terça-feira, junho 14, 2016

"Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o reino o reino de Deus"?



Qual o sentido dessa frase de Jesus em Lucas 9,60

Realmente, esta frase de Jesus é um tanto curiosa, incompreensível, se não for vista dentro do seu contexto, mas isoladamente.

O Evangelho de Lucas é composto de vinte e quatro capítulos.
A partir do capítulo nove, versículo cinqüenta e um (9,51), Lucas começa a mostrar a grande viagem de Jesus a Jerusalém. Essa viagem termina no final do capítulo dezenove, quando ele entra na cidade.

Esses capítulos são a parte mais original de Lucas e trazem uma das chaves para ler e compreender esse evangelho. Você estimado leitor, já teve o privilégio e oportunidade de ler o Evangelho de São Lucas? Ainda não?!! Que pena!!!

Nestes dez capítulos que acabei de citar, Lucas afirma que Jesus está a caminho, e aqueles que o seguem constroem com ele uma nova história. Essa viagem à Jerusalém representa a própria caminhada de Jesus com a humanidade rumo à vida plena. É uma caminhada difícil, cheia de desafios e enfrentamentos, incluindo morte e ressurreição.

Ao longo dessa caminhada as pessoas são provocadas a tomar uma posição a favor ou contra Jesus. É impossível ficar em cima do muro. O resultado da provocação Lucana é este: quem anda com Jesus caminha para a vida; quem o rejeita está se afastando do caminho que conduz à vida. Repito uma vez mais, vale a pena a leitura atenciosa e meditativa desses capítulos.

A expressão "deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus" está no começo dessa longa caminhada de Jesus com aqueles que estão dispostos a segui-lo. Para iniciar a viagem com ele é necessário estar pronto a enfrentar riscos, é o que nos garante o evangelista São Lucas. De fato, três pessoas manifestaram o desejo de caminhar com Jesus, mas cada uma delas pretendia ter garantias ou seguranças antes de partir. A primeira pessoa que desejava caminhar com Jesus buscava segurança. A fama de Jesus o entusiasmava e satisfazia seus próprios interesses, ela estava em busca de conforto.

Mas Jesus o desanima, quando diz: As raposas tem tocas e os pássaros tem ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça" (Cf Lc 9,58). A pessoa estava em busca de conforto e segurança e Jesus lhe diz que seu caminho é feito de incertezas e despojamento total.

Vem, a seguir, outra pessoa que deseja caminhar com ele, mas pede tempo para sepultar o próprio pai. E Jesus lhe diz para deixar os mortos enterrarem os próprios mortos. Ou seja: prioridade absoluta no seguimento de Jesus. Não eleger outras prioridades e só depois, se sobrar tempo e vontade, segui-lo. Os mortos nesse caso não são os defuntos em sentido material, e sim as pessoas que não seguem Jesus. São os que decidiram "morrer" para o Reino, ou seja, não se comprometeram. Estes sim, podem se ocupar com o enterro de um defunto. Procissão do enterro, na Sexta-Feira da Paixão que o diga!!!

Jesus é muito exigente para com os que pretendem caminhar com ele. Ele não quer que as pessoas adiem indefinidamente a própria decisão de segui-lo e anunciar o Reino.

Nessa mesma direção vai a resposta de Jesus à terceira pessoa que está disposta a caminhar com ele, mas pretende antes despedir-se da família. Os laços familiares são, sem nenhuma sombra de duvidas, uma coisa importantíssima, necessária. Todavia, no evangelho de Lucas, Jesus afirma que há uma família maior a ser considerada: a família dos que se comprometem com sua palavra: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática" (Cf Lc 8,21; 11,27-28). Ainda hoje existem famílias que de alguma forma impedem seus filhos de seguir o próprio caminho indicado por Deus.

Jesus não foi grosseiro ou descortês com essas pessoas. Foi, ao contrário, exigente, sem esconder os desafios que o compromisso com ele comporta. Para segui-lo se faz necessário abandonar a segurança de ter uma casa. Mais ainda: é preciso por em segundo lugar aquilo que prezamos - por exemplo, os laços familiares -, pois a caminhada com ele é longa e cheia de desafios. Cristo exige dos seus seguidores três qualidades: A) Disponibilidade total; B) Desprendimento (renunciar as seguranças humanas); C) Perseverança (não voltar atrás).

No fim da caminhada, Jesus vai enfrentar os donos do poder político, econômico, ideológico e religioso. O enfrentamento será difícil e, como conseqüência de sua missão, ele vai ser morto.

A pergunta que permanece de pé é esta: Será que seus seguidores (cristãos) estão prontos a caminhar com ele? Qual é a nossa resposta ao convite de Jesus? Será que Ele pode contar de fato, com cada um de nós?


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Fonte inspiradora:
- Evangelho de São Lucas, caps. 9,51-19,48
- José Bortolini, Tire suas dúvidas sobre a Bíblia, pág. 189-190. Colaboração: Pe. Reinaldo

Não gosto dos meus padrinhos, posso troca-los por alguém que eu goste?



O batizado pode ser anulado? Posso batizar duas vezes? Tem como mudar os padrinhos de batismo do meu filho? Posso batizar novamente? Posso mudar de padrinhos?


Queremos responder a estas questões relativas ao batismo, pois foram seis perguntas dentro do mesmo assunto e com as mesmas dúvidas. A questão que todos querem saber é: Pode-se batizar duas vezes, ou batizar de novo? A dúvida é por causa da falta de relacionamento e indiferença dos padrinhos com relação aos seus afilhados, não tanto por causa da fé mesma.

Vou iniciar a minha resposta citando o Apóstolo São Paulo na Carta aos Efésios: “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos e por todos e em todos” (Ef 4,5-6). Esta seria em síntese a resposta, não precisaria de nenhum esclarecimento, porém vamos aprofundar um pouco mais.

Antes vamos saber o que é o Sacramento do Batismo. “O santo Batismo é o fundamento de toda vida cristã, a porta da vida no Espírito e a porta que abre o nosso acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos regenerados pela água na Palavra” (Catecismo da Igreja católica, 1213).

Outro aspecto importante sobre o Sacramento do Batismo é o fato de que ele é um sacramento que imprime caráter, isto é, nos marca para a vida toda. Assim expressa o Catecismo da Igreja Católica, no número 1272: “Incorporado em Cristo pelo Batismo, o batizado é configurado com Cristo. O Batismo marca o cristão com um selo espiritual indelével (charactere) da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Batismo de produzir frutos de salvação. Ministrado uma vez por todas, o Batismo não pode ser repetido (grifo nosso)... “O ‘selo do Senhor’ (dominicus character) é o selo com qual o Espírito Santo nos marcou ‘para o dia da redenção’(Ef 4, 30). ‘O Batismo é, efetivamente, o selo da vida eterna’. O fiel que tiver ‘guardado o selo’ até ao fim, quer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Batismo, poderá partir ‘marcado pelo sinal da fé’, com a fé do seu Batismo, na expectativa da visão bem-aventurada de Deus – consumação da fé – e na esperança da ressurreição.

As dúvidas das pessoas giraram em torno da questão dos padrinhos, assim, é importante recordar que o padrinho e a madrinha são pessoas escolhidas para ajudar os pais na educação da fé de seus filhos, por isso se requer deles a confissão e a vivência da fé segundo o que ensina a Igreja Católica e não somente uma fé vaga em Deus, em algo superior, mas uma fé compromissada com a comunidade. Dar atenção, dar presentes estas são questões secundárias. Por outro lado uma vez que a pessoa se torna adulta, ela mesma poderá aprofundar a sua fé, buscar viver dignamente o seu batismo independentemente dos padrinhos. Outro aspecto importante é que na escolha dos padrinhos é preciso que os pais se preocupem em dar aos filhos padrinhos e madrinhas que vivam realmente a fé e não só escolher porque são amigos, parentes, pessoas influentes.

Ser padrinho e madrinha é uma responsabilidade muito grande, pois temos de falar antes pelo nosso testemunho, antes que por nossas palavras. Muitas vezes é bom que rejeitemos o convite se percebermos que não seremos capazes de cumprir a nossa missão.

Outra dúvida que surgiu é sobre a condição para ser padrinho e madrinha. Alguém perguntou sobre pessoas amasiadas. Primeiro, se a pessoa é separada, divorciada e não está em uma segunda união, isto é, não está amasiada com outra, ela pode ser padrinho ou madrinha. Se estiver em outra união, não pode. Não é a Igreja que exclui, é a própria pessoa que se exclui quando não observa o que Jesus disse no Evangelho: “o que Deus uniu o homem não separe” (cf. Mc 10,9-12; Mt 19,6). E em outra passagem: Quem se divorciar de sua mulher (marido) e se unir a outra (outro) comete adultério(cf. Mt 5,31-32) E adultério é pecado elencado na lista dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Quem está amasiado está fora da comunhão da Igreja. Deus realmente não exclui ninguém e nem a Igreja, nós nos excluímos a nós mesmos quando decidimos virar as costas para a Palavra de Deus e escolhemos viver no pecado.

Há uma parábola no Evangelho que diz que um Rei preparou um banquete para os seus amigos, quando chegou a hora seus amigos não compareceram, então ele mandou chamar a todos que fossem encontrados pelos caminhos, pobres, aleijados, etc. A sala do banquete ficou repleta, porém o rei percebeu que um não esta trajado de acordo para o banquete, então ele mandou expulsá-lo. Claro que a roupa é um símbolo, pois na verdade aquele homem não estava preparado, não era digno de participar do banquete. Ele mesmo se excluiu quando não se preocupou em se preparar para estar de acordo com o evento para o qual fora convidado (Leia Mt 22,1-13, especialmente o versículo 12).


O papa Bento XVI citando São Gregório Magno nos recorda “numa das suas homilias, perguntava-se: Que gênero de pessoas são aquelas que vêm sem hábito (veste) nupcial? Em que consiste este hábito (veste) e como se pode adquiri-lo? Eis a sua resposta: Aqueles que foram chamados e vêm, de alguma maneira têm fé. É a fé que lhes abre a porta; mas falta-lhes o hábito nupcial do amor. Quem não vive a fé com amor, não está preparado para as núpcias e é expulso” (Homilia na Missa da Ceia do Senhor, 2011). Assim, há muitas pessoas que tem fé, mas não tem amor, respeito para com a Palavra de Deus, quer manipulá-la a seu favor, justificar-se diante dela. Muitas vezes são estes os candidatos a padrinhos e madrinhas que apresentamos ou que se nos apresentam, pessoas que crêem vagamente em um Deus que não sabem bem quem Ele é, que não aceitam aquilo que a fé católica ensina, que se esquecem de que a Igreja é continuadora da missão de Cristo. Professar a fé católica é aceitar tudo quanto a Igreja ensina e não apenas o que se acha certo, ou o que nos convém.

É bom recordar que para ser padrinho e madrinha há que se observar o que prescreve o Código de Direito Canônico: “Para que alguém seja admitido como padrinho, é necessário que: 1° – seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz às vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo; 2° – Tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa; 3° – seja católico, confirmado, já tenha recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir; 4° – não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica; 5° – não seja pai ou mãe do batizando (CIC, Cân. 874).

Assim, não se pode repetir o batismo, não tem como trocar de padrinhos. Para os que atingiram a maturidade recomendo que procurem aprofundar a sua fé batismal e, desta forma, não precisará mais dos padrinhos, a pessoa mesma fará a sua caminha de fé, confiando sempre na presença do Espírito Santo que age em nós, se lhe dermos abertura, se lhe abrirmos o nosso coração.

Na sociedade nos são impostas tantas regras, tantas normas, tantas leis e nós docilmente as aceitamos e submetemo-nos a elas, mesmo sem as compreender, creio que também a Igreja deve, tem o direito de estabelecer critérios para receber, aceitar aqueles que, livremente procuram-na e que querem de fato pertencer a ela e não só fazer dos Sacramentos (Sacra = mentum = coisa santa) simplesmente atos sociais, pois o Jesus no Evangelho nos ensina: “NÃO LANCEIS AOS CÃES AS COISAS SANTAS, NÃO ATIREIS PÉROLAS AOS PORCOS...” (Mt 7,6). Os pais e mães que buscam o Batismo para os seus filhos sem assumirem a responsabilidade para com a sua educação na fé, pelo testemunho e pelo ensinamento e os padrinhos e madrinhas que aceitam tal encargo sem se comprometerem em ajudar os pais na sua missão de conduzir os filhos na fé católica, em ajudar afilhados a crescerem na fé, o que estão fazendo é jogando pérolas aos porcos, as coisas santas de Deus aos cães e um dia serão cobrados por isso.

O que é Purgatório e qual a fundamentação Bíblica para crer na sua existência?


O purgatório, segundo a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, é o estado no qual os fiéis são purificados depois da morte, antes de entrar no céu. Depois da morte, que é a separação do corpo e da alma, acontece o juízo particular. Ali, a alma é julgada por Deus e tem dois destinos: a eternidade feliz (o céu) ou a eternidade infeliz (o inferno). No céu só entram os puros, e a Palavra é muito clara: "Os puros de coração verão a Deus" (Cf Mt 5,8). O purgatório, então, é uma antessala do ce. As pessoas que morreram arrependidas de seus pecados e se confessaram, não vão para o inferno. O que as leva para lá é a culpa dos pecados, mas estes também tem as penas temporais, que é o estrago que ele próprio causou à pessoa, à sociedade e à Igreja como um todo. Então, essa pessoa tem de passar por um processo de purgamento (daí o nome purgatório; de purificação) para ver a Deus.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz o seguinte: "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tinham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do céu." (Cf CIC § 1030).

 Qual a fundamentação Bíblica para a crença no Purgatório?


Estimado(a) leitor(a), nós católicos não costumamos ter esta preocupação excessiva de fundamentar ao pé da letra com capítulos e versículos bíblicos tudo o que cremos. A fé no purgatório encontra-se na Bíblia em várias passagens. É por todos nós conhecida a passagem clássica de 2Mc 12,41-46 que revela já em Israel uma prática considerada santa e piedosa de rezar pelos falecidos. É claro que nessa passagem bíblica já podemos deduzir que se os falecidos precisam de nossa oração é porque há a possibilidade de se purificar depois de nossa morte dos pecados veniais ou das conseqüências dos pecados cometidos na terra. É bom lembrar ao amigo leitor que esta passagem bíblica só se encontra na Bíblia dos Católicos, outras denominações cristãs (Igreja) recusaram o livro de Macabeus.

Existem outras pase Macabeus.

Existem outras passagens como 1Cor 3,15; 1Pd 1,7 que falam de um "fogo" abrasador e purificador. Este fogo serve para provar o valor das obras de cada um. Outra passagem clássica, Mt 12,31 afirma que a blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado que não será perdoado nem neste mundo, nem no mundo que há de vir. Este texto é sinal de que há pecados que podem ser perdoados no século futuro. Mas a observação inicial é muito importante. Não são estes textos esparsos que dão origem a uma doutrina sobre o purgatório, mas o bom senso da consciência eclesial que, ao ler a Escritura no seu conjunto, percebe que ela sugere muito mais coisas do que se pode conter em pequenos vasos.

A Bíblia claramente afirma que o julgamento vem depois da morte (Cf Hb 9,27), no qual seremos julgados pelos atos feitos por meio do corpo (Cf 2Cor 5,10). Jesus ensinou que é impossível ao ímpio escapar dos tormentos para entrar no conforto dos fiéis (Cf Lc 16,25-26).
A palavra purgatório não aparece de forma explicita na Bíblia, mas podemos e devemos acreditar que ele existe, inclusive é um dogma de fé da Igreja.

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Fonte inspiradora: - Sagrada Escr
itura

- Catecismo da Igreja Católica - CIC §1030; §1031; §1032

Colaboração: Pe. Reinaldo

Jesus nasceu em Belém ou em Nazaré?


A proximidade do Natal é ocasião propícia para respondermos a esta pergunta, que na verdade, eu nunca tinha parado para pensar sobre este fato. Eu vou responder esta curiosa pergunta, desta vez, com a Bíblia Sagrada na mão. O nascimento de Jesus, em Belém, para onde São José e Nossa Senhora foram alistar-se é atestado pelo Evangelho de São Mateus (Cf 2,1), como cumprimento de uma profecia do Profeta Miquéias (Cf. Mt 2, 5-6 ; Mq 5,1). No entanto, Jesus é chamado “O Nazareno” (Cf Mc 14, 67; 16,6; Jo 18,5). Por que será ? São duas as razões. A primeira se deve ao fato de que sua mãe, Maria, era natural de Nazaré. Como é mesmo que nós cantamos ? “Maria de Nazaré, Maria me cativou ...” e em Nazaré, Jesus passou a maior parte de sua vida, desde a volta do Egito até transferir-se para cafarnaum, no início de sua vida pública (Cf Mt 2, 19-23; 4,13). A segunda, é que, com freqüência, até hoje, os filhos menores tem a naturalidade e o domicílio do lugar onde seus pais moram. Como São José e Nossa Senhora morassem em Nazaré durante a menoridade do filho, Jesus ficou conhecido como Nazareno. Possamos, neste Natal, adorando o mistério da Encarnação, abrir o coração para acolher Jesus, como Maria o acolheu em Nazaré e lhe deu à luz em Belém. [1]


São Mateus disse, de maneira explícita, que Jesus nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2, 1; cf. 2, 5.6.8.16) e o mesmo referiu São Lucas (Lc 2, 4.15). O quarto evangelho menciona-o de uma maneira indirecta. Gerou-se uma discussão a propósito da identidade de Jesus e “uns diziam: «Este é verdadeiramente o Profeta». Outros diziam: «Este é o Messias». Alguns, porém, diziam: «Porventura é da Galileia que há-de vir o Messias? Não diz a Escritura que o Messias há-de vir da descendência de David e da aldeia de Belém, donde era David?»” (Jo 7, 40‑42). O quarto evangelista serve-se aqui de uma ironia: ele e o leitor cristão sabem que Jesus é o Messias e que nasceu em Belém. Alguns oponentes a Jesus querem demonstrar que Ele não é o Messias dizendo que, para sê-lo, teria nascido em Belém e, pelo contrário, eles sabem (pensam saber) que nasceu em Nazaré. Este procedimento é habitual no quarto evangelho (Jo 3, 12; 6, 42; 9, 40-1). Por exemplo, quando a mulher samaritana pergunta: “És Tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacob?” (Jo 4, 12). Os ouvintes de João sabem que Jesus é o Messias, Filho de Deus, superior a Jacob, de modo que a pergunta da mulher era uma afirmação dessa superioridade. Portanto, o evangelista prova que Jesus é o Messias, inclusivamente com as afirmações dos seus oponentes.

Este foi o consenso comum entre crentes e investigadores durante mais de 1900 anos. Contudo, no século passado, alguns investigadores afirmaram que Jesus é considerado em todo o Novo Testamento como “o nazareno” (aquele que é, ou que provém de Nazaré) e que a referência a Belém como lugar do nascimento não passa de uma invenção dos dois primeiros evangelistas, que revestem Jesus com uma das características que, naquele momento, se atribuíam ao futuro Messias: ser descendente de David e nascer em Belém. O certo é que uma argumentação como esta não prova nada. No século I diziam-se bastantes sobre o futuro Messias e que não se cumprem em Jesus, mas, tanto quanto sabemos – apesar do que possa parecer (Mt 2, 5; Jo 7, 42) – não parece que a do nascimento em Belém tenha sido umas das que se invocaram mais frequentemente como prova. É antes preciso pensar de modo contrário: é pelo facto de Jesus, que era Nazaré (ou seja, tendo sido criado lá), ter nascido em Belém que os evangelistas descobrem nos textos do Antigo Testamento que se cumpre n´Ele essa qualidade messiânica.

Todos os testemunhos da tradição confirmam, além disso, os dados evangélicos. São Justino, nascido na Palestina por volta do ano 100 d.C., menciona, uns cinquenta anos mais tarde, que Jesus nasceu numa gruta próxima de Belém (Diálogo 78). Orígenes também dá testemunho disso (Contra Celso I, 51). Os evangelhos apócrifos testemunham o mesmo (Pseudo-Mateus, 13; Proto evangelho de Tiago, 17ss; Evangelho da infância, 2-4).

Em resumo, o parecer comum dos estudiosos de hoje, é que não há argumentos fortes para ir contra o que afirmam os evangelhos e nos foi transmitido por toda a tradição: Jesus nasceu em Belém da Judeia no tempo do rei Herodes. [2]
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O padre responde [1]
Opus Dei - perguntas sobre Jesus [2] 

terça-feira, junho 07, 2016

O corpo e sangue de Cristo. O que a bíblia diz?

A presença Real


Sabemos que Nosso Senhor Jesus Cristo está realmente presente, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no Santíssimo Sacramento, sob a aparência de pão e vinho. Sabemos disso porque a Igreja nos ensina, e porque a Bíblia também o diz.


Vejamos:


No capítulo 6 do Evangelho de São João, vemos Nosso Senhor Jesus Cristo fazendo uma série de coisas preparatórias para o Seu discurso sobre a Eucaristia: primeiro Ele faz o milagre da multiplicação dos pães(Jo 6,5-13), mostrando assim Sua capacidade de modificar miraculosamente as coisas criadas, mais exatamente o pão. Em seguida, Ele caminha por sobre as água (Jo 6,19-20), mostrando Seu controle sobre o Seu próprio Corpo. Estando então demonstradas estas Suas capacidades, Ele faz o Seu discurso eucarístico (Jo 6,27-59). 


Ele inicia este discurso afirmando que devemos buscar não a comida que perece (isto é, os alimentos do dia a dia), mas aquela que dura até a Vida Eterna, que Ele nos dará (Jo 6,27). Em seguida Ele trata do maná, prefiguração da Eucaristia, e afirma com todas as letras que o maná não era o verdadeiro Pão dos Céus; o verdadeiro Pão dos Céus é Ele (Jo 6,31-40). 


Os judeus, porém, não acreditaram, e começaram a murmurar contra Ele. Ele então reafirma ser Sua Carne o verdadeiro pão dos Céus (Jo 6,41-51). Os judeus, então, ficam completamente escandalizados, e perguntam como Ele poderia dar a Sua Carne a comer. Note-se que o verbo que é usado na pergunta deles, no Evangelho segundo S. João, é o verbo "phagein" (comer, deglutir). Nosso Senhor então responde reafirmando o que já dissera, usando porém palavras ainda mais fortes. Ele diz que quem não comer a Sua Carne e não beber o Seu Sangue não terá a vida eterna, e afirma que Sua Carne é verdadeiramente uma comida e Seu Sangue verdadeiramente uma bebida (Jo 6, 52-59). O verbo que é usado nesta resposta não é mais o verbo "phagein", mas o verbo "trogô", que significa mastigar, dilacerar com os dentes. Ele está mostrando que não é uma parábola, não é um simbolismo. É, como Ele diz, "verdadeiramente uma comida" e "verdadeiramente uma bebida"(Jo 6,55), que deve ser mastigada, dilacerada com os dentes.


Muitos daqueles que O seguiam, então, não suportaram as palavras de Nosso Senhor. Ele, porém, não retirou o que dissera. Afirmou, ao contrário, que é o "espírito" (as palavras que dissera - Jo 6,60-65) que vivifica, não a "carne" (as opiniões das pessoas apegadas ao mundo). Muitos dos que antes O seguiam, então, se retiraram e não mais andaram com Ele, por não suportarem Seu ensinamento sobre a Eucaristia. Note-se, como curiosidade, que o versículo que conta isso (Jo 6,66) é o único versículo "666" de todo o Novo Testamento...


Os Apóstolos também receberam então de Nosso Senhor um ultimato: ou aceitavam Suas palavras ou iam embora também eles. São Pedro, o primeiro Papa, falando em nome de toda a Igreja, disse então que não se afastariam d'Ele.


O Evangelho segundo S. João, onde lemos este belo e forte discurso do Senhor, é o único Evangelho que não traz a narrativa da instituição da Eucaristia. Por que isso acontece? Porque S. João o escreveu muito depois dos outros Evangelhos (por volta do ano 90 d.C.); a narração da instituição da Eucaristia já era conhecida por todos os cristãos. Era, porém, necessário reafirmar a verdadeira Doutrina ensinada por Cristo acerca de Sua Carne e Seu Sangue, pois havia já naquele tempo hereges que negavam o valor da Eucaristia. A estes respondia S. João.


Nas narrativas da instituição da Eucaristia (Mt 26,26s; Mc 14,22s; Lc 22,19s; I Cor 11,23s) vemos que Nosso Senhor disse que o Pão e o Vinho são Seu Corpo e Seu Sangue ("Isto é Meu Corpo; Isto é o cálice do Meu Sangue). Teria sido perfeitamente possível, dada a riqueza da sofisticada língua grega em que foram escritos os Evangelhos, escrever "isto significa", ou "isto representa". Não é porém isto o que está escrito. Está escrito que "isto é" o Corpo e o Sangue de Cristo. Esta é também, evidentemente, a Fé pregada por São Paulo, quando escreve aos Coríntios que "todo aquele que comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, tornar-se culpado do corpo e do sangue do Senhor... Pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação” ( I Cor 11,27-29 ). 


É evidente que o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo é um acontecimento único, que não precisa jamais ser repetido. Na Santa Missa, não há repetição do Sacrifício; Nosso Senhor não é imolado de novo. A Sua imolação única, porém, passa a estar novamente presente, por graça de Deus, para que possamos, nós também, receber seus frutos quase dois mil anos depois. Note-se que quando Deus mandou sacrificar o Cordeiro da Páscoa no Egito e marcar as portas com seu sangue, Ele também mandou comer da carne do Cordeiro (Ex 12). Ora, o Cordeiro era figura de Cristo, que é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Não basta o Sacrifício do Cordeiro; temos também que comer Sua Carne.


Louvado seja sempre Nosso Senhor Jesus Cristo!

Autor: Carlos Ramalhete
Livre cópia e difusão do texto em sua íntegra com menção do autor.

sexta-feira, maio 27, 2016

O adjetivo católica é anterior ao nascimento da Igreja



Em grego, katholikos quer dizer aquilo que é conforme o todo. Hoje em dia, a palavra equivalente seria holístico. De uma forma geral, a tradução para a palavra católica é sempre universal, contudo, o sentido dela é muito mais amplo.

O primeiro documento que contém o adjetivo católica referindo-se à Igreja é uma carta de Santo Inácio de Antioquia endereçada à Igreja de Esmirna, quando ele estava sendo levado para o martírio em Roma. O Bispo de Esmirna era Policarpo, que havia conhecido pessoalmente o Apóstolo João e, para ele, Santo Inácio diz:

"Onde comparecer o Bispo aí esteja também a multidão. Da mesma forma que, onde estiver Cristo Jesus aí está também a IGREJA CATÓLICA."

Assim, segundo Inácio, a Igreja local está onde está o Bispo e a IGREJA CATÓLICA (universal) está onde está Jesus. Contudo, essa palavra não era usada apenas nesse sentido. São Justino quando escreveu o Diálogo a Trifão, usou a mesma palavra para referir-se à ressurreição geral, de todas as pessoas, portanto, originalmente, o termo aplicava-se à universalidade do número das pessoas. A Igreja que acolhe a todos em seu seio com seu abraço amplo.

A partir do século IV, com o surgimento de várias heresias, um outro sentido foi dado à palavra católica. São Cirilo de Jerusalém compara a fé católica com a fé herética, pois, enquanto a primeira aceita a fé como um todo, a segunda escolhe no que quer acreditar, selecionando o que mais lhe convém e rejeitando os demais.

Desta forma, a palavra católica passa a designar não somente a Igreja que inclui todas as pessoas em todos os lugares, mas também a igreja que inclui toda a fé, todos os sacramentos, todo o depósito e tesouro que foi deixado por Jesus Cristo e os Apóstolos. Com isso, a palavra foi sendo incorporada ao Credo como forma de distinguir a Igreja que guardava a fé inteira das seitas heréticas que estavam nascendo e que desprezavam o todo da fé.

Recentemente, houve o acréscimo da palavra romana ao adjetivo ‘católica’. Parece uma contradição dizer que a Igreja é católica, mas também romana, contudo, não o é. Diante do protestantismo, o objetivo disso foi salientar que a Igreja não é inteira, ou seja, católica, se o sucessor de Pedro, o Papa não estiver incluído nela.

Assim, a integridade da fé abrange também o fato de que, seja no ocidente, seja no oriente, existe uma ligação com aquele que tem o primado e a jurisdição universal sobre a Igreja de Pedro.

Portanto, a Igreja é una e, por isso, é católica, pois, possui o todo, nada tendo jogado fora. Esta Igreja acolhe a todos que queiram unir-se a Cristo. Em Roma, no túmulo do Apóstolo Pedro está a casa de todos que se deixam abraçar pela Mãe Igreja, Santa, Católica, Romana.

Por: Prof. Amadeu Pereira - Colaborador do blog 

quarta-feira, maio 25, 2016

AS TENTAÇÕES NO DESERTO



Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se para o deserto e foi tentado pelo diabo.

Passaram-se dois mil anos, mas o diabo continua a fazer as mesmas tentações. Há quem resiste e quem é forte como Jesus.

O TER


A primeira tentação é esta: querer transformar toda a vida apenas numa corrida para ganhar grandes fortunas e poder gastar muito, sem praticar a justiça e a solidariedade com os que vivem na miséria imerecida....

O PODER

A segunda tentação é esta: sonhar em ter muito poder sobre os outros, em ser superior aos outros, em olhar para os outros de cima para baixo, em humilhar os outros, em levantar sempre a voz, com ou sem razão....

A FAMA 

A terceira tentação é esta: desejar ter uns momentos de glória, aparecer nem que seja uns minutos na televisão, ser famoso ou famosa, receber muitos cumprimentos de toda a gente, escutar muitos aplausos...

VENCEMOS ESTAS TENTAÇÕES COM UMA ATITUDE DE PARTILHA DE BENS, DE SERVIÇO AOS OUTROS, DE VIDA HUMILDE E DISCRETA...

Por: Pof. MAGNO PEREIRA

"Como devemos examinar e moderar os desejos do coração"


1.Jesus: Filho, muitas coisas deves ainda aprender, que não sabes bem.

2.A alma: Que coisas são estas, Senhor?

3.Jesus: Que conformes completamente teu desejo a meu beneplácito e não sejas amante de ti mesmo, mas zeloso cumpridor de minha vontade. Muitas vezes se inflamam teus desejos, e com veemência te impelem; examina, porém, o que mais te move, se minha honra ou teu próprio interesse. Se for eu o motivo, ficarás bem contente, qualquer que seja o sucesso do empreendimento; mas, se lá se ocultar algum interesse próprio, eis que isto logo te embaraça e aflige.

Guarda-te, pois, de confiar demasiadamente em preconcebidos desejos que tens sem me consultar, para que não suceda que te arrependas e te desagrade o que primeiro te agradou e procuraste com zelo, por te haver parecido melhor. Porém nem todo desejo que pareça bom logo devemos seguir, nem tampouco a todo sentimento contrário logo havemos de fugir. Convém, às vezes, refrear mesmo os bons empenhos e desejos, para que as preocupações não te distraiam o espírito; para que não dês escândalo por falta de discrição; para que, enfim, não te
perturbe a resistência dos outros e desfaleças.

Outras vezes, ao contrário, é preciso usar de violência e rebater varonilmente os apetites dos sentidos sem atender ao que a carne quer ou não quer, mas trabalhando por sujeitá-la ao espírito, ainda que se revolte. Cumpre castigá-la e curvá-la à sujeição, a tal ponto, que esteja disposta para tudo, sabendo contentar-se com pouco e deleitar-se com a simplicidade, sem resmungar por qualquer incômodo.

A Imitacao de Cristo - Tomas de Kempis

Quantos “Pai-Nossos” Jesus ensinou a rezar?


Uma coisa que poucos cristãos sabem é que na Bíblia existem duas versões do Pai-Nosso. Uma no Evangelho de São Mateus e outra no Evangelho de São Lucas. Qual das duas foi a que realmente Jesus ensinou?


 Devemos levar em conta que os dois “Pai-Nossos” estão narrados em momentos diferentes. Segundo São Lucas, Jesus ensinou esta oração a seus discípulos, privadamente, num dia em que estava rezando sozinho num lugar afastado. Ao terminar sua oração, atendendo o pedido dos apóstolos, Jesus lhes falou: “quando vocês rezarem, digam assim”. E lhes ensinou as palavras do Pai-Nosso (11, 2-4).

Para São Mateus, Jesus ensinou o Pai Nosso diante de uma grande multidão, no sermão da montanha. Ali, quando lhes dizia que a oração não precisava de ser feita com muitas palavras, lhes propôs a recitação do Pai-Nosso (6, 9-13).
Está claro, pois, que durante a sua vida o Senhor ensinou o Pai-Nosso a seus Apóstolos. O problema surgiu, porém, anos mais tarde, quando Mateus e Lucas redigiram seus Evangelhos. Então cada um colocou o Pai-Nosso ande ficava melhor, segundo a sua própria teologia. Deste modo, Mateus o situou no discurso inaugural de Jesus. Porque, sendo este sermão “programático”, no qual deixava o “programa” para o Reino dos céus, não podia faltar nele o tema da oração.

Diferentemente, Lucas coloca o Pai Nosso no longo percurso da caminhada de Jesus, rumo a Jerusalém, já que, para este Evangelista, o homem deve aprender a rezar enquanto vai pelas estradas da vida, a fim de viver em contínua união com Deus.

Agora, se compararmos as duas versões vamos ver que a de Lucas é mais breve: só têm cinco petições e diz assim: “Pai, santificado seja o Teu Nome. Venha o Teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã. E perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos que nos devem; E não nos deixes cair em tentação” (11, 2-4).
A de Mateus é mais longa. Inclui sete petições. O texto é assim: “Pai-Nosso, que estás no céu, santificado seja o Teu Nome; venha o Teu Reino; seja feita a Tua Vontade, assim na Terra como no Céu. Dá-nos hoje o pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (6, 9-13).

A maioria dos biblistas sustenta que a versão de Lucas é a mais antiga e talvez, a que realmente Jesus ensinou. Por quê? Porquê se o “Pai-Nosso” de Mateus (isto é, o mais longo) fosse o original, não se entenderia porque Lucas o tenha encurtado. Ao passo que, se o “Pai – Nosso” de Lucas (o mais breve) é o original, podemos compreender que Mateus, inspirado pelo Espírito Santo o tenha alongado, a fim de adaptá-lo melhor à forma de pensar de seus discípulos Judeus.

Quais foram as mudanças introduzidas por São Mateus na sua versão do Pai-Nosso? 

Em primeiro lugar, em vez de dizer simplesmente “Pai”, como São Lucas, acrescentou “Nosso” – “Pai-Nosso”. 

Por quê? - Porque Mateus era um Judeu que escrevia para Discípulos Judeus (ao passo que Lucas escrevia para Discípulos Pagãos). E o povo Judeu tinha o costume de dar a Deus o título de “Pai Nosso”. Podemos conferir como isto acontece lendo algumas passagens do Antigo Testamento: Is. 63. 16; Jr 3, 4; 31a; Mal. 2. 10; Sl. 89, 27. E eles, os Judeus, sempre começavam suas orações com a invocação “Pai Nosso”. E, logo em seguida, para evitar qualquer aproximação desrespeitosa de Deus e exaltar a sua Santidade e Transcendência, os Israelitas costumavam acrescentar “Que estás nos céus”. Podemos confirmar isto pela “mishna”, uma coleção de ensinamentos e reflexões judaicas dos grandes Rabinos Antigos de Israel. Ali é comum encontrar a frase: “Nosso pai que está nos céus.”

Portanto, Mateus começou seu “Pai Nosso” com esta fórmula para fazê-lo mais familiar à mentalidade de seus Discípulos Judeus.

A segunda mudança feita por Mateus foi acrescentar, logo depois das duas primeiras, uma terceira petição: “seja feita a Tua Vontade, assim na terra como no céu”. Como bom judeu, ele sabia que é ponto essencial em qualquer oração, pedir que se cumpra a vontade de Deus.

Onde buscou Mateus a inspiração desta fórmula? 

Muitos acham que foi no Salmo 135,6: “Tudo o que Deus quer que se faça, seja feito, assim na Terra como no Céu” ou no Salmo 115,3: “Nosso Deus faz tudo que quer, tanto na Terra como no Céu”.

A última modificação de Mateus está no final da oração. Enquanto Lucas termina: “Não nos deixes cair em tentação”, Mateus acrescenta: “ e livra-nos do mal”.
Na realidade esta petição é paralela a anterior e não diz nenhuma novidade. Se alguém está protegido para não cair em tentação, ipso facto, está livre do poder do mal. Esta petição somente expressa positivamente o que a anterior diz de modo negativo.

Por que, então, Mateus colocou esta petição?

 Talvez para que a oração do Senhor tivesse sete petições. Para a mentalidade dos Judeus o Sete era o número perfeito. E, com isto, possivelmente, quis demonstrar que esta oração contém em si uma perfeita totalidade à qual não se pode tirar ou acrescentar mais nada.

Nós, porém, não precisamos recorrer ao simbolismo do número para chegar à mesma conclusão. Se analisarmos cuidadosamente a oração do Pai Nosso e o seu sentido interior, descobriremos uma perfeição e uma riqueza insuperáveis que, na verdade, não admitem qualquer supressão ou acréscimo. Com efeito, a primeira coisa que salta à nossa vista é que a oração esta dividida em duas partes. A primeira, com três petições referentes a Deus: 

a) Santificado seja o teu nome; 
b) venha o teu reino; 
c) faça-se tua vontade. 

A segunda parte, também com três petições (mais uma acrescentada) referentes a nós e às nossas necessidades:

a) o pão; 
b) o perdão dos pecados; 
c) não cair nas tentações.

Chama nossa atenção a ordem das petições. Primeiro estão as relacionadas com Deus e seu projeto salvífico, e logo depois as petições relativas à nossas necessidades pessoais.

Com isto Jesus quis nos ensinar que, somente quando Deus ocupa em nossa vida o primeiro lugar, é que tudo mais passa a encaixar-se em seu devido lugar. Com a oração nunca se deve querer torcer a vontade de Deus, adaptando-a aos nossos caprichos. Só quando se procura conhecer o que Deus quer de nós e da sociedade que podemos rezar adequadamente sem temer que nossos pedidos estejam sendo impróprios ou superficiais.

A segunda parte do Pai Nosso, que apresenta as nossas necessidades, forma, por sua vez, um conjunto maravilhosamente alocado. Alude às três necessidades essências do ser humano. E, ao mesmo tempo, engloba as três esferas do tempo nas quais nos movemos e somos. Primeiro se pede o pão de cada dia: assim apresentamos a Deus as necessidades do Presente. Em seguida, se pede perdão pelos nossos pecados: é colocado diante de Deus o nosso Passado. E, em terceiro lugar, se pede ajuda nas tentações: colocamos na mão poderosa do Senhor o nosso Futuro.

Deste modo, com estas três breves petições, nos é ensinado a colocar toda nossa vida - Passado, Presente e Futuro – no coração misericordioso de Deus.

E mais, a oração do Pai Nosso é tão magnificamente elaborada que, não só eleva e coloca a totalidade da vida humana diante da providência amorosa de Deus, como também, faz descer a totalidade de Deus até nossa vida.

Com efeito, quando pedimos o pão para nosso sustento diário, espontaneamente pensamos em Deus Pai, criador e conservador da vida. Quando pedimos perdão, logo nos lembramos de Deus Filho, o Salvador que deu sua vida em resgate dos nossos pecados. E, quando pedimos ajuda para não cairmos nas tentações, imediatamente pensamos no Espírito Santo, guia e força dos cristãos em suas vidas.

De um modo maravilhoso a segunda parte de Pai Nosso toma todo nosso passado, nosso presente e todo nosso futuro e os oferece a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. O homem todo se une ao Deus total, num belíssimo encontro de amor e de vontades.

Mais uma pergunta podemos fazer: Jesus rezou, algumas vezes, outras orações? 

Sim. Os evangelhos trazem algumas. Por exemplo, quando os discípulos voltaram de uma exitosa missão, exultando de alegria, Jesus bradou: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e prudentes e as revelastes aos pequenos” (Lc. 10, 21).

Noutra oportunidade, na ressurreição de Lázaro, assim Jesus orou: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves, mas eu falo por causa das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que Tu me enviaste” (Jo. 11,41).

Durante a última ceia, no meio das tristezas de sua despedida, a oração que fez na frente de seus apóstolos dizia: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a Ti, pois lhe deste poder sobre todos os homens” (Jo. 17, 1-2).

E, quando se retirou para rezar na gruta de Getsemani, prevendo já o desenlace iminente de sua dramática morte, rezou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo não se faça a minha vontade, mas a tua” (lc. 22,42).

Na cruz, rezou pelos soldados: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Na sua agonia orou ao Pai: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes...” (Mc. 15, 34). E, finalmente, morreu rezando: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (lc. 23, 36)

Por: Prof. Amadeu Pereira - Colaborador do Blog 

As Bodas de Caná!


“Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados.” (Jo 2, 1-2)


Quem seriam os noivos destas Bodas? 


Naturalmente que eram grandes amigos de Jesus e Maria, que com a sua presença, santificaram esta família nascente, antecipando toda a força e beleza do sacramento do matrimônio. Mas o autor do quarto Evangelho, das Cartas e do Apocalipse aponta para outras bodas: as Bodas do Cordeiro, anunciadas ao longo de toda a Bíblia, da primeira à última página. Nelas, Jesus é o Esposo, e cada um de nós e a Igreja inteira é a Esposa. 

As Bodas de Caná são a celebração da família, que se abre ao amor infinito de Deus; mas são também a celebração do amor único e eterno entre Deus e cada um de nós.

Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná

Nas Bodas de Caná, Maria antecipou a hora de Jesus; mas antecipou também a sua hora como Aquela que intercede por nós junto de Deus. A Mãe de Caná é assim, nos Evangelhos, a imagem mais perfeita da Senhora Auxiliadora dos cristãos.

Ser Família de Caná é um estilo de vida, uma forma particular de ser família na grande família da Igreja Católica.

A Família de Caná nasce das raízes hebraicas da fé cristã e cresce no jardim de Nossa Senhora. Como toda a árvore, conhece-se pelos frutos (cf. Mt 12, 33). O fruto distintivo da família cristã é o amor. Diziam os pagãos ao falarem dos primeiros cristãos, segundo Tertuliano: “Vede como eles se amam!” E assim deve continuar a ser hoje.

No Judaísmo, a fé vive-se e celebra-se primeiramente em família. “Eu e a minha família serviremos o Senhor” (Jos 24, 15) proclamou Josué ao chegar a Canaã. As Famílias de Caná querem ser Igrejas Domésticas, pequenos oásis de fé cristã verdadeiramente vivida e celebrada, onde educar seja desafiar para a santidade e crescer seja uma aventura rumo ao Céu.

Os servos de Caná ofereceram a Jesus, com a fé que Maria neles despertou, seis talhas vazias. À Palavra de Jesus, encheram-nas com água. E foi então que o milagre aconteceu. 

Cada Família de Caná oferece a Jesus seis pequenas “bilhas”, que procura esvaziar de tudo o que é mundano. À Palavra de Jesus enche-as de “água” até transbordarem, numa obediência pronta e generosa. Finalmente, experimenta a abundância do amor de Jesus, que por intercessão de Maria, não permitirá que o “vinho” da fé, da esperança e do amor acabe na sua casa.

Por: Prof. Magno Pereira

terça-feira, maio 24, 2016

A DÚVIDA DE SÃO JOSÉ.

Parece que, depois da Anunciação, a Virgem Maria, guardou para si O GRANDE MISTÉRIO que tinha ACONTECIDO com Ela, A ENCARNAÇÃO DO VERBO. Não havia palavras para o expressar nem parece que o Senhor quisesse que o REVELASSE por si PRÓPRIA, nem sequer a S.José. Contudo, Isabel FOI INFORMADA do mistério pelo Espírito Santo, como se deduz da cena da Visitação.


Maria e José teriam falado previamente disso? José acompanhou Maria na visita a Isabel? Já tinha sucedido a Revelação do Anjo a José?

 Os textos evangélicos deixam todas as respostas em aberto…

As traduções que chegaram até nós não facilitam o entendimento dos SENTIMENTOS e ATITUDES de José: a geração de Jesus Cristo foi deste modo: estando Maria, sua Mãe, desposada com José, ANTES DE COABITAREM achou-se ter concebido por OBRA DO ESPÍRITO SANTO. José, seu esposo, SENDO JUSTO ( dikaios) e não querendo expô-la a difamação ( deigmatisai) RESOLVEU repudia-la ( apolusai) secretamente( Mt 1,19)..

É muito difícil crer que José-que era muito Santo e estava sem dúvida dotado do dom de sabedoria, assim como dos outros dons de Espírito Santo, mais do que qualquer outro santo, salvo a Virgem Santíssima-, conhecendo como conhecia Maria, lhe ocorresse pensar em qualquer espécie de infidelidade. O mais razoável é PENSAR QUE JOSÉ RECORDASSE A PROFECIA DE ISAÍAS SOBRE A VIRGEM QUE DEVIA CONCEBER O EMANUEL.

O mais certo é que de algum modo se desse conta de que UM GRANDE MISTÉRIO DIVINO TINHA ACONTECIDO EM MARIA, ainda que talvez não SUSPEITASSE da divindade do Menino que a Virgem trazia no seu seio. 

Mas o Messias ESTAVA ANUNCIADO para aqueles tempos. A DÚVIDA de José não era sobre a INOCENCIA de Maria, mas sim sobre O SEU PRÓPRIO PAPEL E SITUAÇÃO NAQUELE MISTÉRIO. Neste sentido se pronunciaram uma parte dos Padres da Igreja.

Felizmente, as análises filológicas e a exegese bíblica mais recente parecem ter resolvido o difícil texto de Mt 1,19, traduzido de modos muito diversos, afetando, como é lógico, a compreensão em diversos sentidos da atitude de José PERANTE O MISTÉRIO DA CONCEPÇÃO DE JESUS. 

Mateus 1,19 contém três palavras de difícil tradução( dikaios, deigmatizô, apoluô) vistas as diferentes interpretações parece que a mais sólida e congruente é a que se resume a seguir: hoje está claro que ( dikaios) se traduz por JUSTO, não no sentido de ser simplesmente rigoroso observante da lei judia, que favorecia a interpretação segundo o qual José teria pensado que a sua esposa segundo a lei, TINHA DE SER DENUNCIADA E LAPIDADA.

Também não é exato traduzir ( dikaios) simplesmente por bom, OU DE BOM CORAÇÃO. Como José era de BOM CORAÇÃO decidira REPUDIAR ( apolusai) Maria em segredo, para evitar a lapidação que a lei mandava. Esta não pode ser boa tradução visto que ( dikaios) nunca significou BOM ou pessoa de BOM CORAÇÃO, o Grego dispõe de outros termos para expressar esse sentido. O mais razoável é traduzir dikaios por JUSTO no sentido de um RESPEITO TOTAL pela vontade de Deus e pela sua acção na nossa existência. Pode-se resumir assim: na língua hebraica, JUSTO quer dizer PIEDOSO,SERVIDOR IRREPREENSÍVEL de Deus, CUMPRIDOR da VONTADE DIVINA; outras vezes significa BOM E CARITATIVO para com o próximo. Numa palavra, o JUSTO é o que ama a Deus e demonstra ESSE AMOR, cumprindo os seus MANDAMENTOS e orientando toda a sua vida para o serviço dos seus irmãos, os homens.

O verbo deigmatizô é muito raro em grego e talvez por isso se tenha traduzido e interpretado de formas muito diversas. É mais usual o verbo composto, não sinónimo daquele ( paradeigmatizô), que tem o sentido perjorativo de EXPÔR AO VEXAME, EXPÔR AS INJÚRIAS. Mas esta ressonância negativa não se inclui necessariamente no verbo simples ( deigmatizô). Este pode significar simplesmente DAR A CONHECER, PÔR À LUZ, REVELAR, TORNAR VISÍVEL, MANIFESTAR sem qualquer ressonância negativa. Será negativa ou não segundo o que se deve a RELUZIR.O que se revela pode ser BOM ou MAU, edificante ou vergonhoso.

O verbo ( luô) de que deriva o termo ( apoluô) utilizado em Mt 1,19, pode significar DESPEDIR, e diz-se especialmente no sentido de DESFAZER, romper o VÍNCULO DO MATRIMÔNIO. Por isso, segundo certos autores, poderia significar REPUDIAR, DIVORCIAR. Mas também pode significar simplesmente DEIXAR LIVRE, DEIXAR IR. 

Por conseguinte pode ser perfeitamente correta a tradução: José, seu Esposo, COMO ERA JUSTO e não queria revelar ( O MISTÉRIO DE MARIA), resolveu SEPARAR-SE DELA SECRETAMENTE.

Por: Prof. Amadeu Pereira - Colaborador do Blog  

A HISTÓRIA DO CRISTO DO VENENO



Em 1602, chegou ao México, então Nova Espanha, uma delegação de dominicanos, trazendo para o seu seminário um belo crucifixo de tamanho natural, com a imagem de Jesus de alvura impressionante.



Essa imagem foi entronizada no lado esquerdo, próximo à entrada da igreja.

Ali havia um clérigo, o qual dedicava especial devoção àquele Cristo. Não deixava passar um dia sem fazer as orações diante dEle e oscular piedosamente Seus venerandos pés. Certa vez, esse sacerdote atendeu em confissão um homem que declarou ter roubado e matado cruelmente. Ante a revelação de tal crime, o religioso afirmou que Deus perdoaria sempre, desde que restituísse o roubado e se entregasse à justiça, pois não bastava se confessar, mas era também necessário se arrepender e reparar o dano sofrido. O criminoso recusou-se a fazê-lo, retirando-se do confessionário furioso. Temendo ser denunciado, maquinou um pérfido plano para assassinar o sacerdote.

Escondido pelas sombras da noite, furtivamente se introduziu na capela e molhou os pés do Cristo com um poderoso veneno. Ninguém o viu e, sorrateiro como havia chegado, ocultou- se num canto sombrio. No dia seguinte, depois de fazer as orações costumeiras, aproximou-se o padre para beijar os pés da imagem, quando, para seu espanto, ela dobrou os joelhos milagrosamente, levantando os pés, de modo a impedir que estes fossem osculados. Enquanto isso, a imagem absorveu o veneno, em consequência do qual sua cor se tornou negra.

O religioso teve ainda maior surpresa quando ouviu soluços provenientes de alguém oculto atrás de uma coluna. Era o assassino do dia anterior, que ali aguardava o efeito de seu maligno plano. Verdadeiramente arrependido ao testemunhar tão maravilhoso prodígio, em prantos, fez por fim uma sincera confissão e logo em seguida entregou-se à justiça, disposto a pagar por seus crimes.
Desde então, a milagrosa imagem passou a chamar-se "Senhor do Veneno". Todos concordavam que o Cristo não só havia protegido seu devoto, absorvendo o veneno, mas Seu misericordioso ato também simbolizava como Nosso Salvador toma a Si nossos pecados, estes sim um terrível veneno, que mata a alma, impedindo- a de alcançar a vida eterna.

Anos depois, a imagem foi transferida para a catedral metropolitana. Quando a igreja de Porta Coeli foi entregue aos sacerdotes do rito Greco-melquita em 1952, o pároco desta incumbiu um renomado artista de esculpir uma cópia, a fim de que o "Cristo do Veneno" pudesse ser venerado também na sua igreja de origem. Darío Iallorenzi (Revista Arautos do Evangelho, Fev/2009, n. 86, p. 39)

A Eucaristia


Jo 6,51-58. É de realçar que jesus até aqui não tinha falado da eucaristia. È só a partir do v. 51 que ele entra directamente neste assunto.



Antes, apresentara-se como o pão do céu e todos tinham compreendido que este pão era a sua mensagem, o seu evangelho, a sabedoria de Deus.

Mas mesmo isto, não era uma pretensão de somenos importância, para os judeus e, de facto, eles reagiram energicamente. 

Mas e a afirmação comer?

Os ouvintes compreenderam as PALAVRAS DE JESUS EM SENTIDO LITERAL( como pode este homem dar-nos a sua carne a comer? Versículo 52: e Jesus NÃO OS CORRIGE, mas afirma e especifica os efeitos da Eucaristia ( Jo, 53-57), pelo contrário, É TÃO FIEL ÀQUILO QUE DISSE, que Jesus PERMITE QUE SE VÃO EMBORA!!!... a partir desse momento, muitos discípulos voltaram atrás e já não andavam com Jesus (Jo 6,66)….

Teria Ele tolerado que este afastamento acontecesse, POR UM SIMPLES EQUÍVOCO???, POR UMA COMPREENSÃO LITERAL? OU UMA COMPREENSÃO METAFÓRICA?

 Em casos semelhantes, outras vezes, Jesus comporta-se diferentemente ( Mt 16,6ss ; Jo 3,3ss; 4,32ss)…
Abrir o texto de hoje causa ainda mais estupefacção: o pão a comer não é apenas a sua doutrina mas também a sua carne.

A carne para um judeu não são os músculos, mas toda a pessoa, considerada no seu aspecto de fraqueza, o homem é carne, mesmo na medida em que é um ser frágil e destinado a morte, segundo a concepção semita, indica a parte fraca, frágil, precária da pessoa; indica o ser humano enquanto destinado a morte.

Face à infidelidade dos homens, Deus sente compaixão dos homens, se recorda que eles são carne, um sopro que vai e não volta (sl 78,39). 

Quando do prólogo da sua obra João diz O VERBO SE FEZ CARNE (Jo1,14), refere-se ao aniquilamento do filho de Deus, fala da sua descida ao nível mais baixo e sublinha a sua aceitação mesmo dos aspectos mais caducos da pessoa humana. COMER ESTE DEUS FEITO CARNE significa então reconhecer que a revelação máxima de Deus passa através do filho do carpinteiro, significa acolher a sabedoria vinda do céu, ou seja, de todos os elementos que caracterizam a fraqueza humana.

Mas mesmo, depois deste esclarecimento, não fica eliminado o aspecto escandaloso da proposta de jesus, como se pode COMER A SUA PESSOA? 

A reacção de escândalo por parte dos ouvintes é compreensível( v.52), pois compreendem que ele não de refere só à assimilação espiritual da revelação de Deus, mas também a um ( comer real) o que é que Ele quer com isso? 

Muitos textos bíblicos proíbem severamente esta pratica, porque a vida da carne está no sangue ( Lv 17,10-11) e a vida não pertence ao homem mas a Deus.

É nesta altura que se insere o discurso sobre a eucaristia vamos compreender o melhor possível.

Se partimos da constatação que , para alcançar a união de vida com Cristo, BASTA A FÉ na sua palavra, então perguntar-nos-emos com razão: PORQUE É PRECISO TAMBÉM RECEBER ESTE SACRAMENTO DA EUCARISTIA? Porque é que jesus acrescentou uma exigência tão difícil de compreender: COMER A CARNE E BEBER O SEU SANGUE? 

Nós sabemos que no mundo, por falta de presbíteros, aos domingos, a maioria das comunidades cristãs não se reúne `a volta do pão eucarístico, mas sim á volta da palavra de Deus, e estamos certos de que deste único alimento `a sua disposição eles recebem abundantemente a vida.

È significativo que a esse respeito, no v.54, jesus diga que quem come a sua carne e bebe o seu sangue tem a vida eterna, exactamente como no v.47 se afirma que o mesmo resultado o obtém quem acredita na sua palavra. 

POR QUE ENTÃO A EUCARISTIA? 

De mais, há que sublinhar que este sacramento que torna presente a pessoa de cristo, o gesto de se aproximar da eucaristia significa acolher a cristo e assimilar a sua palavra, aceitando que ela entre dentro de nós, anime toda a nossa vida e se torne parte de nós próprios, como acontece com o pão.

Eis a razão porque não se pode receber o pão eucarístico se, antes não se escutou a palavra de Deus. Quem opta por tornar-se uma só pessoa com Cristo sacramentado deve primeiro acolher a sua proposta, é como quando se assina um contrato: é preciso ler e avaliar com atenção todas as cláusulas.

Para ter a vida a vida divina, é indispensável assimilar a pessoa de cristo mediante a adesão à sua palavra.

 MAS É PRECISO TAMBÉM COMER O SEU CORPO E BEBER O SEU SANGUE. COMO? 

Jesus não está a falar de um corpo físico, a sua carne e o seu sangue não se podem comer ou beber materialmente, mas toda a sua pessoa, essa sim, deve ser assimilada, o discípulo deve apropriar-se dela isto pode acontecer através do sacramento através do sinal.

O objectivo que o discípilo de Cristo é chamado a alcançar, é a sua identificação com o mestre, é a união de vida com Ele, ISTO NÃO PODE ACONTECER MATERIALMENTE, PORQUE JESUS MORREU E RESSUSCITOU HÁ MUITOS SÉCULOS. 

Todavia, o seu gesto de amor total, dom da sua vida, podem ser representados todos os dias através de um sinal, durante a última ceia, Ele deixou aos discípulos a sua pessoa, deixou-se a Si mesmo, no sinal do pão, que se deve comer, e no sinal do vinho, que se deve beber, nestes sinais, ele está realmente presente e quem o recebe une-se a ele, torna-se uma única pessoa com Ele.

Por: Prof. 
Amadeu Pereira - Colaborador do Blog

O que é o barrete?

O barrete é um chapéu que pode ser usado tanto na Liturgia quanto fora dela. Também o Bispo, em missas simples nas quais não é obrigatório o uso da mitra, pode celebrar usando o barrete. 



Ele não tem as mesmas cerimônias da mitra: é retirado pela própria pessoa apenas com a mão direita, enquanto curva a cabeça para o lado; ninguém lhe impõe, mas o cerimoniário ou outro ministro pode recebê-lo; geralmente, é usado quando se caminha, enquanto está sentado e na homilia.
Ele nunca foi proibido, mas caiu em desuso, principalmente entre os padres. Pode ser usado em todas as celebrações litúrgicas.

Na imagem, Missa segundo o rito antigo, em São Paulo.
Créditos de imagem reservados.


Retirado da pagina : Ser padre

Galileu não tentava convencer ninguém de que a Terra é redonda

Galileu não tentava convencer ninguém de que a Terra é redonda. Isso todo mundo já sabia no século 17 (Tomás de Aquino, no século 13, já falava da esfericidade da Terra). O que Galileu defendia é que a Terra se move.

Galileu Galilei não morreu queimado. Ele morreu de morte natural em Arcetri rodeado pela sua filha Maria Celeste e os seus discípulos. Foi enterrado na Basílica de Santa Cruz em Florença.

Fonte : Professor Hugo Goes

Você sabia que tinha um padre no Naufrágio do Titanc que se recusou a usar os botes?


O Padre Thomas Bylesa, foi um padre que morreu no naufrágio do Titanic. Ele se recusou a usar os botes para sair do navio,pois queria ficar rezando e ministrando os sacramentos com a tripulação.Seu processo de canonização já foi aberto e curas através de sua interseção já foram registradas na Rússia e na Espanha. 



Quando o Titanic se começou a afundar, a 15 de Abril de 1912, o Padre Thomas Byles teve duas oportunidades para embarcar num barco salva-vidas.

Mas, de acordo com alguns passageiros a bordo do navio em queda, ele renunciou a essas oportunidades para ouvir confissões e oferecer consolação e orações aos que estavam presos a bordo.

Agora, um sacerdote na antiga igreja do Pe. Byles, em Inglaterra, está a pedir que se abra a sua causa de beatificação.

Morreram cerca de 1500 pessoas quando o Titanic chocou contra um iceberg e se afundou no Oceano Atlântico em 1912. Na altura considerado como "inafundável", o navio não tinha barcos salva-vidas suficientes para todos os passageiros, na sua viagem inaugural de Southampton para a cidade de Nova Iorque.

O Pe. Byles estava a viajar no Titanic para presidir ao casamento do seu irmão em Nova Iorque. O sacerdote britânico de 42 anos tinha sido ordenado em Roma 10 anos antes e tinha servido como prior na Igreja de Saint Hellen, em Essex, desde 1905.

Miss Agnes McCoy, uma passageira de terceira classe e sobrevivente do Titanic, disse que o Pe. Byles tinha estado no navio, a ouvir confissões, rezando com os passageiros e dando-lhes a sua benção enquanto o navio se afundava.

O testemunho de McCoy e os de outros passageiros a bordo foi reunido em www.fatherbyles.com.

Helen Mary Mocklare, outra passageira da terceira classe, ofereceu mais detalhes sobre as últimas horas de vida do sacerdote.

"Quando o imbate veio, fomos arremessados dos nossos lugares… Vimos diante de nós, a vir do corredor, com a sua mão levantada, o Padre Byles", lembrou ela. "Nós conhecíamo-lo porque ele tinha-nos visitado algumas vezes a bordo e tinha celebrado Missa para nós precisamente nessa manhã."

"Tenham calma, boa gente", dizia ele, e depois continuava pela terceira classe dando a absolvição e bençãos…"

Mocklare continuava: "Alguns à nossa volta ficavam em pânico e era então que o sacerdote voltava a levantar a sua mão e todos ficavam logo calmos, mais uma vez. Os passageiros estavam absolutamente surpreendidos com o auto-controlo absoluto do sacerdote."

Ela contava que um marinheiro "avisou o sacerdote do perigo que corria e suplicou-lhe para embarcar um barco". Apesar de o mariheiro estar ansioso por o ajudar, o sacerdote recusou sair as duas vezes.

"O Pe. Byles podia-se ter salvo, mas não ia deixar o barco enquanto um passageiro ainda ficasse e as súplicas do marinheiro não foram ouvidas," contou Mocklare." Depois de eu entrar no barco salva-vidas, que era o último a partir, e estávamos a afastar-nos devagarinho do Titanic, conseguia ouvir distintamente a voz do sacerdote e as respostas às suas orações."

Mais de um século depois, o Padre Graham Smith - o actual prior na antiga paróquia de Saint Helen do Pe. Byles - é o responsável por abrir a sua causa de beatificação.

Numa afirmação à BBC, o Pe. Smith anunciou o início do processo de começar a tratar da canonização do seu predecessor, que ele considera ser um "homem extraordinário que deu a sua vida pelos outros."

O Pe. Smith disse que na comunidade local, "estamos a esperar e a rezar que ele seja reconhecido como um dos santos do nosso cânon."
O processo de canonização precisa primeiro de reconhecer que a pessoa em questão viveu as Virtudes Cristãs num grau heróico. De seguida tem que ser aprovado um milagre atribuído à intercessão da pessoa para lhe ser conferido o título de "Beato".

Uma vez beatificado, é necessário outro milagre por interecessão do Pe. Byles para ele ser declarado santo.

"Esperamos que pessoas por todo o mundo lhe rezem se estiverem com dificuldade e, se um milagre acontecer, então a beatificação e canonização podem ir para a frente", disse o Pe. Smith.

in Catholic News Agency

Você sabia que quem descobriu o sistema heliocêntrico foi um padre católico?


Nicolau Copérnico (1473 — 1543) foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cônego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico.
Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria geocêntrica (que considerava a Terra como o centro), é tida como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.

Fonte : Professor Hugo Goes