domingo, julho 31, 2016

O SEGREDO DE LA SALETTE



“Mélanie, o que vou dizer-vos agora não ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858.

“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza.

“Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho!

“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo”.

“Deus vai golpear de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra. Deus vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.

“Os chefes, os condutores do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência. E o demônio obscureceu suas inteligências.

“Transformaram-se nessas estrelas errantes, que o velho diabo arrastará com sua cauda para fazê-las perecer.

“Deus permitirá à velha serpente introduzir divisões entre os que reinam, em todas as sociedades e em todas as famílias. Sofrer-se-ão tormentos físicos e morais. Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se sucederão durante mais de trinta e cinco anos.

“A sociedade está na iminência dos flagelos mais terríveis e dos maiores acontecimentos. Deve-se esperar ser governado por uma chibata de ferro e beber o cálice da cólera de Deus”.

Beato Pio IX, Papa da época da aparição


“Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859. Mas seja firme e generoso, combata com as armas da fé e do amor. Eu estarei com ele.

“Que ele não confie em Napoleão [III]. Seu coração é falso, e quando ele quiser tornar-se ao mesmo tempo papa e imperador, Deus se afastará dele. Ele é como a águia que, querendo subir sempre mais, cairá sobre a espada da qual queria se servir para obrigar os povos a o elevarem.

“A Itália será punida, pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores. Será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado. As igrejas serão fechadas ou profanadas.

“Os sacerdotes e os religiosos serão expulsos. Serão entregues à morte, e morte cruel. Vários abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira Religião será grande. Entre essas pessoas encontrar-se-ão até bispos.

“No ano de 1864, Lúcifer e um grande número de demônios serão soltos do inferno. Eles abolirão a fé pouco a pouco, até nas pessoas consagradas a Deus. Eles as cegarão de tal maneira que, salvo uma graça particular, adquirirão o espírito desses maus anjos. Várias casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas.

“Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus. Eles terão grandíssimo poder sobre a natureza.

“Existirão igrejas para cultuar esses espíritos. Pessoas serão transportadas de um lugar a outro por esses espíritos maus, até sacerdotes, porque não se terão conduzido pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito de humildade, caridade e zelo pela glória de Deus.

“Far-se-ão ressuscitar mortos e justos (quer dizer, tais mortos tomarão a figura de almas justas que viveram na Terra, para seduzir mais os homens; esses supostos mortos ressuscitados, que não serão outra coisa senão o demônio encarnado nessas figuras, pregarão outro evangelho contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando a existência do Céu). Ou ainda almas de condenados.

“Todas essas almas aparecerão como unidas a seus corpos. Em todos os lugares haverá prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé se apagou e uma falsa luz ilumina o mundo. Ai dos príncipes, da Igreja que então estarão ocupados apenas em amontoar riquezas acima de riquezas, salvaguardar sua autoridade e dominar com orgulho!

“O Vigário de meu Filho terá muito que sofrer, porque durante algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições. Será o tempo das trevas, e a Igreja passará por uma crise pavorosa.


“Tendo sido esquecida a santa fé em Deus, cada indivíduo desejará guiar-se por si próprio e ser superior a seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos.

“Toda ordem e toda justiça serão calcados aos pés. Não se verá outra coisa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e sem amor pela família.

“O Santo Padre sofrerá muito. Eu estarei com ele até o fim, para receber o seu sacrifício. Os maus atentarão várias vezes contra sua vida sem poder abreviar seus dias, mas nem ele nem seu sucessor ... verão o triunfo da Igreja de Deus.

“Os governantes civis terão todos um mesmo objetivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda espécie de vícios.

“No ano 1865 ver-se-á a abominação nos lugares santos. Nos conventos as flores da Igreja serão apodrecidas, e o demônio tornar-se-á como que o rei dos corações.

“Que os dirigentes das comunidades religiosas estejam atentos em relação às pessoas que devem receber, porque o demônio usará toda sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas entregues ao pecado, pois as desordens e o amor aos prazeres carnais estarão espalhados por toda a Terra.

“A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá nas ruas, o francês combaterá contra o francês, o italiano contra o italiano. A seguir haverá uma guerra geral, que será horrorosa. Durante certo tempo Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não será mais conhecido.

“Os maus estenderão toda sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente.

“Ao primeiro golpe de sua espada fulgurante [refere-se a Deus], as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens transpassarão a abóbada celeste. Paris será queimada, e Marselha engolida [pelas águas].

“Várias grandes cidades serão abaladas e tragadas por tremores de terra. Crer-se-á que tudo está perdido. Só se verão homicídios, e se ouvirão apenas ruídos de armas e blasfêmias.

“Os justos sofrerão muito. Suas orações, sua penitência e suas lágrimas subirão até o céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia. E pedirá minha ajuda e intercessão.


“Jesus Cristo, por um ato de sua justiça e de sua grande misericórdia em relação aos justos, ordenará a seus anjos que deem morte a todos os seus inimigos. De repente os perseguidores da Igreja de Jesus Cristo e todos os homens entregues ao pecado perecerão, e a Terra tornar-se-á como um deserto.

“Então será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda parte.

“Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, a qual será forte, humilde, piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo.

“O Evangelho será pregado por toda parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os operários de Jesus Cristo e os homens viverão no temor de Deus.

“Esta paz entre os homens não será longa. Vinte e cinco anos de safras abundantes lhes farão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todas as desgraças que sucedem na terra.

“Um precursor do Anticristo, com tropas de várias nações, guerreará contra o verdadeiro Cristo, único Salvador do mundo, derramará muito sangue e tentará aniquilar o culto de Deus, para se fazer cultuar como um deus”.

“A Terra será atingida por toda espécie de flagelos (além da peste e da fome, que serão gerais). Haverá guerras até a última guerra, que será movida pelos dez reis do Anticristo, cujo objetivo será o mesmo e serão os únicos a governarem o mundo.

“Antes que isto aconteça, haverá uma espécie de falsa paz no mundo. Não se pensará em outra coisa, senão em se divertir. Os maus se entregarão a toda sorte de pecados.

“Mas os filhos da Santa Igreja, os filhos da fé, meus verdadeiros imitadores, acreditarão no amor de Deus e nas virtudes que me são mais caras. Felizes essas almas humildes conduzidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei junto a elas até que atinjam a plenitude da idade”.

“A natureza exige vingança por causa dos homens e estremece de pavor, na espera do que deve acontecer à Terra emporcalhada de crimes. Tremei, ó Terra, vós que fizestes profissão de servir a Jesus Cristo, mas que no vosso íntimo adorais a vós próprios.

“Tremei, pois Deus vos entregará a seu inimigo, porque os lugares santos estão imersos na corrupção. Muitos conventos não são mais casas de Deus, mas pastagens de Asmodeu e os seus [demônios]. Durante esse tempo nascerá o Anticristo de uma religiosa hebraica, uma falsa virgem que terá comunicação com a velha serpente.

“E o mestre da impureza, seu pai, será bispo. Ao nascer, vomitará blasfêmias e terá dentes. Numa palavra, será o diabo encarnado. Dará gritos aterrorizadores, fará prodígios, alimentar-se-á só de impurezas. Terá irmãos que, embora não sejam como ele outros demônios encarnados, serão filhos do mal. Aos doze anos eles se farão notar pelas valorosas vitórias que obterão. Logo estará cada um à testa de exércitos, assistidos por legiões do inferno.

“As estações mudarão, a terra só dará maus frutos, os astros perderão seus movimentos regulares, a Lua não projetará senão uma débil luz avermelhada. A água e o fogo darão ao globo terrestre movimentos convulsivos e horríveis tremores de terra, que engolirão montanhas, cidades, etc..

“Roma perderá a fé e se tornará sede do Anticristo.

“Os demônios do ar, junto com o Anticristo, farão grandes prodígios na terra e nos ares. E os homens se perverterão cada vez mais. Deus tomará sob seus cuidados os fiéis servidores e os homens de boa vontade, o Evangelho será pregado por toda parte, todos os povos e todas as nações terão conhecimento da verdade.

“Eu dirijo um premente apelo à Terra. Apelo aos verdadeiros discípulos do Deus vivo que reina nos Céus. Apelo aos verdadeiros imitadores de Jesus Cristo feito homem, o único e verdadeiro Salvador dos homens.

“Apelo aos meus filhos, meus verdadeiros devotos, aqueles que se deram a mim para que eu os conduza a meu divino Filho, aqueles que levo por assim dizer nos meus braços, que vivem de meu espírito.

“Enfim, apelo aos Apóstolos dos Últimos Tempos, aos fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e desconhecidos do mundo.

“É chegado o tempo para que eles saiam e venham iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como meus filhos amados. Estou convosco e em vós, contanto que vossa fé seja a luz que vos ilumina nestes dias de desgraças.

“Que vosso zelo vos faça como que famintos da glória e honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, pequeno número que isto vedes, pois aí está o tempo dos tempos, o fim dos fins.


“A Igreja será eclipsada, o mundo estará na consternação. Mas eis Enoc e Elias cheios do Espírito de Deus. Eles pregarão com a força de Deus, os homens de boa vontade acreditarão em Deus e muitas almas serão consoladas. Eles farão grandes progressos, pela virtude do Espírito Santo, e condenarão os erros diabólicos do Anticristo.

“Ai dos habitantes da Terra! Haverá guerras sangrentas e fome, peste e doenças contagiosas. Haverá chuvas feitas de saraivadas espantosas de animais, trovoadas que abalarão as cidades, terremotos que engolirão países. Ouvir-se-ão vozes pelos ares. Os homens baterão as cabeças contra as paredes. Pedirão a morte, e por outro lado a morte será seu suplício. O sangue correrá de todo lado.

“Quem poderá resistir, se Deus não diminuir o tempo da prova? Deus se deixará dobrar pelo sangue, lágrimas e orações dos justos. Enoc e Elias serão mortos. Roma pagã desaparecerá. O fogo do céu cairá e consumirá três cidades.

“Todo o universo será tomado de terror, e muitos se deixarão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo vivo entre eles. Chegou a hora, o sol se obscurece, só a fé viverá.

“Chegou o tempo, o abismo se abre. Eis o rei dos reis das trevas, eis a Besta com seus súditos, dizendo ser o salvador do mundo. Ele se elevará orgulhosamente nos ares para ir até o céu. Será asfixiado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá. E a Terra, que durante três dias terá estado em contínuas evoluções, abrirá seu seio cheio de fogo. Ele será submerso para sempre, com todos os seus, nos despenhadeiros eternos do inferno.

“Então a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado. Deus será servido e glorificado”.

sábado, julho 30, 2016

O Martírio do Padre Jacques - Não quis ajoelhar-se!


Não quis ajoelhar-se!

O sacerdote que não quis se ajoelhar à violência islâmica a diferença da igreja da rendição, da igreja covarde, da igreja bergogliana.

Com o passar das horas surgem particularidades comoventes do massacre, a que foi submetido padre Jacques, assassinado por ódio à fé católica... Contrariamente ao que foi dito no início, ao comando de se ajoelhar por parte dos terroristas, o sacerdote respondeu um claro não.

Não se sabe se foi forçado ao chão com violência, em qualquer caso, a sua resposta foi um não.

"Padre Jacques não quis se ajoelhar, resistiu e achou que lá (islã) tudo é degenerado", Contou a irmã Danielle, uma das sobreviventes. A esse ponto, continua, " um dos dois rapazes afundou a faca na garganta. Todos gritavam, os fiéis horrorizados imploraram aos dois dementes. Parem com isso. Parem com isso. Eu estava perto da porta, ninguém olhava para mim. Uma barbaridade. E foi então que eu corri para fora sem que ninguém notasse ".

Padre Jacques é um exemplo heróico. Um verdadeiro mártir católico. O sacerdote, embora muito idoso, com a sua corajosa recusa de se ajoelhar, testemunhou a sua fé, porque nos ajoelhamos apenas diante de Deus, e não perante os poderes mundanos e à violência mundana.

"Quem se ajoelha diante de Deus, não se ajoelha diante ao mundo".

Um testemunho de que bergoglio deve aprender.

Fonte: https://www.facebook.com/Antonio-Socci-pagina-ufficiale-197268327060719/?fref=ts

sexta-feira, julho 29, 2016

Como foram transmitidos os evangelhos?


É sabido que não possuímos os manuscritos originais dos evangelhos, como de igual modo o de nenhum livro da antiguidade. Os escritos transmitiam-se mediante cópias manuscritas em papiro e mais tarde em pergaminho. Os evangelhos e os primeiros escritos cristãos não são alheios a este tipo de transmissão. O Novo Testamento deixa já perceber que algumas cartas de São Paulo se copiaram e se transmitem num corpo de escritos (2 Pe 3, 15-16), e o mesmo acontece com os evangelhos: as expressões de São Justino, Santo Ireneu, Orígenes etc., referidas numa pergunta anterior (Quem foram os evangelistas?) dão a entender que os evangelhos canónicos foram copiados desde o primeiro momento e transmitidos em conjunto.

O material utilizado nos primeiros séculos da era cristã foi o papiro e a partir do século III começou a usar-se o pergaminho, mais resistente e duradouro. Só a partir do século XIV se começou a utilizar o papel. Os manuscritos que conservamos dos evangelhos, com um estudo atento que se denomina crítica textual, mostram-nos que, em comparação com a maioria das obras da antiguidade, a fiabilidade que podemos dar ao texto que dispomos é muito grande. Em primeiro lugar, pela quantidade de manuscritos. Da Ilíada, por exemplo, temos menos de 700 manuscritos, mas de outras obras, como osAnales de Tácito, só temos uns poucos – e dos seus primeiros seis livros só um. Pelo contrário, do Novo Testamento temos cerca de 5.400 manuscritos gregos, sem contar as versões antigas noutros idiomas e as citações do texto em obras de escritores antigos. Além disso, existe a questão da distância entre a data de composição do livro e a data do manuscrito mais antigo. Enquanto que para muitíssimas obras clássicas da antiguidade essa distância é de quase dez séculos, o manuscrito mais antigo do Novo Testamento (o Papiro de Rylands) é trinta ou quarenta anos posterior ao momento de composição do evangelho de São João. Do século III temos papiros (os Papiros de Bodmer e Chester Beatty) que mostram que os evangelhos canónicos já coleccionados se transmitiam em códices; e desde o século IV os testemunhos são quase intermináveis.

Obviamente, ao comparar a multiplicidade de manuscritos, descobrem-se erros, más leituras, etc. A crítica textual dos evangelhos – e dos manuscritos antigos – examina as variantes que são significativas, tentando descobrir a sua origem – às vezes, um copista tenta harmonizar o texto de um evangelho com o de outro, outro tenta explicar o que lhe parece uma expressão incoerente, etc. – e procurando, dessa maneira, estabelecer como poderia ser o texto original. Os especialistas coincidem em afirmar que os evangelhos são os textos da antiguidade que melhor conhecemos. Baseiam-se para isso na evidência do que foi referido no parágrafo anterior e também no facto de que a comunidade que transmite os textos é uma comunidade crítica, de pessoas que comprometem a sua vida com o que é afirmado nos textos e que, obviamente, não comprometeriam a sua vida numas ideias criadas para a ocasião.
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Bibliografia: J. Trebolle, La Biblia judía y la Biblia cristiana. Introducción a la historia de la Biblia, Trotta, Madrid 1998; J. O'Callaghan, Los primeros testimonios del Nuevo Testamento. Papirología neotestamentaria, El Almendro, Córdoba 1995; E. J. Epp, “Textual Criticism (NT)”, em Anchor Bible Dictionary VI, Doubleday, New York 1992 (págs. 412-435); F. Varo, ¿Sabes leer la Biblia?, Planeta, Barcelona 2006.

terça-feira, julho 26, 2016

Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus



“Ana, fecunda raiz, que de Jessé germinou, produz o ramo florido do qual o Cristo brotou. Mãe da mãe santa de Cristo, e tu, Joaquim, Santo Pai, pelas grandezasda filha, nosso pedido escutai”

Deus sempre e fiel em suas promessas, e o Salmo 131 nos diz que: “O Senhor jurou a Davi; verdade da qual nunca se afastará”, O fruto do teu ventre hei-de colocar sobre o teu trono![...] Realmente o Senhor escolheu Sião, desejou-a para sua morada: “Este será para sempre o lugar do meu repouso, aqui habitarei, porque o escolhi.”

Ana e Joaquim, sem dúvida , pertenciam ao grupo daqueles Judeus piedosos que esperavam a consolação de Israel, e precisamente a eles foi dada a tarefa especial, na História da Salvação: Foram escolhidos por Deus, para gerar a IMACULADA que, por sua vez, é chamada a gerar o Filho de Deus.


Os nomes e alguns aspectos da vida dos pais da Bem-Aventurada Virgem Maria, nos foram transmitidos através de um texto não canônico, o Protoevangelho de Tiago.

Diz-se que, Ana, cujo nome em Hebraico significa “Graça” , pertencia à familia do Sacerdote Aarão e seu marido Joaquim pertencia à familia real de DAVI. Podemos dizer que Ana e Joaquim formavam um casal exemplar, piedosos e tementes ao Deus de Israel.

Cumpriam com todos os preceito prescritos na lei e em tudo eram obedientes.

O que causava dor e sofrimento era motivo de súplicas incessantes do já idoso casal era a ausencia de filhos. Joaquim, por várias vezes, foi censurado pelo sacerdote Ruben, por não ter descendente.

Um certo dia Joaquim retirou-se para o Deserto para rezar e fazer penitência e entre lágrimas e súplicas clamava ao Deus de seus pais em quem depositava toda sua confiança.

Enquanto Joaquim, em humilde oração e com o rosto no chão entoava canticos e louvores, o Anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus escutou as suas preces e que voltasse para casa pois sua esposa Ana logo engravidaria.

A paciência e a resignação com que sofreram a ausência de filhos, foram a razão de serem premiados com uma linda menina, que haveria de ser a mãe do Messias, o Emanuel “Deus Conosco”.

Uma antiga tradição nos diz que o Santo Casal, Ana e Joaquim, moravam em Jerusalem, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basilica de Santa Ana, e foi ali que, também, segundo uma antiga tradiçao nasceu-lhes um linda filhinha que recebeu o nome de MIRYAN= em hebraico= Maria= Soberana.


A Pequena Princesa era acalentada em seu sono por seus orgulhosos pais, era a tão esperada; Dizem que os Anjos de Deus montavam guarda junto ao seu berço, e que entovam as mais belas melodias para embalar seus sonhos.

Quando a pequena Maria completou três anos, seus pais decidiram leva-la ao Templo para o cumprimento da promessa; Joaquim e Ana, com os corações apertados, carregavam nos braços aquela que seria a nova Arca da Aliança.

Ana, plenamente convicta de sua decisão, disse ao Sacerdote Zacarias: “Recebei-a e conduz nos sacrais do Templo do Senhor, e guardai-a. Ela me foi dada em fruto e prometida; conduzi-la com alegria, a ELE com fé”.

A pequena Maria beija, com afeição e carinho as mãos de seus pais, e deles implora suas bençãos... E lá permaneceu até a idade de 12 anos.

Pouco tempo depois Joaquim e Ana mudaram-se para Nazaré da Galileia, e la viveram por mais algum tempo juntos. Joaquim, já com idade bastante avançada, veio a falecer antes mesmo que Maria retornasse do Templo.

Dona Ana, ficando viúva, não tinha outra preocupação que não fosse sua filha , a Jovem e Bela Maria, agora de Nazaré. Tão logo Maria retornou do Templo, e em comum acordo com os Sacerdotes , Ana pensou no futuro de sua menina, pensou que ela precisaria de proteçao e amparo, pois Ana também já estava com idade avançada.

Entre todos os pretendentes da jovem Maria, um jovem chamado José, cuja profissão era desempenhada com arte e beleza, era homem simples , honrado e estimado por todos, era conhecido com JUSTO.

Ana, por certo, acompanhou todos os momentos decisivos da História da Salvação, desde a Anunciaçaõ do Anjo, que foi em sua casa, o casamento de Maria e Jose, preparou os alimentos e agasalhos para a viagem de sua filha e seu genro ate Belem.

Seu coração de mãe ficou apertado ao ver, Maria já no final da gravidez, partir sentada no burrinho Sorec e puxado por José.

Ana recebe noticias: Maria e José, são obrigados a fugir para o Egito!

Foram cinco anos de espera, Ana aguardava ansiosa pelo momento de ter em seus braços, seu neto, o Messias esperado.

Com a chegada da Sagrada Familia, a casa de Ana em Nazare enche-se de alegria, Ana afaga o pequeno menino, coloca em seu colo de Vó, conta historias de herois e com ele troca segredos ,e prepara deliciosas guloseimas que somente as Avós, sabem fazer.



No colo de Ana o Menino Jesus adormece acariciado por suas mãos enrugadas e marcadas pelo tempo, sua voz cansada acalenta seus sonhos com cantigas de ninar, e seus labios não cessam de beijar seus cabelos.

Jesus experimentou a ternura e o amor de sua Vó ANA!

Que Deus abençoe todos os Avós!

segunda-feira, julho 25, 2016

Vocês sabiam que foi um padre brasileiro quem inventou o radio e o telefone sem fio?


No dia 3 de junho de 1900, a avenida Paulista presenciou uma cena que deveria ter entrado para a história. Ali, um padre reuniu a imprensa, políticos e personalidades para demonstrar publicamente os experimentos que já realizava havia mais de seis anos.

 Utilizando um aparelho inventado por ele mesmo, o pároco enviou sinais telegráficos e transmitiu a voz humana a uma distância considerável (8 km), sem o auxílio de fios e irradiada por uma onda eletromagnética, pela primeira vez na história. Enquanto isso, o homem que ficaria conhecido como o inventor do rádio, o italiano Guglielmo Marconi, só operava com a transmissão e recepção de sinais telegráficos – em distâncias bem menores.

Na época, cientistas do mundo inteiro pesquisavam uma maneira de cruzar as três grandes descobertas relativas à comunicação a distância: o telégrafo elétrico (1837), o telefone com fio (1876) e a radiação eletromagnética (1888). O italiano Marconi ficaria com a fama – e o Nobel de Física – de ter realizado o feito. 
Mas o cruzamento de documentos e correspondência do período revela que, antes de Marconi, o padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861-1928) já tinha desenvolvido o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor de ondas “landellianas”, como defendem alguns (e não “hertzianas”).

Para tentar corrigir o que avaliam ser uma injustiça histórica e alçar o brasileiro ao rol dos grandes inventores, um grupo de pesquisadores e radioamadores fundou o Movimento Landell de Moura (MLM). No fim do ano passado, o matemático Luiz Netto, o jornalista Hamilton Almeida e os radioamadores Alda Niemeyer e Daniel Fiqueiredo colocaram no ar um site, angariando assinaturas para pedir ao governo brasileiro que reconheça oficialmente o padre como pioneiro das telecomunicações.

Assim como Santos Dumont é chamado de pai da aviação, o movimento defende que o gaúcho seja reconhecido como inventor do rádio. A campanha foi de 21 de janeiro de 2011, quando o padre completou 150 anos.

As descobertas do sacerdote-inventor foram divulgadas pelos principais jornais na época, mas ele não conseguiu nem patentear nem produzir comercialmente seus inventos no Brasil. Entre os aparelhos que desenvolveu ou projetou estão o “teletíton” (telégrafo sem fio), o “teleauxiofone” (telefonia com fio, microfone e alto-falante), o “transmissor de ondas”, o “edífono” (purificador de voz) e o “caleofone” (intercomunicador de voz).








           Acervo Luiz Netto / MLM


Um dos documentos do US Patent Office que comprovam o registro dos inventos de Landell de Moura nos EUA
Frustrado com a pouca receptividade de suas descobertas no Brasil, o padre partiu para os Estados Unidos, onde registrou, em 1904, as patentes de três de seus inventos: o transmissor de ondas, o telégrafo sem fio e o telefone sem fio.

Para Luiz Netto, “Landell demonstrou, por meio de seu transmissor de ondas, que se podia transmitir a palavra humana articulada via ondas eletromagnéticas, enquanto Marconi se concentrava somente em transmissão dos símbolos alfanuméricos através da telegrafia”. O italiano, portanto, não se ocupou da transmissão da fala. “São inventos distintos. Por isso, quando se pergunta quem foi o inventor do rádio, é necessário que se faça outra pergunta: de qual rádio estamos falando?”

Na edição de 12 de outubro de 1902, o jornal americano The New York Herald dedicou uma reportagem ao padre-inventor. A matéria relatou suas experiências na telefonia sem fio, apresentada como uma novidade perseguida pelos cientistas em uma época em que a telefonia convencional (com fios) já estava dominada.

Na entrevista ao jornalista americano, Landell de Moura declarou: “Eu gostaria de mostrar ao mundo que a Igreja Católica não é inimiga da ciência ou do progresso humano”. O clérigo também revelou que suas crenças o levaram a ser perseguido por seus pares. “No Brasil, um bando de supersticiosos, acreditando que eu tenho um pacto com o diabo, invadiu minha sala de estudos e destruiu todo meu aparato”, contou. “Eu sei como se sentiu Galileu Galilei.”

sábado, julho 23, 2016

por que os católicos não apresentam uma cruz vazia, como os protestantes?


Nós seguimos o exemplo e conselho de Paulo. Lembre-se do que ele escreveu:

“Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Coríntios 1,23-25).

Eis aqui um outro versículo para você se recordar:
“Irmãos, quando fui até vós anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri à oratória ou ao prestígio da sabedoria. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” (1Coríntios 2,1-2).

Você parece se esquecer também que em muitos exemplos de arte católica Jesus é retratado como um cordeiro, uma criança nos braços de sua mãe, um homem vibrante engajado em seu ministério público, um pastor e, ainda, como o Senhor triunfante ressuscitado. Todos os aspectos da vida de Cristo estão representados na arte católica, mas não mais que a crucificação. Por quê? Porque esse é o principal, o ponto central, da Encarnação de Jesus.

Veritatis Splendor 

sexta-feira, julho 22, 2016

Laicismo não é marxismo nem ateísmo

Um alerta contra a doutrinação que, sem ser religiosa, faz tudo aquilo que condena nas religiões



Se as escolas não podem ser religiosas porque se compreende que isso feriria a liberdade de crença consagrada na Constituição, pergunto-me em que medida a doutrinação ideológica não fere a liberdade de consciência, defendida também pela Constituição? Laicismo que troca padre por ideólogo não é nem nunca foi laicismo.

Não estou forçando a barra. Quando a laicização tornou-se tema importante na França, no séc. XVIII, seu propósito era impedir que o clero interferisse inadequadamente na educação, mas sempre mencionavam, ao mesmo tempo, os nacionalismos exagerados e as doutrinas políticas partidárias. Era uma tentativa de evitar o retorno ao Antigo Regime, e o domínio dos revolucionários extremistas, como era o caso dos jacobinos. Os filósofos mais atentos não queriam que nem um nem outro atuasse no sentido de tolher o livre desenvolvimento da inteligência e da moral das crianças, nem a liberdade das famílias de escolherem suas próprias ideias políticas e crenças religiosas. Se o Estado é laico, e se não há lugar para o tipo religioso de doutrinação em nome da liberdade, não há lugar para NENHUM tipo de doutrinação. Quem duvida disso, leia “Cinco Memórias sobre a Instrução Pública” de Condorcet. Se o tivessem ouvido a tempo, o Terror teria sido evitado.

Meus agradecimentos a Allen Cristhian Arruda pela elaboração da imagem.

O ódio de classe social contra classe social, a meu ver, é apenas uma crença. Fomenta-se o ódio classista, como outrora fomentou-se o ódio racista.

Não estou dizendo que não existem classes sociais. Nem que não existam conflitos de interesses entre elas. Mas considerá-la motor único da história e motivação central da vida é coisa para os ideólogos marxistas. A propagação desse ideário é feito por um “clero ateu” que acredita e se compromete com a causa da luta de classes, mas ninguém lhes deu o direito de fazer das crianças seus soldadinhos socialistas inconscientes.

O materialismo histórico não é a palavra final da ciência (e ainda que fosse, poder-se-ia informar, não doutrinar ou obrigar), nem é evidente, nem é a única posição a respeito do mesmo tema. Tampouco é aceito por todas as famílias como explicação da realidade. Nem todos querem matricular seus filhos numa escola para que se transformem em Ches Guevaras. Aliás, muitos pais nem sabem do que se trata, o que impede até sua capacidade de observação desse fato que estou a relatar.

Nas escolas públicas, tal coisa deveria ser absolutamente proibida. E nas particulares, esclarecida. Devem ser acrescidas às propagandas de escolas particulares a informação de que os filhos que ali estudarem acabarão se tornando pequenos Lênins, Stálins, Dirceus, Lulas e até Maos. Esse “clero” não tem direitos a mais que nenhum outro clero. É hora de por em xeque esse ultraje à Constituição e às liberdades essenciais.



Advertência feita por um amigo que considerei correta:

“O nome certo do problema não é doutrinação marxista. Como observava Eric Voegelin, a maior parte dos que se dizem marxistas nunca estudaram Marx direito e são no máximo pseudo-marxistas. Como diz Olavo de Carvalho, não se trata de doutrinação no sentido de ensino sistemático de um corpo de proposições teóricas marxistas demonstradas e encadeadas logicamente; trata-se da transmissão de símbolos, chavões, slogans, mitos, lendas, reações emocionais, vínculos afetivos, etc: trata-se mais de uma iniciação em uma cultura revolucionária do que na formação intelectual marxista.” — Alessandro Cota

Postei aqui:https://www.facebook.com/rafanogueira/posts/10206830475057573

Fonte original: https://medium.com/@r_nog/laicismo-nao-e-marxismo-nem-ateismo-d6a12cc14505#.vxnocxscx

quinta-feira, julho 21, 2016

O esvaziamento da Igreja Católica


Ao contrário do que alguns podem pensar não falarei aqui de esvaziamento de fiéis. O tema deste texto é o esvaziamento de símbolos dentro da Igreja Católica, que foi um dos motivos pelo esvaziamento de fiéis. Conseguiu compreender? Então vamos lá.

O Jô Soares entrevistou o excomungado Padre Beto, e quando entraram no assunto sobre o uso de batina, em determinado momento o entrevistador fala:

“Desculpa, não estou querendo entrar em polêmica. É que eu acho fantástico o simbolo.Eu acho que a Igreja Católica perdeu muito exatamente porque abriu mão de vários símbolos. Porque o que atraí na crença é também a simbologia dessa crença… Os padres ficaram mais laicos que os próprios frequentadores (leia-se fiéis).”

Infelizmente Jô Soares tem uma grande razão no que diz, pois vemos que diante de uma tentativa de "modernização" do catolicismo, retiraram a mística e profundidade de muitas coisas. Para ser mais "acessível", banalizaram ou deixaram de lado vários aspectos.

A perda da mística e profundidade se deu de forma muito acentuada no século XX, pois havia uma mentalidade de se afastar do "homem medieval" e buscar o "homem racional e moderno". Não é à toa que São Padre Pio de Pietrelcina foi perseguido e censurado até mesmo dentro da Igreja, e por parte do alto clero no Vaticano. Muitos não aceitavam mais a experiência mística e espiritual, tudo teria que ter uma explicação científica e racional, ainda que para os Papas a visão fosse outra.


Papa Bento XVI

A situação se agravou com a vinda do Concílio Vaticano II (CVII) - antes que alguém ache que aqui vou criticar o CVII, pode tirar o cavalinho da chuva. Como muito bem já nos apontou o Papa Bento XVI (discurso de 22 de dezembro de 2005), criaram um tal de "espírito do concílio" que serviu como desculpa para "justificar" diversas mudanças que muitos queriam fazer na Igreja, ou mesmo banalizar o que é sacro apenas porque não se acredita mais. Não é culpa do CVII, mas dos que se aproveitaram dele para fazer reformar no que não precisava.


Essa ideia de uma "Igreja nova" foi ampliada de forma absurda, e até hoje é usada como justificativa para se fazer o que quiser, e ao mesmo tempo, não se dar importância ao que verdadeiramente importa, ao essencial. Sob a ideia de uma "nova evangelização" necessária para o mundo moderno, se começa a relativizar o que a Igreja diz. Não é á toa que já ouvi gente dizendo que só vale o que os papas pós-conciliares disseram, descartando inclusive as palavras de São Pio X (papa de 4 de agosto de 1903 à 20 de agosto de 1914). Um grande erro, próprio de quem gosta de escolher aspectos da fé católica para viver e descartar o resto como se estivesse escolhendo produtos no supermercado.


Em uma postagem recente aqui no blog (Fé ou marketing?) eu trouxe um texto de uma palestra de 1977, em que o palestrante discorre sobre algumas mudanças ocorridas na Igreja e que fizeram com que ela perdesse a sua identidade e reduzisse muito a espiritualidade dos atos e símbolos.


Vou citar alguns exemplos que vejo, mas com certeza temos muitos mais (se alguém quiser comentar, fique à vontade):



Traje eclesiástico: não há nenhuma liberação para que sacerdotes não usem as vestes clericais, pelo contrário, há determinação expressa de que se deve usar (para maiores esclarecimentos, leia este texto - Da obrigatoriedade do uso do traje eclesiástico). Mas muitos tem a ideia errada de que se chega mais perto das ovelhas ao se parecer como elas, como se a batina (ou outra veste apropriada) as afugentasse.


Este é um engano terrível. São João Paulo II já pediu aos sacerdotes que tenham coragem de assumir sua vocação, usando o principal instrumento visível:

“A vós e aos sacerdotes, diocesanos e religiosos, eu digo: alegrai-vos de ser testemunhas de Cristo no mundo moderno. Não duvideis em fazer-vos reconhecíveis e identificáveis na rua, como homens e mulheres que consagraram sua vida a Deus. (…) As pessoas têm necessidade de sinais e de convites que levem a Deus nesta moderna cidade secular, na qual restaram poucos sinais que nos lembram do Senhor. Não colaboreis com este excluir a Deus dos caminhos do mundo, adotando modas seculares de vestir ou de vos comportar!” (Discurso em Maynooth, em 1º de outubro de 1979)

O Papa Bento XVI disse uma vez:

"O presbítero é servo de Cristo, no sentido que a sua existência, ontologicamente configurada com Cristo, adquire uma índole essencialmente relacional: ele vive em Cristo, por Cristo e com Cristo ao serviço dos homens. Precisamente porque pertence a Cristo, o presbítero encontra-se radicalmente ao serviço dos homens: é ministro da sua salvação, nesta progressiva assunção da vontade de Cristo, na oração, no 'estar coração a coração' com Ele." (
Audiência do dia 24 de junho de 2009)

Lendo esta palavras vejo que quando o sacerdote coloca suas vestes clericais, seja a batina (que acho bela) ou o clegyman, está dizendo a todos: eu sou padre, servo de Cristo e estou a seu serviço. Mesmo que sejam homens iguais a todos, ao mesmo tempo não são, pois neles reside uma graça especial que os diferencia dos demais. Quando querem ser igual a todo mundo, é como se recusassem esta graça, ainda que não seja a intenção.



Como já pediu o Papa Bento XVI:

"É urgente recuperar a consciência que impele aos sacerdotes a estarem presentes, identificáveis e reconhecíveis, tanto pela sua fé, pelas virtudes pessoais como pelos hábitos, cultura e caridade que foi sempre o centro da missão da Igreja."

A veste clerical ajuda a identificar e reconhecer o sacerdote, que hoje tanto necessita destes sinais visíveis.


Vou trazer um exemplo de como a batina traz a todos uma simbologia diferente de qualquer outra roupa. Uma vez um seminarista que conheci (que hoje é padre) foi pregar um retiro e o tema que ele iria falar era pecado, um tema difícil, ainda mais para jovens que em sua maioria não eram frequentadores da Igreja. Pois bem, ele vai usando a sua batina que chamava a atenção de longe, ainda mais porque ele era bem gordo. Eu perguntei porque ele resolveu colocar a veste (já que não era seu hábito usar), e ele disse que era um instrumento que prenderia a atenção de todos e imporia a seriedade necessária para o tema. Ou seja, não é apenas um pano preto, mas traz consigo toda uma simbologia importantíssima.


Assim, mesmo correndo o risco de contrariar amigos sacerdotes, reitero minha opinião: PARA MIM SACERDOTE TEM QUE USAR BATINA, ou pelo menos o clegyman. E se alguém se interessar por outros elementos importantes da batina, leia este texto - Excelências da Batina.



Liturgia: sobre este tema eu já escrevi muito no blog e você pode conferir clicando aqui -LITURGIA. Mas vou falar de algumas coisinhas que mostram bem a banalização do Sagrado.


Tem gente que acha que a Missa deve ser uma festa, e que a celebração deve ser festiva. Para isso resolveram que a música deve encher os ouvidos e corações, com muitos instrumentos e vozes, belos cantos, alguns até animadinhos demais, incentivando a todos a viver uma experiência emocional forte ... o que fez com que em algumas Missas se tornassem o principal atrativo. Não interessa a homilia, as orações (inclusive, se puderem ser cantadas, melhor ainda), o silêncio, etc. O que importa é que a música seja uma grande atração.


Tenho amigos que atuam neste ministério dentro da Missa e muitas vezes fazem belíssimos trabalhos, mas também chegam a esquecer que este não é foco da celebração. A música deve ser apenas um auxílio, e não um acessório essencial. Hoje, para mim, quanto menos barulho melhor, por isso evito celebrações em que os cantos sejam altos.


Ainda, tem gente que gosta de "deixar a Missa mais bonita e emotiva" e coloca música onde não deve na celebração. No ato da consagração do pão e do vinho, em que se transformam em Corpo e Sangue de Cristo, NÃO SE TOCA E NEM CANTA NADA!!!! Por favor, nem mesmo na elevação do cálice com o Sangue de Cristo. É PARA FAZER SILÊNCIO!!!


Por que cometem este tipo de erro? Porque acham que fica bonito, porque acham que é um momento para se adorar a Deus, etc. Ou seja, com base no "espírito do Vaticano II", acham que podem mudar a previsão litúrgica.


Outro grande problema está em que muitos sacerdotes (e isso eu já vi, mesmo conhecendo vários outros que agem de forma correta) celebram a Missa sem ao menos acreditar no que estão fazendo. É sério, parece brincadeira mas não é. Quer conhecer a fé do sacerdote? Veja ele celebrando a Missa, em especial o zelo que tem no altar. É ali que acontece, em todas as celebrações, um dos grandes milagres de Deus. Não é apenas uma repetição de orações prontas, mas em cada ato há uma profundidade mística e espiritual gigantesca.


Quando vejo um sacerdote que faz tudo de qualquer jeito, que faz brincadeiras especialmente durante o serviço do altar, já sei que a vida espiritual dele está ruim. Deve ter problemas de oração, crise vocacional, crise de fé, ou qualquer outra coisa do estilo. Este tipo de coisa é um grande problema para ele e para a Igreja, como já disse o Papa Francisco:

"O bispo que não reza, o bispo que não escuta da Palavra de Deus, que não celebra todos os dias, que não se confessa regularmente, e o mesmo para o padre que não faz estas coisas, com o tempo, perdem a sua união com Jesus e vivem uma mediocridade que não é boa para a Igreja. Por isso, devemos ajudar os bispos e padres a rezarem, a ouvirem a Palavra de Deus que é o alimento diário, a celebrarem a Eucaristia todos os dias e irem à confissão regularmente. Isto é tão importante porque diz respeito à santificação dos sacerdotes e bispos." (
Audiência geral de 26/03/14)
São João Maria Vianney também já falou sobre isso:

"Quanto é triste um padre que não tenha vida interior. Mas para tê-la, é preciso que haja tranqüilidade, silêncio e o retiro espiritual."

Não há como se ter uma profunda celebração eucarística se o sacerdote que a está celebrando não crer no que está fazendo, ou pelo menos ter o zelo litúrgico necessário.



Vejo algo que me incomoda em todas as Missas: a imensa maioria das pessoas vai receber a comunhão como se estivesse em uma fila para ganhar uma bala. Não há o menor respeito pelo Cristo presente na hóstia. Por que isso? Vejo três principais motivos:


1. falta de catequese adequada: por mais que tenha sido explicado quando a pessoa fez o o curso para a 1ª comunhão, não foi o bastante para mostrar a mística do momento.


2. a postura do sacerdote: quando o sacerdote entrega o Corpo de Cristo de qualquer jeito, como se estivesse dando uma ficha ou uma bala, quem está recebendo entende que "aquilo" que recebe não passa de um pedaço fino de pão. Ao se tratar o Sagrado como algo banal, será entendido como algo banal.


3. a distribuição da comunhão ser feita diretamente na mão: muitos não sabem mas a regra é que a comunhão seja distribuída na boca do fiel e este esteja de joelhos. A possibilidade de se ministrar na mão e a pessoa de pé é a exceção ... mas que acabou "virando regra".



Se pelo menos voltassem a distribuir a comunhão como deve ser (na boca e o fiel de joelhos), com certeza vamos conseguir voltar a respeitar o Sagrado e resgatar os verdadeiros símbolos que foram banalizados na Igreja.


Sim, é verdade que a Igreja precisa sempre estar atualizada aos novos tempos, mas com para atingir esta meta não se deve sacrificar o que lhe é essencial e faz parte de sua identidade mais profunda.


O Papa Francisco disse que a Igreja deve tomar cuidado para não se tornar uma ONG, ou seja, temos que evitar que se torne uma instituição sem a correta espiritualidade e mística. Se isso ocorre, não passaremos de repetidores de atos com discursos vazios. Precisamos urgentemente retornar ao caminho espiritual e místico da Igreja, em que levamos o Cristo Ressuscitado, cremos na sua existência e na sua ação, bem como vivenciamos a fé como deve ser feito.


Precisamos de sacerdotes (e bispos) com coragem de mostrar ao mundo que são diferentes, tanto em ações como nos símbolos visíveis. Precisamos de leigos comprometidos que não sejam apenas "papagaios de piratas" que ficam repetindo e jogando informações, mas que antes de tudo vivam a sua fé com toda a espiritualidade possível. Precisamos de sacerdotes e leigos que queiram viver a liturgia como ela deve ser vivida, e pratica-la de forma profunda.


A Igreja passa por uma grande crise em virtude desta perda dos símbolos, que se refletem na liturgia, catequese e ações pastorais, mas também afeta muito a identidade mística e espiritual da Igreja e seus membros. Isso só se combate com oração, vivência litúrgica e estudo da doutrina e magistério.


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Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
BRANDALISE, André Luiz de Oliveira, O esvaziamento da Igreja Católica, publicado em 28/09/14 no site “André Brandalise” - http://www.alobrandalise.com/2014/09/o-esvaziamento-da-igreja-catolica.html

História da Escatologia: Escolástica Medieval




O tratado escatológico desenvolvido no início da escolástica mostraPedro Lombardo († 1160) conferindo o definitivo direito de cidadania em seu sistema doutrinal teológico. Apesar de que, neste início da Escolástica o interesse maior era pelos temas da ‘criação e redenção’, fazendo com que o debate sobre as coisas últimas nos seja apresentado apenas por certo número de frases isoladas. Os primeiros passos nesse rumo, da definição de um tratado sobre a escatologia, são dados por Honório de Autun († 1152), Robertus Pullus († 1147/50) e Hugo de São Vítor († 1141). Em sua obra principal, De sacramentis christianae fidei, Hugo de São Vítor tentou, desenvolver a idéia de um grandioso Reino de Deus, superior a todos os regimes deste mundo.

Com o passar do tempo, os estudos avançam e começam surgir inúmeras sentenças relativas aos éschata, sendo, uma das mais determinantes, a sentença de Simão de Tournai (†1201), o primeiro a questionar sobre os argumentos apresentados pró ou contra a concepção da unidade do homem, tendo, como ponto comum a imortalidade da alma, por ser dado revelado, quanto a considerar-se a ressurreição como um acontecimento de ordem natural. Excetuando Pedro de Cápua(†1242), todos os outros teólogos, dessa época, afirmam o caráter miraculoso da ressurreição, e o dado principal é a referência cristológica, à luz da qual se observa a ressurreição. Também, aqui, nos defrontamos com a causa da fé e da recompensa.

O problema é expressamente levantado e solucionado na Summa anônima “Breves Dies hominis” (1195-1210): “A ressurreição de Cristo, embora não seja causa efficiens de nossa ressurreição, se insere na relaçãocristológica, pois a ressurreição de Cristo é o pressuposto absolutamente indispensável, a condição de possibilidade, a causa sine qua non de nossa ressurreição”. Se os homens não ressuscitassem, a paixão de Cristo seria inútil. Idéia também, a que coordena entre si sacramentos e escatologia. Já, Guido de Orchelles († 1225/33) aborda os temas escatológicos num apêndice à sua doutrina sacramental. E, na Summa Aurea deGuilherme de Auxerre († 1231), intitula seu tratado sobre os Novíssimos De sacramentorum effectu, sive de resurrectione. Aqui o pensamento vale-se, imediatamente, à coordenação entre ressurreição e eucaristia, já formulada em Santo Irineu († 202).

Infere-se claramente aqui a veritas humanae naturae, que se define a partir do corpo ressuscitado. Segue-se daí uma recíproca relação entre antropologia e escatologia, apresentada por Pedro de Cápua († 1214). A gênese histórica de tal questão apresenta problemas e dificuldades que remontam à própria patrística. A afirmação “os mortos ressuscitam” é sempre recebida com reservas profundas. O que sustentava a zombaria e provocava a rejeição era sobretudo a convicção de uma identidade e integridade do ressuscitado ou do corpo da ressurreição. E, Pedro de Cápua ilustra a “veritas humanae naturae” empregando o conceito de “integritas” ou “puritas” do homem. Claro que esse postulado da integridade da natureza humana é formulado em referência ao estado da transfiguração do homem e, assim, motivado em chave antropológica e se amplia até apreender aquilo que essencialmente pertence à real corporeidade e vida plena do homem.

Na Alta Escolástica, São Tomás de Aquino († 1274) diz, que “a ressurreição exige a integridade do homem”. E quais seriam os elementos essenciais que garantam a realidade da alma e a vida do homem. Santo Tomásrecorre ao princípio aristotélico da “anima forma corporis”: A alma se exprime na matéria, tanto na condição gloriosa como na da peregrinação. A integridade da natureza humana é exigida pela mesma justiça enquanto o homem inteiro em todos os seus membros deve ser premiado ou castigado, prêmio e castigo que ele mereceu também com o concurso do corpo. Os corpos deverão ser perfeitos também porque a divina Sabedoria há de se manifestar na ordem da matéria, para que através da perfeição do corpo transpareça a beleza e para que o louvor a Deus se traduza também na esfera material, no ser e agir do corpo.

Para Tomás de Aquino é inconcebível perfeição que não signifique também realização definitiva do próprio corpo. O motivo, em última análise, que está por trás, a estas reflexões sobre a perfeição do homem transfigurado, é de natureza claramente teológica, e se fundamenta naquele Deus que leva a plena realização a obra de suas mãos. A motivação escriturísticas poderia achar-se em Dt 32,4: “Ele é o rochedo, perfeita é a sua obra, justos, todos os seus caminhos; é Deus de lealdade, não de iniqüidade, ele é justo, ele é reto”.

Então, para uma melhor compreensão, podemos dizer que a temática (da escatologia) no primeiro período da Escolástica, assinala dois tipos de solução. Numa primeira tendência, representada por Hugo de São Vítor († 1141), Roberto Pullus († 1147/50), Roberto de Melun († 1167), Pedro Lombardo († 1160) e Pedro de Poitiers(† 1215), compreendem a ressurreição como “revivificação do corpo”. A ênfase aqui posta no corpo humano, pode assumir, a idéia de uma ressurreição compreendida também em sua dimensão física e corporal. Roberto de Melun, insiste notavelmente, na transfiguração do corpo e apresenta o motivo do sentido, pois está, ligado à ressurreição de Cristo. Quando se acentua a função do corpo, torna-se também mais agudo o problema de sua substância, identidade e integridade. Um segundo grupo de pensadores, ainda deste primeiro período da escolástica: Simão de Tournai († 1201), Radulfus Ardens († 1200), Alano de Lille († 1204), Pedro de Cápua († 1214), Estevão Langton (†1228), Guido de Orchelles († 1225/33) e Guilherme de Auxerre († 1231), entendem por ressurreição a reconstituição do homem. A morte é interpretada como dilaceração da unidade que existe entre corpo e alma, e, por conseguinte coincidindo com o fim do homem. Ressurreição significa reunião do corpo com a alma, e reconstituição do homem. Como observamos em Alano de Lille, o homem não ressuscitaria, caso o corpo e a alma não ressurgissem: “A ressurreição é a reunificação do corpo com a alma, os quais foram separados com a morte”. Gilberto de La Porré, ou Poitiers (†1154), diz que com a ressurreição, esse homem que a morte destruíra começa agora a existir de modo totalmente novo e é capaz, com sua natureza íntegra, de contemplar a Deus. Deste modo, entendemos, que a doutrina de uma morte que fosse capaz de destruir o homem inteiro não acha acolhida nos primeiros escolásticos. Estes afirmam, em harmonia, a idéia de que a alma espiritual continua sobrevivendo após a morte do homem; a seus olhos a imortalidade da alma é uma verdade inalienável, que faz parte do próprio patrimônio da Revelação.

Já na Alta Escolástica, Tomás de Aquino († 1274), diz que a alma se une, na ressurreição, com qualquer matéria, que obviamente se apresenta apenas no estado de matéria segunda, mas que na ressurreição da nova forma é matéria prima e pode ser transmudada em matéria segunda que agora se estrutura diferentemente da anterior. Temos assim de novo o mesmo corpo e o mesmo homem. Na morte o substrato material do homem se transfere para uma matéria segunda, que apresenta formações diversas das antecedentes. Para a alma, todavia, ele é, porém sempre forma prima. O que a matéria prima nos mostra é apenas pura potentia, sem qualquer ulterior determinação.

Os pensadores medievais em geral concordam em afirmar um crescimento na bem-aventurança, motivada pela participação do corpo no estado glorioso; mas divergem as opiniões assim que se aborda o problema do como se deve interpretar essa intensificação. Podemos sem dúvida pensar que essa idéia do aumento intensivo da felicidade eterna, mediante a união da alma com o corpo, se integre no grupo das opiniões sustentadas pela escola franciscana. Em linha geral a Alta Escolástica admite um aumento tanto extensivo como intensivo da beatitude por causa da ressurreição. Bento XII († 1342) na Bula Benedictus Deus, de 1336, afirma claramente uma intensificação substancial do estado de glória e de pena, no último dia.

Seguindo a tradição do Início da Escolástica, os mestres da Alta Escolástica colocam o tratado sobre a escatologia no final de seu sistema. Concretamente, isto significa que a escatologia se une à doutrina dos sacramentos. Pedro de Poitiers num contexto histórico-salvífico e cristológico, entendia os sacramentos como a via que conduz os membros até onde a Cabeça já se encontra. Nos sacramentos via ele também o início da atividade que o Ressuscitado exerce em relação a nós todos. Guilherme de Auxerre, qualifica a ressurreição como “effectus sacramentorum”. Tomás de Aquino, vê nos sacramentos os “signa prognostica praenuntiativa futurae gloriae”. E, descrevendo a eficácia da unção dos enfermos, exprime-se Alberto Magno († 1280) deste modo: “Através da Unção, somos conformados ao Ressuscitado”.

João Capréolo († 1444) nos ilustra as conseqüências a que leva essa perspectiva: “O efeito principal a que tende o sacramento da ‘Unção’ não é revigorar o homem em face dos assaltos da última hora e nem tampouco reduzir a culpa ou a pena pelos pecados veniais cometidos, mas sim prepará-lo para a glória do corpo e da alma. E isto mediante a eliminação dos resíduos do pecado, que impedem a aceitação da glória e a destinação da alma e do corpo a ela”.

A mesma naturalidade com que a “teologia dos sacramentos” utiliza elementos escatológicos, reaparece igualmente na “teologia da Graça”. Quando se olha para a Graça, pensa-se na Glória. Boaventura († 1274) resume essa dimensão escatológica da Graça nas palavras “Gratia est similitudo gloriae”. Também das referências à consumação definitiva, podemos concluir o papel de primeira importância que o éschatondesempenha na teologia fundamental. Aqui não se vê a Deus somente como causa eficiente e exemplar de toda a criação, mas também como o fim para o qual vai tendendo. Interessante, a este propósito, a transposição que achamos no Compendium theologiae, de Tomás, onde se insere a escatologia na doutrina da criação.

De importância fundamental é a ligação que se estabelece entre escatologia e cristologia. A escatologia acaba absorvida pela cristologia, a tal ponto que muitas vezes não se consegue compreender, do modo como é formulado um tema, se o objeto se refere a um problema cristológico ou escatológico. A ressurreição do Senhor se torna assim o ápice da cristologia e ponto de partida da escatologia.

Referência: Feiner J, Loehrer M., Mysterium Salutis, Do Tempo para a Eternidade, Volume V/3, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ,1985.

terça-feira, julho 19, 2016

Cardeal Caffarra: Papa não pode mudar a doutrina com uma nota de rodapé

Não se pode mudar a disciplina milenar da Igreja com uma nota de rodapé, e em um tom incerto. Caffarra faz referência ao “princípio de interpretação”, segundo a qual um ensinamento magisterial incerto deve ser interpretado em continuidade com o Magistério anterior


O arcebispo emérito de Bolonha, Itália, Cardeal Carlo Caffarra — um dos autores do Livro dos Cinco Cardeais e um forte defensor da doutrina católica tradicional sobre o casamento — concedeu uma entrevista ao site italiano La nuova bussola quotidiana. Em 25 de maio na entrevista, que aborda o casamento e a família, Cardeal Caffarra deixa claro que, mesmo que o Estado agora promulgue leis que permitam os chamados casamentos do mesmo sexo, isso “não pode mudar a realidade das coisas.” Ele diz que “prefeitos (especialmente os católicos) terão de fazer uma objeção de consciência” nesta matéria. Celebrar tal união, continua Caffarra, seria fazer-se parcialmente responsável por um tal “ato gravemente ilícito no plano moral”. O purpurado italiano vê atualmente em curso uma disjunção entre natureza e logos em relação ao casamento.

Quando perguntado se há também causas sobrenaturais para este novo desenvolvimento, o Cardeal Caffarra remete para a correspondência já conhecida e importante que ele teve com a Irmã Lúcia na década de 1980. Caffarra aponta que em 13 de maio 1981 — no mesmo dia em que o Papa João Paulo II sofreu o chocante atentado — Caffarra estava prestes a abrir o Instituto Pontifício João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimônio e da Família. Ele descreve como, alguns anos mais tarde, escrevera para a Irmã Lúcia pedindo-lhe suas orações para o Instituto recém-fundado, e não esperava qualquer resposta. Caffarra continua: “Ela respondeu — deixe-me lembrá-lo de que estávamos no início dos anos 80 — e ela me disse que haverá um tempo do “conflito final” entre o Senhor e Satanás. E que o campo de batalha seria sobre a própria constituição do matrimônio e da família”. Irmã Lúcia, então, disse a Caffarra que “aqueles que vão lutar pelo casamento e pela família serão perseguidos” e que “não devem ter medo porque a Santíssima Virgem já esmagou a cabeça da serpente infernal”.

Caffarra explica que esta luta entre Deus e Satanás diz respeito à redefinição do casamento, como segue: “E Satanás disse a Deus: ‘Veja, esta é a sua criação. Mas eu vou te mostrar que posso construir uma criação alternativa. E você verá que as pessoas dirão que é melhor assim.”

Cabe à Igreja, de acordo com Caffarra, ensinar novamente a plenitude da beleza do matrimônio sacramental que torna um em dois e dá aos esposos a graça da caridade conjugal, a fim de ter filhos e educá-los. A Igreja “tem de curar a incapacidade de amar dos homens e das mulheres”, acrescenta Caffarra.

No que diz respeito à exortação papal, Amoris Laetitia, o Cardeal Caffarra recorda que o seu “Capítulo 8 é, objetivamente, dúbio”, pois causa “conflitos de interpretações até mesmo entre os bispos”. Nesse caso, continua o prelado italiano, a pessoa tem que se orientar pela continuidade do Magistério do passado a fim de receber clareza. “Em matéria de doutrina e moral, o Magistério não pode contradizer a si mesmo”, afirma Caffarra. No que diz respeito à questão dos divorciados “recasados” e seu acesso a Santa Comunhão, o cardeal deixa claro que isso não pode ser alterado e que estes casais ainda não estão autorizados a receber a Sagrada Comunhão. Ele se refere aqui ao Magistério anterior da Igreja e continua: “Agora, se o papa pretendeu mudar esse ensinamento — que é muito claro — ele teria o dever, na verdade o grave dever, de dizê-lo, então, clara e explicitamente. Não se pode mudar a disciplina milenar da Igreja com uma nota de rodapé, e em um tom incerto. “Caffarra, em seguida, aqui faz referência ao “princípio de interpretação”, segundo o qual um ensinamento magisterial incerto deve ser interpretado em continuidade com o Magistério anterior.”

Esta declaração do Cardeal Caffarra leva-nos a uma pergunta maior: “Até que ponto, em qualquer caso, algo intencionalmente ambíguo é vinculativo para a consciência católica?”

Publicado originalmente: OnePeterFive — Cardinal Caffarra: Pope Cannot Change Doctrine in a Footnote

MAS AFINAL O QUE É MITOLOGIA


Basicamente, mitologia é o estudo do mito. Ou estudo dos mitos que compõe determinada mitologia. Como por exemplo, mitologia grega é o estudo dos mitos e lendas que compunham a crença dos antigos gregos. Não necessariamente quer dizer que o mito é fictício ou realidade. Para alguns o simples fato de um grupo de pessoas acreditarem e manifestar a sua crença, já seria suficiente para tornar o mito realidade. Isto não significa que os deuses abitaram fisicamente o Olimpo, mas sim a nível mental e principalmente psicológico.

Mitologia na verdade é o conjunto de mitos, lendas, crenças, divindades de um povo. Estudando os mitos é possível entender melhor a cultura de uma civilização. Na mitologia dos povos do norte, fazia todo sentido ter um reino feito de gelo. Pois o frio e a neve eram predominantes nestes países. Por ser um povo com uma cultura de guerra muito forte, fazia todo sentido que a recompensa daqueles que morriam em batalha, seria ir para o Valhalla. Um palácio onde os mortos iriam festejar, e lutar todos os dias preparando para o fim dos tempos ou Ragnarok.

segunda-feira, julho 18, 2016

Católico e marxista?


O comunismo, hoje muito apregoado, ou seja, o marxismo (doutrina de Karl Marx, 1818-1883), vem a ser o sistema que propugna tornar comuns, de maneira radical e mais ou menos violenta, não somente os fundos produtivos (o capital e as terras), mas também os bens produzidos; preconiza assim a abolição da propriedade particular e a rigorosa igualdade social entre os homens.

O marxismo econômico e sociológico se enquadra dentro de uma concepção geral da vida ou dentro de uma filosofia, da qual é inseparável. Esta filosofia, porém, é muitas vezes ignorada por aqueles a quem certos aspectos laterais do comunismo conseguem atrair. Percorramos, portanto, rapidamente os traços dessa ideologia.

1. Primeiramente, o marxismo professa o materialismo – e materialismo dialético – o que quer dizer: a única realidade existente é a matéria, e matéria posta em contínua evolução, devida ao choque de forças antagônicas. Em consequência, toda a História se tece de conflitos entre os elementos contrários da matéria. Tão longo processo, porém, tende ao equilíbrio e à harmonia finais. Vê-se desde já que o marxismo incute uma visão dinâmica (que os seus mentores chamam de «dialética»), em oposição a qualquer concepção estática (ou «metafísica», diriam os marxistas) do mundo.

A matéria é eterna; está em movimento desde todo o sempre, nem pode ser concebida sem movimento. Na ideologia marxista, portanto, não há necessidade de um Motor Imóvel, Causa última de todas as causas (segundo a filosofia de Aristóteles), nem de um Criador ou Deus. A fé em um Ser todo-poderoso proviria da incapacidade de explicar os fenômenos naturais ressentida pelo homem primitivo.

Aplicados mais proximamente à Sociologia, estes princípios significam que o gênero humano até a época contemporânea viveu em constante luta de classes; o capitalista é o explorador e opressor; o operário, o oprimido: “A história da humanidade registrada até hoje é história da luta de classes”, reza o manifesto de Karl Marx publicado em 1848. O fator que condiciona a luta e explica todas as atividades humanas, vem a ser a economia:

– “A economia e a produtividade da vida material condicionam os fenômenos sociais, políticos e espirituais da vida em geral. Não é a consciência do homem que determina o modo de ser da sociedade, mas, ao contrário, é a vida dos homens na sociedade que determina a consciência dos mesmos” (Marx, “Zur Kritik der politischen Oekonomie”, Vorrede, 1859).

Em outros termos: Direito, Filosofia, Moral, Arte, Religião são considerados «ideologias» ou «superestruturas» da produção material; a classe dominante na sociedade costuma impor «às demais as suas concepções filosóficas e religiosas. O feudalismo medieval e o capitalismo falavam de princípios éticos absolutos; o marxismo, ao contrário, nega a existência de normas morais imutáveis: ‘A nossa moral é, em tudo e por tudo, subordinada aos interesses da luta de classe do proletariado’» (Lênin, Obras, 3; 25ª ed., Moscou, 1933, p.391).

A primeira lei da ética marxista é a luta pela instauração universal da ordem de coisas comunista: não há, pois, direitos absolutos, mas a força e a violência em vista do objetivo proposto vêm a ser os ditames supremos da vida social. As artes e as ciências no marxismo devem igualmente exprimir o pensamento da classe operária, isto é, hão de ser cultivadas em função do Partido Comunista; aliás, toda a cultura comunista vem a ser «cultura do Partido», portadora de caráter popular socialista, patriotismo soviético, otimismo etc.

Proposto ao mundo nos séculos XIX e XX, o marxismo apregoa a revolução social, da qual devem resultar a total extinção de classes e até mesmo a supressão do Estado; é a propriedade particular que divide a sociedade em classes. Para conseguir a sua meta final, o marxismo visa, em primeiro lugar, instaurar a chamada «ditadura do proletariado». Mediante a abolição do Estado burguês, os trabalhadores oprimidos procurarão aniquilar os seus opressores atuais, sendo-lhes lícito, para isto, o recurso a qualquer meio coibitivo (em verdade, no Estado marxista, é um só homem, o ditador, quem aplica esses meios «em nome do proletariado» ou também contra o proletariado). Na fase definitiva do processo comunista, já não haverá autoridade de Estado, mas todos os homens, livres da escravidão capitalista e dos numerosos preconceitos que esta acarreta, viverão sem leis, movidos unicamente pelo entusiasmo do trabalho desinteressado, trabalho espontaneamente executado para o bem da coletividade; desaparecerão as injustiças e a miséria! É, pois, uma “verdadeira Redenção”, é um autêntico messianismo encaminhado para um paraíso terrestre, que o marxismo propõe ao mundo.

Neste quadro, é claro que nenhuma das tradicionais formas de religião tem cabimento:

– “O marxismo é um materialismo. Como tal, é inimigo implacável da religião. Devemos combater a religião. Este é o ‘abc’ de todo materialismo, por conseguinte também do marxismo” (Lênin. Obras, 14, p.70).

– “O Partido não pode ser neutro frente à religião (…) porque ele é favorável à ciência, ao passo que os preconceitos religiosos são contrários a esta” (Stalin. Obras, 10, p.132).

Não é menos verdade, porém, que a ideologia marxista com a sua mística, ou seja, com a sua fé entusiástica na consecução da felicidade integral, se torna uma religião, exigindo para as instituições e os representantes do comunismo a adesão que sempre foi tributada a Deus. Já Dostoievsky (+1881) dizia muito bem, como que caracterizando antecipadamente os comunistas contemporâneos:

– “Os homens não se tornam ateus apenas, mas creem no ateísmo como em uma religião”.

Tem-se observado repetidas vezes que o marxismo se apresenta como um “catolicismo às avessas”; muitos são os pontos de contato de ambos, trazendo apenas sinais inversos de valorização (positivo, negativo; à direita, à esquerda).

2. Qual o juízo a proferir sobre tais teorias?

Não se pode negar que a ideologia marxista encerra um núcleo de verdade: o mal-estar da sociedade provém não raro do predomínio injusto de uma classe sobre as outras ou da defeituosa distribuição dos bens produtivos. Desta verificação, porém, não se segue que a solução consista em suprimir a propriedade privada e as classes sociais. Com efeito:

a) Não se podem reduzir todos os problemas humanos à questão econômica, como se o homem por sua natureza fosse destinado a ser mero produtor e consumidor de bens materiais, ficando as suas demais aspirações dependentes da satisfação desta primeira. Haja vista a família: não são as necessidades econômicas que dão origem à família, mas, ao contrário, é a família que funda a economia (o termo grego “oikonomia” o diz muito bem: “oikos”, “casa”; “nomiat”, “dispensação, legislação”). É o desejo de se perpetuar e de certo modo imortalizar que leva o homem a constituir um lar e a procurar consequentemente, mediante a sua indústria (caça, pesca, agricultura), os meios de subsistência para os seus familiares.

Também é vão dizer que a Filosofia, a Moral, a Religião são funções da produção material, embora possam sofrer a influência desta; existem, sem dúvida, verdades especulativas e normas éticas objetivas, imutáveis: que a soma dos ângulos de um triângulo seja igual a dois retos, é proposição que nenhum sistema econômico jamais poderá alterar.

Em particular, no tocante à religião, é absurdo apresentá-la como expressão do homem covarde ou atrasado: o testemunho dos povos, os documentos da civilização aí estão a dizer o contrário. A religião sempre foi o fator que estimulou a civilização e a indústria dos diversos povos: a construção da habitação humana, a fundação de cidades, a abertura de estradas, a ereção de pontes, a domesticação de animais, o cultivo de plantas, a contabilidade bancária são realizações inspiradas inicialmente por motivos religiosos; a religião, longe de coibir, sempre fomentou o exercício das faculdades superiores do homem (inteligência e vontade); a história da ciência e a civilização são, em grande parte, tributárias das aspirações religiosas que constantemente moveram os homens a novos empreendimentos. Veja-se a propósito a abundante documentação citada por Pe. Deffontaines, “Géographie et Religions”, Paris, 1948.

b) A tese da eternidade da matéria está em contradição com a da evolução ascensional da mesma matéria; carência de início e evolução são termos inconciliáveis entre si, pois toda evolução supõe necessariamente um ponto inicial e outro final. A hipótese da eternidade do mundo está também em desacordo com a ciência moderna, que não somente requer um ponto de partida para o processo evolutivo do universo, mas também fala de relativa «juventude» do cosmos (cerca de dez bilhões de anos).

c) Entre os homens existe, sim, igualdade básica de natureza (todos são animais racionais), diferenciada, porém, por características acidentais, pessoais; dotados de diversa capacidade intelectual e variada energia de vontade, os indivíduos tendem pelas suas atividades a se dispor em hierarquia, devida ao uso e ao abuso que cada um faz de suas qualidades. As desigualdades econômicas, portanto, provêm em grande parte das desigualdades naturais que intercedem entre os indivíduos; por isto, é que não são condenáveis, desde que se mantenham dentro de certos limites e não impeçam a colaboração de todos para o bem comum.

O nivelamento dos indivíduos mediante a extinção da propriedade particular é contraditório à própria natureza humana, como o comprova a experiência da Rússia mesma: a sociedade soviética conhece hoje de novo as suas classes, os seus indivíduos e grupos privilegiados, embora os nomes e títulos sejam diferentes dos que estavam em voga no regime imperial. De onde se vê que a igualdade entre os homens não poderá ser aritmética, mas há de ser proporcional: todo indivíduo na sociedade há de gozar de direitos particulares, correlativos às suas aptidões naturais e à contribuição que ele possa prestar ou haja prestado ao bem comum.

d) De resto, fraternidade entre os homens sem crença em Deus é impossível; se não se reconhece um Pai comum nos céus, com que direito se exigirá que os homens se reconheçam uns aos outros como irmãos sobre a terra? Cedo ou tarde, mostra-nos a História, que as tendências egoístas se atuam, corroendo a filantropia dos ateus. Muito menos se pode esperar que, sem Deus, os homens instaurem o paraíso sobre a terra, vivendo sem leis, em espontânea concórdia. Tal expectativa ignora totalmente a realidade histórica: a natureza humana e, com ela, o mundo visível estão sujeitos à desordem que o pecado inicial introduziu (pecado de que falam as reminiscências mesmas dos povos primitivos); e somente pela reconciliação do homem com Deus é que se poderão obter harmonia e bem-estar neste mundo. À luz destas considerações, o marxismo aparece claramente como uma religião desviada do seu verdadeiro objetivo. Aliás, já dizia muito a propósito Donoso Cortês, o famoso estadista (+1853):

– “Toda civilização é sempre o reflexo de uma Teologia” (“Ensayo sobre el catolicismo, el liberalismo y el socialismo”, 1851).

e) Vê-se, por fim, que não há compatibilidade entre catolicismo e marxismoplenamente entendidos.

Isto não exclui que certas teses marxistas referentes à economia ou à administração pública possam ser incorporadas à ideologia cristã. Segundo as declarações dos próprios comunistas, o marxismo não pode nem quer ser concebido independentemente do quadro filosófico ou do materialismo dialético que inspirou a Marx; qualquer tentativa, como a da II Internacional, de edificar o comunismo sobre outro fundamento filosófico é rejeitada pelo bloco marxista preponderante qual desvio ou heresia (sabe-se que a II Internacional, de 1880 ao fim da Primeira Guerra Mundial, foi tida por Lenin e Trotski como Internacional dos social-patriotas e dos traidores). A prática do marxismo é indissolúvel da respectiva teoria; por isto também tudo que o marxista realiza na vida pública, ele o realiza no espírito do partido. Diz Lênin:

– “O materialismo implica, por assim dizer, o espírito de partido, enquanto nos obriga, em todo juízo que formulemos sobre um acontecimento, a colocar-nos direta e abertamente do ponto de vista de certo grupo social” (Obras, 1, p.380-381).

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 3 – mar/1958