃOS" DE JESUS: MARIA TEVE OUTROS FILHOS?

Textos que Comprovam que Jesus era Filho Único

1. A Bíblia só chama a Jesus de Filho de Maria
Em nenhuma passagem da Bíblia, ninguém é chamado de "filho de Maria", a não ser Jesus. E, ainda, de ninguém Maria é chamada "Mãe", a não ser de Jesus. Em Mc 6,3 é dito: "o filho de Maria" (com artigo, dando idéia de unicidade). A expressão grega implica que Ele era seu único filho. O Evangelho nunca diz "a mãe de Jesus com seus filhos", embora isso fosse natural, especialmente em Mc 3,31 e At 1,14, se ela tivesse outros filhos.

2. Maria fez Voto de Virgindade


Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?".

A pergunta que Maria fez seria inadimissível em uma jovem desposada no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro. Esta pergunta só tem sentido se considerarmos que ela fizera voto de virgindade, uma vez que, embora estivesse desposada, ela afirma: "eu não conheço varão". O anjo, porém, não a libera do voto, mas diz que se tratará de uma conceição milagrosa.

O voto de virgindade feito por Maria é também insinuado num apócrifo: o Protoevangelho de Tiago (120 dC).

3. Jesus Entregou Maria ao Discípulo João

Era costume judeu que os filhos cuidassem da mãe. Ao morrer o irmão mais velho, caberia aos demais filhos o cuidado da mãe. Porém, Jesus pede que o discípulo João, membro de outra família, cuidasse de sua mãe (Jo 19,26-27). Não haveria necessidade de tal preocupação e tal atitude seria inadmissível se Jesus tivesse outros irmãos.

4. Aos 12 Anos, não há Indícios de Irmãos na Festa da Páscoa

Quando Jesus foi a festa da Páscoa em Jerusalém, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto durante uns 15 dias. Ora, Maria e José não poderiam ter deixado em casa, por tanto tempo, filhos tão pequenos.

5. O Testemunho da Sagrada Tradição


A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:

Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)

Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias)

Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".

Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4")

São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".

Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)

Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)

6. A Fé dos Reformadores Protestantes
Martinho Lutero:

Sobre Mt 1,25: "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isso." (Obras de Lutero Ed. Weimar, Tomo 11, p.323)

No fim de sua Vida: "Virgem antes, no, e depois do parto, que está grávida e dá a luz. Este artigo da fé é milagre divino." (Sermão Natal 1540: WA 49,182)

João Calvino:

"Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que Ele nasceu da Virgem" (CO 45,645)

"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, N.Sr. Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]" (Sermão sobre Mateus, 1562).

Zvínglio:

"Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre Virgem pura e íntegra." (Zvínglio Opera 1,424)

"Os irmãos do Senhor eram os amigos do Senhor" (ZO 1,401) 

Parte II: Respondendo às Objeções Protestantes

7. Quem Seriam os "Irmãos" de Jesus?

Há vários textos no NT que mencionam os "irmãos de Jesus": Mt 12,46-50; 13,55; Mc 3,31-35; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Vejamos, por exemplo, Mc 6,3:

"Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?"

O que dizer?
A expressão "irmãos de Jesus" foi concebida, não em ambiente grego, mas no mundo semita, onde a língua falada era o aramaico. Ora, em aramaico (e também em hebraico), a palavra "irmãos" (se escreve "ah"), designa não somente os filhos dos mesmos pais, mas também, os primos ou até parentes mais remotos. No AT há 20 passagens que atestam o amplo significado da palavra "irmão". Vejamos alguns exemplos:

Primeiro Exemplo:
Gn 11,27: "Taré gerou Abrão, Nacor e Arã. Arã gerou Ló."

Logo, Ló é sobrinho de Abrão, como confirma Gn 12,5: "Abrão tomou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, ...". Vejamos agora o que diz Gn 13,8:

"Abrão disse a Ló: Que não haja discórdia entre mim e ti, ... , pois somos IRMÃOS."

Segundo Exemplo:
1Cr 23,21-23: "Os filhos de Merari foram Moholo e Musi. Os filhos de Moholi foram Eleázaro e Cis. Eleázaro morreu sem ter filhos, mas apenas filhas. Os filhos de Cis, SEUS IRMÃOS, as tomaram por mulheres."

Ora, como Eleázaro e Cis eram verdadeiros irmãos, então os filhos de Cis não eram irmãos das filhas de Eleázaro, mas sim primos. No entanto, a Bíblia utiliza o conceito amplo da palavra "ah" para chamá-los de irmãos, embora fossem primos.

Terceiro Exemplo:
Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: Por seres meu IRMÃO, irás servir-me de graça?"

Seria Labão irmão de Jacó? Não! Era seu tio. Confira:

Gn 29,10: "Logo que Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, aproximou-se..."

Leia também: 1Cr 15,4-10.
Em conclusão, o uso dos termos "irmãos e irmãs" de Jesus, na verdade, designam simplesmente que se trata de parentes de Jesus, pois o termo hebraico "ah" (traduzido por "irmão") possui este sentido amplo. Portanto, não eram filhos de Maria, mas sim parentes de Jesus, provavelmente seus primos ou filhos do viúvo José.

8. Mas o NT foi Escrito em Grego e não em Aramaico. E aí?
Em grego existem palavras definidas para irmão (ADELPHOS) e primo (ANEPSIOS). Paulo conhecia muito bem o grego pois chegou a discursar com muita eloquência num aerópago grego. Certamente, os autores sagrados conheciam muito bem as palavras ADELPHOS e ANEPSIOS. Inclusive, Paulo chegou a usar o termo ANEPSIOS (primo) em Cl 4,10:

"Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o PRIMO de Barnabé"

E ainda: "Saudai a Herodião, meu PARENTE" (Rm 16,11)

O mesmo se pode dizer do livro de Tobias, escrito em grego: "Como este jovem é parecido com meu PRIMO" (Tb 7,2)

Portanto, se os "irmão do Senhor" fossem primos de Jesus, ao escrever o NT em grego, os autores sagrados usariam a palavra ANEPSIOS (primo), e não ADELPHOS (irmão). Porém, o NT sempre se refere aos "irmãos do Senhor" usando o termo ADELPHOS (irmão) e nunca ANEPSIOS (primo).

O que dizer?
Ocorre que os escritores sagrados quiseram preservar o sabor semítico da palavra aramaica "ah" ("irmão" para qualquer grau de parentesco próximo) ao fazer a tradução para o grego. A expressão semita "irmãos do Senhor" já era muito usual entre os cristãos (como demonstra as várias inserções no NT) e os apóstolos quiseram preservá-la, pois "ah" é diretamente traduzido para o grego por "ADELPHOS". Um contexto, portanto, bem diferente das passagens de Paulo e Tobias acima citadas, pois nestes casos Paulo e Tobias não estavam traduzindo um termo hebraico para o grego. Esta preservação do aramaico ou do sabor semita na tradução para o grego ocorre também em outras passagens do NT. Vejamos algumas:

- Pedro, em algumas passagens é chamado pelo nome CEFAS (pedra em aramaico), preservando assim o sabor semita com que os discípulos se acostumaram a chamar Pedro.

- Lc 14,26: "Se alguém vem a mim e não ODEIA seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a própria vida, não pode ser meu discípulos"

Teria Jesus pregado o odio? Óbvio que não! Ocorre que o aramaico não tem estruturas de comparação, tipo "amar mais" ou "amar menos". Jesus, portanto, usou o vocábulo aramaico que traz a idéia de "amar menos" (ou seja, o mesmo que é traduzido por "odiar"), e que foi traduzido para o grego mantendo o sabor semita. Lucas podia usar a estrutura grega correspondente a "amar menos", mas tal como no caso dos "irmãos do Senhor", optou por manter o sabor semita do ensinamento, embora houvesse no grego termos mais apropriados.

- São Paulo cita Ml 1,2-3: "Eu amei Jacó e ODIEI Esaú" (Rm 9,13).
Obviamente, a tradução correta seria: "Eu amei mais a Jacó do que a Esaú". Porém, Paulo mantêm o semitismo, embora o grego em que escreveu lhe proporcionasse termos mais adequados.

- Em várias passagens, São Paulo frequentemente faz uso do termo grego "dikaiosyne" não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na forma ampla do sentido hebraico de "sedaqah".

- Lucas utiliza com frequencia o aditivo "kai" ("e", em português), que reflete o aditivo hebraico "wau". Ex: Lc 5,1 "... E ele se encontrava de pé ...". A palavra "e" poderia existir no hebraico, mas não no grego, nem mesmo no aramaico. Lucas nos diz que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em grego, hebraico ou aramaico. Estas estranhas estruturas usada por Lucas em alguns pontos parece demonstrar que ele usou, em certos momentos, documentos hebraicos e os traduziu com extremo cuidado, tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego. Lucas sabia como escrever em grego culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim? Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos originais que usava.

Há muitos outros lugares no NT onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são suficientes para mostrar como os escritores do NT escreveram em grego mantendo o sabor semita das expressões, embora o grego tivesse estruturas e vocábulos mais apropriados, tais como "primos" em lugar de "irmãos".

Em acréscimo, podemos observar que quando o AT foi traduzido para o grego (versão dos Setenta), alguns séculos antes de Cristo, o termo aramaico "ah" sempre foi traduzido para o grego ADELPHOS (irmão), mesmo quando era evidente que não se tratava de filhos da mesma mãe, mas sim de parentes próximos. Por exemplo, conforme visto acima, em Gn 13,8 "ah" deveria ser traduzido para o grego correspondente a "parentes" (tio e sobrinho), mas preservou-se o sabor semita "irmãos". Portanto, não se deve admirar o fato do hagiógrafo do NT manter o sabor semita do vocábulo "ah" referente aos parentes, pois este também foi o critério usado na tradução do AT, alguns séculos antes de Cristo nascer. O linguajar grego da Versão dos Setenta, que conservava seu fundo semita, influiu profundamente na linguagem dos escritores do NT, familiarizados que estavam com a tradução dos Setenta. E quando se traduz a Bíblia para as línguas modernas, português, inglês, etc., o termo correspondente a "irmão" também é mantido mesmo nos casos onde é evidente que não se tratam de filhos dos mesmos pais, mas sim de parentes.

9. Mas o Profético Salmo 68 Afirma: "os filhos de sua mãe"!
O Salmo 68 é um salmo profético, pois o versículo 10 é aplicado à Jesus pelos discípulos em Jo 2,17: "O zelo pela tua casa me consumiu". Dessa forma, se o versículo 10 foi aplicado a Jesus, muitos sugerem que o versículo 9 também deve ser aplicado, pois está adjacente ao versículo 10. Vejamos o que diz o versículo 9:

"Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe."

Observe: "para os filhos de minha mãe"! Daí muitos concluem que Maria teve outros filhos além de Jesus.

O que dizer?
Ocorre, porém, que dado um contexto que contenha um versículo profético, se é verdade que todos os versículos deste contexto sejam todos igualmente proféticos, então o versículo 6 deste Salmo também deveria ser profético e aplicado a Jesus, pois pertence ao mesmo contexto dos versículos 9 e 10. Mas o que diz o versículo 6 ?

"Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas." (Sl 68,6)
No salmo 68, o sujeito dos versículos 9 e 10 é o mesmo sujeito do versículo 6. Se o versículo 9 deve ser aplicado a Jesus porque o versículo 10 foi, então o versículo 6 também teria que ser, pois pertencem ao mesmo contexto. Mas o versículo 6 é a confissão de um sujeito insipiente e pecador. Porém, o NT nos garante que Jesus jamais cometeu um pecado (Jo 8,46; Hb 4,15; 1Pd 2,22; Is 53,9; 1Jo 3,5). Logo, concluímos que se um versículo do At for aplicável a Jesus (ou a alguém ou a algum fato do NT) não significa que todo os versículos adjacentes a ele (ou todo o contexto onde ele está inserido), também sejam obrigatoriamente proféticos e igualmente aplicáveis. No caso citado, o versículo 10 é aplicado a Jesus, mas os versículos 6 e 9, não.

Em acréscimo, observe o versículo 22 deste mesmo salmo. Ele também é profético e aplicado a Jesus (Mt 27,34; Jo 19,29). Igualmente os versículos 23, 24 e 26 são todos proféticos. Porém, enquanto o 23 e 24 são aplicado a Israel (Rm 11,9s), o versículo 26 é aplicado a Judas (At 1,20). Isto também comprova que os versículos são aplicados a sujeitos distintos sem qualquer vínculo com o contexto onde se encontra. E ainda, neste mesmo contexto, observe como os versículos 25, 28 e 29 destoam profundamente de Lc 23,34. Novamente observamos que não é porque alguns versículos são proféticos e aplicáveis ao NT que todos os versículos adjacentes o devem ser. Portanto, o versículo do Sl 68,9 não garante que Maria tenha tido outros filhos. 

Parte III: Ainda Respondendo às Objeções Protestantes

10. A Bíblia diz: "Até que..." (Mt 1,25)
"José não conheceu Maria (= não teve relações com Maria) ATÉ QUE ela desse à luz um filho (Jesus)".

Significa isto que, depois de ter dado à luz a Jesus, Maria teve relações conjugais com José?

Não necessariamente. A expressão "até que" corresponde ao grego "heos hou" e ao hebraico "ad ki". Esta partícula designa apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ou seja, a passagem quer afirmar que Jesus nasceu sem que José e Maria tivessem relações. O termo grego "heos hou" ("até que") nada insinua se depois que Jesus nasceu houve ou não relação entre Maria e José, mas simplesmente relata algo que ocorreu no passado, no caso, Mateus quis relatar o fato extraordinário de que Jesus nasceu estando sua mãe virgem. Vejamos diversos casos semelhantes:

2Sm 6,23: "Micol, filha de Saul, não teve filhos ATÉ a morte." Não significa que, após morrer, tenha tido filhos.

Sl 109,1: Deus Pai convida o Messias a sentar-se à sua direita ATÉ QUE Ele faça dos seus inimigos o escabêlo dos seus pés. Isto não significa que, após vencidos os inimigos, o Messias deixará de se assentar à direita do Pai.

Gn 28,15: "Diz o Senhor a Jacó: Não te abandonarei ATÉ QUE eu tenha realizado o que te prometi." Certamente Deus não abandonou Jacó depois de cumprir as suas promessas.

Dt 34,6: Moisés foi enterrado "e ATÉ hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura". Isto era verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua sendo verdade ainda hoje.

1Tm 4,13: O Apóstolo pede para que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento "ATÉ eu (Paulo) chegar". Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais coisas após a chegada de Paulo.

Mt 13,33: "O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que [heos hou] tudo esteja levedado." Isso não quer dizer que depois que levedou ja não havia mais 3 medidas de farinha.

Mt 26,36: "Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto [heos hou] vou além orar." Observe que Jesus ordena para que os discípulos esperem sentados. Isto não significa que, ao retornar da oração, eles deveriam novamente se levantar. Não! Quando Jesus voltasse, eles poderiam permanecer sentados conversando, ou irem durmir ou se levantarem. Observe como o HEOS HOU nada nos informa sobre o estado futuro.

Lc 24,49: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que [heos hou] do alto sejais revestidos de poder." Quer dizer que, após Pentecostes, todos os apóstolos saíram de Jerusalém? De modo algum. Observe como HEOS HOU refere-se apenas ao passado, sem nada indicar sobre o futuro. A ordem de Jesus era para que antes de Pentecostes não saíssem de Jerusalém de modo algum. Depois, pouco lhe importa se permaneceriam ou se sairiam dali.

Alguns protestantes, porém, ainda contra-argumentam afirmando que no período entre 100 AC e 100 DC (época em que o NT foi escrito), a partícula "até que" (HEOS HOU, em grego) não era usada sem fazer referências ao futuro. Este argumento também é falso. Podemos citar, por exemplo, um escrito da época citada que diz:

"E Aseneth foi deixada com as sete virgens, e continuou a ser oprimida e a chorar ATÉ (HEOS HOU) o sol se pôr. E não comeu pão nem bebeu água. E a noite veio, e todos da casa dormiram, e somente ela estava acordada, continuando a se desesperar e a chorar."

Fonte: História "Joseph e Aneseth" de C. Burchard, que pode ser encontrada em Old Testament Pseudepigrapha. Vol. 2, Expansions of the Old Testament and Legends, Wisdom and Philosophical Literature, Prayers, Psalms, and Odes, Fragments of Lost Judeo-Hellenistic Works, ed. James H.Charlesworth, p. 215. New York: Doubleday, 1985.

Notamos pelo contexto que Aneseth chorou até o pôr do sol, mas que ela continuou a chorar pela noite. Eis um caso clássico, da época de Cristo, onde "heos hou" não implica em mudança de ação futura, pois o próprio contexto não dá margem a qualquer outra possibilidade. Portanto, ou "heos hou" termina o ato, ou o continua. Neste exemplo ele certamente não terminou o ato, senão é fato que Aneseth deveria ter parado de chorar, e não continuado, depois que o sol se pôs.

Todos esses exemplos são casos em que se faz referência ao passado, sem referências do futuro. Essa locução era frequente entre os semitas e foi usada em Mt 1,25. A tradução mais clara deste versículo seria "Sem que José tivesse tido relações com Maria, ela deu à luz um filho".

11. Se Jesus era o Primogênito, então foi o Primeiro de outros Filhos
Lc 2,7: "Maria deu à luz o seu filho primogênito"

Literalmente, "primogênito" é o primeiro filho, independente de haver ou não um segundo filho. Em hebrico "bekor" (primogênito) podia designar simplesmente "o bem-amado", pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais. Além disto, os hebreus julgavam o primogênito como alvo de especial amor de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor (Lc 2,22; Ex 13,2; 34,19).

A palavra "primogênito" podia mesmo ser sinônima de "unigênito" (único filho), pois um e outro vocábulos na mentalidade semita designam "o bem-amado". Veja, por exemplo, Zc 12,10:

"Quanto àquele que transpassaram, irão chorá-lo como se chora um filho unigênito; irão chorá-lo amargamente como se chora um primogênito"

Da mesma forma, Maquir que é o único filho de Manassés é chamado de "primogênito" em Jos 17,1. A descendência de Manassés é descrita em Nm 26,29-34.

Observe como "primogênito" refere-se apenas a condição do primeiro filho, sem nada afirmar sobre outros filhos:

Ex 13,2: "Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno entre os filhos de Israel. Homem ou animal será meu."

Ex 34,19: "Todo o que sair por primeiro do seio materno será meu: Todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado."

Lc 2,23: "Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor"

Numa inscrição sepulcral judaica datada de 5 AC e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito), em 1922, lê-se que uma jovem chamada Arsinoé MORREU "nas dores do parto do seu filho primogênito". Ora, se ela morreu, então não teve outros filhos além do filho dito "primogênito". E mais ainda: no apócrifo "Antiguidades Bíblicas", a filha de Jefté (Jz 11,29-39) ora é dita primogênita (primeira filha), ora é dita unigênita (única filha). Portanto, embora fosse a única filha, também era chamada de primogênita.

E para confirmar definitivamente que o primogênito não necessariamente têm outros irmãos, São Jerônimo apresenta Lc 2,22-24 que diz:

"Concluídos os dias da sua purificação, de acordo com a lei de Moisés, eles o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor [como está prescrito na lei do Senhor, todo macho que abre o útero deve ser consagrado ao Senhor] e para oferecer em sacrifício de acordo com o que é prescrito na lei do Senhor, um par de rolinhas ou duas pombas novas"

Como não havia tempo suficiente, até o dia da sua purificação, para Maria conceber novamente, é certo que Jesus foi consagrado ao Senhor (lei da primogenitura) antes de ter qualquer irmão. Ora, se o primogênito fosse restrito àqueles que possuem irmãos, ninguém estaria sujeito a lei da primogenitura, enquanto não nascesse seu irmão. Mas visto que, o primeiro filho (que ainda não tem irmãos mais novos), poucos dias depois de nascer já é sujeito à lei da primogênitura, deduzimos que é chamado primogênito aquele que abre o útero da mãe e que não foi precedido por ninguém, e não aquele cujo nascimento foi seguido por outro de irmão mais novo.

Vimos, portanto, que o primeiro filho homem será consagrado a Deus. Este é o primogênito. Mesmo que não seja o primeiro filho, mas se for o primeiro filho homem, ele é o primogênito. E, se for o único filho, ele também é o primogênito porque foi o primeiro e único. Enfim, o termo "primogênito" possui o mesmo modo de falar de Mt 1,25: "primogênito" vem a ser apenas o filho antes do qual não houve outro, não necessariamente aquele após o qual houve outros.

12. Se Maria fez voto de virgindade, como pode ter desposado José?
Santo Agostinho explica:

"O que tornou a virgindade de Maria tão santa e agradável a Deus não foi porque a concepção de Cristo a preservou, impedindo que sua virgindade fosse violada por um esposo, mas porque antes mesmo de conceber ela já a tinha dedicado a Deus e merecido, assim, ser escolhida, para trazer Cristo ao mundo.

É o que indicam as palavras de Maria em resposta ao anjo que lhe anunciava a maternidade: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Por certo, ela não teria falado assim, se não houvesse consagrado anteriormente sua virgindade a Deus. Mas como esse voto ainda não tinha entrado nos costumes dos judeus, ela fora dada em casamento a um varão justo o qual, longe de lhe tirar o que ela já havia consagrado a Deus, seria ao contrário o seu fiel guardião. Ainda que ela apenas tivesse dito: "Como é que vai ser isso", sem acrescentar: "se eu não conheço homem algum", não ignorava que, como mulher, não precisaria perguntar como daria à luz esse filho prometido, no caso de estar casada para ter filhos.

Poderia também ter recebido uma ordem do céu de permanecer virgem, a fim de que o Filho de Deus tomasse nela a forma de escravo por algum grande milagre. Mas por estar destinada a servir de modelo às futuras virgens consagradas, era preciso não deixar parecer que unicamente ela deveria ser virgem, ela que merecera conceber fora do leito nupcial.

Assim, consagrou sua virgindade a Deus, enquanto ainda ignorava de quem havia sido chamada a ser mãe. Desse modo, ela ensinava, às outras, a possibilidade de imitação da vida do céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito, e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer. Cristo, assim, nascendo de uma virgem que, antes mesmo de saber de quem seria mãe, já tinha resolvido permanecer virgem, esse Cristo preferiu aprovar a santa virgindade a impô-la. Dessa maneira, mesmo na mulher da qual haveria de receber a forma de servo, ele quis que a virgindade fosse o efeito da vontade livre." (A Santa Virgindade - Santo Agostinho)

Vejamos, agora, o que nos diz o Papa João Paulo II:
"No momento da anunciação, Maria encontra-se então na situação de noiva. Podemos perguntar-nos porque ela tinha aceito o noivado, dado que havia feito o propósito de permanecer virgem para sempre. (...) Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal.

De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado Maria à escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade." (João Paulo II - Catequese - 17 a 24/08/1996)

Em acréscimo, lembro também que na cultura judaica uma mulher sem marido não era bem vista (veja, por exemplo, 1Cor 7,36). Desposando de José, homem justo, Maria não passaria por tal constrangimento e ainda cumpriria o voto de virgindade. Uma segunda observação, é que quando o Papa fala no ideal de virgindade de José, este ideal pode ter sido suscitado após sua viuvez, uma vez que existem relatos de que José teria tido filhos em seu primeiro casamento. 

Fonte: http://www.veritatis.com.br 
http://www.jesusobompastor.com.br/



 

POR QUE O DEMÔNIO ODEIA MARIA?

"Uma arma que é muito efetiva e poderosa para vencer o demônio, é Maria. O demônio treme diante de Maria. Eu agora vou dizer algo que pode chocar você um pouquinho: durante as orações de exorcismo, quando mencionamos o nome Maria para o demônio, ele se torna até mais furioso do que quando a gente menciona Jesus".
“Vou tentar explicar: eu não estou dizendo que ele tema mais a Maria do que a Jesus. O que eu estou dizendo é que ele se torna mais raivoso quando se menciona Maria do que quando se menciona Jesus. E a razão é a seguinte: ele sabe que Jesus é o filho de Deus. Ele sabe que Jesus o venceu. Apesar de ser tão orgulhoso ele sabe que precisa dobrar o joelho diante de Jesus. Mas ele não pode aguentar que Maria, uma criatura, uma criatura humana possa tê-lo vencido".
“Durante o exorcismo, Deus ordena ao demônio a dizer a verdade. Quando um exorcista pergunta ao demônio: 'por que você treme diante de Maria?'. Neste momento, Deus ordena ao demônio que responda. E que responda a verdade. E o demônio responde: 'eu odeio Maria porque ela é muito humilde'. O demônio não tem medo das pessoas que ficam gritando ao tentar expulsá-lo. Ele não se impressiona com gritaria. Ele é um espírito. Não tem ouvido. Então não há utilidade nenhuma ficar gritando".
"O demônio odeia a humildade. Ele não tem medo de gritaria, mas a humildade o apavora. Quanto mais humilde, mais ele treme. Exatamente porque ele é orgulhoso".
(Frei Elias Vella, padre exorcista da Ilha de Malta).
Nossa Senhora da Defesa, seja a nossa proteção!

Fonte: blog.christifidei.com

JAVÉ OU JEOVÁ? O NOME DE DEUS É IGUAL?



Provavelmente em qualquer momento tenhamos visto a palavra “Jeová” referindo-se ao nome de Deus. Muitos católicos, um pouco confusos, parecem não ver diferença entre este e qualquer outro nome usado para se referir a Deus, enquanto outros suspeitam de que algo não soa bem, mas não têm a exata ideia do que seja.

Antes é preciso voltar no tempo…
No pensamento judaico, o nome tinha uma importância fundamental na vida das pessoas, porque refletia a essência, a natureza e a missão de quem o portava. Podemos assim ler no Antigo Testamento, que várias vezes, quando o escritor se refere a um nome, quase sempre coloca em seguida “que significa ‘tal coisa’”. O próprio Cristo muda o nome de várias pessoas no curso do Novo Testamento para dar-lhes uma missão. Esta importância do nome das pessoas e dos lugares está sempre presente no pensamento judaico. Mas em relação a Deus a questão do nome tem um impacto muito diferente, porque os judeus chegaram a um certo momento onde pararam de pronuncia-Lo por respeito.

Moisés foi o primeiro a perguntar a Deus o Seu nome, e Deus respondeu o enigmático “Eu Sou”, que tem enorme densidade metafísica, afirmando uma verdade absoluta sobre Deus como o Ser que subsiste por si só (diferente de nós que “somos” em Deus porque “participamos” do Ser de Deus). Todavia, originalmente a sua escrita era um tetragrama que se entende assim: YHWH. Visto que os judeus se abstinham do ato de pronunciar o nome de Deus, cada vez que eles encontravam nas Escrituras o tetragrama, quem lia substituía por “Adonai”. Esta prática de não pronunciar o nome de Deus e de substituí-lo fez com que, com o tempo, os judeus esquecessem como se escrevia o nome de Deus e como se pronunciava.

E agora, de onde deriva Jeová?
Com o passar dos anos (e das traduções da Bíblia), alguns estudiosos fizeram algo curioso. Visto que no hebraico as vogais não existem, o tetragrama (YHWH) seria impossível de pronunciar para nós, que derivamos do latim (por isso pronunciamos Yahweh - Javé). Assim decidiram pegar as vogais de ADONAI (A-O-A), e as introduziram no tetragrama, obtendo como resultado YAHOWAH, que se pronuncia Jeová.

Voltemos aos nossos tempos
No Novo Testamento, nenhum manuscrito leva ao tetragrama (YHWH), e nos referimos a Deus Pai como Theos e a Jesus como Kyrios. Mas – e disso deriva a confusão – uma tradução da Bíblia (“A tradução do Novo Mundo”, das Testemunhas de Jeová), sem autoridade nenhuma, a não ser pelo próprio capricho pessoal, inseriu a palavra “Jeová” 237 vezes. Fizeram isso mesmo se nos manuscritos originais esta referência não existe no Novo Testamento e nem mesmo se refere a YHWH. Como pudemos notar, a palavra “Jeová” não existe em lugar nenhum da Sagrada Escritura, mas foi inventada pelos homens.

O resultado de todo este emaranhado
Uma série de traduções da Bíblia pegou - de maneira errada - este “nome artístico” para referir-se a Deus Pai. A necessidade de querer inventar um “nome” a Deus parece não somente absurda, mas também extremamente sem respeito, visto que Deus não se pode abraçar com o nome. Estas pessoas não compreenderam ainda a profundidade da resposta de Deus a Moisés: “Eu Sou”.


sources: Aleteia
Fonte:Jesus o bom pastor



segunda-feira, julho 28, 2014

A INTERCESSÃO DOS SANTOS



Como o caso das imagens, a invocação dos santos é violentamente atacada 
por grande número de protestantes. Os católicos continuarão a invocar santos porque é uma prática com fundamento bíblico, que esses protestantes não
conhecem.

O que ensina a Igreja

Lumen Gentium 49: "Alguns dentre os discípulos do Senhor peregrinam na terra, outros, terminada esta vida, são purificados, enquanto outros são glorificados, vendo claramente o próprio Deus uno e trino, assim como é". É a igreja da terra, do purgatório e do céu. E ainda no mesmo número: "A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo, não se interrompe, ao contrário, vê-se fortalecida pela comunicação dos bens espirituais" à semelhança do sistema circulatório no corpo humano.

Sacrosanctum Concilium 111: "As festas dos santos proclamam as maravilhas de Cristo operadas em seus servos e mostram aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados".

O que ensina a Bíblia

1 Timóteo 2, 5-6: "Há um só Deus e UM SÓ MEDIADOR (ou medianeiro) entre Deus e os homens: o homem Jesus Cristo, que se entregou a si próprio por todos como resgate". Aí está claro: em termos de salvação, o único intermediário entre a humanidade pecadora e Deus é Jesus Cristo. Por ser homem, podia agir em nome da humanidade; e, por ser Deus, seu resgate oferece um valor infinito.
Nenhum outro ser humano poderia tornar-se nosso salvador. Único MEDIADOR DA SALVAÇÃO é o Cristo, que nos reconciliou com Deus. (Ef 2, 14-16). O assunto de
que trata S. Paulo a Timóteo, neste trecho é a redenção. Como se vê no versículo anterior, 1 Tm 2, 4: Deus "quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade". Nenhum católico duvida que "não há salvação em
nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome dado aos homens que nos possa salvar" (At 4, 12). Entre Deus e os homens está Cristo. Mas entre Cristo e os homens, foram colocados por Deus os MEDIADORES DE
INTERCESSÃO, como advogados nossos, diante do grande Advogado, Jesus Cristo. A Graça eleva e aperfeiçoa tudo o que é bom na ordem natural. Ora, se no mundo podemos interceder uns pelos outros, por que razão não o poderiam os que estão na Casa do Pai, onde se aperfeiçoa tudo o que de bom temos aqui? A graça aperfeiçoa a natureza.

Abramos a Bíblia

Ex 32, 13: Pelo pecado do bezerro de ouro adorado, Moisés pediu a Deus perdão dizendo: "Iembrai-vos de Abraão, de Isaac e de Israel, vossos servos..." Moisés pediu a Deus pelos méritos de três mortos em aliança com Deus, e o Senhorperdoou ao povo! É o que fazem os católicos invocando seus santos.

1Rs 11, 11-13: "O Senhor disse a Salomão: ... Tirar-te-ei o reino e o darei a um de teus servos. Todavia, EM ATENÇÃO A DAVI, teu pai, não farei isto durante a tua vida... deixarei uma tribo a teu filho, em atenção a Davi, meu servo". Eis aí a
interposição de Davi que já havia morrido (1Rs 2, 10).
Tb 5, 4: "Saiu Tobias à procura dum companheiro que viajasse com ele... Apenas saído, encontrou-se com o anjo Rafael... sem que todavia percebesse que era um Anjo de Deus". O Anjo acompanhou Tobias durante toda a viagem. Eis aí um anjo com a função de intermediário entre Deus e um homem. Tb 12, 12: finda a viagem, o anjo disse: "Quando oráveis, tu e Sara, EU APRESENTAVA o memorial de VOSSA ORAÇÃO diante da majestade do Senhor: o
mesmo fazia quando enterravas os mortos..." 12, 14-15: "Deus me enviou também para curar a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete Anjos, que estão na
presença do Senhor e tem acesso à sua Majestade". Eis os anjos intermediários para Deus conceder graças, favores aos homens.

Jó 33, 19-26: "Quando a carne do homem se consome... sua vida está próxima ao sepulcro... Mas, se para ele houver algum anjo, um só advogado entre mil... que diga: Livrai-o da descida ao sepulcro... reverdecerá a sua carne...  Suplicará a Deus e ele lhe será benigno". 2Mc 4, 34: Onias foi morto. No entanto, em 2Mc 15, 12-14, Onias e Jeremias,
mortos, intercedem pelos judeus e alcançam vitória para Judas Macabeu. E Onias diz que Jeremias "muito ora pelo povo", lá da mansão dos mortos.

2Mc 12, 38-45... "encontraram debaixo da túnica... dos caídos, objetos consagrados aos ídolos... e puseram-se em Oração, implorando que o pecado cometido encontrasse completo perdão..." É a oração em lavor dos mortos.
SI 131 (132), 1 e 10 pede a Deus que leve em conta os méritos de Davi para que a oração seja ouvida. No verso 10: "Por amor de Davi, vosso servo, não rejeiteis o vosso consagrado". Dn 3, 34-35: Azarias, na fornalha, orou: "Não aparteis de nós a vossa misericórdia, em atenção a Abraão, vosso dileto, Isaac, vosso servo, e a Israel, vosso santo".
Zc 1, 12-13: "O anjo do Senhor tomou a palavra e disse: até quando, Senhor do universo, não vos compadecereis de Jerusalém e das cidades de Judá...? E o Senhor respondeu ao Anjo que falava comigo, com palavras boas, com palavras consoladoras". Um anjo intercedendo a Deus pelos homens.

Estes ensinamentos da Bíblia mostram que a invocação dos anjos e santos é útil, embora não necessária à salvação. Não há portanto obrigação de invocarmos os santos e os anjos, mas podem ser invocados. Como a Graça os mantém na Glória em íntima e vital união com a cabeça do
Corpo todo (Jesus Cristo), nós, católicos, amamos e invocamos os santos, baseados na Palavra de Deus. Já o livro do Eclesiástico 44, 14-15 diz: "Seu nome vive nos
séculos, sua sabedoria é celebrada em público e seus louvores repetem-se nas reuniões". É exatamente o que o calólico faz: celebra publicamente os louvores dos
santos, como nossos modelos e heróis no seguimento total de Cristo. Quem louva um filho, alegra os pais. Quem louva um santo, alegra e glorifica ao Pai Celeste pelos dons que lhe concedeu e aos quais o servo soube tão bem corresponder.

Há diferença essencial entre o culto prestado a Deus como ser absoluto 
(adoração) e o culto aos santos (veneração) entre os quais distinguimos Maria, pelo seu papel único e exclusivo no plano divino da Redenção. Ela ministrou ao Verbo de Deus a natureza humana para que ele pudesse oferecer-se como vítima (Cordeiro) no sacrifício do Calvário, em lugar dos pecadores e por eles. Maria foi a criatura que
mais se uniu a Deus pela fé ("bem aventurada és tu, que creste" Lc 1, 45), pelo amor (que gerou Jesus e o cercou de carinho materno por mais de 30 anos) e pela vida
toda (acompanhou-o e serviu-o em sua vida pública até seu último suspiro). É grande modelo a ser imitado. "Plenificada de graça", ela é a única criatura que pode dizer de Jesus: ele é carne de minha carne e sangue do meu sangue. Mas todo culto prestado aos santos, refere-se em definitivo a Deus, porque a razão da santidade dos santos é, em última análise, a graça livre de Deus a qual os santos corresponderam generosamente.

A invocação dos santos encontra sua confirmação valiosa na era dos mártires. Nesse tempo do maior heroísmo da fé cristã, encontramos esta expressão de fé nos túmulos das catacumbas de Roma: "Roga por nós!'' Quem duvida da
legitimidade da fé dos primeiros cristãos? E eles invocam os mártires. Invocavam os santos como fazem hoje os católicos. O próprio Jesus supõe a possibilidade desse intercâmbio entre os habitantes do céu e os da terra em Lc 16, 27-28: um condenado diz: "peço-te, ó pai (Abraão), que mandes Lázaro à minha casa paterna, onde tenho cinco irmãos; que os previna a fim de não virem eles também para este
lugar de tormentos". Rm 11, 28... "os judeus" são inimigos de Deus... mas... amados, por causa de seus antepassados". Ap 5, 8:... "os 4 viventes e os 24 anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada um com uma cítara e frascos de ouro cheios de aromas, que são as ORAÇÕES DOS SANTOS", isto é, dos cristãos da terra.

Ap 8, 3-4: "Veio outro anjo... foram-lhe dadas muitas espécies de aromas juntamente com as ORAÇÕES DOS SANTOS... E das mãos do anjo subiu diante de Deus a fumaça dos aromas juntamente com as orações dos santos", isto é, dos cristãos ainda na terra. Vemos aqui no Apocalipse que as súplicas dos cristãos da terra se encontram nas mãos dos "anciãos" no céu, para que estes as apresentem ao "Cordeiro que tira o pecado do mundo", isto é, Jesus Cristo, e ajudem na obtenção das graças
pedidas. O mesmo papel desempenhado pelos anjos.

Em Medjugórie os videntes perguntaram a Nossa Senhora se os pedidos deviam ser dirigidos a ela ou a Jesus. Ela respondeu: "Por lavor, peçam a Jesus. Eu sou sua mãe e intercedo por vocês. Todas as orações são levadas a Jesus, que deseja dar-vos, por meu intermédio, graças particulares. Enganam-se os que se dirigem unicamente aos santos para alcançar alguma coisa". Outra vez voltou ao assunto: "Jesus preferiria que vocês se dirigissem diretamente a ele, em vez de usar um intermediário. Todavia, se quiserem que eu seja sua protetora, confiem-me todas as suas intenções".

Conclusão

A invocação dos santos sem ser necessária, é lícita, é útil e se fundamenta na Bíblia.

Fonte: Livro em defesa da fé


sábado, julho 26, 2014

O que é a visita ao Santíssimo Sacramento?


Quem não necessita de um amigo com quem caminhar ao longo da vida? Quem não necessita de uma pessoa que nos escute e acolha com maior apreço, alguém com quem compartilhar a alegria fraterna da amizade, e sempre disposta a nos ajudar nos momentos difíceis? O melhor destes amigos é Jesus, nosso Reconciliador, a quem podemos receber no Sacramento da Eucaristia, e a quem também podemos visitar, acompanhando-O diante do Sacrário, no silêncio de uma capela ou de uma igreja.

O Senhor Jesus nos chama de «amigos»[1]. Está sempre conosco, e como sabemos, isso se manifesta de modo visível na Eucaristia, «sacramento do Sacrifíciodo Banquete e da Presença permanente de Jesus Cristo Salvador»[2]. Sendo um sacramento tão admirável, às vezes nos esquecemos que podemos recorrer a ele com freqüência. Não temos que esperar cada Domingo para nos encontrarmos com Cristo presente na Eucaristia. Podemos sair ao encontro do Senhor, como Ele faz conosco em tantas ocasiões de nossa vida, e visitá-lo em uma igreja ou capela onde esteja custodiado o Santíssimo Sacramento. Aí Jesus nos espera sempre, ansioso de que lhe abramos o coração na intimidade da oração.

Embora seja verdade que podemos conversar com o Senhor Jesus em todo momento e em qualquer lugar, sua presença na Hóstia consagrada é privilegiada e particularmente eficaz para poder «apalpar o amor infinito de seu coração»[3]. Ali Ele está presente por excelência, no modo como Ele quis permanecer entre nós. Isso faz uma grande diferença. O Senhor está realmente presente na Eucaristia, nos convidando a acompanhá-lo, nos oferecendo seu firme apoio em nosso peregrinar. A Igreja e o mundo — nos recorda o Catecismo da Igreja Católica— «têm uma grande necessidade do culto eucarístico. Jesus nos espera neste sacramento do amor. Não regateemos tempo para ir encontrá-lO na adoração»[4].

O que devemos dizer ao Senhor Jesus Sacramentado?

Tudo aquilo que está aninhado em nosso coração! A adoração eucarística é um momento de intimidade, de confiança e de amizade com Deus. Nesses momentos de oração diante do Santíssimo, diante de Jesus Sacramentado, recordamos que sua presença é fruto do amor que Ele nos tem. É um momento oportuno para renovar nosso propósito de sermos Santos e de responder generosamente ao amor de Deus. Na adoração a Jesus Cristo também podemos pedir perdão por nossas faltas e pecados, reconhecendo assim, com humildade, que só Ele tem o poder para nos perdoar, renovando nossa confiança em sua misericórdia.
Podemos rezar pelos outros, por nossos familiares, pelos amigos, pelos necessitados, os sofredores, os doentes. Também pela Igreja, pelo Santo Padre e suas intenções, assim como pelos pobres e necessitados, pelos que necessitam da fé e se consideram abandonados por Deus. Enfim, em cada um de nós estão aninhadas diversas intenções e necessidades que podemos apresentar com fé e confiança ao Senhor Jesus. De fato, a adoração Eucarística tem uma profunda relação com a evangelização. Por um lado, rezar pelos outros já é uma privilegiada forma de apostolado e por outro, a experiência de encontro com o Senhor nos renova no ardor para anunciá-lO como quem se encontrou pessoalmente com Ele.

É verdade que «freqüentemente, em nossa oração — como assinalava o Papa Bento XVI—, encontramo-nos diante do silêncio de Deus (…) Mas este silêncio de Deus, como aconteceu também a Jesus, não indica sua ausência. O cristão sabe bem que o Senhor está presente e escuta». Esta situação, que possivelmente experimentamos em mais de uma ocasião, convida-nos a confiar e ter paciência, e pode ser um tempo de maturação para nossa fé, nos recordando que «o Deus silencioso é também um Deus que fala, que se revela»[5].

Como visitar o Senhor presente no Santíssimo Sacramento?


Para começar necessitamos silêncio interior e recolhimento para visitar senhor Sacramentado. «O silêncio —indicava Bento XVI — é capaz de abrir um espaço interior no mais íntimo de nós mesmos, para fazer com que ali habite Deus, para que sua Palavra permaneça em nós, para que o amor a Ele se arraigue em nossa mente e em nosso coração, e anime nossa vida»[6]. Quando nos encontramos na presença de Jesus Sacramentado o primeiro é fazer um ato de fé e tomar consciência de que Deus está aí realmente presente.

Muitas vezes visitaremos o Santíssimo Sacramento de modo espontâneo. Nem sempre achamos uma capela perto de onde vivemos ou trabalhamos, mas às vezes temos a oportunidade de fazê-lo e a aproveitamos. Quem não gosta de receber a visita surpresa de um amigo próximo? O Senhor se alegrará também quando o visitarmos assim. Entretanto, se estiver dentro de nossas possibilidades, podemos fazer da visita ao Santíssimo um hábito que terá muitos frutos em nossa vida espiritual. Talvez possamos visitá-lo uns minutos ao dia, ou duas ou três vezes por semana. Podemos fazê-lo sozinhos, na companhia de alguém, ou também em família. Convidar alguém a visitar o Senhor presente no Santíssimo Sacramento é uma excelente oportunidade para fazer apostolado e dar motivo para que outras pessoas que possivelmente estejam um pouco afastadas do Senhor voltem a encontrar-se com Ele na intimidade da oração.

Embora possamos rezar com as palavras que espontaneamente venham ao nosso coração, quando vamos visitar o Senhor Jesus por um tempo mais prolongado ajuda muitíssimo preparar nossa visita. Podemos, por exemplo, dedicar uns minutos a um momento de diálogo pessoal com o Senhor, outros minutos à meditação de um texto eucarístico ou a rezar com os salmos, e outro momento a pedir por nossas necessidades e as de outros. As possibilidades são muito variadas, e este costume ajudará a que nos mantenhamos concentrados e enfocados.

Falando precisamente de textos sobre os quais podemos meditar, existem diversas citações na Sagrada Escritura sobre as quais podemos rezar e que nos ajudarão em nossa meditação. As passagens sobre a instituição da Eucaristia na Última Ceia, por exemplo, assim como aquelas nas quais o Senhor fala do «Pão de Vida», entre tantas outras, nos ajudarão a tomar especial consciência da presença real do Senhor. Meditar diante do Senhor «nos dá a possibilidade de chegar ao próprio manancial da graça»[7], ajudará a um encontro mais íntimo com Ele, e a descobrir com maior ardor o imenso bem que significa sua presença na Eucaristia. Há, por outro lado, muitos devocionários eucarísticos que podemos utilizar em nossas visitas. Neles encontraremos também outros textos valiosos, orações de Santos, assim como cantos adequados para a oração eucarística que seguramente enriquecerão nossa oração.

«Eu estou com vocês todos os dias»

Quando nos aproximarmos de Jesus Sacramentado tenhamos sempre presente sua promessa: «Eu estou com vocês todos os dias, até o fim do mundo»[8]. É um convite a confiar nEle, com alegria, sabendo que está aí sempre, paciente, contente, disposto a nos ajudar, a nos escutar. Da mesma maneira, recordemos que o Senhor quis deixar-nos também uma Mãe que nos acompanha e nos ajuda a nos aproximarmos cada vez mais de seu Filho. Que Ela, como dizia o Beato Papa João Paulo II, «que foi a verdadeira Arca da Nova Aliança, Sacrário vivo do Deus Encarnado, ensine-nos a tratar com pureza, humildade e fervorosa devoção a Jesus Cristo, seu Filho, presente no Sacrário»[9].

Passagens para a oração


A instituição da Eucaristia: Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,15-20.

O Senhor Jesus é o Pão da Vida: Jo 6,51-59.

Nossa atitude frente à Eucaristia: 1Cor 11,27-29.

O Senhor nos convida à comunhão com Ele: Ap 3,20; Jo 14,23.

Perguntas para o diálogo

1. Quão importante é em minha vida espiritual a adoração Eucarística?

2. Que obstáculos vejo em minha vida para crescer em minha devoção a Jesus sacramentado?

3. Que meios posso pôr para que minhas visitas ao Santíssimo sejam uma experiência cada vez mais profunda de encontro com o Senhor Jesus?

Trabalho de interiorização

1. Leia com atenção o seguinte texto:

«…desejo recordar brevemente que o culto eucarístico constitui a alma de toda a vida cristã. Com efeito, se a vida cristã se manifesta no cumprimento do principal mandamento, quer dizer, no amor a Deus e ao próximo, este amor encontra sua fonte precisamente no Santíssimo Sacramento, chamado geralmente Sacramento do amor (…) O culto eucarístico é, pois, precisamente expressão deste amor, que é a característica autêntica e mais profunda da vocação cristã. Este culto brota do amor e serve ao amor, ao qual todos somos chamadosem Cristo Jesus».

(João Paulo II, Dominicae Cenae, 5)
Explique com suas palavras por que o culto eucarístico é “a alma de toda a vida cristã”.
Explique brevemente a relação entre o culto Eucarístico e o apostolado.

2. Prepare um singelo esquema para uma visita ao Santíssimo. Inclua algumas citações bíblicas para a reflexão assim como momentos de diálogo com o Senhor Jesus sacramentado.

3. Leia e medite sobre as seguintes passagens bíblicas:

«Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram; Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo» (Jo 6,48-51).

«Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.» (Ap 3,20). 

Por que é importante ir visitar Santíssimo com certa frequência? 

Escreva uma oração para rezá-la diante do Santíssimo. 

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[1] Jo 15, 14

[2] S.S. João Paulo II, Homilia, 12/6/1993

[3] S.S. João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 25

[4] Catecismo da Igreja Católica, n. 1380

[5] Bento XVI, Respostas às perguntas dos jovens durante a vigília de oração, 1/9/2007

[6] Bento XVI, Audiência geral, 7/3/2012

[7] S.S. João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 25

[8] Mt 28, 20.

[9] S.S. João Paulo II, Homilia, 12/6/1993

Fonte: http://www.vidacrista.org.br/