segunda-feira, novembro 21, 2016

Quem é papai Noel? Qual a sua origem? Mito ou verdade?



Desde criança, aprendemos nas escolas, em casa, na rua e em vários lugares, que existe um tal papai Noel, pintado como um bom velhinho. É de costume notar que famílias cristãs, sobre tudo pseudos católicos, ensinarem esses fatos aos seus filhos. Mas afinal, quem é papai Noel? Será mesmo que ele existiu? É isso que vamos saber nesse estudo.

Lembrando, todo o conteúdo aqui exposto, é de visão da Igreja Católica, então façam bom proveito e viagem nas belezas de Igreja Católica

Logo de inicio, deixo claro que, Papai Noel é uma farsa, um produto de comercio para enganar a criançada.

Baseado em São Nicolau de Mira

 Não confundam São Nicolau de Mira, com esse velho barbudo que nunca existiu, chamado de papai noel. 

Foi a coca-cola quem deu fama a esse mito, como veremos logo mais.

A tradição diz que os pais de Nicolau eram nobres, muito ricos e extremamente religiosos. Que era uma criança com inclinação à virtuosidade espiritual. Quando jovem, desprezava os divertimentos e vaidades, preferindo frequentar a igreja. 
Costumava fazer doações anônimas em moedas de ouro, roupas e comida às viúvas e aos pobres. Dizem que Nicolau colocava os presentes das crianças em sacos e os jogava dentro das chaminés à noite, para serem encontrados por elas pela manhã. Dessa tradição veio a sua fama de amigo das crianças. Mais tarde, ele foi incluído nos rituais natalinos no dia 25 de dezembro, ligando Nicolau ao nascimento do Menino Jesus.

Incontáveis seriam os milagres atribuídos ao Santo, porém, no século XII apareceu o costume de representar São Nicolau dando doces às crianças, na vigília de sua festa. Numa lembrança do milagre dos três meninos assassinados.


Mais tarde, esse costume se desenvolveu por influência dos mitos germânicos da natureza. E no século IX, no norte da Alemanha, o folclore pagão substituiu São Nicolau pelo “Homem do Natal”, mudando seu nome para “Santa Claus” ou para o velho “Papai Noel”.

Durante a perseguição de Diocleciano, Nicolau foi preso e suportou corajosamente às torturas; quando já estava para ser processado e condenado à morte, foi publicado o Edito de Milão, em 313, concedendo-lhe a liberdade religiosa.


Ainda sobre o Concílio de Nicéia, em 325, no início do Concílio, Nicolau presenciou uma cena de indescritível emoção. Constantino Magno, Imperador de Roma, que por muitos anos tinha perseguido os cristãos, ajoelhou-se para beijar as cicatrizes de Nicolau e de outros bispos torturados na última perseguição.

Ao que parece, Nicolau faleceu em Mira, no ano de 342, com grande fama de Santidade e de Poder Taumatúrgico.

Por volta de 847, foi organizada uma expedição, por iniciativa da cidade de Bari, na Itália, a fim de transportar as Sagradas Relíquias para um lugar mais seguro, pois a Turquia estava sendo invadida pelos muçulmanos. A expedição realizou-se com êxito, e o corpo de São Nicolau foi, de fato, depositado na Catedral de Bari, que o tem com Padroeiro.

São Nicolau tornou-se popular também na Rússia, onde foi declarado Padroeiro principal, motivo pelo qual muitos Czares adotaram este nome.

São Nicolau é invocado contra os perigos de incêndio e também é Padroeiro dos Marinheiros. Porém, de tudo que faz, e dos prodígios que realizou, devemos nos concentrar em suas virtudes e em sua bondade. Destacamos a caridade extremada, o zelo pelo anúncio do Evangelho, a defesa da Doutrina da Igreja, a coragem e a determinação em não ceder às ameaças dos poderosos e o olhar atento no exemplo de Jesus Cristo.


E o papai Noel?




Papai Noel é fruto do paganismo, fruto de um produto de comercio. Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo,  Papai Noel é geralmente retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto. Essa imagem se tornou popular nos Estados Unidos e Canadá somente no século 19 devido à influência da Coca-Cola, baseado na versão do cartunista alemão Thomas Nast. Na época, a Coca-Cola lançou um comercial dele com as vestes vermelhas, contrário à do cartunista alemão Thomas Nast, que representava Papai Noel até então com roupas de inverno, porém na cor verde (com detalhes prateados ou brancos), típico de lenhadores. A versão da Coca-Cola tem sido a imagem dele até os dias de hoje, eternizando-se e enganando milhares de pessoas até hoje, para comprar cada vez mais seus produtos que destroem a saúde. 




Só pra constar o quanto o papai Noel é um mito pagão e que devemos nos afastar, saibamos o que é a sua lenda:  Conforme a lenda, Papai Noel mora no Polo Norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão europeia frequentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi, na Lapônia, Finlândia. Papai Noel vive com sua esposa, Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos e oito ou nove renas voadoras.

Divulgação da sua figura e história

Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova York, que lançou o poema “Uma visita de São Nicolau” em 1822 - isto é, deturpação da verdade para propagar um mito ou um demônio igual ao sincretismo da umbanda - , O poema foi escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do velho, como o fato dele entrar pelas chaminés. O caso das chaminés, inclusive, é um dos mais curiosos na lenda de Papai Noel. Alguns estudiosos defendem que isso se deve ao fato de que várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte - astrologia, necromante e todo tipo de macumba nisso  - entrasse na casa durante o resto do ano.


São Nicolau de Mira, rogai por nós, e por todos aqueles que se alienaram pela coca-cola!

A SUA DATA COMEMORATIVA É NO DIA 6 DE DEZEMBRO.

Via - Gilson Azevedo 

sexta-feira, novembro 18, 2016

Por que Natal? Quando Nasceu Jesus



Em latim dizia-se dies natalis, ou seja, dia natalício, dia do nascimento. Dia do Natal, pois, não é o dia aniversário de um nascimento. É o próprio nascimento que é festejado.

A genealogia de Jesus segundo Mateus

Mateus coloca o nascimento de Jesus no contexto curioso de quatro mulheres do A. T. cuja história é pouco edificante: Tamar, a incestuosa, cuja virgindade é violada pelo meio-irmão Amnon (2 Sm. 13; Mt. 1,3); Raab, a prostituta de Jericó que acolhe e protege os espiões enviados por Josué (Js. 22; Mt. 1,15); Rute, a moabita, que pertencia a um povo excluído da aliança (Rt; Mt 1,5); Betsabéia, a adúltera, mulher de Urias, o Hitita, (2 Sm. 11-12; Mt. 1,6). A vinda de Cristo transforma e redime a história humana em sua totalidade, para lá de qualquer incoerência e mbigüidade.

Nascimento de Jesus segundo os São Mateus e Lucas (Mt 1-2; Lc 1-3)


Mateus e Lucas abrem seu Evangelho descrevendo o tempo e os eventos que sucederam na época do nascimento e da infância de Jesus. Eles se baseiam no modelo literário das biografias dos grandes personagens, mas fazem uma releitura teológica, onde se antecipa o núcleo fundamental da "Boa Nova".

Assim, a visão de Mateus de uma missão universal confiada pelo Ressuscitado aos discípulos na Galiléia (Mt 28,18-20) já é prefigurada na visita dos Magos a Belém (Mt 2,1-12).

A mesma promessa de Mt. 28,20, com a qual o evangelista conclui a sua narrativa, não é senão a retomada do anúncio do anjo a José: Ele será chamado Emanuel que significa Deus conosco (1,23).

Do mesmo modo, Lucas utiliza esse artifício literário para descrever o nascimento de Jesus e também a origem da Igreja nos Atos dos Apóstolos. A função do Espírito Santo é decisiva: como ele tinha agido em João Batista (1,15), em Maria (1,35), Isabel (1,41), Zacarias (1,67), assim irá guiar os primeiros passos das comunidades cristãs (At 2,1-4). Os Evangelhos da infância tornam-se desse modo a evidente antecipação de uma realização futura.  

Data do Natal

O Dia Natal de Jesus nem sempre foi celebrado na mesma data que hoje. Os cristãos antigos, dos primeiros tempos, não ficaram inventando uma data para o nascimento de Jesus, tentando satisfazer a curiosidade piedosa. Os Evangelhos não dizem em que dia nasceu Jesus, mas apenas que nasceu para viver a nossa mesma vida humana. Isso é o importante.
Temos informações do século quarto que nos dizem que, nas Igrejas Orientais, o Natal era celebrado no dia 6 de janeiro. Ou melhor, nesse dia celebravam-se o nascimento de Jesus, sua manifestação aos magos e sua manifestação no batismo. Era a festa da Epifania, ou seja, da tríplice Manifestação.

No Ocidente, ou seja, nas Igrejas do Oeste, a partir de Roma, entre 243 e 336, a festa começou a ser celebrada no dia 25 de dezembro.Os cristãos simplesmente aproveitaram uma festa pagã em honra do deus Sol, e deram-lhe um significado diferente: dia do nascimento do Cristo, sol e luz do mundo. Aos poucos a data começou a ser festejada também nas Igreja Orientais.

A data do nascimento de Jesus

Os textos de Mt. 2,19 e de Lc. 1,5 colocam o ano do nascimento de Jesus pouco antes da morte de Herodes, o Grande.

De acordo com os dados astronômicos e literários, Herodes teria morrido entre o dia primeiro e o dia 14 de Nisan do ano 4 a.C., que corresponde ao ano 750 da fundação de Ro­ma.

O historiador Flávio Josefo fornece alguns detalhes: Herodes morreu quando a festa dos ázimos estava para começar, precedida de um eclipse da lua: este teve lugar na noite entre 12 e 13 de março do ano 4 a.C.

Portanto, Jesus teria nascido cerca de 6 a.C. Entretanto, não faltam exegetas que, em razão das dificuldades de conciliar os diversos calendários em uso naquele tempo, transferem a data para o ano 1 a.C. Recentemente, o exegeta M. E. Boismard, partindo de documentos bíblicos e literários, propôs a data de 3 a.C. As incertezas continuam. Uma coisa é certa: a cronologia atual baseia-se em cálculos errôneos de Dionísio, o Pequeno, que no séc. VI d.C. colocou o início da era cristã no ano 754 da fundação de Roma. 
Saiba mais lendo o sobre se, JESUS NASCEU MESMO NO DIA 25 DEZEMBRO?

quinta-feira, novembro 17, 2016

SHANDARAY OU CHANDELIER? Um pouco de patrística e o dom de línguas.



Tem surgido alguns deturpadores da patrística querendo aprovar o tal pseudo dom de línguas, mentira essa que muitos hipócritas atacados pela soberba, querem enfiar na cabeça das pessoas que isso vem de Deus, como membros da RCC, novas comunidades carismáticas, protestantes assumidos e etc. Mas como sabemos, uma mentira não pode se sustentar por muito tempo, então vamos aqui buscar a fundo o contexto do verdadeiro dom de línguas.

Como destaquei acima, alguns seres rebeldes com o intuito de aprovar a hipnose, o êxtase da língua com mal de Parkinson, estão pegando textos da patrística para deturpar e pregar suas heresias, suas palhaçadas de mal gosto. Mas pelo visto, Orígenes (c.195-254) , homem capacitado mais do que eu e qualquer um pentecostal que queira falar do assunto, chegou a se opor contra Celso, homem este que nada tinha de diferente dos pentecostais de hoje, que de forma deturpada, emitiu um falso dom falando em línguas estranhas. A este Orígines exortou deste modo:

“A estas promessas, são acrescentadas palavras estranhas, fanáticas e completamente ininteligíveis, das quais nenhuma pessoa racional poderia encontrar o significado, porque elas são tão obscuras, que não têm um significado em seu todo.” (Contra Celso, VII:9) Vejam que Origines, homem sábio da igreja primitiva, já exortava e falava que eram fanáticos os que pretendia passar isso ao povo. `Podemos ver por exemplo, São João Crisóstomo (Doutor da Igreja) (347-406), que foi o primeiro a interpretar com o auxilio do Espirito Santo, a glossolalia em I Coríntios. Em sua conhecida retórica de orador, ele fala sobre o tal acontecimento usurpador que estavam fazendo: “Por que então eles aconteceram, e agora não mais?” São João Crisóstomo vê o dom de línguas do N.T. como um fenômeno reverso ao da Torre de Babel. Os discípulos receberam o dom porque deveriam “ir afora para todos os lugares (…) e o dom era chamado de dom de línguas porque ele poderia falar de uma vez diversas línguas”. Comentando I Co. 14,10, aplica a passagem à diversidade de idiomas: “i.e., muitas línguas, muitas vozes de citianos, tracianos, romanos, persas (…) inumeráveis outras nações.”E sobre I Co. 14,14, São João Crisóstomo sublinha que aquele que fala em línguas não as entende, porque não conhece o idioma em que fala: “Pois se um homem fala somente em persa ou outra língua estrangeira, e não entende o que ele diz, então é claro que ele será para si, dali em diante, um bárbaro (…) Pois existiam (…) muitos que tinham também o dom da oração, junto com a língua; e eles oravam e a língua falava, orando tanto em persa ou linguagem latina, mas o entendimento deles não sabia o que era falado”.98 (Homilias na Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo XXXV).

Interessante né, parece que a patrística da igreja vai toda contra os métodos fanáticos da RCC. Mas tem quem diga: Santo Tomas de Aquino é a ultima voz. Bom, nesse caso, vamos consultar seus escritos e ver o que ele acha do shandaray.

Santo Tomas de Aquino fazendo um Comentario a la primera espistola a los Conrintios, diz: “É de notar-se que este costume até agora (…) se conserva na Igreja. Por que as leituras, epístolas e evangelhos temos em lugar das línguas, e por isso na Missa falam dois (…) as coisas que pertencem ao dom de línguas, isto é, a Epístola e o Evangelho” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 208.) Para não fazer confusão, mostremos algumas das questões que usam para deturpar quando ele diz: “ suponhamos que eu vá até vós falando em línguas’ (I Co 14, 6). O qual pode entender-se de duas maneiras, isto é, ou em línguas desconhecidas, ou a letra com qualquer símbolos desconhecidos” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 183.) Algumas pessoas a fim de deturpar isso, diz que que ele ao se referir a símbolos, estava falando de línguas estranhas no sentido de uma língua angelical na qual nem um homem é capaz de traduzir, exceto obtendo o dom de interpreta-las. Mas Santo Tomas, mestre das tretas, deixa algo ainda nesse comentário que derruba por terra essa heresia, vejam: [lhes falarei] “ ‘Em línguas estranhas’, isto é, lhes falarei obscura e em forma de parábolas”(Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 200). Veja que sua simbologia se refere a parábolas, e não palavras inexistentes.

Esse texto é apenas para derrubar esses argumentos e falácias sobre o dom de línguas. Alguma pessoas assistem tanto filmes de magia, que querem fazer da igreja um centro de magias, querem transformar a casa de Deus, em um lugar radicalmente místico como se fosse um conto de fadas. Haja vista que as sagradas escrituras diz que haverá um dia em que muitos voltaram às fabulas. Para terminar esse estudo apologético, quero deixar as palavras do Papa Emérito Bento XVI, ao falar do pentecostes.

O Povo de Deus, que tinha encontrado no Sinai a sua primeira configuração, hoje é ampliado a ponto de não conhecer qualquer fronteira de raça, cultura, espaço ou tempo. Diferentemente do que tinha acontecido com a torre de Babel (cf. Jo 11, 1-9), quando os homens, intencionados a construir com as suas mãos um caminho para o céu, tinham acabado por destruir a sua própria capacidade de se compreenderem reciprocamente. No Pentecostes o Espírito, com o dom das línguas, mostra que a sua presença une e transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem geram sempre divisões, erguem muros de indiferença, de ódio e de violência. O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações capazes de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é Amor. (HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES Domingo, 4 de Junho de 2006)

Por fim, se alguém aqui estiver a tal altura para refutar os santos padres e o maior teólogo da atualidade, quero dize-los que isso é suicídio intelectual.

Por: Gilson Azevedo

quinta-feira, novembro 10, 2016

Por que se preocupar com o candidato a presidência de outro país?

"A principal realidade do mundo em que vivemos, é que muitos agem como Pilatos, lavam as mãos e diz que a atual situação alarmante do mundo não tem nada a ver conosco." - Gilson Azevedo 


São Luis Ma – 09 nov, 2016 – Depois que as eleições dos Estados Unidos encerraram, tivemos o resultado de seu novo presidente. Foi comum notar que aqui no Brasil, muitos dos brasileiros mostraram-se atenciosos por diversos dias acerca de quem eram os candidatos das eleições, mesmo com o Brasil vivendo uma situação precária no meio político. Mas, notamos que essa situação acabou criando confusão entre religiosos, políticos, céticos e etc. Alguns ao falar acerca do assunto, disseram que era irrelevante falar da política de outro país, sendo que não tem nada a ver com o nosso. Mas afinal, é errado ou não apoiar um candidato de outro país, mesmo sabendo que tal candidato não pertence ao nosso? Vou abordar um pouco do assunto, lembrando, é o meu ponto de vista, e aqui vou coloca-lo buscando o aspecto religioso, que de certa forma tem criado confusões nas redes sociais, vinda até de certa forma, por padres, leigos e leigas, religiosos e religiosas, que mostraram-se apoiando candidatos que ferem os princípios de Deus.

Sobre a pergunta, pode-se assim dizer, que não apoiar um candidato de outro pais só porque este não pertence ao nosso, é mostrar desamor para com a população de outros países, que caindo nas garras de um governo satanista, como por exemplo o tipo de governo que a Hillary Clinton queria fazer para com os americanos, a população tende a se afastar cada vez mais de Deus, principalmente se tal país é uma potência mundial que têm armas capaz de mandar uma bomba e destruir o Vaticano inteiro, e inclusive você que é teólogo da libertação e apoia o comunismo.

Pensar no candidato de outro país e na forma como ele vai governa-lo, é pensar também no nosso, é pensar na unidade, porque países que vivem em plena união, não têm motivos para proclamar guerras um com o outro, tendo em vista que o centro dessa unidade tem que ser Deus. Até mesmo porque, como eu sempre costumo dizer, “se um dia a guerra for capaz de trazer paz ao mundo, também o pecado será capaz de trazer santidade ao homem. ” Lembrando aqui, que ao dizer isso, não estou tirando o direito de legitima defesa, direito esse que é defendido pela igreja e está descrito em nosso Magistério.

É incrível como que com o resultado das eleições dos Estados Unidos, alguns seres rebelados, e que se dizem até católicos, alguns até do clero, desembocaram de suas bocas transmissoras de falsos dogmas e teologias, um apoio total à satanista Hillary Clinton, mesmo, sabendo eles, que essa mulher declara guerra contra a religião e se diz defensora do aborto. Ver uma atitude dessas vindas de pessoas do clero, de leigos, e de diversos brasileiros, é um alarme do que pode se esperar em 2018, pode-se ver que o compromisso com a verdade para criar uma unidade com Deus da qual muitos dizem pregar, é nada mais nada menos que um falso compromisso que pretende criar uma unidade com Satanás, haja vista que, muitos desses são fieis pregadores de um pseudo ecumenismo, uma tal unidade que diz que para que o mundo viva na paz, o certo e errado é a mesma coisa, porém na hora que se fala contra ambos, eles são os primeiros a criar desunião entre povos e nações. Mas pergunto-me: não é o próprio ecumenismo que ambos pregam, quem diz pregar a unidade entre todos os povos, nações e religiões? Ora, se o candidato de um país como os Estados Unidos tem sobre si um poder na mão capaz de destruir vários países, for um candidato cristofóbico, será que o pesuedo ecumenismo junto com a sua teologia da libertação vai conseguir salvar milhares de pessoas? Porque a Hillary Clinton, da qual os seguidores de Leonardo Boff defendem tanto, declarou guerra contra a religião cristã, e creio que um pouco de informação, daria a possibilidade de ambos entender o porquê estamos apoiando um candidato de outro país, e um candidato que por sinal, está do lado da igreja, por que até então, Donald Trump mostrou-se totalmente unido ao compromisso de propagar a verdade, e que não fará guerras religiosas e nem tão pouco mostrou desprezo para com o catolicismo.

Se a satanista Hillary Clinton tivesse ganhado e mandasse uma bomba direto ao vaticano para matar o papa e todos fieis presentes, e aqui reitero, inclusive você que é teólogo da libertação e apoia o comunismo, será que continuariam a apoiar uma mulher como ela? É bem capaz que sim.

Se nós brasileiros, pessoas do clero, leigos e leigas, religiosos e religiosas, conseguem errar até em decidir algo que não é do nosso país natalício, como acertaremos quando a realidade for aqui? Sabemos que a situação está caótica, e mesmo assim muitos insistem em colocar o comunismo no poder. Devemos começar a abrir os olhos para a realidade e entender que países entram em guerra muitas das vezes em nome de religiões proselitistas, e se um presidente de um país compactua com tais religiões, é de suma importância o nosso começar a se preocupar, pois ninguém nos garante que o Brasil, um país que embora seja laico, tem sua população quase que metade pertencente ao cristianismo, seja por parte protestantes e Católicos, não esteja na lista de um suposto massacre. Então preocupar-se com o futuro de uma outra nação, é preocupar-se com a nossa, e preocupar-se com o país vizinho e querer o bem de todos. Disse Jesus: Pois quem não é contra nós, é a nosso favor. – (São Marcos, 9, 40)

"A principal realidade do mundo em que vivemos, é que muitos agem como Pilatos, lavam as mãos e diz que a atual situação alarmante do mundo não tem nada a ver conosco."

Por - Gilson Azevedo 09/11/2016 

terça-feira, novembro 01, 2016

Novembro, mês dedicado às Almas do Purgatório - Doutrina da Igreja Católica



I - Existência do Purgatório

I. — O Purgatório é um lugar de sofrimento em que as almas dos que morrem em estado da graça, mas sem haver satis­feito à justiça divina quanto à pena tem­poral incorrida por seus pecados, acabam de se purificar, solvendo essa dívida para poderem ser admitidas no Céu, onde con­forme a Escritura, só entrará quem for puro.

II. — As provas da existência do Purgatório podem ser tomadas :

1º. DA ESCRITURA SAGRADA. O Antigo Testamento mostra-nos Judas Macabeu recolhendo doze mil dracmas, es­polio de uma vitória memorável, e remetendo-as para Jerusalém, a fim de que se oferecessem sacrifícios pelas almas dos que haviam perecido no combate, por ser, dizia ele, um pensamento pio e salutar o de orar pelos mortos para que se resgatem de suas faltas.

O Novo Testamento refere-nos estas pa­lavras de Jesus Cristo bem claras e preci­sas: Há pecados que nunca são remetidos, nem neste mundo nem no outro. (Mat. 12) Haverá, portanto, pecados que serão per­doados na outra vida. Não são menos frisantes estas outras palavras da pará­bola do credor: Há uma prisão donde não se sairá senão quando se tiver pago o ceitil derradeiro. (Mat, 18). — E estas de São Paulo: Haverá no último dia um fogo que destruirá as obras de certas almas, que só então salvar-se-ão. (Cr, 3.)

2º. DA TRADIÇÃO INTEIRA, à qual deu o Concilio de Trento esta ratificação infalível:

«Se alguém pretender que todo peca­dor penitente, quando recebe a graça da justificação, obtém a remissão da culpa e da pena eterna de tal sorte que não fica devedor de nenhuma pena temporal a so­frer na terra ou na vida futura no Pur­gatório, antes de entrar no reino dos Céus: seja anátema!» (Sess. 6.a) 

3º. DA RAZÃO, finalmente, como São Boaventura com sua lucidez ordinária ex­põe nestes termos:
«O Purgatório deve existir por muitas causas:

A primeira, como observa Santo Agos­tinho, é que há três ordens de pessoas: Umas inteiramente más, e a essas não aproveitam os sufrágios da Igreja; outras inteiramente boas, que não precisam de tais sufrágios; outras, enfim, que não são de todo más, nem de todo justas e a estas cabem as penas passageiras do Purgatório, porque suas faltas são veniais.

A segunda causa é a própria justiça de Deus, porque, assim como a soberana bon­dade não sofre que o bem fique sem re­muneração, assim a suprema justiça não permite que o mal fique sem nenhuma punição…

A terceira razão para que haja um Purgatório é a sublime e santíssima dignidade da luz divina que somente olhos puros devem contemplar. É preciso, pois, que volte cada um à sua inocência batismal, antes de comparecer na presença, do Al­tíssimo.

Além disso, todo pecado ofende a Majestade Divina, — é prejudicial à Igreja — e desfigura em nós a imagem de Deus.

Ora, toda ofensa pede um castigo, todo dano uma reparação, todo mal um remédio; portanto é necessário também (neste mundo ou no outro) uma pena que cor­responda ao pecado.
Demais, os contrários ordinariamente curam-se com os contrários, e como o pecado nasce do prazer, o castigo vem a ser o seu remédio natural.

A ninguém pode aproveitar a negligên­cia, que é um defeito, e, se tal defeito não fosse punido, pareceria de vantagem para a vida futura não cuidar de fazer pe­nitência neste mundo.» (Comp. teol., 7).

II - Penas do Purgatório

A revelação que nos fala claramente da existência de um Purgatório não se ex­plica tão claramente sobre o estado em que se acham as almas que precisam de purificar-se; não podemos, portanto, saber com exatidão nem onde elas sofrem, nem o que sofrem, nem de que modo sofrem.

Só podemos afirmar que as penas do Purgatório são extremamente graves e de duas espécies: a primeira, a mais insu­portável, diz o Concílio de Florença, é a privação de Deus.

A necessidade de ver e possuir a Deus, que a alma, desprendida do corpo, com­preende ser o objeto único de sua felici­dade: essa necessidade se faz sentir a todas as nossas faculdades com uma força extraordinária.

É uma sede ardente, é uma fome devoradora, é um vazio medonho, uma espécie de asfixia produzida pela ausência de Deus, que é o alimento e o ar de nossa alma.
A segunda é uma dor que põe a alma em torturas mais cruéis do que as que os tiranos infligiam aos mártires.

A Igreja não definiu a natureza desta dor, mas permite ensinar-se geralmente que há no Purgatório, como no inferno, um fogo misterioso que envolve as almas sem consumi-las; e, diz La Luzerne, con­quanto não seja um artigo de fé, todas as autoridades dão tanto peso à doutrina de um fogo expiatório que seria temeridade desprezá-la.

III - Causas do Purgatório

São duas as causas do Purgatório:

1.a A falta de satisfação suficiente pelos pecados remetidos. É de fé que Deus, perdoando os pecados cometidos depois do batismo e a pena eterna devida a esses pecados quando são mortais, deixa ordi­nariamente ao pecador já reconciliado a dívida de uma certa pena temporal que ele há de solver nesta vida ou na outra.

2.a Os pecados veniais de que os justos podem estar maculados quando partem deste mundo.
IV - Estado das Almas do Purgatório

Conquanto padecendo os mais cruéis tormentos, não se abandonam as almas do Purgatório à impaciência nem ao desespero: estão na graça e na caridade, e sua vontade tanto se conforma com a vontade divina, que elas querem com alegria tudo o que Deus quer. — Adoram a mão que as castiga e, por mais desejos que tenham de seu livramento, não o almejam senão na ordem dos decretos divinos. Conso­lam-se com a certeza que tem de não ofender mais a Deus e de ir um dia pos­suí-lo no Céu por toda a eternidade.

V - Duração das Penas do Purgatório

Essas penas durarão pouco em relação às penas do inferno que são eternas, mas, consideradas em si mesmas, podem durar muito tempo. A Igreja autoriza os sufrágios de aniversário por muitos anos e até durante séculos: o que faz supor que as almas podem ficar todo esse tempo no Purgatório. Autores respeitáveis, entre outros Belarmino, admitem que haja peca­dores detidos no Purgatório até o fim do mundo. VI - Boas Obras em favor das Almas do Purgatório

Há entre os fieis vivos e os fieis mor­tos comunicação das boas obras.

«A Igreja Católica, esclarecida pelo Espírito Santo, aprendeu nas divinas Es­crituras e na antiga Tradição dos Santos Padres e tem ensinado nos grandes Con­cílios que há um Purgatório e que as almas detidas nesse lugar são socorridas pelos sufrágios dos fiéis e principalmente pelo precioso Sacrifício do Altar». (Conc. Trent. sess, 25.)

O corpo místico de Jesus Cristo se com­põe de três Igrejas bem distintas:

— a Igreja triunfante no Céu,
— a Igreja padecente no Purgatório,
— a Igreja militante na terra. 

Essas Igrejas, distintas em razão de sua situação diversa, compõem realmente um só corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça; em virtude da comunhão dos Santos, que professam no símbolo, elas se pres­tam mútuo auxilio. Tal é a magnífica harmonia do corpo da Igreja Católica.

Não poderíamos nunca, diz o catecismo romano, exaltar e agradecer devidamente a inefável bondade divina que outorgou aos homens o poder de satisfazer uns pelos outros e pagar assim o que é devido ao Senhor. VII - As orações das Almas do Purgatório

É certo que as almas do Purgatório não podem merecer para si, mas ensinam comumente os teólogos, diz Monsenhor Devie, que se lhes pode fazer súplicas e que Deus se digna atendê-las, quando elas exercem a caridade para conosco, pedindo o que é necessário. — Os Santos no Céu, acrescenta esse prelado, não podem mere­cer para si; entretanto eles pedem por nós. É a doutrina de Belarmino, de Suarez, de Lessio e de Liguori.

«As almas que pensam, diz Belarmino, são santas, oram como os Santos; e são escutadas em razão de seus méritos an­teriores.»

«A opinião de que as almas do Purgatório oram por nós, diz Suarez, é muito pia e muito conforme à ideia que temos da bondade divina: não é em nada errônea.»

«Os mortos, observa ainda Belarmino, podem vir em nosso auxilio, porque os membros devem imitar a cabeça, o chefe Jesus Cristo… Há-de se dar a reciprocidade entre os membros de um mesmo corpo: assim como na Igreja os vivos socorrem os mortos, os mortos devem so­correr os vivos, cada um a seu modo».

Todavia, a Igreja em seu culto externo não pratica a invocação das almas do Purgatório.
VIII - Aparições das Almas do purgatório

1º. Estas aparições estão na ordem, das coisas que Deus pode permitir, e não repugnam a nenhuma das suas perfeições.

Mas as almas do Purgatório, privadas dos seus corpos, não podem por força própria entrar em comunicação com o mundo sen­sível: é preciso um prodígio para que isto se realize.

2º. A Sagrada Escritura faz menção de aparições de mortos como de Samuel a Saul, de Jeremias e do grão-sacerdote Onias a Judas Macabeu, de muitos que saíram do túmulo na morte de Jesus Cristo e foram vistos em Jerusalém.

3º. Um grande número de aparições que se contam são imaginárias, mas é certo que as tem havido verdadeiras, até mesmo em tempos não remotos. Santo Agostinho, S. Bernardo, S. Gregório Magno e S. Liguori referem várias, e seria mais do que temerário acusá-los de mentira ou de imbecilidade. S. Tomás diz: «As almas dos mortos manifestam-se algumas vezes por uma disposição particular da Providencia para se ocuparem de coisas humanas».[†]

4º. A Igreja não condenou, em tempo nenhum, esta crença. Cumpre dizer tam­bém que ela nunca sancionou com sua autoridade a autenticidade absoluta de ne­nhuma aparição citada pelos Santos.
5º. Sendo as almas do Purgatório santas, boas e caritativas conosco, quando têm de Deus a permissão de nos aparecer não é evidentemente senão para testemunhar seu amor ou invocar o nosso: longe, pois, de nos causar terror, uma aparição deveria alegrar-nos.

Assim devemos ter como alucinação fantasmagórica, conto de pura invenção, toda aparição que só tenha por fim apavorar os vivos. É uma indignidade prestar este papel a almas santas.
___

[†] É portanto, contrária ao ensino da Igreja, além de humilhante e afrontosa aos destinos e condição das almas dos finados, a doutrina do espiritismo que dá aos médiuns o poder de as chamar ao mundo a fazerem revelações. A Igreja tem por várias vezes condenado esse erro e suas funestas práticas e, ainda recentemente, ocupou-se do assunto o Instituto Psicológico de Paris, nomeando para estudá-lo uma comissão que a esse fim celebrou 60 sessões, nas quais tomou parte o medium mais afamado da Europa e cujo resultado Gustavo Le Bon, que é um eminente cientista e não um clerical nos Annales de Sciences Psychiques, resume na seguinte conclusão: «O que há de certo no espiritismo é ter abalado milhares de mioleiras que já não estavam muito sólidas». (Do Trad.)
__________
Trecho extraído do livro - Mês das Almas do Purgatório - Mons José Basílio Pereira - 10a. Edição - 1943 - Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Salvador - Bahia

domingo, outubro 16, 2016

O mártir de Cristo Rei. São José Luis Sánchez del Río



O beato José Luis Sánchez del Río é o padroeiro dos adolescentes mexicanos, tinha só 14 anos quando deu a vida por sua fé, suas últimas palavras foram: “Viva Cristo Rey e la Virgen de Guadalupe!”

As pessoas que conheciam Jesus, que O viam passando pelas ruas de Nazaré, de Cafarnaum, de Jerusalém, diziam: Será que Ele é o Cristo de Deus? Nós sabemos a resposta: sim! Ele é! Pois Ele morreu por nós na Cruz, nos salvou, venceu a morte e ressuscitou. Ele vive e reina para sempre, seu reino não terá fim.




Em 1925 o então Papa, Pio XI, escreveu uma linda Encíclica sobre o reinado de Jesus, chamada “Quas Primas” e instituiu a festa de Cristo Rei do Universo. Ele fez isso porque a pouco tempo havia acontecido a Primeira Guerra Mundial e, em todo o mundo, o socialismo, o nazismo, e outros “ismos” se espalhavam. Com essas ideologias, também se espalhavam o ódio aos judeus e a luta entre as classes sociais. O Papa queria abrir os olhos dos cristãos para que escolhessem a Jesus e não aos ditadores que “pipocavam”, escolhessem o Evangelho e não a essas ideologias.


Papa Pio XI

Longe de Roma, em outro continente, as palavras do Papa caíram no coração fertilizado pelo martírio de um povo muito valente: os mexicanos. “Viva Cristo Rei!” passou a ser sua saudação e grito de guerra.

Tudo começou quando os comunistas assumiram o governo. O governo comunista decidiu acabar com a fé católica no país, pois achavam que ocristianismo era uma invenção dos homens e que se o povo respeitasse eobedecesse os padres, isso diminuiria o poder do governo. O pior presidente foi Plutarco Elías Calles, ele criou leis para fechar todas as igrejas, prender e matar os padres, freiras e até quem trouxesse no peito uma cruz, era a “lei Calles”.

Os católicos perderam seus direitos de ir ao cinema, usar transporte público, os professores perderam os empregos. O Papa Pio XI tentou negociar com o governo, mas de pouco adiantou.



Ser Padre era considerado crime e a pena era a morte.

Um garoto chamado José Sanchez del Rio, que era coroinha, viu os soldados comunistas entrarem a cavalo na sua igreja e enforcarem o velho sacerdote. José, valente que só ele, procurou o movimento dos rebeldes católicos… Pense: rebeldes por serem católicos?! Eles estavam formando um exército para salvarem os padres, defenderem seu direito de participarem da Santa Missa e ter uma religião, eram os “Cristeros”.

Em Guadalajara, no dia 3 de Agosto de 1926, cerca de 400 católicos armados encerraram-se na igreja de Nossa Senhora de Guadalupe. Eles gritavam: “Viva Cristo Rey e la Virgen de Guadalupe!”Iniciou-se assim o movimento revolucionário por iniciativa do povo, em defesa de sua fé, que ficou conhecido como “Cristiada”. José era um deles. Disse: “Quem é você se não se levanta e se põe de pé, para defender o que qcredita?!” 

Cristeros

Por ser o menor, José ia a frente dos revolucionários com um estandarte com a imagem da Virgem de Guadalupe. Muitos cristãos morreram em combate. José escreveu à sua mãe: “Nunca foi tão fácil ganhar o Céu.”

Numa dessas lutas, o general dos cristeros perdeu o cavalo e ia ser capturado. José lhe disse: “Meu general, aqui está meu cavalo, salve-se o senhor, mesmo que me matem! Eu não faço falta, o senhor 

  sim”. Foi dessa forma corajosa que José foi capturado.

Da prisão escreveu à mãe: “Minha querida mãe, fui feito prisioneiro em combate neste dia. Creio que nos momentos atuais vou morrer, mas não importa, nada importa, mãe. Resigna-te à vontade de Deus; eu morro muito feliz porque no fim de tudo isto, morro ao lado de Nosso Senhor. Não te aflijas pela minha morte, que é o que me mortifica. Antes, diz aos meus outros irmãos que sigam o exemplo do mais pequeno, e tu faça a vontade do nosso Deus. Tem coragem e manda-me a tua bênção juntamente com a de meu pai. Saúda a todos pela última vez e receba pela última vez o coração do teu filho que tanto te quer e tanto desejava ver-te antes de morrer”.

Chegaram a chicotear os pés de José e o obrigaram a caminhar por uma estrada de pedras para que renunciasse sua fé, mas o menino permaneceu firme. Enfim foi condenado a morte, suas últimas palavras antes de ser fuzilado foram: “Nos vemos no Céu. Viva Cristo Rei! Viva sua mãe, a Virgem de Guadalupe!”. José tinha só 13 anos quando morreu em 10 de fevereiro de 1928 .
Quando o Papa Pio XI soube de José e o que os cristãos estavam sofrendo no México, escreveu: “Queridos irmãos, entre aqueles adolescentes e jovens existem alguns – e eu não consigo segurar as lágrimas ao recordá-los – que, levando nas mãos o rosário e aclamando Cristo Rei, sofrem espontaneamente a morte.”



José Sanchez del Rio foi beatificado em 2005 e o Papa Emérito, Bento XVI, esteve rezando junto as suas relíquias. Ele é literalmente um “santo de calças jeans”, pois seu corpo, no relicário, está vestido com uma blusa escolar branca e uma calça jeans.



Na história, muitos que não eram lá chegados nos ensinamentos do Evangelho – perdoar, amar, respeitar a vida de todos – fizeram guerra ao reino de Jesus, começando pelos imperadores de Roma. E não é verdade que nós cristãos continuamos sendo perseguidos por defendermos o dom vida e todos os demais valores cristãos?! Ainda hoje em vários países, por esse mundo a fora, igrejas são destruídas e cristãos são mortos por proclamarem Jesus como Rei e Senhor de suas vidas. É como Jesus disse: “Meu Reino não é desse mundo” (Jo 18,36). Isso é muuuuuito importante. É preciso entender como é o Reino de Jesus… É um reino de amor, perdão, verdade. Onde há amor e bondade, alí acontece o reino de Jesus. O Reino de Jesus, começa no coração de cada um e continua no Céu, a escolha é pessoal: a quem eu quero servir?

“Cristo é o centro da história da humanidade e de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam.”

sexta-feira, outubro 14, 2016

TEOLOGIA DO MILAGRE


Desde os princípios da humanidade, os fenômenos extraordinários, assombrosos ou maravilhosos causaram não apenas estupefação, mas também reflexão e pensamento religioso, seja na autenticidade, seja no imaginário. Mesmo nos dias atuais, eivado de racionalismo, é fácil perceber a influência de tais fenômenos. Curas, possessões, exorcismos, fantasmas, mau-olhado, encosto, casas mal-assombradas, trabalhos-magias, fenômenos carismáticos e tantos outros assuntos similares pertencem aos âmbitos religioso, ficcional, de superstição, de cinema, de processos psiquiátricos ou de sensacionalismo. Somente alguém distanciado das lides pastorais da Igreja desconsideraria sua relevância.

No âmbito judaico-cristão, os fenômenos extraordinários têm importância capital. A Revelação de Deus, que tem uma natureza pública e social, expressa-se por palavras, mas também através de fatos e mesmo através de fatos prodigiosos que chamamos milagres. Os milagres fazem parte da Revelação e como tal devem ser considerados.

Assim, convém esclarecer alguns aspectos gerais que facilitam a compreensão e o oportuno julgamento que muitas vezes é requerido ao teólogo-pastor. Negar a possibilidade de fenômenos extraordinários ou sobrenaturais seria puro ceticismo. Acreditar na veracidade e sobrenaturalidade de todos os pretensos casos seria colecionar o maravilhoso imprudentemente, expondo a Igreja ao risível. Nada dizer seria deixar livre curso ao imaginário. O presente artigo é uma sistematização a partir de uma importante bibliografia sobre o assunto(1), porém não pretende ser exaustivo. Além disso, pode-se encontrar ampla e diversa bibliografia relacionada(2).

1. O que é um milagre?

Milagre vem do latim miraculum. Na antigüidade clássica era um fato excepcional ou inexplicável, um fato maravilhoso ou extraordinário que suscita admiração, considerado como sinal e manifestação de uma vontade divina (3).

A partir do testemunho bíblico, percebe-se uma evolução na compreensão teológica do milagre. Os momentos centrais dessa compreensão foram a doutrina de santo Agostinho, de santo Tomás e a resposta apologética à crítica ilustrada. O magistério da Igreja ocupou-se do milagre, sobretudo a partir do Concílio Vaticano I.

a) Na Sagrada Escritura

As coordenadas da linguagem bíblica sobre o milagre são diversas. O termo traduziu a riqueza expressiva dos termos hebraicos ot, nifla’ot, nora’ot, môfét, e os termos gregos sêmeia, dýnamis, thaúmata, térata, parádoxa, etc.

Para o aspecto psicológico do milagre: no Antigo Testamento encontramos môfét, que significa prodígio, um fato insólito, que provoca assombro, admiração, surpresa. No Novo Testamento, encontramos thaumázo e téras, com o mesmo tipo de significado. No entanto, esse prodígio, aos olhos da Sagrada Escritura, não é um prodígio profano, mas sagrado.

Para o aspecto factual, ontológico: no Antigo Testamento, encontramos nifla’ôt, que são obras próprias de Deus e impossíveis para o homem (ações divinas), manifestações e efeitos do poder divino. É o aspecto ontológico do milagre: obra transcendente, impossível às criaturas, o que supõe uma intervenção especial da causalidade divina.

Para o aspecto intencional ou semiológico ou noético: no Novo Testamento, encontramossêmeion (l. signum), pois o milagre não é somente um prodígio que suscita o assombro, mas um sinal que Deus dirige aos homens. O milagre é portador de uma intenção divina que há de ser lida. Assim, ora Deus dá a entender que está com o seu enviado (p. ex., Moisés, Elias), ora que chegou o Reino (p. ex., nos “sinais” operados por Jesus).

Assim, para a Sagrada Escritura, o milagre é um prodígio religioso (aspecto psicológico), uma obra de poder (aspecto da causalidade), um sinal dirigido por Deus (aspecto da intencionalidade). Especialmente nos Evangelhos, é considerado como sinal, isto é, como “palavra plástica” de Deus que interpela o homem e o ajuda a proferir um ato de fé na mensagem transmitida por Cristo. Ou seja, os milagres são sinais divinos que não podem dar-se separados ou isolados da Revelação de Deus à qual pertencem e que expressam.

b) Em santo Agostinho

Nos Padres, o milagre é apresentado dentro do conjunto da Revelação e da fé, destacando seu caráter de sinal assim como a função que lhe é própria: orientar à Revelação.

Santo Agostinho foi o primeiro a estabelecer uma doutrina sistemática sobre o milagre, que influirá até ao século XII. Considera o milagre no horizonte da atividade criadora de Deus, que deixou sementes e virtualidades nas coisas (rationes seminales). No milagre importa mais o seu valor de sinal e não tanto o de transcendência física. Ele reconhece no milagre a intervenção divina, que não consiste, no entanto, em um ato de poder criador de Deus, mas em um desígnio de sua providência, mediante o qual desperta “a energia” que já havia depositado nas coisas. Os milagres seriam fenômenos que Deus provoca a partir das sementes secretas que se encontravam em germe desde a criação. Portanto, de certa forma, tudo, na natureza e no mundo, pode ser considerado como milagre, e os milagres especiais o são por seu caráter insólito e extraordinário. O fundamental neles não é o poder que mostram, mas que Deus pode utilizá-los de modo especial como sinais. Em De Trinitate, são propriamente milagres e sinais aqueles fatos que se apresentam a nossos sentidos para transmitir-nos algo divino (4). Em De utilitate credendi, milagre é tudo o que, sendo difícil e não-habitual, supera as esperanças e o poder do espectador assombrado (5). Portanto, um acento no psicológico: para Santo Agostinho, o importante no milagre é sua capacidade de elevar o homem à inteligência das realidades do mundo da graça. Não nega a intervenção direta de Deus, mas acima de tudo é um sinal devido ao seu caráter não-habitual ou extraordinário. Uma síntese do pensamento agostiniano sobre o milagre encontra-se no comentário sobre a multiplicação dos pães, em Tractatus in Ioannis Evangelium (6).



c) Em santo Anselmo e santo Tomás

Santo Anselmo distingue tríplice causalidade: a da natureza, a do homem, a de Deus. A natureza e o homem não podem fazer nada sem Deus, mas Deus pode atuar sem a natureza e sem o homem. O milagre tem que ver com a causalidade divina, independentemente de toda causa segunda; é um fato transcendente, que só pode atribuir-se a Deus. Portanto, um acento no ontológico.

Santo Tomás de Aquino ocupou-se do milagre em diversos lugares (7). O Aquinate retoca a definição de Santo Agostinho: Miraculum dicitur arduum et insolitum supra facultatem naturae et spem admirantis proveniens (8). Afirma que nos milagres podemos distinguir: primeiro, o que nele ocorre, quer dizer, algo que supera as forças da natureza, que é o que faz designar o milagre como ato de poder; em segundo lugar, a finalidade do milagre, isto é, a manifestação de um caráter sobrenatural; finalmente, seu caráter excepcional é que os faz designar como prodígios ou maravilhas (9).

Ainda, o doutor angélico distingue três gêneros de milagres, segundo a distância entre o fato devido à intervenção divina e as possibilidades das causas segundas: milagres em que Deus obra algo que a natureza nunca pode fazer; milagres em que Deus obra algo que a natureza pode realizar, mas em outra ordem; milagres em que Deus obra algo que também as criaturas fazem, mas o faz sem ater-se a determinadas exigências (10).

d) Na crítica ilustrada e na apologética

Depois de santo Tomás, acentuou-se o aspecto ontológico, sem preocupação demasiada com os outros aspectos. A própria idéia de santo Tomás sobre lei e natureza acabaram cedendo espaço às idéias racionalistas: a lei no contexto moderno. A natureza, pensam os deístas e ilustrados, está regida por leis necessárias e inalteráveis, postas por Deus. Postula-se, então, sobre bases filosóficas, uma visão determinista da natureza. Um determinismo que acabou adversário da possibilidade do milagre. Nessa visão da natureza, o milagre torna-se impossível; claro está, dentro da visão da crítica ilustrada onde a noção de Deus é a própria do deísmo ou do panteísmo, onde Deus é entendido como suprema razão que se manifesta na universalidade e necessidade, mas que se vê incapacitada de integrar a liberdade.

A resposta da apologética teológica insistiu sobretudo na possibilidade dos milagres e na “quebra” das leis naturais que os caracteriza e que somente Deus pode realizar. Ao centrar-se de maneira preponderante na transcendência física do milagre, a apologética deixou, de certo modo, que o caráter de sinal caísse no esquecimento. Ao ater-se somente à consideração do milagre/prodígio, concebido como um fato de ordem física que supera a força eficiente de todas as criaturas, sem apelar ao caráter intencional, reduz um problema religioso a um problema de pura causalidade eficiente. Pois o milagre em sua especificidade mais profunda é um sinal de uma ordem da graça dirigido por Deus.

e) Numa renovação na idéia de milagre


Uma fonte de renovação sobre o pensamento em torno ao milagre deve-se ao filósofo Maurice Blondel. Para ele, o milagre não é somente um prodígio físico que se refere exclusivamente aos sentidos, à ciência ou a filosofia, mas que é, ao mesmo tempo, um sinal dirigido a todo homem, um sinal de ordem espiritual e de caráter moral e religioso, um sinal que revela, não apenas a existência da causa primeira (do que os fatos naturais são suficientes para assegurar-nos), mas, sobretudo, a bondade de um Deus Pai que marca sua intervenção especial e que autentica desse modo um dom sobrenatural.

Assim, o milagre tem uma realidade física. Não é somente um fato extraordinário, percebido aos olhos da fé; é um testemunho escrito por Deus nos fatos. Se o milagre é verdadeiramente figurativo da bondade “anormal” de Deus, é preciso que possua uma realidade física. Os milagres são benefícios temporais verdadeiros e reais. O milagre é o análogo do sobrenatural. Situa-se no juízo mesmo de dois mundos: é sinal sensível das realidades invisíveis.

Mais o milagre tem uma função no tempo presente: um benefício real. Mas este benefício não é mais que uma prefiguração, uma antecipação fugidia da “terra prometida”. O milagre pertence ao mundo da Revelação divina. Por sua própria natureza, o homem não pode ser mais que servidor, amigo, “filho adotivo”: numa invenção sobre-humana e supradivina do amor. O milagre é a “teofania” da bondade misericordiosa e favorável que triunfa sobre a natureza e sobre o tempo no tempo e na natureza mesma. Os milagres são “atos falantes”, “palavras atuantes”. Se o milagre nos desconcerta e nos inquieta, é porque nos urge à conversão. Em sua relação com a doutrina da fé, o milagre é motivo de credibilidade. Mostra a bondade da mensagem em exercício.

Ainda: é impossível demonstrar cientificamente a transcendência de um fato. Mas o milagre não se situa nesse nível. Não fala a linguagem da ciência. O que se pode constatar é seu caráter extraordinário e perceber sua relação com a mensagem de Deus. O milagre é o que na ordem sensível se leva a cabo divinamente, com vistas ao sobrenatural. O milagre recorda-nos que o mundo é criado por Deus, que não existe mais que nEle e para Ele.

Portanto, para Blondel, o milagre é ao mesmo tempo um fato extraordinário que rompe bruscamente com o curso habitual das coisas e uma manifestação absolutamente particular da bondade de Deus Pai. Um sinal figurativo e confirmativo da mensagem cristã. Um sinal da “anormal” bondade de Deus. Um prodígio significante: aurora da nova criação.

Segundo R. Latourelle, milagre é um prodígio religioso, que expressa na ordem cósmica (o homem e o universo) uma intervenção especial e gratuita do Deus de poder e de amor, que dirige aos homens um sinal da presença ininterrupta de uma palavra de salvação no mundo.

Assim, em primeiro lugar, é um prodígio na ordem cósmica, um fenômeno insólito que altera o curso habitual das coisas e que causa surpresa e admiração. Em segundo lugar, é um prodígio religioso ou sagrado, ou seja, realizado num contexto religioso (não-fantasmagórico, fabuloso ou mítico). No contexto profano, o milagre não teria nenhum sentido e nenhuma razão de ser. Em terceiro lugar, é uma intervenção especial e gratuita do Deus de poder e de amor. Em quarto lugar, é um sinal divino, ou seja, é um prodígio com significado.

f) No magistério


Não há uma definição completa de milagre dada pelo Magistério da Igreja, ou seja, nunca o julgou necessário ou nunca a quis dar. O Concílio Vaticano I indica as características do milagre: são fatos divinos, isto é, têm Deus como autor, ao menos como causa principal, e são fatos distintos dos da Providência ordinária supondo uma intervenção especial de Deus; são sinais dirigidos por Deus aos homens para ajudar-nos a reconhecer que Deus falou à humanidade; causam assombro (11).

Pio X recolhe no juramento antimodernista o mesmo ensinamento do Vaticano I, insistindo na idéia de que os milagres são motivos de credibilidade acomodados a toda época(12). Pio XII refere-se também ao juízo certo de credibilidade, que se apóia nos milagres, acerca da origem divina da religião cristã (13).

No Concílio Vaticano II mencionam-se: “obras, sinais e milagres pelos quais Cristo revela e atesta a Revelação” (14); “os milagres de Jesus permitem comprovar que o Reino de Jesus já chegou à terra” (15); Cristo “apoiou e confirmou sua pregação com milagres para excitar e robustecer a fé dos ouvintes, mas não para exercer coação sobre eles” (16).

2. As condições de um milagre


A teologia afirma que o milagre é essencialmente um sinal ou palavra-feito de Deus, dotada de três características. Com efeito, o milagre é:
a) um fato real,
b) totalmente inexplicável pela ciência contemporânea ao mesmo,
c) realizado em autêntico contexto religioso, como sinal ou resposta de Deus a esse contexto.

Um fato real: porque requer-se que o episódio apresentado seja histórico, autêntico, real. Sabe-se quanto a imaginação é fértil em criar casos maravilhosos ou, ao menos, em aumentar as dimensões estranhas de determinado fato. Também o subconsciente, com suas aspirações íntimas, a alucinação, a sugestão, é responsável por muitos dos casos tidos como milagres pelo vulgo.

Um fato inexplicável pela ciência contemporânea ao mesmo: a ciência moderna tem elucidado numerosos fenômenos que, na época de sua ocorrência, foram tidos como milagres. Mas há fatos (p. ex., nos Evangelhos) que a ciência não explica, nem jamais explicará. Mas basta para ser “sinal” que a ciência contemporânea não o saiba explicar, nem conheça pista para explicá-lo futuramente.

Um fato realizado em autêntico contexto religioso: o milagre vem confirmar, da parte de Deus, uma atitude religiosa do homem. Ora, Deus só pode confirmar valores autênticos e verdadeiros. Por isso, mesmo quando a ciência considera inexplicável um fato, a Igreja permanece reticente. Ela examina as circunstâncias: terá sido resposta a uma prece humilde, confiante, inspirada na verdadeira fé? Terá servido para confirmar um servidor de Deus cuja doutrina ou cujo comportamento precisavam da chancela do próprio Deus? Será que o prodígio se verificou em contexto de magia, crendices, superstições, culto ao demônio?

Portanto, por sua própria índole, o milagre é um sinal, ou uma palavra “plástica” dirigida por Deus a determinada porção da humanidade, a fim de suscitar a fé dos homens ou tornar mais facilmente acreditável aquilo que o milagre assinala (a mensagem ou a pessoa). O milagre é uma das formas da comunicação reveladora de Deus. Forma parte das obras, através das quais, junto com as palavras, tem lugar a Revelação. Às obras concretamente compete manifestar e confirmar a doutrina (17). A função significativa que os milagres oferecem da Revelação realiza-se em vários níveis: são sinais do poder misericordioso de Deus (p. ex., Mt. 9,1 - 8); são sinais do Reino messiânico (p. ex. Mc. 1,35 - 39); são sinais da missão divina de seus enviados (p. ex., Ex. 4, 1; 14,31; 1 Re 18,37 - 39; Mt 11,21; Jo 3, 2; 7, 31; At 2,22; 10, 38); são sinais da glória de Cristo (p. ex., Mt. 11,27; Jo 1,14; 3, 35); são sinais de salvação (p. ex., Mc. 1,40 - 45; Lc 5, 10); são sinais escatológicos (p. ex., Cl. 1,18; Rm. 8,11).

3. Aspectos positivos e negativos a observar nos fenômenos


Podemos observar aspectos positivos e negativos durante a análise de um possível milagre. Critérios negativos (não são reconhecidos como milagres) são:

- os fenômenos ambivalentes: suscetíveis de dupla interpretação (natural ou transcendental). Certos acontecimentos podem verificar-se tanto em contexto religioso como em contexto puramente natural (p. ex., vozes interiores, êxtases, sonhos premonitórios, adivinhação do pensamento, visões, etc.). Muitas vezes será difícil distinguir;

- os fenômenos de experiência meramente individual: só uma determinada pessoa o vive e o conhece. São verdadeiros sinais para a pessoa, inclusive podem ser de Deus, mas não podem ser utilizados como mensagem destinada a mais pessoas. Tais sinais têm algo de incomunicável, pois implicam um tanto de experiência imediata e de intuição, que não se pode enquadrar em um esquema objetivo e válido para o grande público (p. ex., sinais da Divina Providência, sonhos, iluminações, etc.). Muitas vezes poder-se-ia apelar à mera coincidência e, em outros casos, à sugestão;

- as curas de moléstias funcionais. As curas de doenças são os mais comuns “milagres”. Devem-se distinguir-se doenças orgânicas das funcionais. As doenças orgânicas são as doenças nas quais há um ou mais órgãos afetados na sua integridade anatômica ou histológica, ou deformado e degenerescente, de modo a estar em vias de perecer. As doenças meramente funcionais são as doenças que não dependem de lesão física mas de perturbação do sistema nervoso. Existem perturbações histéricas pseudo-orgânicas que apresentam todos os sintomas de uma lesão orgânica, sem que esta exista realmente. Há quem mencione também as doenças psicossomáticas, nas quais um fundo nervoso está associado a lesões orgânicas. Em alguns casos, o elemento psíquico predomina e é diretamente responsável por irritações orgânicas (p. ex., dermatoses, moléstias cardíacas). Em outros casos, o fator orgânico predomina, mas o estado psíquico ou afetivo do paciente influi. Para “milagres” interessam as lesões orgânicas nitidamente diagnosticadas e tidas como incuráveis pela medicina contemporânea.

Existem também circunstâncias que desabonam um pretenso “milagre”: ambiente de irreverência a Deus, imoralidade, charlatanismo ou ilusionismo, cobiça de lucros materiais ou aceitação destes, ocasião de orgulho, vaidade ou sensualidade e culto da personalidade; ambientes de sensacionalismo e alarde, de fantasia e vã curiosidade, pois as obras de Deus costumam ser discretas; espírito de arrogância e de domínio com que alguém trata as coisas de Deus.

São critérios positivos:

- no caso de cura, em se tratando de doença orgânica grave, consistindo em alterações anatômicas significativas (modificação, perda ou hiper-produção de tecidos). Esta doença terá sido diagnosticada pelos métodos mais seguros e considerada totalmente incurável aos olhos da medicina contemporânea;

- no caso de cura, tenham sido ineficientes todos os meios terapêuticos devidamente aplicados;

- no caso de cura, verifique-se a restauração dos órgãos ou tecidos lesados em espaço de tempo tão breve que possa ser considerado instantâneo;

- no caso de cura, não se tenha registrado o prazo ordinariamente necessário para a recuperação gradual da função lesada (a pessoa retoma suas atividades com naturalidade em tempo extraordinariamente pequeno);

- seja a cura duradoura, capaz de ser comprovada por exames sucessivos, feitos a intervalos regulares durante longo espaço de tempo;

- autênticas atitudes de fé (oração e humildade); os efeitos do “milagre” são confirmação dos homens na verdade e no bem, repúdio ao pecado, conversões à reta fé, paz na alma, concórdia e caridade entre as pessoas, fidelidade ao dever de estado, obediência à autoridade eclesiástica, etc.

4. Etapas da verificação de milagres

Existem questões decisivas e sucessivas na análise de um possível milagre. Realmente sucedeu esse fato prodigioso? Não existe uma causa natural para o fato? O agente do milagre foi Deus? Qual a mensagem que Deus quis transmitir?

Daí, pode-se dizer que são quatro as etapas para verificação dos milagres:
a) verificar a autenticidade do fato;
b) verificar a possibilidade de explicação científica (de parte das ciências físicas, químicas, biológicas, médicas ou psicológicas);
c) verificar a explicação teológica (explicação sobrenatural);
d) verificar o significado (o motivo da permissão ou realização do específico fenômeno).

Na primeira etapa, da verificação da autenticidade do fato, o rigor da análise quer excluir possibilidade de mentira, de boato, de fraude, de falsas recordações ou deformações da memória, de ilusões ou alucinações, da mitomania dos histéricos ou da interpretação delirante dos paranóicos, etc.

Na segunda etapa, constatado o fato, procede-se à investigação sobre possível causa natural. Intervêm as diversas ciências teóricas, experimentais ou aplicadas, de acordo com a natureza do fenômeno: física, química, biologia, medicina, psiquiatria, engenharia, astronomia, etc.

Na terceira etapa, o processo teológico, apela-se à Revelação e à teologia. Tal etapa deve realizar-se apenas quando a anterior estiver decididamente esgotada em suas possibilidades. Ou seja, vai-se à causalidade sobrenatural, depois de eliminada a causalidade natural.

Na quarta etapa, do significado, quer-se descobrir o motivo da realização ou permissão, por parte de Deus, do específico fenômeno. Além da Revelação e da teologia, há que estar atento às circunstâncias e às repercussões pessoais, comunitárias ou até mundiais do fenômeno. Evidente, enquanto sinais de poder que permitem captar a presença e a ação salvífica de Deus, os milagres não têm todos o mesmo valor. Existe entre eles uma graduação. O decisivo no milagre é sua significância salvífica. Traduzindo: “O que Deus quis com isso?”

______________

prof. Dr. Pe. Manoel Augusto Santos - FATEO – PUCRS
"Publicado em Teocomunicação 142 (2003) 881 - 894"

(1) R. LATOURELLE, Milagros de Jesús y Teología del Milagro, Salamanca: Sígueme, 1990. Id., “Milagre”, in: R. LATOURELLE; R. FISICHELLA (dir.), Dicionário de Teologia Fundamental, Petrópolis-Aparecida: Vozes-Santuário, 1994, p. 624-640. W. MUNDLE; O. HOFIUS, “Milagro”, in L. COENEN; E. BEYREUTHER; H. BIETENHARD, Diccionario Teológico del Nuevo Testamento, v. III, p. 85-94. J. A. SAYÉS, Compendio de Teología Fundamental, Valencia: Edicep, 1998, p. 157s, 179-182, 272-276, 279-304. F. OCÁRIZ; A. BLANCO, Revelación, Fe y Credibilidad, Madrid: Palabra, 1998, p. 388-392, 555-572. J. METZ, “Milagro”, in: Sacramentum Mundi, Barcelona: Herder, 1984, v. 4, p. 595-599. E. MARTÍN NIETO, “Milagro”, in: F. RAMOS, Diccionario de Jesús de Nazaret, Burgos: Monte Carmelo, 2001, p. 825s. L. PIMENTEL CINTRA, Ciência e Milagres, São Paulo: Quadrante, 1994. R. BAUMANN, “Milagro”, in: Diccionario de Conceptos Teológicos, Barcelona: Herder, 1990, v. 2, p. 69-80. C. IZQUIERDO URBINA, Teología Fundamental, Pamplona: Eunsa, 1998, p. 391-407. M. SCHMAUS, A Fé da Igreja, Petrópolis: Vozes, 1982, v. 1, p. 93-97. N. ABBAGNANO, “Milagre”, in: Dicionário de Filosofia, 2ed., São Paulo: Mestre Jou, 1982, p. 641.

(2) P. ex.: G. AMORTH, Un esorcista racconta, Roma: Dehoniane, 1990. C. BALDUCCI, La possessione diabolica, 9ed., Roma: Mediterranee, 1988. M. ELIADE, Tratado de História das Religiões, Lisboa: Cosmos, 1990. E. FRIEDRICHS, Onde os espíritos baixam, São Paulo: Paulinas, 1965. P. A. GRAMAGLIA, Espiritismo; dimensões ocultas da realidade, São Paulo: Paulus, 1995. G. HUBER, O diabo, hoje, São Paulo: Quadrante, 1999. W. KASPER et alii, Diabo, demônios, possessão, São Paulo: Loyola, 1992. B. KLOPPENBURG, Espiritismo e fé, São Paulo: Quadrante, 1990. Id.,Espiritismo; orientação para os católicos, São Paulo: Loyola, 1986. Id., O Espiritismo no Brasil, Petrópolis: Vozes, 1960. E. LA PORTA, Estudo psicanalítico dos rituais afro-brasileiros, Rio de Janeiro, 1979. R. LAURENTIN, Il demonio mito o realtà?, Milano-Udine: Massimo-Segno, 1995. V. MARCOZZI, Fenômenos paranormais e dons místicos, São Paulo: Paulinas, 1993. A. SCOLA et alii,Sectas satánicas y fe cristiana, Madrid: Palabra, 1998. A. STILL, Nas fronteiras da ciência e da parapsicologia, São Paulo: IBRASA, 1965. B. WENISH, Satanismo, Petrópolis: Vozes, 1992.

(3) Cf. Ilíada, II, 234; Odisséia, III, 173; XII, 394.

(4) Cf. PL 42, 879.

(5) Cf. PL 42, 90: “Miraculum voco quidquid arduum aut insolitum supra spem vel facultatem mirantis apparet”.

(6) Cf. PL 35, 1592.

(7) Cf. sobretudo em De potentia q. 6; S. Th. I, q. 105, aa. 6-8.

(8) S. Th. I, q. 105, a. 7, ad. 2.

(9) Cf. S. Th. II-II, q. 178, a. 1, ad. 1: “In miraculis duo attendi possunt: unum quidem est id quod fit, quod quidem est aliquid excedens facultatem naturae, et secundum hoc miracula dicuntur virtutes; aliud est id propter quod miracula fiunt, scilicet ad manifestandum aliquid supernaturale, et secundum hoc communiter dicuntur signa; propter excellentiam autem dicuntur portenta vel prodigia, quasi procul aliquid ostendentia”.

(10) Cf. Contra Gentiles III, c. 100.

(11) Cf. DS 3009.

(12) Cf. DS 3539.

(13) Cf. DS 3876.

(14) DV 4.

(15) LG 5.

(16) Dignitatis humanae 11.

(17) Cf. DV 2.

terça-feira, outubro 11, 2016

O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA É PREFIGURADO DOIS MIL ANOS ANTES DE INSTITUÍDO.


Dentre todas as figuras da Eucaristia, enquanto sacrifício, existentes no Antigo Testamento nenhuma é tão recordada pela tradição como o sacrifício de pão e vinho oferecido por Melquisedeque. Este relato do Gênesis está, por isso mesmo, apresentado mais abaixo e também, por força de uma razão ainda maior, porque nos Salmos e no Novo Testamento se diz expressamente de Nosso Senhor Jesus Cristo que Ele é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.

Com efeito, a Sagrada Escritura relaciona a oblação que Jesus fez de seu Corpo e Sangue, na Última Ceia, ao Pai, com o fato de ser Ele sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, como O chamou o rei David. De modo que deve ser afirmado que a oblação de Melquisedeque foi verdadeiro tipo do sacrifício eucarístico, o que vale dizer que aquela não é apenas uma oblação semelhante, mas que Deus dispôs que Melquisedeque a fizera e assim nos fosse narrada no Gênesis, para que tivéssemos uma autêntica prefiguração da Eucaristia.

Diz o Livro do Gênesis:

18-Então, Melquisedeque, monarca de Salem, tomou pão e vinho, pois era sacerdote do Deus Altíssimo, 19 os benzeu, exclamando: Bendito Abraão do Deus Altíssimo, criador do céu e da terra, 20 e bendito seja Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!‘ Depois do que Abraão lhe deu o dízimo de tudo.

Regressava Abraão depois de derrotar vários reis, que haviam aprisionado a seu sobrinho Lot e tudo que ele tinha, e Melquisedeque, rei e sacerdote monarca de Salem... sacerdote do Deus Altíssimo, saiu a seu encontro, ofereceu a Deus um sacrifício de pão e vinho que logo deu em convite a Abraão e aos seus e por fim abençoou a Abraão.

divina Providência, uns dois mil anos antes da efetiva instituição da Eucaristia, já havia tido o cuidado de figurar este Sacrifício e este Convite, que havia de ser o centro do culto cristão: o santo Sacrifício da Missa e o Sacramento da Comunhão.


O rei David dá a Jesus Cristo, no salmo 109, o título de Sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, porque nosso divino Salvador irá empregar o pão e o vinho no Sacrifício da Nova Aliança, como outrora o havia feito Melquisedeque.

O rei profeta O chama Padre eterno porque pai Ele sempre será e porque o sacrifício que Ele irá instituir continuará a existir até o fim dos tempos graças ao sacerdócio católico.

POR MALAQUIAS.

O profeta Malaquias diz, no primeiro capítulo, versículo 11, que depois do nascer e até o pôr do sol, será oferecido, em toda parte em todo lugar um sacrifício puro e sem mancha à majestade do Altíssimo”.

POR JEREMIAS

O profeta Jeremias, no capítulo 33, versículo 18, profetiza que nunca se verá faltar os sacerdotes e os sacrifícios. E é a Igreja Católica, pelo ministério dos seus sacerdotes, que oferecerá até o fim dos tempos, em todos os lugares, o Sacrifício da Cruz, perpetuado pelo santo Sacrifício da Missa, conforme as profecias de David, Malaquias e Jeremias.

quarta-feira, outubro 05, 2016

Da falsa e da verdadeira liberdade de ensino



[Nota dos editores: Excerto da Encíclica Libertas Præstantissimum, do Papa Leão XIII]

Falsa liberdade de ensino.

Quanto ao que chamam liberdade de ensino, também não é preciso julga-la por modo diverso. Só a verdade deve penetrar nas almas, pois que é só nela que as naturezas inteligentes encontram o seu bem, o seu fim, a sua perfeição. Por isso, o ensino só deve ter por objeto coisas verdadeiras, e isto quer se dirija aos ignorantes quer aos sábios, a fim de que leve a uns o conhecimento da verdade, e aos outros a fortaleça. Por este motivo, o dever de todo aquele que se dedica ao ensino é, sem contradição, extirpar o erro dos espíritos e opor fortes barreiras à invasão das falsas opiniões. É, pois, evidente que a liberdade de que estamos tratando, arrogando-se o direito de tudo ensinar a seu modo, está em contradição flagrante com a razão e nasceu para produzir um transtorno completo nos espíritos. O poder público não pode consentir tal licença na sociedade senão com desprezo do seu dever. Tanto mais verdade é isto, que todos sabem de quanto peso é para os ouvintes a autoridade do professor, e quão raro é que um discípulo possa julgar pó si mesmo da verdade do ensino do mestre.

Conceito da verdadeira liberdade de ensino.

Eis aí, por que também esta liberdade, para que seja honesta, tem necessidade de ser restringida em determinados limites. É, pois, necessário que a arte do ensino não possa impunemente converter-se num instrumento de corrupção. Ora, a verdade, que deve ser o único objeto de ensino, é de duas espécies: a verdade natural e a sobrenatural. As verdades naturais, às quais pertencem os princípios da natureza e as conclusões próximas que deles deduz a razão, constituem como que o patrimônio comum do gênero humano; são como que o sólido fundamento sobre que assentam os costumes, a justiça, a religião e a própria existência da sociedade humana; e seria desde logo a maior das impiedades, a mais desumana das loucuras, deixa-las violar e destruir impunemente. Mas é necessário pôr não menos escrúpulo em conservar o magno e sagrado tesouro das verdades que o próprio Deus nos fez conhecer. Por um grande número de argumentos luminosos, muitas vezes repetidos pelos apologistas, foram estabelecidos certos pontos principais de doutrina, por exemplo: há uma revelação divina; o Filho único de Deus fez-se homem para dar testemunho da verdade; por Ele foi fundada uma sociedade perfeita, isto é, a Igreja, de que Ele mesmo é o Chefe e com a qual prometeu estar até a consumação dos séculos.

A esta sociedade quis Ele confiar todas as verdades que ensinara, com a missão de as guardar, de as desenvolver com autoridade legítima; e, ao mesmo temo, ordenou a todas as nações que obedecessem aos ensinamentos da sua Igreja como a Ele mesmo, sob pena de perda eterna para aqueles que isto transgredissem. Daqui ressalta claramente que o melhor e mais seguro mestre, para o homem, é Deus, fonte e principio de toda a verdade; é o Filho único que vive no seio do Pai, caminho, verdade, vida e luz verdadeira que esclarece todos os homens; e cujos ensinamentos devem ter por discípulos todos os homens: E eles serão todos ensinados por Deus (Jo 6, 45). Mas para a fé e regra dos costumes Deus fez a Igreja partícipe do seu divino privilegio de infalibilidade. Eis ai por que ela é grande e segura mestra dos homens e tem em si um direito inviolável à liberdade de ensinar. E, de fato, a Igreja, que nos ensinamentos recebidos do Céu encontra o seu próprio sustentáculo, nada tem tido tanto a peito como desempenhar, religiosamente a missão que Deus lhe confiou, e, sem se deixar intimidar pelas dificuldades que, por toda parte, a cercam, não tem cessado em tempo algum de combater pela liberdade do seu magistério. Foi por este meio que todo o mundo, liberto da miséria das suas superstições, encontrou na sabedoria cristã a sua regeneração.

Mas como a própria razão o ensina claramente: entre as verdades divinamente reveladas e as verdades naturais não pode haver real oposição, de sorte que toda a doutrina que contradiga àquelas será necessariamente falsa, segue-se que o divino magistério da Igreja, longe de pôr obstáculos ao amor do saber e ao desenvolvimento das ciências, ou de retardar por qualquer modo o progresso da civilização, é, pelo contrário, para estas coisas, uma vivíssima luz e uma segura proteção. E, por esta mesma razão, o próprio aperfeiçoamento da liberdade humana aproveita não pouco com a sua influência, segundo a máxima de Jesus Cristo Salvador, que o homem se torna livre pela verdade: Conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres (Jo 8, 32).

Não há, pois, motivo para que a genuína liberdade se indigne e a ciência verdadeira se irrite contra as leis justas e necessárias, que devem regular os ensinamentos humanos, como o reclamam acordes a Igreja e a razão. Há mais: e é, que a Igreja, dirigindo principal e especialmente a sua atividade para a defesa da fé cristã, aplica-se também em favorecer o gosto de bons estudos em si mesmos têm alguma coisa de bom, de louvável, de desejável; e, demais, toda a ciência, que é fruto da reta razão e corresponde à realidade das coisas, é duma utilidade não medíocre até para esclarecer as verdades reveladas por Deus. E de fato, que imensos serviços a Igreja não prestou com o admirável cuidado com que conservou os monumentos da ciência antiga, com os asilos que abriu, por toda parte, às ciências, com o estímulo que sempre deu a todos os progressos, favorecendo dum modo particular as próprias artes que são a glória da civilização da nossa época.

Enfim, é necessário não esquecer que ainda há imenso campo aberto em que a atividade humana pode dilatar-se e exercer-se livremente a razão: referimo-Nos às matérias que não têm uma conexão necessária com a doutrina da fé e dos costumes cristãos, ou sobre as quais a Igreja, não usando da sua autoridade, deixa aos sábios toda a liberdade de suas opiniões. Por estas considerações se vê de que espécie e de que qualidade e, neste particular, a verdade que os partidários do liberalismo reclamam e proclamam com igual ardor. Por um lado, atribuem a si mesmos, assim como ao Estado, uma licença tal que não há opinião, por mais perversa que seja, à qual não abram a porta e não dêem livre passagem; por outro, suscitam à Igreja obstáculos sobre obstáculos, encerrando a liberdade dela nos limites mais estreitos que podem, quando aliás nenhum inconveniente há a recear dos ensinamentos da Igreja, e antes se devem esperar deles as maiores vantagens.