segunda-feira, julho 18, 2016

A estrela que guiou os Magos


1. Primeiramente, alguns dados sobre os magos de Mateus 2.

O nome «mago» vem do sânscrito “mahat”, “grande”, dando em pehlvi a forma “mogh”, “sacerdote”. Conforme Heródoto e Xenofonte, os magos constituíam entre os medos e persas uma casta sacerdotal muito conceituada, que se ocupava principalmente com adivinhação, astrologia e medicina. É bem possível que os magos dos quais fala o Evangelho, fossem realmente sábios sacerdotes da Pérsia (alguns exegetas preferem a Caldeia, por ser esta a terra clássica dos astrólogos e matemáticos; outros, a Arábia, visto que a palavra «Oriente», empregada pelo Evangelista, costumava, na geografia palestinense da época, designar a Arábia).

Os magos terão tido conhecimento da expectativa dos judeus referente à vinda de um grande Rei ou do Messias, já que os israelitas após o exílio (séc. VI a.C.) haviam espalhado por todo o Oriente a sua fé no Salvador vindouro; esse Salvador era mesmo simbolizado por uma estrela, conforme a profecia de Balaão:

– “Uma estrela que sai de Jacó, torna-se Chefe; um cetro se levanta, procedente de Israel” (Números 24,17).

Tão difusa era a expectativa israelita, que Tácito (+120) chegou a escrever, apesar de todo o seu garbo romano:

– “Os homens estavam geralmente persuadidos, à luz da fé de antigos profetas, de que o Oriente ia tomar a vanguarda, e, dentro em breve, se veriam sair da Judeia aqueles que governariam o universo” (Hist. 5,23).

Compreende-se, à luz destes precedentes, que sábios pagãos orientais tenham reconhecido, no aparecimento de um novo sinal luminoso no céu, a vinda do grande Personagem aguardado como Renovador do mundo.

2. Pergunta-se agora em que consistia precisamente esse sinal luminoso.

O termo grego “astér” de Mateus 2,2 pode significar tanto “estrela” como “astro”, como também “fenômeno astronômico”; os exegetas têm proposto as mais variadas opiniões para o interpretar:

a) Durante muito tempo esteve em voga a sentença de Kepler (+1630), que explicava o sinal luminoso como sendo o resultado da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno no signo zodiacal dos Peixes; esta conjunção se deu de fato no ano 747 de Roma (7 a.C.). Tal sentença levaria a recuar o nascimento de Jesus até o ano 8º a.C. (746 de Roma). A hipótese, porém, está hoje muito desprestigiada, pois se vê que não corresponde suficientemente aos dados do texto evangélico (o fenômeno de conjunção de astros por si não indica roteiro sobre a terra; não teria, pois, apontado aos magos o caminho de Belém).

b) Outros autores apelam para o aparecimento de um cometa; assim Orígenes, já no séc. III, e, em nossa época, o famoso Pe. Lagrange. A passagem do cometa de Halley, que em 1910 foi visível em sua rota do Oriente para o Ocidente, corroborou em muitos estudiosos a opinião de Orígenes. Sabe-se, porém, que o cometa de Halley passou sobre as terras do Oriente e do Ocidente no ano 12 a. C., e não em 6 a. C.: os chineses assinalam, sim, o aparecimento de outros cometas em 4 e 3 a.C., os quais, porém, parecem não ter sido observados no Ocidente. Além disto, objeta-se que os cometas só podem ser observados à noite e, por seu roteiro muito longínquo no firmamento, não indicam senão vaga direção, insuficiente para se localizar tal pontinho preciso que é uma casa sobre a terra.

c) Não resta, portanto, senão a opinião que realmente parece corresponder à mente do Evangelista e à dos antigos Padres da Igreja; trata-se em Mateus de um fenômeno milagroso (quanto ao modo como foi produzido), ou seja, de um meteoro que Deus quis servisse especialmente aos magos de pioneiro e guia para a viagem que deviam empreender, à semelhança da coluna luminosa que precedia os israelitas na travessia do deserto (cf. Êxodo 13,21): o astro, por disposição divina, mostrou-se aos magos e desapareceu estritamente segundo as exigências do caso. Vão, por conseguinte, se torna procurar explicação meramente natural para o fenômeno. É esta a sentença dos melhores comentadores católicos contemporâneos (Benoit, Buzy, Ricciotti…).

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 3 – mar/1958

Dar a outra face a quem esbofeteia


De maneira geral, chama a nossa atenção o estilo do famoso sermão da montanha de Jesus (Mateus 5-7): é muito vivo, visando penetrar e calar fundo na mente dos leitores mediante as suas imagens, os seus contrastes e aparentes paradoxos. Assim é que Jesus fala aos seus ouvintes de:

– Arrancar o próprio olho (5,29),

– Amputar a mão direita (5,30),

– Só dizer «Sim, sim; Não, não», pois ulteriores palavras seriam inspiradas pelo Maligno (5,36),

– Entregar [também] o manto a quem queira tirar [apenas] a túnica (5,40),

– Dar dois mil passos quando nos angariam para mil apenas (5,41), e

– Apresentar a face esquerda a quem bata na direita (5,39).

O entendimento literal destas expressões teria feito dos discípulos de Jesus, logo no início do Cristianismo, um rebanho simplório, posto à mercê de todo aventureiro ou explorador; uma tal «prática do Evangelho» só faria promover o mal no mundo, dando ocasião a que ímpios e criminosos acabassem por sufocar a causa do direito, do amor e da verdade. As gerações cristãs, desde o início da nossa Era, bem entenderam o sentido metafórico e hiperbólico das citadas frases de Mateus 5-7; nunca se julgaram obrigadas, por fidelidade ao Evangelho, a se arrancar um olho, amputar a mão direita, entregar manto e túnica em mãos do ladrão, nem a apresentar a face esquerda a quem batesse na direita. Jesus mesmo deu a interpretação autêntica de suas palavras quando foi esbofeteado por um dos guardas da corte do Sumo Sacerdote judeu: não julgou necessário, nem mesmo conveniente, fazer-se espancar de novo, mas, mediante palavras serenas, procurou promover o bem do injusto agressor, pedindo-lhe tomasse consciência exata do motivo por que havia agido:

– “Se falei mal, dá testemunho disto; mas, se falei bem, porque assim me bates?” (João 18,23).

Assim procedendo, o Senhor incutia o direito que toca a quem é injustamente acusado, de defender a sua causa e pôr às claras a verdade, a fim de que não seja deturpado o bem comum:

– “A resposta de Jesus deve servir de garantia aos acusados; é preciso que se lhes reconheça o direito de se defenderem e de responderem livremente” (M.-J. Lagrange, “Evangile selon St. Jean”, Paris, 1936, p.467).

Voltando ao texto de Mateus 5,39, Braun assim comenta a atitude do Senhor:

– “Responder tão tranquilamente, mas com tal firmeza, a um homem irado, diante do qual Jesus estava desarmado, isto era, na verdade, apresentar-lhe a outra face” (“Evangile selon St. Jean”, in: «La Sainte Bible», de Pirot-Clamer 10, Paris, 1946, p.458).

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 3 – mar/1958

A Idade Média foi “noite escura”?


A Idade Média é por vezes considerada qual «noite de mil anos» que se abateu sobre a civilização, constituindo, pela barbárie e ignorância de seus homens, verdadeira mancha no decorrer da História.

É o que, conforme alguns autores, a própria designação «Idade Média» deveria incutir. Esta foi forjada pelos humanistas do séc. XVI, que com tal denominação queriam caracterizar o período da língua latina, que vai da idade clássica antiga ao Renascimento da mesma, no séc. XVI. Entre duas épocas áureas estaria [então] uma fase intermediária ou «média», fase apagada ou decadente na História do idioma latino.



Em 1688, o historiador alemão Cristóvão Keller (Cellarius) na sua «Historia Medii Aevi» (=”História da Idade Média”) adotou pela primeira vez o nome no setor da História da Civilização, o que dava a entender que o período decorrente entre a Idade Antiga e a Renascença foi igualmente uma época apagada e decadente.

Nem todos os autores, porém, concordaram com tal modo de ver…

O historicismo do século passado tinha a Idade Média na conta de período cheio de realizações construtivas.

Vejamos o que há de objetivo nestas diversas apreciações.

1) O período Antigo ou Greco-Romano da civilização termina com a ruína do Império Romano, o qual cedeu aos golpes das invasões bárbaras (Roma caiu em 476). A Europa e a África Setentrional foram ocupadas pelos germanos invasores que, após haver derrubado as instituições antigas, eram incapazes de construir a vida social, pois careciam de valores culturais correspondentes. Ora, tendo desaparecido a figura do Imperador no Ocidente, a única autoridade capaz de tomar as rédeas da situação europeia dos séculos V/VII era a autoridade eclesiástica: o Papa, então, os bispos e os monges se puseram a preservar da perda total os valores da civilização greco-romana, utilizando-os na confecção de nova síntese cultural.

Não há dúvida de que a Religião Católica foi altamente benemérita neste trabalho de reconstrução; criaram-se valores e instituições de vulto no início e no decurso da Idade Média. Detendo-nos apenas na história da educação e da cultura, devemos mencionar que foram os clérigos e monges que asseguraram o ensino primário nas escolas catedrais, monacais e palatinas (isto é, erguidas respectivamente junto a uma igreja catedral, a um mosteiro, a um palácio de rei).

Eis alguns documentos a propósito:

Teodulfo, bispo de Orléans no séc. VIII, promulgou a seguinte lei:


– “Os sacerdotes mantenham escolas nas aldeias, nos campos. Se qualquer dos fiéis lhes quiser confiar os seus filhos para aprender as letras, não os deixem de receber e instruir, mas ensinem-lhes com perfeita caridade. Nem por isto exijam salário ou recebam recompensa alguma, a não ser por exceção, quando os pais voluntariamente a quiserem oferecer por afeto ou reconhecimento” (Sirmond, Concilia Galliae 2,215).

Este decreto passou verbalmente para as legislações eclesiásticas da Inglaterra. Frequentemente os Concílios regionais dos séc. VIII/IX repetiram semelhantes normas. O III concilio ecumênico do Latrão em 1179, por sua vez, lavrou o seguinte cânon:


– “A Igreja de Deus, qual mãe piedosa, tem o dever de velar pelos pobres aos quais, pela indigência dos pais, faltam os meios suficientes para poderem facilmente estudar e progredir nas letras e nas ciências. Ordenamos, portanto, que em todas as igrejas catedrais se proveja um benefício (rendimento) conveniente a um mestre, encarregado de ensinar gratuitamente aos clérigos dessa igreja e a todos os alunos pobres” (cân. 18, Mansi 22,227-228).

Também o ensino superior na Idade Média se ministrava por iniciativa, ou ao menos sob a tutela, de bispos e príncipes cristãos. As primeiras Universidades foram fundadas por volta de 1100. Constituem uma das criações mais originais e valiosas da Idade Média: no período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham sua escola — o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta, na Idade Média, reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos focos de erudição.

Até 1440, foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de Ensino Superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Em 1200, Bolonha contava dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses, germanos etc.). O Papa Clemente V, no Concílio de Viena, em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio etc.), o que em breve foi executado em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.

Poder-se-iam multiplicar dados deste gênero. Estes, porém, já dão a ver que a Idade Média não foi alheia à cultura, justamente em virtude da influência da Igreja que nela se exerceu.

2. É preciso, porém, reconhecer uma particularidade da ciência medieval: os homens da época careciam do aparato técnico necessário a experiências e investigações precisas; o seu horizonte geográfico e astronômico também era bastante restrito. Sendo assim, a ciência medieval era levada não raro a julgar os fenômenos segundo a sua aparência e pouco habilitada a exercer o senso crítico.

Outra consequência da penúria de meios de observação é que os cientistas medievais procediam por dedução mais do que por indução; não podendo formular as leis da natureza na base de experiências exatas físico-químicas, os medievais as formulavam recorrendo a princípios especulativos, abstratos, dos quais julgavam poder deduzir a explicação dos fenômenos da natureza. Este trabalho, porém, era em alta escala sujeito a erro: os medievais não raro julgavam (e nisto se enganavam) que a Bíblia Sagrada podia ser utilizada para elucidar não somente questões teológicas, mas também temas de ciências profanas, de sorte que, na falta de outros critérios, apelavam para a Escritura a fim de resolver problemas de ordem biológica, astronômica etc. (haja vista o que ainda no séc. XVII se deu no caso «Galileu», do qual trata o artigo “O caso de Galileu”).

Deve-se sublinhar que tal atitude se devia em grande parte à falta de instrumentos precisos para a investigação da natureza (falta bem compreensível na Idade Média, já que o homem só aos poucos progride na conquista do mundo que o cerca). Não seria justo dizer que os cristãos medievais tinham medo da ciência empírica e que as autoridades eclesiásticas travavam os estudos a fim de evitar conflitos de Ciência e Fé; entre os pioneiros dos avanços científicos medievais contam-se eclesiásticos, monges e cristãos de valor, como Santo Alberto Magno (op), Rogério Bacon (ofm), João Peckam (ofm; arcebispo de Cantuária), Dietrich de Freiberg (op), Jordão Nemorário, Guilherme de Moerbeke (op)…

Muito significativo é um dos últimos depoimentos sobre o assunto, proferido em 1957 por um grupo de estudiosos que, sem intenção confessional alguma, escreveram a História da Ciência Antiga e Medieval:


– “Parece-nos impossível aceitar a dupla acusação de estagnação e esterilidade levantada contra a Idade Média latina. Por certo, a herança (cultural) antiga não foi totalmente conhecida nem sempre judiciosamente explorada; (…) mas não é menos verdade que de um século para outro — mesmo de uma geração a outra dentro do mesmo grupo — há evolução e geralmente progresso. A Igreja (…) na Idade Média salvou e estimulou muito mais do que freou ou desviou. Por isso, embora só queira apelar para a Antiguidade, a Renascença é realmente a filha ingrata da Idade Média” (“La Science Antique et Médiévale”, sob a direção de René Taton, Presses Universitaires de France, Paris, 1957, pp.581-582).

Em particular, com referência ao fato de que só a partir de fins do séc. XIII se começaram a fazer dissecações e observações em cadáveres humanos, dizem os mencionados estudiosos:


– “Como quer que seja, não se poderia aceitar a opinião um tanto simplista segundo a qual a Igreja teria sido ‘a grande responsável da estagnação dos estudos de anatomia'” (ibidem, p.580).

Estes testemunhos tão insuspeitos levam a concluir que as crenças cristãs dos homens medievais não prejudicaram a cultura humana; antes, a favoreceram – apesar das consequências errôneas que em matéria de ciências os medievais julgavam por vezes dever deduzir da sua fé.

Dê o observador muito maior atenção a outra faceta da cultura medieval: a capacidade humana de especulação filosófica parece ter atingido então o auge de sua clareza e agudez, criando as famosas Sumas de Lógica, Ontologia e Metafísica da Idade Média. Estas obras, continuando as dos grandes pensadores gregos (principalmente de Aristóteles), até hoje são monumentos perenes, não ultrapassados, da cultura humana.

É, sem duvida, este aspecto positivo que merece preponderância numa apreciação objetiva da Idade Média.

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 5 – mai/1958

O verdadeiro significado da palavra Igreja.

Igreja Matriz de Cantanhede - Interior
Origem etimológica da palavra Igreja.

Essa é a tradução do latim ecclesia, que por sua vez, traduz o grego ekklesia, tradução do hebraico qahal Jahwe, significando o ato da reunião ou também a própria comunidade reunida.

No novo testamento, os cristãos, assim conhecidos e chamados pelos judeus em Antioquia pela primeira vez (Atos dos Apóstolos, 11, 26), empregavam a palavra Igreja em três sentidos:

- a comunidade reunida em alguma cidade, seja da Judéia, Galiléia ou Samaria (1 Cor, 1,2; 16,1; Atos dos Apóstolos 9,31),

- ou a assembléia eucarística (1 Cor 11,18; 14, 19),

- ou a Igreja espalhada por todo o mundo (1 Cor, 15,9; Gálatas 1,13; Atos dos Apóstolos 20,28).

De modo geral, a palavra ekklesia significa o novo, o verdadeiro Israel, a comunidade existente, o ato de reunir a comunidade e a própria comunidade reunida. A palavra tem, portanto, o significado de acontecimento e instituição.

Assim, cada vez que dizemos ou pensamos a Igreja estamos afirmando a comunidade de fé, a assembléia de todos os cristãos. De acordo com o sentido etimológico da palavra, está errado dizer ou pensar que a Igreja são apenas os padres, os religiosos, as religiosas, ou mesmo o templo ou a casa construída para oração e reunião da comunidade. Na verdade, todo o batizado é a Igreja, no sentido de que, pelo batismo, todo o cristão começou a integrar a comunidade de fé.

domingo, julho 17, 2016

Que motivos tinha Chesterton para se tornar católico?


Chesterton resume dessa forma sua experiência quando foi recebido na Igreja: “Só senti medo diante daquilo que tinha a resolução e a simplicidade de um suicídio”.

Depois, com mais calma, ele fez, à luz deste acontecimento, uma releitura da sua vida passada, na qual cada acontecimento claramente o ia conduzindo à pia batismal, registrando isso em sua Autobiografia (1936).

Chesterton era um perigo: ele lia livros de detetives.

Com a precisão da faca que penetra as costas sem esforço e com a rapidez de um tiro, ele encontrava o argumento nítido, a reflexão acertada. Se este fosse um dos seus romances, neste ponto, o detetive já teria encontrado aquele a quem buscava.

Agora só restava explicar as pistas que o haviam levado a tal dedução.

Descarregar os pecados

A principal razão de ter se tornado católico foi a necessidade de ver seus pecados perdoados. Tal perdão só era oferecido, com a objetividade própria de um sacramento, pela Igreja Católica.

Ele manifestou a insanidade que lhe parecia guardar para si os pecados durante a vida inteira, replicando a outro escritor: “A seu ver, confessar os pecados é algo morboso. Eu lhe diria que o morboso é não confessá-los. O morboso é ocultar os pecados, deixando que eles corroam o coração da pessoa – estado em que vive a maioria das pessoas das sociedades altamente civilizadas”. Um coetâneo seu, o psicanalista Carl Jung, confirmaria esta intuição: oscatólicos que recorriam a ele eram minoria.

Cuidar dos pertences

Nos ensinamentos anglicanos, influenciados pelo puritanismo, suprimia-se o sacramento da Reconciliação. Assim, depois do pecado, vem a condenação. Isso explica o caráter escrupuloso e a personalidade neurótica de alguns filósofos do século 20 com estas raízes.

Chesterton, bom observador, descrevia um detalhe que via nos templos católicos. As pessoas que iam comungar o faziam carregando firmemente suas bolsas e casacos, ao contrário das capelas anglicanas, nas quais os fiéis deixavam seus pertences na antessala, sem nenhuma vigilância.

“Eu nunca deixaria sem vigilância um bem da minha propriedade em um lugar no qual quem quisesse roubá-lo tivesse a oportunidade quase simultânea de receber o sacramento da Penitência”, afirmou.

Ele preferia o catolicismo com seu sacramento do perdão, ainda que tivesse de vigiar seus pertences.

Todos, até o próprio Deus, devem estar gratos a Nossa Senhora

Entre os motivos da sua conversão, ele mencionou também seu total assentimento à doutrina católica sobre Maria. Os anglicanos atribuem aos católicos o que chamam de “honra excessiva” à Mãe de Deus.

Chesterton, com a intuição própria das pessoas simples nas questões de Maria, com uma só história resolve a tradicional divergência entre católicos e anglicanos sobre a justiça do culto a Nossa Senhora.

Ele relata que ouviu dois anglicanos que mencionavam com estremecido pavor uma terrível blasfêmia sobre a Santíssima Virgem, de um místico católico que escrevia: “Todas as criaturas devem tudo a Deus; mas a Ela, até o próprio Deus deve algum agradecimento”.

Isso – contou Chesterton – o surpreendeu como o som de uma trombeta, e ele disse a si mesmo quase em voz alta: “Que maravilhosamente dito!”.

E concluiu afirmando que lhe parecia difícil achar uma expressão maior e mais clara que a sugerida por aquele místico, sempre que bem compreendida.

Chesterton, aos 50 anos, havia visto claramente sua decisão de ser católico. Mas o tempo não havia parado. O mundo estava se armando para as guerras mais destrutivas e para as ideologias mais desumanizadoras que já existiram. Eram necessárias vozes autorizadas e sensatas. EChesterton estava preparado.

Por que o Brasil precisa ler G. K. Chesterton? Quem foi G. K. Chesterton?


Gilbert Keith Chesterton nasceu numa cidadezinha chamada Kensington. Filho de Edward Chesterton e de Marie Louise Grosjean, cresceu em um lar muito espirituoso e imaginativo. Seu pai, um amante da arte e da velha cultura vitoriana, despertou nele desde pequeno o: “olhar de criança”, este olhar seria seu parâmetro em todo seu pensamento filosófico posterior. Entre castelos de papelão e livros fantásticos ele cresceu; vivendo numa casa onde sempre encontrou o debate como princípio básico de convivência, onde seu irmão, com tendências mais modernistas e socializantes, fazia render longas e profundas discussões, ele ia ganhando a postura de um grande polemista e retórico. Sua juventude foi marcada por uma certa solidão e introspecção, o que lhe trouxe certas dificuldades de relacionamento humano, todavia, trouxe-lhe também uma imensa facilidade de render horas imaginativas em seus escritos.

Aos poucos, nos jornais estudantis de seu colégio, sua genialidade na escrita começou a se destacar. Sua retórica aguçada e sua recusa ao “politicamente correto”, começou a chamar atenção dos criticados e daqueles que concordavam com suas críticas; não demorou muito para que seus escritos inundassem os jornais da velha Inglaterra. Sua escrita sempre limpa e humorizada trazia consigo uma multidão de leitores, dos mais variados. Sua genialidade não se restringiu aos textos críticos, ele escreveu prosas românticas, ficções, poesias, novelas, enfim, ele divagou em todas as formas literárias.


Suas convicções e crenças foram mudando ao longo da sua vida. Sua vida política, que navegou do liberalismo até a um conservadorismo não admitido, terminou por estar cada dia mais perto do que hoje chamamos “liberal-conservative”. No entanto, negou este título — como lemos em sua autobiografia. Anglicano tradicional em sua infância — religião de sua família —, em sua adolescência ele começou a se considerar um agnóstico, algo que foi mudando já na sua maturidade filosófica. Dizia que tudo aquilo que ele defendia através do bom senso, todas as lutas que valiam a pena ser travadas, o catolicismo já havia travado e ainda estava a travar. O que culminou em sua conversão oficial ao catolicismo Romano em 1922. Evento que causou grande reboliço no mundo jornalístico da Inglaterra e do mundo. Afinal, ele já era um conhecido retórico, sua fama no mundo se espalhou pela sua genialidade na escrita e por sua facilidade em defender ideias tradicionais de uma forma clara e contundente.

Por que Chesterton é tão necessário assim para a modernidade? 

São vários os motivos, mas principalmente porque Chesterton mostrou que somos responsáveis pelas ideias que defendemos e propagamos. Chesterton possui algo que poucos intelectuais possuem, algo que deveria ser uma lei moral para quem pretende-se a estudioso e crítico. Ele não tinha medo de mudar de opinião, não possuía nenhum compromisso ideológico e nem mesmo religioso. Ele sempre estava aberto a mudar suas concepções, bastava convencê-lo. O que não era nada fácil, já que o debate era sua especialidade; talvez fosse ele o melhor debatedor de seu tempo. Chesterton se converteu ao catolicismo, abandonando o agnosticismo, não por conveniência, até porque não era lá muito conveniente ser católico numa Inglaterra tomada pelo materialismo político e pelo amor ao ateísmo. Converteu-se, pois, adquiriu uma profunda convicção de que alí havia a verdade última. Aliás, outra implicação virtuosa de seu caminhar, e que nos serve de exemplo, é este: ele não possuía medo de falar que havia uma verdade, uma verdade última. Numa época acostumada a vomitar respeitos tolos, numa época que tudo é verdade inclusive a mentira, ele ousou dizer que existe sim algo no qual podemos denominar “verdade última”.

Chesterton não teve medo de contrariar o passado, não se comprometeu com as modas da atualidade e nem prostituiu-se com utopias. Chesterton só teve uma preocupação, buscar incansavelmente a verdade. Quando teve de defender dogmas católicos, assim o fez; quando teve de apontar o dedo na face de Bernard Shaw, seu amigo, e dizer: você está errado, não titubeou. Mostrou a todos que não é falta de humildade dizer que sua opinião é a verdadeira e a do seu adversário é falsa. Ensinou que debate não é briga, e que opiniões diferentes não justificam guerras.

Chesterton é urgente, pois ele foi um homem conservador que buscava evoluir. Ele foi um homem que guardou aquelas bagagens humanas que, sem elas, não há futuro. Sua luta foi pelo óbvio, contra a insensatez protegida por montantes de emoções e revoltas amorfas. Chesterton não quis esconder a sujeira humana embaixo de sentimentalismo, não quis compensar os erros humanos propondo uma saída política salvífica. Quando falou de salvação apontou para Cristo, não para Marx ou Adam Smith. Chesterton defendeu que devíamos olhar o mundo pelos olhos de uma criança, ou melhor, devíamos possuir o olhar de criança. Devíamos olhar para tudo com aquele espanto primeiro, deveríamos olhar para aquela árvore que há duas décadas está em frente a nossa casa e enxerga-la como se fosse a primeira árvore que viu em toda a sua vida. O espanto do real torna tudo novo mesmo sendo visto todos os dias. A vida não é enfadonha, enfadonho é deixar de ver a graça que está atrás de cada poesia, de cada sorriso. Assim foi, até o último dia de sua vida, sua forma de ver o mundo. Por isto, talvez, todos tentavam entender porque aquele montante de inteligência descomunal conseguia ter a aparência jovial de uma criança. Chesterton fez as mais inteligentes críticas que a Inglaterra pode ler na modernidade, fez brincando.

Se os homens tivessem metade da virilidade intelectual deste homem, hoje, talvez, estaríamos diante de uma nação que é capaz de grandes descobertas como, por exemplo: a grama é verde. Quantos milagres não possuem neste fato? Hoje, se eu digo algo como: eu fui atropelado por um ônibus, um socialista sairá do ralo mais próximo, levantará o dedo na altura de meu nariz e, com toda a experiência militante de um petista me dirá: não concordo.


Chesterton foi conhecido, entre seus milhares de títulos, o filósofo do senso comum. Pois ele ousou dizer verdades óbvias que o mundo moderno contestava em grandes teses de doutorados que nada provavam. Doutores precisavam escrever 400 páginas para tentar provar que um homem não é homem. Chesterton apenas ria e perguntava sobre a funcionalidade sexual do corpo humano. Posso imaginar as feministas modernas perdidas em milhares de elucubrações pseudo-cintíficas, para mostrar que todos os homens são estupradores em potencial; posso imaginar, também, Chesterton sentado com uma boa cerveja na mão, numa taverna qualquer de Beaconsfield, sorrindo inconsolavelmente ao dizer: “conte-nos mais sobre seus projetos de banheiros neutros então”.

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Principais obras de Chesterton: “Hereges”, “Ortodoxia” e “O homem eterno”. Foram tais obras que colocaram Chesterton entre os grandes filósofos e teólogos do século XX; há também obras periféricas, entretanto, de suma importância para compreensão de seu pensamento: “Autobiografia”, “O que há de errado com o mundo” e “O defensor/ Tipos variados”. Recomendaria começar a leitura seguindo a ordem que acima foi dita. O auge de seu pensamento está nesta sequência. Caso queira ler um livro que comente sua vida e obra, indico: “Três alqueires e uma vaca” de Gustavo Corção, todavia, creio que só acharão esta obra em sebos.

Hereges: Uma obra onde ele traça as principais e mais contundentes críticas aos pensadores contemporâneos a ele. Esta obra foi o impulso inicial para a seu principal escrito: Ortodoxia.

Ortodoxia: O livro que tornou Chesterton o gigante do pensamento cristão, neste livro ele traça sua filosofia e seus pensamentos basais que deram-lhe abertura ao catolicismo romano. Seu principal escrito.

O homem eterno: Uma belíssima obra que dá uma escrita poetizada e leve à história de Cristo. Neste livro ele delineia a teologia que levou-o ao cristianismo.

Podemos cantar o Pai-Nosso na missa?


O canto e a música são de vital importância em qualquer festa e celebração – também nas celebrações eclesiais. Uma celebração sem canto, especialmente da Eucaristia, seria como um dia nublado: é dia, mas falta alguma coisa de luz e cor para que esteja mais alegre. O canto será mais santo na medida em que estiver unido à ação litúrgica.

Antes de falar sobre a possibilidade de cantar o Pai-Nosso, é importante destacar que esta oração merece o máximo de respeito e solenidade. Isso é um convite a que revisemos em profundidade nossa situação diante de Deus e das pessoas, com muita devoção.

Os cantos da missa, de acordo com a instrução “Musicam Sacram”, se dividem em três grupos:

1. Primeiro grau: são as ações que correspondem ao povo, como aclamações e respostas ao celebrante: “Amém”, “Graças a Deus”, “Anunciamos, Senhor, a vossa morte…”, bem como os hinos: “Santo”, “Pai-Nosso”.

2. Segundo grau: Kyrie, Glória, Agnus Dei, Credo, oração dos fiéis.

3. Terceiro grau: cantos de entrada, comunhão, ofertório, Aleluia antes do Evangelho, leituras (quando são cantadas).

Sendo assim, o Pai-Nosso pode ser cantado, é opcional, e é um canto de primeiro grau. Portanto, o Pai-Nosso não apenas pode ser cantado, senão que, ao ser do primeiro grau, é dos cantos que mais deveriam ser cantados.

A instrução “Musicam Sacram” afirma no número 35: “O Pai-Nosso, é bom que o diga o povo juntamente com o sacerdote. Se for cantado em latim, empreguem-se as melodias oficiais já existentes; mas se for cantado em língua vernácula, as melodias devem ser aprovadas pela autoridade territorial competente”.

A melodia para cantar o Pai-Nosso nunca deve ser escandalosa, para não perder de vista a intenção do ato, que é orar.

As pessoas não sabem se o Pai-Nosso pode ser cantado precisamente porque é raro que se cante esta oração nas missas. Por quê? Justamente por causa dos abusos cometidos. Em muitos casos, este canto é deformado e mal interpretado.

Na América Latina, sobretudo, é frequente ouvir o Pai-Nosso com mais palavras que na oração original, ou com menos palavras, e até com outras palavras (exemplo comum no Brasil: “Pai, meu Pai do céu, eu quase me esqueci que o teu amor vela por mim, que seja sempre assim…”).

Por que mudar as palavras de Jesus? É por isso que os padres costumam seguir o caminho mais seguro, que é recitar o Pai-Nosso.

Portanto, quando cantamos o Pai-Nosso, é importantíssimo conservar intacto o texto original da oração. Outra coisa é a música que acompanha o canto, que precisa ser realmente música sacra, e não qualquer música (não pode ser um canto adaptado com ritmo popular).

Outro texto a ser levado em consideração é a Instrução Geral do Missal Romano, que afirma no número 81: “Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote, e o sacerdote acrescenta sozinho o embolismo, que o povo encerra com a doxologia. Desenvolvendo o último pedido do Pai-nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal O convite, a própria oração, o embolismo e a doxologia com que o povo encerra o rito são cantados ou proferidos em voz alta”.

Em resumo, o Pai-Nosso pode ser cantado, sim. Mais ainda: deve ser cantado. Mas, como mencionamos antes, o problema é que as pessoas costumam usar versões que não se parecem em nada com a oração que Jesus nos ensinou.

Pe. Henry Vargas Holguín

sábado, julho 16, 2016

Letra ou Espírito da Lei?

Moisés insistiu quer na fidelidade à Lei quer na vontade de entrar no seu espírito
Por vezes ouve-se dizer que os “verdadeiros defensores da Doutrina”, transmitida pela Igreja, isto é, do pensamento de Cristo, da Verdade que Ele é, não são os que “defendem a letra, mas sim o espírito”. Isto pode ser, e não poucas vezes o é, verdade, mas outras tantas, ou ainda mais, é falso.

Para dar um exemplo simples e compreensível por todos: quando o código da estrada detrmina que é proibido, mesmo considerado uma manobra perigosa, pisar ou atravessar o risco contínuo na estrada, isso não significa que para impedir um choque frontal com outro veículo, ou para evitar um atropelamento de uma pessoa eu não tenha o dever de respeitar o espírito da lei, atravessando o traço continuou, para salvaguardar o perigo e a vida das pessoas - temos aqui um caso típico, na linguagem moral, de “epicheia”. A lei, ou a proibição não é absoluta, mas tão só conveniente, dadas as circunstâncias, por isso o espírito sobrepõe-se à letra da lei, ou seja, cumpre-se esta quando se entende o seu verdadeiro objectivo, neste caso a salvaguarda da vida humana, e se actua em conformidade.

Há, no entanto, um outro tipo de leis, os Mandamentos negativos (aqueles que começam por um Não) da Lei de Deus, que, porque salvaguardam a nossa verdadeira identidade como pessoas, criadas à Sua imagem e semelhança, não admitem excepções, mas obrigam sempre e em todas as circunstâncias, sem excepção alguma. Importa muito entender que estes Mandatos Divinos não são uma lei exterior exercida coactivamente sobre nós, mas, pelo contrário, estão inscritos no nosso coração, são em nós uma participação da Sabedoria eterna de Deus, são um dom que nos protege, nos promove, nos aperfeiçoa e nos santifica. Sem eles não é possível alcançar a felicidade, participar da Vida Eterna. Nestes preceitos o Espírito e a letra são totalmente inseparáveis, são, num certo sentido, creio que o podemos dizer, uma “antecipação”, uma figura, da Incarnação do Verbo de Deus, isto é, do Deus humanado.

Nos Evangelhos encontram-se muitas passagens cuja leitura segundo o Espírito coincide inteiramente com a letra. Os exemplos são muitos, mas detenhamo-nos tão só em um ou outro:

a) No prólogo do Evangelho segundo S. João não é possível separar o Espírito da letra; se esse fora o caso, seria como a tentativa alucinada e delirante de separar a Divindade da humanidade de Jesus Cristo.

b) Quando na última Ceia, Jesus declara que aquele pão é o Seu Corpo e que aquele Cálice é o do Seu Sangue, é impossível estremar a letra do Espírito.

c) Também quando Jesus afirma, contra tudo e contra todos, que o homem não pode separar o que Deus uniu, e que aquele ou aquela que deixa mulher ou marido para se casar com outra ou com outro comete adultério, seria uma infâmia herética desdenhar da letra onde o Espírito Se dá e comunica para inventar, em nome de uma “subjectivista” suposta “surpresa do Espírito Santo” uma leitura contraposta à Verdade Eterna ali tão claramente expressa.

De modo que podemos concluir que frequentemente quem defende a letra fá-lo em nome do Espírito Santo e é o verdadeiro defensor da Doutrina.

Pe. Nuno Serras Pereira
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São Tomás de Aquino sobre Maomé e o Islão


A maravilhosa conversão do mundo à Fé cristã é um certíssimo indício dos sinais havidos no passado, que não precisaram ser reiterados no futuro, visto que os seus efeitos são evidentes.

Seria realmente o maior dos sinais miraculosos se o mundo tivesse sido induzido, sem aqueles maravilhosos sinais, por homens rudes e vulgares, a crer em verdades tão elevadas, a realizar coisas tão difíceis e a desprezar bens tão valiosos.

Mas ainda, nos nossos dias, Deus, por meio dos Seus santos, não cessa de operar milagres para confirmação da Fé.

No entanto, os iniciadores de seitas erróneas seguiram um caminho oposto, como se tornou patente em Maomé, fundador do Islão.

a) Ele (Maomé) seduziu os povos com promessas referentes aos desejos carnais, excitados que são pela concupiscência.

b) Formulou também preceitos conformes àquelas promessas, relaxando, desse modo, as rédeas que seguram os desejos da carne.

c) Além disso, não apresentou testemunhos da verdade, senão aqueles que facilmente podem ser conhecidos pela razão natural de qualquer medíocre ilustrado. Além disso, introduziu, em verdades que tinha ensinado, fábulas e doutrinas falsas.

d) Também não apresentou sinais sobrenaturais. Ora, só mediante estes há conveniente testemunho da inspiração divina, enquanto uma acção visível, que não pode ser senão divina, mostra que o mestre da verdade está inspirado de modo invisível.

Mas Maomé manifestou ter sido enviado pelo poder das armas, que também são sinais dos ladrões e dos tiranos.

e) Ademais, desde o início, homens sábios, versados em coisas divinas e humanas, não acreditaram nele.

Nele, porém, acreditaram homens que, animalizados no deserto, eram totalmente ignorantes da doutrina divina. No entanto, foi a multidão de tais homens que obrigou os outros a obedecerem, pela violência das armas, a uma lei.

f) Finalmente, nenhum dos oráculos dos profetas que o antecederam dele deu testemunho, visto que ele deturpou com fabulosas narrativas quase todos os factos do Antigo e do Novo Testamento.

Tudo isso pode ser verificado ao estudar-se a sua lei. Já também por isso, e sagazmente pensado, não deixou que os seus seguidores lessem os livros do Antigo Testamento, para que não o acusassem de impostura.

g) Fica assim comprovado que os que lhe dão fé crêem levianamente.

in Suma contra os Gentios - Livro I, Capítulo VI

Por três séculos os imperadores romanos perseguiram a Igreja Católica


Durante três séculos os imperadores romanos perseguiram a Igreja Católica, chegando a considerar os cristãos como inimigos do gênero humano, não tendo o mesmo direito à existência. Os cristãos que confessavam a sua fé eram torturados, despojados dos seus bens que passavam para o Imperador e depois condenados à morte mais cruel. Mais de doze milhões de mártires deram por CRISTO a vida. Chegou finalmente a hora da paz com a conversão do imperador Constantino, filho da imperatriz Santa Helena, já convertida ao cristianismo. Esta paz foi preparada por São Miguel.

Quando Constantino combatia contra Maxêncio, na Gália, província do império, São Miguel apareceu-lhe rodeado de muitos Anjos para o socorrer e assegurar a vitória. Mostrou-lhe no céu, em pleno meio-dia, uma Cruz luminosa cercada por uma inscrição que dizia: "In Hoc Signo Vinces" "'Com este sinal vencerás". A Cruz tinha por cima as duas primeiras letras gregas do nome de JESUS CRISTO. Não sabendo o que este sinal no céu significava, São Miguel apareceu-lhe num sonho e mandou-lhe que pusesse este sinal num estandarte que seria levado pelas suas tropas, à frente, para os combates.

O imperador obedeceu e, guiado pela Cruz, caminhou a combater o seu inimigo perto de Roma. A batalha foi terrível, mas Maxêncio foi derrotado. Na fuga caiu no rio Tibre e morreu afogado. Deu-se a vitória no dia 12 de outubro do ano 312 de nossa era.

O vencedor entrou triunfante em Roma, com a Cruz à frente dos seus exércitos, e nesse mesmo ano publicou o decreto que dava paz à Igreja.

No ano 313, entrou este decreto em ordem solene, estando o imperador em Milão.

Esta aparição do Arcanjo é narrada por Eusébio, o primeiro historiador da Igreja e contemporâneo de Constantino.Segundo o escritor Nicéforas, mais duas vezes apareceu São Miguel a Constantino. Na segunda aparição, disse-lhe quanto o tinha favorecido nas batalhas. O imperador reconhecido mandou edificar na antiga Bizâncio uma nova cidade, capital do Império do Oriente, com o nome de Constantinopla, hoje Stambul. Esta capital foi dedicada solenemente a Nosso Senhor JESUS CRISTO, por esta legenda: "A vós, ó CRISTO DEUS, eu dedico esta cidade".

Nela mandou Constantino edificar várias igrejas e um templo suntuoso em honra a São Miguel, precisamente no lugar onde o Arcanjo lhe aparecera.A terceira aparição deu-se quando parte dos habitantes da antiga Bizâncio se revoltou contra o Imperador.Nicéforas afirma que o Arcanjo lhe disse: "Eu sou Miguel, chefe das milícias angélicas do DEUS dos exércitos, defensor e protetor da fé de CRISTO, eu te protejo com a minha ajuda na guerra que tu empreendes contra os tiranos ímpios. A ajuda dos meus exércitos foi-te dada".

O Papa Gregório XIII e o dia das mentiras


Foi graças ao Papa Gregório III que o ano civil começou a começar no dia 1 de Janeiro.

 Em 1582 o Papa reformou o calendário Juliano, instaurando, através da bula "Inter Gravissimas" o calendário Gregoriano, que usamos hoje em dia.

O calendário Juliano tinha originado uma diferença de 10 dias entre o equinócio da Primavera e o dia 21 de Março.

 Para resolver esse problema a reforma incluiu um salto de 10 dias no calendário: o dia 4 de Outubro de 1582 (Quinta-Feira) foi seguido pelo dia 15 de Outubro (Sexta-Feira).

O início do ano civil passou de dia 1 de Abril, ou últimos dias de Março, para o dia 1 de Janeiro.

A reforma foi adoptada imediatamente por Portugal, Espanha, Itália e Polónia; e seguidamente por França e os outros países católicos europeus.

Os países protestantes adiaram essa reforma, preferindo "estar em desacordo com o Sol a estar de acordo com o Papa". Os mais apegados à tradição juliana, que continuaram a celebrar a passagem do ano no dia 1 de Abril, foram alvo de chacota e de algumas partidas, e daí surgiu a tradição do Dia das Mentiras (Poisson d'Avril ou April Fool’s). 

O nosso calendário foi estabelecido pelo Papa Gregório XIII. Ele mandou construir uma espécie de calendário que marcasse o sol, em Roma no Vaticano, para ver se o calendário de Júlio Cesar estava realmente correto, e o resultado foi uma cartada de mestre. A igreja tornou-se protagonista de uma descoberta mais que histórica, pois Júlio Cesar tinha errado, porque a Terra que dá voltas em torno do sol, não o contrário, assim o Papa Gregório XIII criou o calendário cristão que é o correto, e que a maior parte do mundo o utiliza, onde se comemora o ano novo em 1° de Janeiro. Na época em que isso ocorreu já havia acontecido a revolta protestante, e como sempre, os protestantes protestaram, e se colocaram a não aceitar o calendário cristão, e por muitos anos se utilizaram do calendário de Júlio Cesar comemorando o 1° de abril, como o primeiro dia do ano. Foi por meio disso que então o 1° de abril ficou conhecido como dia da mentira, que é justamente pelo facto dos protestantes não aceitar o calendário instituído pelo Papa Gregório XIII, e pregar as mentiras de Júlio Cesar. [1]

Por isso, lembrem-se, o dia 1 de abril é em homenagem aos protestantes, a unica data do nosso calendário que faz referencia a eles, pois como nós podemos ver, o nosso calendário é católico e cheio de datas que representam a igreja. 

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[1] Origem dos dias da semana - Gilson Azevedo

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Será que a Igreja tem que evoluir?


Tenho ouvido dizer que a Igreja tem de mudar se quer continuar a ter relevância para os homens e as mulheres do nosso tempo. Claro que o que isso quer dizer é que as pessoas querem um “vale tudo” ao nível da sexualidade. É a única coisa que lhes preocupa. O que é que lhes interessa que a Igreja mude ou não mude os seus ensinamentos, mesmo que o pudesse fazer? Não os seguem de qualquer maneira.

Mas talvez estejam a ser demasiado cautelosos. Porquê mudar a esposa quando se pode ir atrás do próprio Cristo? Porquê travestir a noiva com lingerie Astarte’s Secret, quando podemos simplesmente colocar novas palavras na boca do noivo, suscitar nele um novo interesse?

O Senhor diz que não vem para abolir a lei e os profetas, mas para os cumprir. Ele é o verdadeiro e único agente da evolução moral. Ele revela a verdade que estava escondida nas sombras, ou encrustada nos costumes locais ou tribais. Ele é o fogo que refina, transformando o minério em ouro. Os seus ensinamentos transformam o nosso pó em infinito.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, amaldiçoar os nossos inimigos. Jesus diz: “Façam o bem a quem vos persegue, porque assim serão como o vosso Pai Celeste, que envia as chuvas sobre os justos e os injustos”.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, orgulharmo-nos pelas esmolas que damos, como os mais banais dos pagãos. Jesus diz: “Não deixeis que a vossa mão esquerda saiba o que faz a mão direita”.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, livrar-nos das nossas mulheres em certas situações: por serem chatas, queimarem a sopa, e por aí fora. Jesus diz, “Não separe o homem o que Deus uniu”.

Isto é desenvolvimento, evolução, consumação. É como a diferença entre a fragilidade de uma árvore muito nova e a solidez do tronco de um carvalho. É como a diferença entre o vocabulário hesitante de uma criança e a eloquência de Cícero. Mais: é como as fracas e esporádicas visões do bem que temos nesta vida, abrindo caminho para visões serenas do paraíso.

Contudo, nós não queremos este desenvolvimento, queremos cobri-lo, vezes sem conta. Não queremos ser transformados do nada ao infinito, queremos esconder-nos nos nossos casulos. Não queremos a casa do Pai, que tem muitas moradas, queremos a barraca do mundo, com calendários bolorentos na parede. Não queremos a Palavra, queremos a gaguez.

Queremos um Jesus que encaixe nisto tudo, um deus que possamos arrumar definitivamente na caverna e, por isso, decidi fazer uma tradução mais adequada das suas palavras:

“Ouvistes-me dizer, que o vosso ‘sim seja sim e o não seja não’. Para quê? Olhem os torrões de terra, como se desfazem. As vossas palavras não valem menos que eles? Contentem-se com talvez. Digam o que quiserem, para tornar os vossos dias confortáveis, porque são poucos, e passarão.”

“Ouvistes-me dizer, quem não pegar na sua cruz e seguir-me não é digno de mim. Mas para quê? A cruz de nada me valeu. Não tenho baptismo de fogo com que purificar a terra. Não se preocupem. Tentem não fazer sofrer os outros, mas ao mesmo tempo tentem não se expor demasiado ao sofrimento.”

“Bem-aventurados os que têm recursos financeiros, pois deles serão as boas escolas e os subúrbios.”
“Bem-aventurados os que se riem, pois não precisam de se preocupar.”
“Bem-aventurados os que acreditam neles mesmos, pois povoarão a terra.”
“Bem-aventurados os que zombam dos justos, pois serão menos que os hipócritas”.
“Bem-aventurados os indiferentes, pois serão deixados em paz.”
“Bem-aventurados os manhosos de coração, pois verão pornografia.”
“Bem-aventurados os que fazem cedências, pois ganharão eleições.”
“Bem-aventurados os que perseguem os justos, pois serão chamados filhos de Deus.”
“Bem-aventurados os que usam o meu nome para fazer como entenderem, para conquistar os aplausos dos homens enquanto oprimem os ignorantes e os fiéis, pois deles serão as boas escolas e os subúrbios.”

“Vós sois o sal da terra. O sal nunca perde o sabor, por isso não stressem.”
“Vós sois a luz do mundo. Se esconderem uma candeia debaixo do alqueire, que diferença é que faz? Não se preocupem com isso.”

“Ouvistes-me dizer, não separe o homem, e essas coisas todas. Esqueçam. Divorciem-se à vontade, mas tentem ser simpáticos e ajudem os vossos filhos a aguentar.”
“Ouvistes-me dizer que não é o que entra no homem que o torna impuro, mas o que sai do seu coração. Coisas como fornicação, adultério, decepção, cobiça, homicídio e por aí fora. Mas não nos apressemos. Um homem pode ser um fornicador e ainda assim ser um tipo porreiro. Um homem pode trair a sua mulher, roubar o negócio do seu sócio, apunhalar o vizinho, expor crianças a ordinarices, mentir sob juramento, mas isso não quer dizer que não seja um gajo porreiro.”

“Sejam porreiros, como o vosso deus imaginário é porreiro.”

“Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, que vão à missa para celebrar como eu ordenei. Retiro o que disse. Eis como deveis rezar:
Nosso amigo que estais nos céus, dai-nos o que queremos e o que não queremos, arruma para o lado. Ámen."

"Pois o reino dos céus pode ser comparado a um homem que fez uma festa para o seu filho e obrigou toda a gente a juntar-se a ele, quer quisessem quer não. Agora desandem e deixem-me em paz.”

Anthony Esolen in Actualidade Reliigiosa

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"Ninguém vai ao Pai senão por Mim."



"Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Cristo parece dizer-nos: "Por onde queres passar? Eu sou o caminho. Onde queres chegar? Eu sou a verdade. Onde queres ficar? Eu sou a vida." Caminhemos pois em plena segurança por este caminho; e, fora do caminho, tenhamos cuidado com as armadilhas. Porque dentro do caminho o inimigo não ousa atacar - o caminho é Cristo -, mas fora do caminho monta os seus ardis. [...]

O nosso caminho é Cristo na sua humildade; Cristo verdade e vida é Cristo na sua grandeza, na sua divindade. Se seguires o caminho da humildade, chegarás ao Altíssimo; se, na tua fraqueza, não desprezares a humildade, permanecerás cheio de força no Altíssimo. Porque foi que Cristo tomou o caminho da humildade? Foi por causa da tua fraqueza, que era um obstáculo intransponível; foi para te libertar dela que tão grande médico veio a ti. Tu não podias ir até ele; por isso, veio Ele até ti. Veio ensinar-te a humildade, que é um caminho de regresso, porque era o orgulho que nos impedia de retornar à vida que o mesmo orgulho nos tinha feito perder. [...]

Assim, tornando-Se nosso caminho, Jesus grita-nos: "Entrai pela porta estreita!" (Mt 7,13). O homem esforça-se por entrar, mas o inchaço do orgulho impede-o de tal. Aceitemos o remédio da humildade, bebamos esse medicamento amargo, mas salutar. [...] O homem inchado de orgulho pergunta: "Como poderei entrar?" Cristo responde-lhe: "Eu sou o caminho, entra por Mim. Eu sou a porta (Jo 10,7), porque procuras noutro sítio?" Para que não te percas, Ele fez-Se tudo por ti e diz-te: "Sê humilde, sê manso" (Mt 11,29).

Santo Agostinho in Sermão 142

sexta-feira, julho 15, 2016

15 razões lógicas para acreditar na Ressurreição


1. HAVIA UM TÚMULO VAZIO

Os fundadores de outras “fés” estão ainda enterrados ou foram cremados e as suas cinzas foram espalhadas por países estrangeiros. Jesus não. Os académicos modernos podem afirmar o que quiserem nos seus programas televisivos...a verdade é que o túmulo estava vazio.

2. O TÚMULO TINHA UM SELO ROMANO

Um pedaço de barro estava preso a uma corda (esticada à volta de uma pedra) e ao próprio túmulo. O selo romano estava estampado no barro. Quem quebra o selo, quebra a lei; e quem quebra a lei, morre.

3. O TÚMULO TINHA GUARDA ROMANA DE SERVIÇO

A guarda era constituída de pelo menos quatro homens (possivelmente mais), soldados altamente treinados. Estes soldados eram especialistas em tortura e combate, não se assustariam facilmente por um bando de pescadores ou cobradores de impostos. Caso adormecessem ou abandonassem o seu posto, violariam a lei, o que resultaria na sua morte.

4. O TÚMULO TINHA UMA PEDRA À SUA FRENTE

A maior parte dos académicos afirma que a pedra pesaria pelo menos duas toneladas, com provavelmente dois metros e meio de altura. Seria claramente necessário uma equipa para a levantar ou arrastar, não seria trabalho para um ou dois homens.

5. HOUVE VÁRIAS APARIÇÕES PÓS-RESSURREIÇÃO, A CENTENAS DE PESSOAS

Durante seis semanas, Ele apareceu a diversos grupos de variados tamanhos em locais diferentes. Uma vez, apareceu a mais de quinhentas pessoas – um número grande demais para ser uma fraude. Já para não falar que as pessoas a quem Ele aparecia não o viam simplesmente, mas comiam com Ele, andavam com Ele, tocavam-Lhe…Jesus até um pequeno-almoço preparou (Jo 21, 9).

6. O MARTÍRIO DAS TESTEMUNHAS É PROVA

Deixariam as pessoas para trás o seu trabalho, família e vida, iriam até ao fim do mundo, seriam horrível e brutalmente mortas e abandonariam as suas crenças religiosas anteriores, acerca da salvação, só para espalhar uma mentira? Ninguém, enquanto era decapitado, entregue aos leões, queimado em óleo, ou na fogueira, ou até crucificado ao contrário, mudou a sua história. Pelo contrário, cantaram hinos de louvor e confiança, sabendo que o Senhor que derrotou a morte os elevaria também.

7. A IGREJA PERDURA

Se a Ressurreição fosse mentira, ter-se-ia apagado há anos. A Igreja é a maior e mais velha instituição de qualquer tipo, na história da humanidade. A Igreja surgiu com os Apóstolos, após o dia de Pentecostes, no ano em que Cristo ascendeu ao Céu. Ela conquistou impérios, defendeu-se de ataques (quer vindos de dentro quer de fora) e cresceu, apesar dos seus membros pecadores, porque foi fundada por Cristo, e é guiada e protegida pelo Espírito Santo. A Igreja, tal como Cristo, é tanto divina como humana.

8. JESUS PROFETIZOU QUE IA ACONTECER

Jesus anunciou às pessoas que ia acontecer. Para Ele não foi uma surpresa. E não disse apenas: “Eu serei morto” (que outros também poderiam ter previsto) mas também que “Ao fim de três dias se levantaria dos mortos.” Estes detalhes não são ironias, coincidências ou adivinhações — são profecias, e as verdadeiras profecias vêm de Deus.

9. ESTAVA PROFETIZADO NO ANTIGO TESTAMENTO

Já era anunciado séculos antes do próprio Cristo ter nascido ou ressuscitado. Centenas de profecias acerca do Messias, o que Ele diria, faria, como viveria e como morreria… foram anunciadas por pessoas escolhidas por Deus (a maioria sem nunca se ter conhecido, já agora). Isaías, Jeremias, Zacarias, Oseias, Miqueias, ou Elias (só para nomear alguns) todos apontavam para a morte e Ressurreição de Cristo, séculos antes de acontecer.

10. O DIA DO SENHOR MUDOU

Após a Ressurreição, milhares de judeus (quase de um dia para o outro) abandonaram os séculos de tradição de celebrar o Sábado (dia do Senhor) no último dia da semana e passaram a santificar o primeiro dia da semana, o dia em que o Senhor, Jesus Cristo, venceu a morte e selou a nova e eterna aliança com Deus.

11. AS PRÁTICAS DOS SACRIFÍCIOS MUDARAM

Os Judeus sempre foram ensinados (e ensinavam assim os seus filhos) que era necessário oferecer um sacrifício de carne (animal) uma vez por ano, para remissão dos seus pecados. Após a Ressurreição, os judeus convertidos na altura, grande parte deles, pararam estes sacrifícios.

12. É ÚNICA ENTRE TODAS AS RELIGIÕES

Nenhum outro líder religioso, em qualquer altura, afirmou ser Deus, excepto Cristo. Nenhum outro líder religioso alguma vez fez as coisas que Jesus fez. Nenhum outro líder religioso se provou com a Ressurreição. Confúcio morreu. Lao-zi morreu. Maomé morreu. Joseph Smith morreu. Sidarta Gautama (Buda) morreu. Cristo ressuscitou dos mortos.

13. A MENSAGEM VALIDA-SE POR SI MESMA

Um coração humilde é muito mais esclarecido e iluminado do que a lógica ou razão. Um verdadeiro crente não precisa de todos os factos para crer na Ressurreição, porque o Espírito Santo revela-nos Cristo, intima e poderosamente. S. Paulo fala disto. Corações duros e cegos nunca verão Deus, até aceitarem que não são Deus.

14. O MILAGROSO FIM ENCAIXA COM A VIDA MILAGROSA

Não se percebe a lógica? Jesus curou os cegos, os surdos e dos mudos. Alimentou as multidões, curou os leprosos e curou os pecadores. Fez com que os coxos andassem e trouxe outros de volta à vida. Multiplicou comida, andou sobre as águas e acalmou tempestades apenas com a Sua voz. O milagre da Sexta-Feira Santa é que Ele não fez nenhum milagre. Ele morreu. O milagre do Domingo de Páscoa é que Ele ressuscitou dos mortos – um fim miraculoso para uma vida miraculosa. O que mais poderíamos esperar?

15. (E A ÚNICA RESPOSTA QUE REALMENTE PRECISAMOS) . . . JESUS CONTINUA A SER RESPOSTA

O mundo não pode oferecer nenhuma cura para o sofrimento. O mundo pode ignorá-lo, insultá-lo, debatê-lo, bombardeá-lo, medicá-lo…mas não existe nenhuma cura ou sentido para o sofrimento sem olhar para Jesus Cristo. N’Ele, o nosso sofrimento faz sentido e vale a pena. Longe d’Ele, o sofrimento não tem qualquer sentido e é estéril. A fonte da eterna juventude não existe. Não existe uma droga miraculosa. Não existe cura para a morte, excepto Jesus Cristo. O que é ilógico é pensar que o Deus da Vida não deseja que vivamos eternamente.

“Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados.” (1Cor 15, 12-18)

Irmãos e Irmãs, porque sabemos o que aconteceu na Última Ceia, na cruz e no sepulcro há 2000 anos, conhecemos Deus-Pai intimamente, caminhamos com o Filho diariamente e somos guiados pelo Espírito Santo eternamente. Esta é a verdade, e que bela verdade é.

Mark Hart in lifeteen.com

A única forma de unir todos os cristãos - Papa Pio XI


Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela.

Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida ela é a todos manifesta e, pela vontade de seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele próprio A instituiu para a salvação de todos. Pois, a mística Esposa de Cristo jamais se contaminou com o decurso dos séculos nem, em época alguma, poderá ser contaminada, como Cipriano o atesta: "A Esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é incorrupta e pudica. Ela conhece uma só casa e guarda com casto pudor a santidade de um só cubículo" (De Cath. Ecclessiae unitate, 6).

E o mesmo santo Mártir, com direito e com razão, grandemente se admirava de que pudesse alguém acreditar que "esta unidade que procede da firmeza de Deus pudesse cindir-se e ser quebrada na Igreja pelo divórcio de vontades em conflito" (ibidem).

Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor 12, 12), compacto e conexo (Ef. 4, 15), à semelhança do seu corpo físico, seria inépcia e estultície afirmar alguém que ele pode constar de membros desunidos e separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5, 30; 1, 22).

Carta Encíclica Mortalium Animos

Eu era ateu sem esperança na vida mas arrisquei: resolvi rezar


No meio da escuridão dos ataques de pânico, da depressão e da ansiedade, Deus trouxe-me a cura e a fé através da Igreja católica. Os cristãos de longa data têm dificuldades para imaginar como deve ser a cabeça de um ateu. E os ateus de longa data ficam igualmente perplexos pensando o quão ingénuo deve ser alguém que acredita em Jesus. Eu vivi os dois lados e contei a minha história em “The Journey Home” [A Viagem para Casa].

Uma prece desesperada

Eu tinha sido ateu durante a minha vida toda, mas guardava um segredo terrível: todos os dias era atormentado por um medo paralisante e uma ansiedade insofrível. Eu tinha medo de ser humilhado na frente dos outros. E esse mesmo medo manifestava-se de formas humilhantes, criando uma profecia auto-realizada que eu não conseguia impedir de acontecer.

Tive que enfrentar o mais tenebroso dos desesperos: a ausência da esperança. Passei a perceber por que há pessoas que se suicidam. Quando não se tem esperança e se vive num constante sofrimento, a pessoa quer que a sua vida acabe de uma vez. Eu queria. Mas ainda não estava pronto para desistir.

Um dia resolvi pegar na Bíblia e começar a ler. Eu fiz apenas uma oração: "Deus! Eu não acredito em Ti! Mas preciso de ajuda. Se existes mesmo, por favor, ajuda-me!".

Um rebento que nasce

Comecei a ler a bíblia, mas, verdade seja dita, aquilo não fazia muito sentido. Se eu fosse Deus, teria colocado algumas explicações adicionais e, talvez, um esboço mais detalhado, para que as pessoas interessadas pudessem ter uma visão geral mais clara...

Mesmo assim, alguma coisa estava a acontecer dentro de mim. Pouco a pouco, fui sentindo a fagulha de um início da fé. Eu não tinha fé nenhuma, mas comecei a pensar que talvez Deus pudesse existir. A minha ansiedade diminuiu um pouco. Eu nem teria percebido, se não fosse pelo facto de, ao longo dos quatro anos anteriores, a ansiedade ter aumentado de modo constante. Ela nunca tinha diminuído até então, nem sequer durante curtos períodos. Aquela mudança incentivou-me a continuar lendo e orando, sem me importar com o quanto a Bíblia me parecia ininteligível.

Eu procurava proteger a pequena fé que estava tentando brotar, porque eu precisava dela! Todas as minhas dúvidas ateístas queriam destruí-la. Mas o ateísmo já tinha tido a oportunidade dele. Agora era hora de tentar algo que me trouxesse esperança e verdade.

Abrem-se as comportas

Eu não sei como (só posso repetir o cliché que afirma que “foi Deus”), mas, depois de meses de leitura da Bíblia e de oração, a fé explodiu no meu coração e Deus entrou feito um furacão! Eu superei o ateísmo e voltei a minha fé para Cristo, arrependido dos meus pecados. Este é um mistério perpétuo: esta forma como Deus transforma uma pessoa, especialmente uma pessoa que não acreditava n'Ele.

Entrei para a Igreja baptista. Passava quatro horas na igreja todos os Domingo, participava dos estudos bíblicos, servia os pobres.

Senti o chamamento a ser baptizado e, certa manhã, subi ao altar dos chamados. Todos aplaudiram. Eu estava muito nervoso. Foi no segundo andar do auditório, com uma placa de vidro transparente na lateral do tanque de água. Toda a congregação de mil pessoas poderia ver-me quando eu submergisse. O pastor disse-me baixinho quando eu estava prestes a ser baptizado: "Só temos uma regra: dobre os joelhos quando eu o submergir e assim eu consigo levantá-lo de volta. Não dobre os joelhos e não sobe mais de volta".

Fui baptizado. A minha fé foi crescendo aos trancos e barrancos. Tornar-me cristão foi a coisa mais importante que aconteceu comigo. Obrigado, Jesus!

À procura de certezas

Mas eu logo percebi que havia alguma coisa errada. Jesus disse, em João 17, que nós, os seus seguidores, deveríamos ser uma unidade perfeita. Mas não éramos. Os cristãos estavam horrivelmente divididos, e em torno de questões muito importantes. Quem estava certo? Quem estava errado? Ou estávamos todos errados? Talvez Deus tivesse deixado a Igreja e todos os cristãos acreditarem numa série de erros e ninguém mais pudesse conhecer a verdade plena...

Se fosse este o caso, como é que poderíamos cumprir a directriz de Jesus de adorar a Deus em espírito e em verdade (João 4)? Por que Ele disse que o Espírito Santo levaria os apóstolos ao conhecimento de toda a verdade? Se Ele disse isto, só pode ter sido a sério. E Ele deve ter feito com que isto fosse possível.

Mas quem, então, estaria protegido por Deus contra o erro? Os baptistas não reivindicavam essa certeza, nem qualquer outro dos protestantes. Só os mórmons, os católicos e os ortodoxos orientais afirmavam com alguma credibilidade possuir a plenitude da verdade.

Comecei a estudar, pensar e orar. O meu pavor era a Igreja Católica. Eu temia-a como temia poucas coisas na vida. Ela tinha que estar errada em muitas questões: contracepção, Maria, o Papa, os santos, o purgatório...Como é que esse tipo de coisas poderia ser defendido por alguém?

Eu pretendia manter a minha firme rejeição ao catolicismo quando comecei a ler sobre esses temas. Para mim, bastaria apenas ver o quanto os argumentos católicos eram frágeis e fim.

Só que...os argumentos católicos não eram frágeis. Eram muito bons! E os contra-argumentos apresentados pelo catolicismo a quem o atacava também eram fortes. Como é que eu saberia que livros da Bíblia eram inspirados por Deus? Hmm, boa pergunta. Comecei a explorar o assunto. Dei um nó na minha mente ao tentar descobrir como o protestantismo poderia reconstituir com clareza o seu próprio caminho rumo à “Sola Scriptura”.

Eu lia cada vez mais. Algum protestante tinha que ter achado uma férrea linha de raciocínio sobre isso. Mas eu procurei, procurei e não encontrei nada que me convencesse. Li muitas teorias e explicações de como um protestante podia conhecer com certeza o cânon das Escrituras, mas, mesmo sendo um protestante que queria continuar a ser protestante, eu via a fraqueza dos argumentos que estava lendo.

A caminho da verdade


Havia poucas coisas que eu desejava menos do me tornar católico. Até a palavra "católico" me dava repulsa. Mas Deus tinha me trazido do ateísmo à fé e não iria me enganar justo agora. Eu pedi-Lhe, com toda a confiança, que, caso eu fosse fazer algo de errado, Ele gentilmente me matasse ou me mostrasse que aquilo estava errado. E Ele não fez nenhuma das duas coisas.

Tornei-me católico

Treze anos depois, eu continuo católico e nunca me arrependi. Não que a Igreja não tenha problemas, porque tem muitos, mas, pela graça de Deus, o que ensina é verdadeiro. A Igreja é o único refúgio seguro contra a confusão do mundo. Deus protege-a. E eu sou e serei eternamente grato a Deus pela Sua grande misericórdia para comigo.

Devin Rose in Aleteia

400 anos depois: Shakespeare era Católico?


William Shakespeare continua a ser um dos escritores mais controversos e desafiantes da literatura inglesa, quatrocentos anos após a sua morte.

A maior parte dos leitores e fãs de teatro ignoram as controvérsias e limitam-se a apaixonar-se com a poesia, a linguagem, os personagens e o drama.

No mundo académico, no entanto, Shakespeare tornou-se uma espécie de espelho negro onde as pessoas vêem o que querem, tornando-o num crítico social marxista, num mulherengo proto-feminista ou num homossexual altamente sensível.

No meio disto, tendo em conta o que sabemos sobre a época e a família de Shakespeare, a resposta mais óbvia foi praticamente ignorada: o seu catolicismo. Graças a uma série de livros e artigos da última década, este tornou-se um dos aspectos mais controversos nos estudos modernos sobre Shakespeare.

Joseph Pearce ficou um especialista a explorar vidas de escritores Católicos em livros como Literary Converts, The Unmasking of Oscar Wilde, Tolkien: Man and Myth e muitos outros. É escritor oficial e professor de literatura na Ave Maria University, na Flórida, co-editor da St. Austin Review, editor das Edições Críticas da Ignatius e editor principal da Sapientia Press da Ave Maria.

No seu último livro, The Quest for Shakespeare: The Bard of Avon and the Church of Rome (Ignatius Press), Pearce coloca o maior escritor de sempre sob o microscópio, desenvolvendo um argumento cuidado para um Shakespeare católico.

No seu novo livro, apresenta toda a evidência disponível e chega à conclusão de que Shakespeare era um fiel católico. 


O que é que o inspirou a começar este estudo?

Na verdade, comecei como um céptico que pensava que não havia evidência suficiente para mostrar que Shakespeare era católico. Sentia que aqueles que diziam que ele era católico praticante sofriam um pouco dewishful thinking.

No entanto, chegou um ponto em que uma evidência atrás de outra me fizeram reconsiderar a posição céptica. Eram como peças que completavam um puzzle.
Chega uma altura em que já temos peças suficientes para reconhecer a imagem completa, apesar de ainda faltarem algumas peças. Fiquei então suficientemente intrigado com toda a questão ao ponto de entrar num período de investigação intensa sobre o assunto. O meu livro é o fruto dessa investigação.

Apesar de juntar um conjunto de circunstâncias impressionantes, não há nenhuma "prova do crime", tal como o nome de Shakespeare numa lista de católicos suspeitos [NT: os católicos eram perseguidos no tempo de Shakespeare, em Inglaterra].

 Acha que estas circunstâncias são suficientes para convencer os cépticos estudiosos de Shakespeare?

O peso está no lado deles, têm que apresentar outra conclusão tão boa, baseada na abundância de evidência, muita dela documental e não apenas circunstancial. A evidência documental, circunstancial e textual, toda junta, forma uma argumento para o catolicismo de Shakespeare que é efectivamente inegável.

Esta evidência ultrapassa claramente qualquer outra que sugira que Shakespeare era protestante ou ateu.

Veja bem: Se a evidência fosse posta diante de um júri composto por pessoas minimamente inteligentes, o caso seria considerado provado sem qualquer dúvida. Não podemos ter a certeza absoluta, mas podemos ter certeza suficiente para chegar a uma conclusão definitiva.

Porque é que pensa que os académicos estão relutantes em aceitar um Shakespeare católico?

Se os académicos aceitassem o catolicismo de Shakespeare, teriam de admitir que a sua leitura das obras está errada. Shakespeare não é quem eles pensam ou dizem que é; e as peças do puzzle não mostram o que eles julgam. Ou seja, teriam de admitir que estavam errados.

Por outro lado, os académicos honestos vão olhar meticulosamente para as provas e encontrarão lá a verdade. Mas a maior parte dos académicos é escrava do relativismo e de outras ideologias que os impedem de questionar os seus preconceitos dogmáticos.

Citando erroneamente erradamente o próprio Shakespeare, há algo de triste no estado da academia. Parece que não se vê a verdade mesmo quando se olha para ela de frente, só porque não se quer ver.

A academia moderna ficou cega pelos próprios preconceitos. Ainda assim, este argumento não será negado indefinidamente e eventualmente os factos prevalecerão.

Como é que o estudo do Shakespeare católico difere do estudo feminista, marxista ou da tão chamada "teoria do género"? O "texto" não está aberto a uma quantidade de interpretações?
Um texto não é uma coisa mágica que reflecte os preconceitos de todos os que o lêem, como um espelho narcisista. É antes a encarnação da personalidade do autor.

Quando mais compreendermos a pessoa que criou a obra, melhor compreenderemos a objectividade da verdade que emerge na própria obra. Qualquer pessoa consegue ler uma obra de um modo subjectivo, mas um verdadeiro crítico procura lê-la objectivamente.

Se o Shakespeare era católico então é tão absurdo dizer que era um activista dos direitos homossexuais que odiava o cristianismo, como dizer que os romances da Virginia Woolf são ataques católicos ao feminismo e à homossexualidade. Estudos deste género não deviam ser levados a sério.

Pode dar-nos um exemplo de uma peça que é fundamentalmente alterada por lê-la através de umas lentes católicas?
Para ser muito sincero, saber que Shakespeare era católico obriga-nos a olhar para todas as suas peças com uma perspectiva radicalmente diferente. Se o Bardo de Avon era mesmo católico clandestino em tempos muito anti-católicos, então isso descredibiliza a maior parte das leituras modernas e pós-modernas das suas obras.

Se Shakespeare era católico então ele não era nada, ipso facto, do que a academia moderna queria que ele fosse. Não era nihilista pós-moderno, nem um fundamentalista secular ou um ateu ou iconoclasta ou proto-feminista, nem defensor da homossexualidade.

Era, pelo contrário, um cristão orientado para a tradição e cujos trabalhos representaram uma resposta sublime e muito acertada a aos vários erros modernos e anti-modernos.

Se o Shakespeare era católico, como toda a evidência histórica sugere que é, devemos encontrar expressões do seu catolicismo nas sua obras e devíamos procurá-las.

No meu próximo livro, o volume seguinte ao The Quest for Shakespeare, vou estudar a evidência sólida e fascinante do catolicismo do Shakespeare nos guiões das suas peças. Já estudei peças como o Hamlet, Rei Lear e o Mercador de Veneza com esta perspectiva e estou muitíssimo impressionado pela abundância de filosofia e teologia católica que surge nestas peças.

É difícil resumir esta dimensão católica em poucas palavras. Não é próprio reduzir Shakespeare a pequenos bocados. Mas é suficiente dizer que vemos em personagens como Cordélia, Hamlet e Portia aspectos da verdade católica apresentados de modo sublime e vemos nos dilemas que estas personagens enfrentam um reflexo do drama em que os católicos se encontravam na Inglaterra isabelina e jacobina.

Como é que o trabalho de historiadores como Eamon Duffy, cuja investigação está a mudar radicalmente o modo como vemos a Reforma Inglesa, afecta os estudos de Shakespeare?

O trabalho dos historiadores é crucial para compreender as obras literárias. Temos que saber o que é que as pessoas pensavam e a natureza das culturas em que viviam para perceber as obras que escreviam.

Não se consegue perceber objectivamente Shakespeare sem compreender a Inglaterra isabelina e jacobina. Portanto, quanto mais soubermos sobre este período turbulento da história inglesa, melhor vamos compreender as obras que nele surgiram.

E o que é verdade para o nosso conhecimento da história também é verdade para o conhecimento da teologia e filosofia. Se não sabemos nada sobre os debates teológicos e filosóficos que preenchiam o mundo intelectual no tempo de Shakespeare, não vamos perceber nada da teologia e filosofia manifesta nas obras de Shakespeare.

Ignorância de teologia e filosofia é uma ignorância de Shakespeare.

Em Maio de 2009, o EWTN vai começar a passar o The Quest for Shakespeare. Pode falar-nos um bocado sobre o programa?
É uma série de 13 episódios baseados no meu livro. Estou ansioso por isso. Já filmámos e inclui grandes actuações por Kevin O'Brien e pelos actores da Theater of the Word Incorporated. Eu sou o narrador, "a voz que fala", para dizer melhor, mas o incrível da série está nas grandes actuações destes actores.

Para os católicos, o que é que significa se William Shakespeare é "um de nós"?

Significa que um dos maiores escritores que alguma vez viveu, talvez o maior escritor que já viveu, está a expressar verdades cristãs intemporais a uma época que muito precisa delas.

Por todo o mundo se ensina e se lê Shakespeare. Se conseguirmos mostrar que as suas obras são católicas, vamos estar a evangelizar o mundo através do testemunho poderoso de um dos maiores dramaturgos da história do Cristianismo.