quinta-feira, julho 31, 2014

Como foi o parto de Jesus Cristo?

“Foi parto normal ou cesariana?”: é comum que uma mulher que deu à luz há pouco tempo responda mil vezes a essa pergunta. Ainda bem que, nos tempos bíblicos, ninguém sequer cogitava levantar esse tipo de questão, pois para a Virgem Maria não seria muito simples explicar o seu parto… inexplicável!

Não podemos afirmar que Jesus nasceu via parto normal, muito menos por meio de uma cesariana. Assim como Deus se encarnou no ventre da Virgem de modo sobrenatural e misterioso, da mesma forma Ele dali saiu. É dogma da Igreja – artigo de no qual todo católico deve crer – que Nossa Senhora permaneceu Virgem antes, DURANTE e depois do parto.

Sei que muita gente vai argumentar que o nascimento de um bebê via vaginal jamais poderia tirar a virgindade de uma mulher, afinal, entendemos que uma mulher só pode deixar de ser virgem ao se relacionar sexualmente com outro homem. Mas tenhamos em mente que esse nosso conceito de virgindade é muito recente; as gerações anteriores não entendiam a coisa assim. Até poucos séculos atrás, e desde que o mundo é mundo, o hímen inviolado sempre foi importantíssimo para uma donzela. Deus, não ignorando essa realidade, fez com que Maria, ao dar a luz, ainda assim conservasse os sinais de sua virgindade física intactos.

Ao conhecer pela primeira vez esse dogma, minha reação foi de estranhamento. Eu já tinha plena convicção da virgindade de Maria antes e depois do parto, e da relação disso com a natureza divina de Cristo, mas… durante o parto?! Que relevância isso poderia ter? O que isso colaborava com a fé cristã? Mesmo sem perceber a beleza e o sentido dessa revelação, acolhi o dogma como verdade por obediência à fé de que Pedro e seus sucessores são infalíveis em questões essas (saiba mais sobre a infalibilidade).

Por meio dos textos patrísticos (os escritos dos padres cristãos dos primeiros séculos) a Igreja sabe que Nossa Senhora não sentiu dor, não derramou sangue e não perdeu o selo de sua virgindade ao dar à luz. A doutrina da Igreja vai até aqui. Daí, podemos inferir que o parto não foi por vias normais.

Estudando, trocando ideias com outras gestantes e vivenciando meu próprio parto, descobri que a sexualidade feminina tem o seu ápice no parto. Sim, o parto normal é uma belíssima extensão do ato sexual: por um ato a vida entra, por outro ato a vida sai – e pelo mesmo local é a entrada e a saída. A relação sexual e o parto não são fatos isolados, mas estão intimamente conectados – o segundo é a continuidade e coroação do primeiro. E esse elo fica claro quando nos damos conta de que o hormônio responsável pelo desejo sexual – a ocitocina – é também aquele que ativa as contrações uterinas durante o trabalho de parto. Cópula e parto normal não são coisas assim tão diferentes, portanto. São apenas duas etapas de um mesmo processo. Realizam-se pela mesma via – a vagina – e são favorecidos pelos mesmos hormônios. Aí está o “pulo do gato”, a chave de entendimento da questão: se o parto normal é parte integrante da atividade sexual feminina e se Maria não vivenciou a primeira etapa desse processo, então é razoável que também não tenha vivenciado a segunda etapa.

Essa é mais uma belíssima expressão da co
movente COERÊNCIA da história da nossa salvação. Isoladamente, esse ponto do dogma realmente pode parecer indiferente, porém,considerando o processo sexual como um todo – que inclui o parto – vemos que uma verdade “puxa” naturalmente a outra, e que as coisas se encaixam perfeitamente.

Em suma: assim como Jesus entrou nas entranhas da Virgem de modo miraculoso, também saiu de lá de modo miraculoso; da mesma forma que entrou, Ele saiu. é simples. E tem sentido, não tem?

Deus é perfeito em todos os detalhes! Bem, há certas coisas que não se devemos esmiuçar muito; temos que ser discretos e muito respeitosos com as coisas que envolvem a Nossa Mãe Santíssima. Mas vejam como há beleza e ordem nisso tudo: imaginem a Santa Virgem, tão delicada e cheia de pudor, tendo que receber assistência em seu parto de um homem (São José)! Hoje isso é normal, mas naquela época seria complicado para qualquer mulher, quanto mais para a Virgem! Deus Pai, que é infinitamente doce e sempre pensa em tudo, preservou Nossa Senhora desse constrangimento. Ela merecia.

As tentativas de explicação desse mistério são limitadas, mas temos o testemunho dos escritos dos padre primitivos (Tradição) e o Magistério de Pedro. No mais, sigamos o conselho de Santo Agostinho: a virgindade durante o parto é uma coisa tão admirável que deve nos levar, humildes e maravilhados, ao louvor e à silenciosa contemplação.

“Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio de Virgem… Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la da sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu e manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira, revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra de mãe e com a santidade de virgem… Que significa isso? Quem pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável. Mas não nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes de esclarecer… Não obstante, sentimo-nos constrangidos a louvar, para que o nosso silêncio não seja sinal de ingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente.”

- Santo Agostinho, Sermão 215,3


Retirado do site: ocatequista.com.br

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