quarta-feira, junho 17, 2015

Qual é a explicação teológica do TAU?



O Tau é a última letra do alfabeto hebraico. Foi usado com valor simbólico, pois o Antigo Testamento;Ele falou sobre já no livro de Ezequiel: "O Senhor disse: Vá até a cidade, através de Jerusalém e marcando uma Tau na testa dos homens que suspiram e choram ..." (Ez.9,4). É o sinal colocado na testa dos pobres de Israel, salvá-los de extermínio.
Com este mesmo significado e valor se ele também fala em Apocalipse: "E vi outro anjo subir do lado do oriente, e deu à luz o selo do Deus vivo, e clamou com grande voz aos quatro anjos que foram encomendados para ferir a terra eo mar, sem dizer danificado nem a terra, nem o mar, nem as plantas até que tenhamos selado em suas testas os servos do nosso Deus "(Ap.7,2-3).
O Tau é, portanto, um sinal de redenção. E 'sinal exterior de que a renovação da vida cristã, mais interiormente marcado pelo selo do Espírito Santo, que nos foi dada como um presente no dia do batismo (Ef.1,13).
O Tau foi adotada pelos primeiros cristãos. Este sinal já está nas catacumbas em Roma. Os primeiros cristãos adotaram o Tau por duas razões. Ele, como a última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último dia e tinha a mesma função que a letra grega Omega, como resulta do Apocalipse: "Eu sou o Alfa eo Ômega, o princípio eo fim. A quem tem sede eu darei da fonte da água da vida ... Eu sou o Alfa eo Ômega, o Primeiro eo Último, o Princípio eo Fim "(Ap.21,6; 22,13 ).
Mas, especialmente os cristãos adotaram o Tau, porque sua forma lembrou-lhes a cruz em que Cristo foi sacrificado para a salvação do mundo. 
São Francisco de Assis, pelas mesmas razões, estava se referindo a todos o Cristo, o último : para a semelhança com a cruz Tau, este sinal era muito querido, tanto que ele ocupou um lugar importante em sua vida, bem como nos gestos. Nele o sinal profético de idade é atualizado, você colorir novamente, ele recupera a economia de energia e expressa a bem-aventurança da pobreza, elemento substancial da forma de vida franciscana.
Era um amor que nasceu de uma veneração apaixonado da Santa Cruz, para a humildade de Cristo, objeto contínuo das meditações de Francisco e para a missão de Cristo através da Cruz deu a todos os homens o sinal e expressão seu grande amor. O Tau também foi para o sinal concreto de Santo certeza de salvação e vitória de Cristo sobre o mal. Francesco foi grande no amor e na fé neste signo."Com este selo, Francis assinado si mesmo sempre que necessário ou por caridade, enviou algumas cartas" (980 FF); "Com ele deu início à suas ações" (1347 FF). O Tau era então o mais caro para assinar Francis, seu selo, o sinal revelador de uma convicção espiritual profunda que só na Cruz de Cristo é a salvação de cada homem.
Assim, o Tau, que tem atrás de si uma tradição bíblico-cristã sólida, ele foi saudado por Francis em seu valor espiritual e Santo tomou posse tão intensamente e total a tornar-se a si mesmo, através do estigmas na sua carne, a o fim de seus dias, o Tau viva de que ele tinha tantas vezes contemplado, concebido, acima de tudo amado. 
Hoje, muitos membros da família franciscana: frades, freiras, seminaristas, aspirantes a ordem franciscana secular, jovens devotos e admiradores e amigos de St. Francesco, levar o Tau como um sinal distintivo de reconhecimento de que eles pertencem à família ou à espiritualidade franciscana.
O Tau não é um fetiche, nem uma bugiganga de tudo, é um sinal concreto de devoção cristã, mas também um compromisso de vida no seguimento de Cristo pobre e crucificado.
Receba Tau, levar em seu coração, é o compromisso com um caminho, para uma escola de vida. O cristão marcados com o sinal da cruz, no momento do seu batismo, deve tornar-se, carregando a cruz, através do sofrimento inevitável que envolve a vida, imitador e seguidor de Cristo, pobre e crucificado.Tau tem para nos lembrar que uma grande verdade cristã, a nossa vida associada com a de Cristo na cruz como um meio de salvação insubstituíveis.
Nós sabemos: nada vem de grande sem passar pelo sacrifício. Em seguida, congratulamo-nos com este sinal, vamos levá-lo com orgulho, nos defender, espiritualidade viviamone, vamos explicar através dele a "esperança que está em nós", consciente de que só pelo apego à cruz a cada dia que pode renascer com Ele, como Francisco, a vida realmente novo .
A Tau ...
É um sinal de reconhecimento do cristão, isto é, o Filho de Deus, a criança escapou do perigo, os salvos. É um sinal de uma poderosa proteção contra o mal (Ez.9,6). 
É um sinal de Deus queria para mim, é um privilégio divino (Ap.9,4; Ap.7,1-4; Ap.14,1 ). 
É um sinal dos remidos do Senhor, de ilibada, daqueles que confiam nEle, a quem identificar as crianças que sabem que são amados e precioso para Deus (Ez.9,6).
É a última letra do alfabeto hebraico (Sal.119 baixo). 
Na cruz de Jesus foi a condenação de criminosos, portanto, um símbolo de vergonha e escândalo. Os condenados por que foi amarrado a um pólo mãos atrás das costas; chegou ao local da execução, eles foram içadas em outro pólo verticalmente empurrados para o chão. A cruz TAU de Cristo, não é mais um símbolo de vergonha e derrota, torna-se um símbolo de um sacrifício pelo qual sou salvo.
É um símbolo da dignidade dos filhos de Deus, porque é a cruz que Cristo sofreu. É um sinal de que me lembra que eu devo ser muito forte nos testes, pronto para obedecer ao Pai e dócil em submissão, como foi Jesus antes de a vontade do Pai.
Geralmente é feita de madeira de oliveira, por quê? Porque a madeira é um muito pobre e dúctil; Os filhos de Deus são chamados a viver com simplicidade e na pobreza de espírito (Mt.5,3). A madeira é um material dúctil, que é facilmente trabalhado; até mesmo o cristão batizado, deve deixar-nos ser moldado na vida de todos os dias, a partir da Palavra de Deus, ser Voluntário do Seu Evangelho. Traga o TAU significa ter respondido SIM a minha vontade de Deus para me salvar, para aceitar sua proposta de salvação.
Que significa ser um pacificador, porque a oliveira é um símbolo de paz ("Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz" - St. Francis). St. Francis, com TAU abençoado e obtido muitas graças.Nós também podemos abençoar (veja bênção de São Francisco ou Nm.6,24-27). Bênção significa dizer bem, vai a bom para alguém.
No momento do nosso batismo, nós escolhemos para a madrinha e padrinho, começando agora a TAU, fazemos uma escolha livre por cristãos de fé madura.



Fonte: San Francisco


Respostas sobre o perdão dos pecados



Neste artigo tentarei colocar algumas respostas paras as perguntas mais frequentes sobre a confissão dos pecados, a importância que até mesmo Jesus deu aos apóstolos. Vamos começar a falar do perdão dos pecados.

Jesus possui duas naturezas: é Deus e, ao mesmo tempo, homem. Se assim não fosse, não teria como nos resgatar com o seu precioso Sangue, não é mesmo? Pois bem, os escribas também acusaram Jesus de não poder perdoar os pecados porque era um simples homem e até disseram: "Quem pode perdoar os pecados senão só Deus?" (Mc 2,7). Então Jesus respondeu: "Para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados..." (Mc 2,10), perdoou os pecados do paralítico e o curou na frente deles. Mais tarde, após sua ressurreição, Cristo apareceu aos seus apóstolos e lhes disse: "'Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio'. Dizendo isto, soprou sobre eles, e disse:

'Recebei o Espírito Santo. Aqueles aos quais perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; aqueles aos quais não perdoardes, ser-lhe-ão retidos'."

Observe que esse dom não foi dado a todos, mas somente aos seus discípulos, os Apóstolos, e - obviamente - aos seus sucessores. Tenha-se em mente, também, que não receberam esse dom extraordinário do Espírito Santo por causa de sua santidade ou impecabilidade (aliás, São João já dizia: "aquele que disser que não tem pecados é um mentiroso" - cf. 1Jo 1,8), mas por um dom merecido por Cristo e que lhes foi entregue para o bem das almas e da Igreja.
Então, porque esse orgulho todo? Até o papa e os bispos inclinam humildemente suas cabeças e se confessam para um simples sacerdote!! Temos mais é que deixar o nosso orgulho de lado e lembrar as palavras de Cristo: "Aquele que se humilha será exaltado; e quem se exalta será humilhado" (Lc 18,14).

veja algumas das perguntas mais frequentes sobre o perdão dos pecados e as respostas:

QUEM AUTORIZOU UM HOMEM A PERDOAR OS PECADOS?

A estes doze, e apenas a eles, Jesus deu o poder de perdoar os pecados (Jo 20,21-23). Note que ele deu este poder apenas aos apóstolos, e o fez depois de Sua Ressurreição. Não faria sentido dar este poder se isto não fosse necessário. O próprio São Paulo nos lembra da necessidade e da origem deste sacramento (2Cor 5,18).

PORQUE FOI TRANSMITIDO O PODER DE PERDOAR??

Mas não faria sentido que este poder acabasse na geração dos apóstolos. Afinal, por que nós precisaríamos menos do perdão dos pecados que a gente daquele tempo? É por isso que este poder foi transmitido aos sucessores dos Apóstolos, que seguiram a transmiti-los. A Igreja tem a sucessão de São Pedro, a quem Jesus entregou as chaves do Céu e a missão de apascentar o Seu rebanho. Desde então a Igreja tem ciosamente guardado a doutrina de Cristo e ministrado os Sacramentos por Ele instituídos como meios para nossa salvação.

O PODER DADO POR JESUS É PARA QUALQUER UM????

O poder de perdoar os pecados, porém, não deve ser conferido a qualquer um (1Tm 5,22), ainda que o valor do Sacramento independa da santidade pessoal do sacerdote (Rom 5,11). O objetivo é evitar escândalos causados por pessoas despreparadas, que não abraçam a graça a eles conferida pelo Sacramento da Ordem (1Tm 4,14).


AS IGREJAS QUE TEM SUCESSÃO APOSTÓLICA MAS NÃO SEGUE PEDRO, A CONFISSÃO É VALIDA?

Note que igrejas autocéfalas, como os coptas ou os nestorianos da Índia, apresentam praticamente da mesma forma o Sacramento da Reconciliação. Chamo à atenção estas igrejas porque separaram-se da Igreja há muito tempo. Os nestorianos da Índia seguem a sucessão apostólica de São Tomé, que ordenou seus primeiros bispos e deu a eles o poder de perdoar os pecados.

Os coptas, nestorianos e outros frequentemente apresentam erros graves de doutrina, por não se terem mantido sob Pedro, a quem Cristo deu o poder de ligar e desligar (expressões rabínicas significando estabelecer a verdadeira exegese de um texto bíblico que diga respeito a direitos e deveres). Mas mesmo assim, a Confissão é por eles considerada necessária.

PEDRO UTILIZOU O SACRAMENTO DA CONFISSÃO? E JUDAS , O TRAIDOR?

O próprio Pedro utilizou da confissão e arrependimento com Jesus ao tempo que Judas não confiou na misericórdia de Deus, porque ambos pecaram gravemente, mas Pedro não só foi perdoado como também foi colocado como chefe da igreja

PORQUE OS CATÓLICOS CONFESSAM OS SEUS PECADOS A UM MERO HOMEM ? NÃO SERIA MELHOR CONFESSÁ-LOS DIRETAMENTE A DEUS ?

Sim, seria melhor ir diretamente a Deus, e provavelmente este é o motivo pelo qual Cristo não escolheu este método. Nos confessamos a um homem, não pelo fato dele próprio ter o poder de perdoar os pecados, mas pelo fato de que ele atua como um agente ou juiz em nome de Deus, e perdoa os pecados em nome de Deus.


FOI JESUS QUEM INSTITUIU A CONFISSÃO???

As palavras da instituição provam que Cristo determinou a específica confissão dos pecados: "Disse-lhes, então, Jesus pela segunda vez: 'A Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio'. E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos..." (João 20,21-23). 

O QUE É PRECISO PARA SE CONFESSAR?

(em jo 20,11-23) conferiu aos seus Apóstolos o poder de PERDOAR ou RETER os pecados. Mas, para exercer este poder judicial, é necessário para o pecador acusar-se dos seus pecados. Muitos pecados são cometidos em segredo e o sacerdote-juiz não tem outra forma de conhecê-los a não ser pela confissão exata.

PORQUE JESUS DEU O DOM DE CONFESSAR OS PECADOS?

Não resta duvida que em Jo 20,21-23 o sopro de Cristo ressuscitado e as palavras:"recebei o (Dom do) Espirito Santo" expressa perfeitamente que os apóstolos não receberam o poder de perdoar os pecados em virtude de sua santidade ou impecabilidade,MAS COMO UM DOM ESPECIAL MERECIDO POR CRISTO E A ELES CONFERIDOS EM FAVOR DAS ALMAS REMIDAS PELO SEU SANGUE DERRAMADO NA CRUZ.

EXISTE ALGUMA PENA A QUEM SE CONFESSA?

Além disso, o sacerdote como juiz deve impor uma pena ou obra de satisfação que proporcionará a expiação dos pecados e auxiliará o pecador. Isto o sacerdote só pode fazer se souber quais pecados foram cometidos. 

O PADRE TAMBÉM É PECADOR, PORQUE ELE PODE PERDOAR?

O fato de que o padre também é um pecador, como o são todos os homens, não afeta o poder que ele exerce. O seu poder provém de seu ofício. O mesmo se dá com o Presidente da República ou com o Juiz de Direito em nossas cortes civis: a vida particular dessas pessoas não afetam a autoridade que receberam da Constituição do país. Dai dizer que eu não me confesso com um padre porque ele é pecador é a mesma coisa que dizer "que não vou a um medico porque ele também fica doente".Por isso que até mesmo o Papa dobra humildemente a cabeça a um sacerdote para se confessar e receber o perdão de Deus. 

I Joao 1:8-10 "Se dissermos que não temos pecado algum, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não esta em nós.Se confessarmos os nossos pecados , Ele é fiel e justo e nos perdoa dos nossos pecados e nos purifica de toda iniquidade.Se dissermos que não temos pecados, taxamo-lo de mentiroso e sua palavra não está em nós"

Por : Rogerio ( Sacro Sancttus )
Fonte: Exurge Domini 

Porque tantas criancas somem apos a primeira comunhao?



Normalmente os catequizando terminam sua preparação para a Vida Eucarística no inicio da adolescência. Esta fase da vida é muito especial e bonita, mas também bastante controvertida. É a fase das descobertas, dos questionamentos, da busca do novo, da afirmação da pessoa diante de si mesma e do mundo onde vive.

A adolescência é a etapa da vida em que a pessoa já começa a se preocupar com seu futuro, a aderir os novos grupos, enfim a exercer sua liberdade. Nessa fase surgem os namoros, as vocações, os projetos...

Muitos assuntos que até então não se preocupavam começar a gerar questões. É a fase do questionamento da autoridade dos pais, dos professores e da Igreja. Tudo isso sem contar com a indefinição própria desse período. Não são crianças nem jovens. Já podem algumas coisas e ainda anão podem outras...

Alguns adolecentes continuam a participar da comunidade. O mais comum, infelizmente, tem sido a perda do interesse. E a catequese tem grande responsabilidade nisso!
Se a catequese infantil favoreceu o amadurecimento na fé e despertou nas crianças o valor d avida em comunidade, favorecendo sua participação, possivelmente estas não vão desaparecer na adolescência. Para elas, a comunidade será uma família e o grupo da catequese será um circulo de amizade.

Se ao contrario predominou uma catequese doutrinaria, baseada na obrigação ou reduzida ao objetivo de receber a primeira Comunhão, o resultado não será o mesmo. Daí vem a preocupação que toda a comunidade deve ter e catequese permanente e progressiva.

Quando a criança descobre o valor da Vida Eucarística, sua caminhada catequética esta apenas começando. Mas não deve ser mais uma catequese infantil! É preciso adaptar o conteúdo aos anseios e necessidades do adolescente, para despertar seu interesse e favorecer sua participação.


Tirado de: Exesurge Domini 
Fonte Original: Catequese Hoje / Folheto O Domingo

terça-feira, junho 16, 2015

O homem foi feito “à imagem e semelhança de Deus?”






O homem foi feito “à imagem e semelhança de Deus?”
 Tomás de Aquino explica.

Reflexões do Pe. Anderson Alves, Doutor em filosofia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma e professor na Universidade Católica de Petrópolis, Brasil.
Rio de Janeiro, 05 de Junho de 2015 (ZENIT.org) Pe. Anderson Alves | 1758 visitas


Uma das afirmações bíblicas mais conhecidas e fonte do humanismo cristão diz que o homem foi feito “à imagem e semelhança de Deus”. Porém, qual seria o significado dessa expressão? “Imagem” e “semelhança” significam a mesma coisa ou há algo de específico em cada uma dessas noções? O homem, com o pecado, perdeu a imagem ou a semelhança com Deus? Santo Tomás de Aquino tratou com profundidade essas questões na sua Suma Teológica (I, q. 93, arts. 1-9) e vamos procurar expor o que ele disse numa série de textos.

Em primeiro lugar, parece que a expressão “à imagem e semelhança de Deus” não é muito adequada, pois São Paulo disse no Novo Testamento que somente Cristo é o primogênito de toda criatura e imagem perfeita de Deus (Col. 1, 15). Esse versículo parece fazer o antigo texto de Gênesis obsoleto.

Entretanto, a afirmação do Antigo Testamento, “façamos o homem a nossa imagem e semelhança” (Gn. 1, 26), não pode ser abandonada. É uma afirmação verdadeira e sempre válida. É preciso compreender o que distingue as noções de “imagem” e “semelhança” para compreender o sentido dos dois versículos bíblicos antes citados.

Segundo Santo Agostinho, “onde se dá a imagem se dá imediatamente a semelhança, mas onde há semelhança não há imediatamente imagem” (Octaginta trium quaest.). Isso significa que “semelhança” é essencial à imagem, fazendo parte daquela noção. “Imagem” então acrescenta algo ao conceito de “semelhança”: a noção de ser sido feito por outro. Uma imagem imita a outra coisa e depende sempre da coisa que imita. A imagem é, pois, uma semelhança que depende necessariamente de outro e deriva do ato de imitar. O exemplo que dá Santo Tomás é ilustrativo: um ovo pode ser semelhante a outro, sem ser imagem daquele. A imagem de um homem no espelho é semelhante ao homem, e procede necessariamente dele.

A imagem inclui em si a noção de semelhança e acrescenta a ela a ideia de ser dependente de outro. A noção de imagem, porém, não requer a igualdade. A imagem de uma pessoa pode ser refletida no espelho, o que não faz que haja igualdade total entre a pessoa e sua imagem. Porém, se houver a igualdade, diz-se que imagem é uma perfeita imitação do que foi representado. Sendo assim, o homem é imagem de Deus porque há certa semelhança de Deus nele. O homem, de fato, depende dele como sua causa última. Não há, porém, igualdade entre Deus e o homem, visto que Deus supera infinitamente o mesmo homem.

O homem, portanto, possui uma imagem imperfeita de Deus. Por isso Gen. 1, 26 diz que o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. “À” indica precisamente aproximação.

Jesus Cristo, por sua vez, é o primogênito de toda criatura e imagem perfeita de Deus (Col. 1, 15). Note-se que São Paulo diz que Jesus é Imagem de Deus, e não “à imagem”. Isso significa que o Filho possui uma semelhança perfeita com o Pai, pois ambos possuem a mesma natureza divina. Jesus Cristo, de fato, é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai” (Credo Niceno-constantinopolitano). Santo Tomás faz a seguinte comparação: em Jesus Cristo se dá a imagem de Deus assim como a imagem de um rei está presente no seu filho natural. A imagem de Deus no homem, por sua vez, se dá como a imagem de um rei na sua moeda.

Desse modo, fica esclarecido que o homem foi feito “à imagem e semelhança de Deus” e Jesus Cristo é a Imagem perfeita de Deus, pois quem o vê, vê o Pai (Jo. 14, 7).

(05 de Junho de 2015) © Innovative Media Inc.

Criação ou Evolução?





O que dizer da evolução das espécies?



A Igreja não se opõe a nenhuma teoria científica realmente comprovada. No caso da evolução das espécies, a Igreja deixa a cargo da Ciência falar sobre a questão. O que ela não aceita é a teoria materialista da evolução, segundo a qual esta teria ocorrido, ou ocorre, apenas pela força biológica da própria matéria, sem a intervenção, o querer, de Deus. A Igreja não pode aceitar que a matéria tenha gerado a alma, o espírito do homem; isto é contra a própria filosofia que não aceita que um ente menos nobre (matéria) possa ter gerado um mais nobre (a alma). É só aqui que a Igreja discorda da teoria da evolução.



Criação ou Evolução?

D. Estevão Bettencourt . sb Mosteiro de S.Bento - Rio de Janeiro

Primeiro relato: ”No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz foi feita.” [...] (Gn 1, 1-3).


O segundo relato da criação do mundo e do homem (Gn 2, 4b-3724), em síntese, põe em confronto o homem e a mulher para afirmar que compartilham a mesma natureza e tem a mesma dignidade. Assim, criação e evolução não se opõem entre si, desde que se admita que Deus criou a matéria inicial, dando-lhe as leis de sua evolução, e cria até hoje toda alma humana (que é espiritual).

A explanação do hexaemeron exige naturalmente um estudo do relato que lhe é paralelo e se encontra em Gn 2, 4b-25. Por conseguinte as páginas subsequentes abordarão o assunto.




1. O relato javista e a origem do homem


Em Gn 2, 4b tem início outra narração referente às origens, de estilo mais primitivo que a anterior: Recorre a muitos antropomortismos (Deus é oleiro, jardineiro, cirurgião, alfaiate, em vez de criar com a sua palavra apenas, como em Gn 1,1-2, 4a); não menciona nem o mar com seus peixes nem os astros (o que revela horizontes limitados). Data do século X a.C. (fonte javista, J). Essa descrição começa por notar que não havia arbusto, nem chuva, nem homem, mas apenas uma fonte de água, que ocasionava a existência de barro. Para compreender a intenção do autor sagrado, examinemos, antes do mais, a dinâmica do texto em pauta:

Muito estranhamente, Deus cria em primeiro lugar o homem (2, 7). Depois planta um jardim ameno, onde o coloca (2, 8.15); verifica que o homem está só (2,18). Cria os animais terrestres (2,19); mas o homem continua só (2, 20). Então Deus cria a mulher e a apresenta ao homem, que exclama: “Esta sim! É osso dos meus ossos e carne da minha carne!” (2, 23). Este curso de idéias poderia ser assim reproduzido:

HOMEM
MULHER
Plantas, animais.

(o homem está só)

Vê-se, pois, que o relato não tem em mira descrever a fenomenologia ou o aspecto científico da origem das criaturas, mas, sim, visa a responder a uma pergunta: qual o relacionamento existente entre o homem e a mulher? Qual o papel da mulher frente ao homem? Estas questões de ordem filosófico-religiosa perpassam todo o relato. Para responder-lhes, o autor apresenta o homem (varão) sozinho; verifica duas vezes que ele está só, porque nenhuma planta e nenhum animal se lhe equiparam; finalmente Deus tira matéria do próprio homem para com ela formar a mulher; assim se justifica a exclamação: `Esta sim! E da minha dignidade!` Desta forma, o texto sagrado nos diz que a mulher não é inferior ao homem, mas compartilha a natureza do homem; é o vis-à-vis do homem. Esta afirmação é de enorme valor: já no século X a.C. a Sagrada Escritura propunha uma verdade que muitos povos hoje não conseguem reconhecer e viver.


2. Evolucionismo e Criacionismo

O autor sagrado apresenta origem distinta para o homem e para a mulher. Analisemos um e outro caso.



1. Origem do homem.

Será que o texto de Gn 2, 7 quer dizer algo sobre o modo como apareceu o homem na face da terra ?


Respondemos negativamente.


O autor sagrado utilizou a imagem do Deus-Oleiro, que era assaz freqüente nas tradições dos povos antigos. Com efeito, no poema babilônico de Gilgamesh conta-se que, para criar Enkidu, a deusa Aruru `plasmou argila`. Na lenda assiro-babilônica de Ea e Atar-hasis, a deusa Miami, intencionando criar sete homens e sete mulheres, fez quatorze blocos de argila; com estes, suas auxiliares plasmaram quatorze corpos; a deusa rematou-os, imprimindo-lhes traços de indivíduos humanos e configurando-os à sua própria imagem.


No Egito um baixo-relevo em Deir-el-Bahari e outro em Luxor apresentam o deus Cnum modelando sobre a roda de oleiro os corpos respectivamente da rainha Hatshepsout e do Farad Amenofis III; as deusas colocavam sob o nariz de tais bonecos o sinal hieroglífico da vida (ank), para que a respirassem e se tornassem seres vivos.

Entre Os Maoris da Nova Zelândia, conta-se o seguinte episódio: Um certo deus, conhecido pelos nomes de Tu, Tiki e Tané, tomou argila vermelha à margem de um rio, plasmou-a, misturando-lhe o seu próprio sangue, e dela fez uma cópia exata da Divindade; depois, animou-a soprando-lhe na boca e nas narinas; ela então nasceu para a vida e espirrou. O homem plasmado pelo criador Maori parecia-se tanto com este que mereceu por ele ser chamado Tiki-Ahua, isto é., Imagem de Tiki.


Compreende-se, pois, que o tema do Deus-Oleiro, ocorrente também na Bíblia, não passa de metáfora. Quer dizer que, como o oleiro está para o barro, assim Deus está para o homem. E como é que está o oleiro para o barro? Numa atitude de sabedoria, carinho, maestria, providência... Assim também Deus está para o homem, qualquer que tenha sido a modalidade de origem do ser humano. Não se queira extrair desta passagem alguma lição de teor cientifico.




2. Origem da mulher.

Que significa a costela extraída de Adão (= homem) para dar origem a mulher? Não implica que esta tenha tido princípio diferente do homem. O tema da costela há de ser entendido a partir das palavras finais de Adão: `Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne` (Gn 2, 23); tal afirmação é rnetafísica, e significa: a mulher é da natureza ou da dignidade do próprio homem, em oposição aos demais seres (pois, embora cercado destes, o autor enfatiza que o homem estava só). Ora, para preparar e justificar esta asserção a respeito da dignidade da mulher, o autor descreve o próprio Deus a tirar carne e osso (uma costela) do homem a fim de formar o corpo da mulher; a `extração` da costela e a formação da mulher, no caso, não tem sentido literal, mas vem a ser a maneira `plástica` de afirmar a igualdade de natureza do homem e da mulher.

É à luz desta verdade que se deve entender também o desfile de animais perante o homem e a imposição de nome a cada um deles (2, 1 9s). `Impor o nome`, para os antigos, significa `reconhecer a essência, a identidade do ser nomeado`. O autor sagrado magma Adão a impor nomes aos animais para poder enfatizar de modo muito concreto que nenhum animal era adequado ao homem; notemos que, antes e depois do `desfile`, O texto verifica que o homem estava só (2,18.20). Devemos, pois, concluir que tal cena não tem sentido literal, mas visa apenas fazer o contraste entre o homem e os animais inferiores e assim preparar o surto da mulher `feita da costela` ou participante da dignidade do homem.


Não se deve, pois, na base do texto bíblico, atribuir a mulher origem diversa da que tocou ao homem.


3. Resta, então, indagar: que diz o texto sagrado sobre a maneira como apareceu o ser humano?


A Bíblia não foi escrita para dirimir o dilema `criação ou evolução`.

Todavia, a partir de premissas filosóficas e teológicas, é preciso dizer que o dilema não existe. Vejamo-lo por partes.

Quanto ao homem, a pergunta é colocada popularmente nestes termos: `Vem do primata ou não?`


Responderemos distinguindo entre corpo e alma do homem. O corpo, sendo matéria, pode provir de matéria viva preexistente; não proviria dos macacos hoje existentes, pois estes já são muito especializados e não evoluem mais; proviria, porém, do primata ou do ancestral dos macacos e do corpo humano. A alma, contudo, não teria origem por evolução, mas por criação direta de Deus; sendo espiritual, ela não provem da matéria em evolução (o espírito não é energia quantitativa, nem fluído nem éter; por isto não pode originar-se da matéria). Assim, se conciliam criação e evolução no aparecimento do homem; pode-se admitir que, quando o corpo do primata estava suficientemente evoluído ou organizado, Deus lhe infundiu a alma espiritual, diretamente criada para dar-lhe a vida de ser humano. Isto terá ocorrido tanto no surto do homem como no da mulher.


Considerando agora o universo, podemos dizer que a matéria inicial, caótica (nebulosa), donde terá procedido a evolução, foi criada diretamente por Deus (não é matéria eterna). Deus lhe haverá dado as leis de sua evolução de modo que dela tiveram origem os minerais, os vegetais e os animais irracionais até o limiar do homem. Quando o Senhor Deus quis que este aparecesse na face da terra, realizou outro ato criador, infundindo a alma espiritual no organismo do ser evoluído. que se pode reproduzir no seguinte esquema:


Ato criador

Matéria inicial
Minerais, vegetais, animais,organismo aperfeiçoado, (nebulosa),irracionais
Evolução
Ato criador da alma espiritual


No tocante à origem da vida, é preciso distinguir vida vegetativa, da sensitiva e vida intelectiva. As duas primeiras modalidades dependem de um princípio vital material, que bem pode ter sido eduzido da matéria em evolução. Ao contrário, a vida intelectiva depende de um princípio vital (a alma) espiritual, que só pode provir de um ato criador de Deus.



3. Monogenismo ou poligenismo?

Pergunta-se: quantos indivíduos houve na origem do gênero humano atual?


É costume responder: um homem (Adão) e uma mulher (Eva). Esta afirmação pode ser licitamente repensada em nossos dias.


A ciência reconhece três hipóteses referentes ao número de indivíduos primitivos:


Polifiletismo: muitos troncos ou berços do gênero humano (na Ásia, na África, na Europa...).
Monofiletismo:

- poligenismo: um só berço com muitos casais. (um só tronco e vários seres)
- monogenismo: um só berço com um casal só.

Ora, a primeira hipótese (polifiletismo) contraria a fé e as probabilidades científicas. Não se diga que o gênero humano apareceu sobre a terra em localidades diversas simultaneamente.

0 monofiletismo monogenético (um casal só) é a clássica tese, aparentemente deduzida da Bíblia. Todavia verifica-se, após leitura atenta do texto sagrado, que não é a única hipótese conciliável com a fé. O poligenismo não se opõe a esta. E por quê?

A palavra hebraica Adam significa homem; não é um nome próprio, mas substantivo comum. Por conseguinte, quando o autor sagrado diz que Deus fez Adam (ou Adão) quer dizer que fez o homem, o ser humano, sem tencionar especificar o número de indivíduos (um, dois ou mais...). Muito significativo é o texto de Gn 1, 27: `Deus criou o homem (Adam) a sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele os criou`. Neste versículo verifica-se que a palavra Adam não designa um indivíduo, mas a espécie humana diversificada em homem e mulher. O nome `Eva` também não é nome próprio, mas significa em hebraico `mãe dos vivos` (Gn 3, 20). Fica, pois, aberta ao fiel católico a possibilidade de admitir mais de um casal na origem do gênero humano. O que importa, em qualquer hipótese, é afirmar que os primeiros pais (dois ou mais) foram elevados à filiação divina (justiça original) e que, submetidos a uma prova, não se mantiveram no estado de amizade com Deus (cometeram o pecado original). - Seria falso, porém, dizer que Adão e Eva nunca existiram ou que são fábula ou alegoria: são tão reais quanto o gênero humano é real; o texto sagrado nos diz que Deus tratou com o homem nas suas origens,... com o homem real, e não com um ser fictício. E a história referente aos primeiros pais da história real, embora narrada em linguagem figurada (serpente, árvore, fruto...). De resto, é inútil insistir sobre a questão `poligenismo ou monogenismo?`, pois não há critérios científicos para dirimi-la (a ciência até hoje não tocou a estaca zero do gênero humano); apenas interessa notar que a hipótese poligenista não contraria a fé.


A origem das raças não exige o polifiletismo. Com efeito: o conceito de `raça` é assaz flexível; raça resulta de um conjunto de determinados elementos do ser humano (cor da pele, forma dos olhos, tipo de cabelo...). Todavia a mesclagem desses elementos é tão variegada sobre a face da terra que há uma gama contínua de tipos entre o indivíduo branco, o negro, o amarelo... Em conseqüência, a origem desses tipos raciais pode explicar-se a partir de um só principio: devem-se não somente as diversas condições de clima, alimentação, trabalho, das populações, mas também ao fenômeno do mutacionismo (mudanças bruscas em indivíduos raros, que se transmitem estavelmente).


São estes alguns comentários que o texto de Gn sugere ao estudioso contemporâneo.



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Fonte: Exsurge Domini
Fonte original: Catolicos a Caminho

O que é o Modernismo?



Uma definição completa do Modernismo seria especialmente difícil. Inicialmente ele sustenta-se por certas tendências e secundariamente por um corpo de doutrina que, se não deu a luz a estas tendências, serve de qualquer modo, como sua explicação e suporte.

Na Encíclica “Pascendi”, o Papa Pio X diz que o modernismo é a conjunção de todas as heresias. A idéia geral do modernismo foi expressa pelo que se segue:

“Modernismo é moderno num sentido falso da palavra; ele é um estado mórbido de consciência entre católicos e especialmente jovens católicos, que professam diversos ideais, opiniões, e tendências. De vez em quando estas endências desenvolvem-se em sistemas, que são para renovar as bases e a superestrutura da sociedade, política, filosofia, teologia, da Igreja mesma e da religião cristã” (Abbate Cavallanti)

O Modernismo pode ser resumido sob os seguintes pontos:

Um espírito de completa emancipação, tendendo a enfraquecer a autoridade eclesiástica; a emancipação da ciência, que deve percorrer todos os campos de investigação sem medo de chocar-se com a Igreja;

A emancipação do Estado que nunca deve ser constrangido pela autoridade religiosa;
A emancipação da consciência pessoal, cujas inspirações não devem ser condenadas por definições Papais ou anátemas;

Uma emancipação da consciência universal, com a qual a Igreja deve ser sempre concordante;
Um espírito de movimento e mudança, com uma inclinação para uma abrangente forma de evolução que como tal abomina qualquer coisa fixa e estacionária;

Um espírito de reconciliação entre todos homens pelos sentimentos do coração.

Adaptado de Vermeersch, A (1911) "Modernism" em “The Catholic Encyclopaedia”, Volume X, Robert Appleton Company, New York. Fonte: http://www.sspx.co.uk/articles.php?articleid=75

Este tal espírito de abominação ao que é imóvel e fixo, gera naturalmente por força de seu próprio impulso, a abominação a Verdade, visto esta ser imutável. Pela negação das verdades de natureza absoluta, podemos dizer que o modernismo também se constitui uma espécie de insensatez, ou mesmo insanidade.

Este mesmo espírito gera o desprezo ao passado da Igreja, tanto em sua historia, seus dogmas, seus ritos, etc. Na consciência contaminada pelo “câncer” do modernismo, é um estado normal de pensamento a condenação de tudo o que realizou a Igreja em seu passado. Os que pretendem defender a Igreja de sempre, normalmente se verão diante de pseudo-dilemas como o que se segue, transcrito da  “Carta aos católicos perplexos”, Cap. XVII, pág. 74, de Mons. Marcel Lefebvre, e agudamente refutado por ele ao final desta citação (os negritos são meus): 

Ora atualmente, se quer pôr todo o mundo em pesquisa “como se o Credo não nos tivesse sido dado, como se Nosso Senhor não tivesse vindo trazer a Verdade, uma vez por todas. Que se pretende encontrar com toda esta pesquisa? Os católicos a quem se quer impor ”reconsiderações”, após se lhes ter feito “esvaziar suas certezas”, devem lembrar-se do seguinte: o depósito da Revelação terminou no dia da morte do último Apóstolo. Acabou, não se pode mais nele tocar até a consumação dos séculos. A Revelação é irreformável. O concílio I do Vaticano relembrou-o explicitamente: “a doutrina de fé que Deus revelou não foi proposta às inteligências como uma invenção filosófica que elas tivessem que aperfeiçoar, mas foi confiada como um depósito divino à Esposa de Jesus Cristo (Igreja) para ser por Ela fielmente conservada e infalivelmente interpretada.”

(...)
Isto é tão certo que constitui a regra a seguir para julgar os erros que se nos propõem quotidianamente e para rejeitá-los sem nenhuma concessão. Bossuet o escreveu com energia: “Quando se trata de explicar os princípios da moral cristã e os dogmas essenciais da Igreja, tudo o que não aparece na tradição de todos os séculos e especialmente na Antigüidade, é por isso mesmo não somente suspeito, mas mau e condenável; e é o principal fundamento sobre o qual todos os santos Padres (da Igreja) e os papas mais que os outros, condenaram falsas doutrinas, não havendo nada de mais odioso à Igreja romana que as novidades.”

O argumento que se faz valer aos fiéis aterrorizados é este: 

“Vós vos agarrais ao passado, sois passadistas, vivei com vosso tempo!” Alguns desconcertados, não sabem o que responder; ora, a réplica é fácil; aqui não há nem passado nem presente, nem futuro, a Verdade é de todos os tempos, ela é eterna.


Fonte: Jovens na fé
Transmissão: Fábio Calixto
(Retirado de: http://legion.gibbering.net/boanova/blog/ )

A Sintese mariana do Concilio Vaticano II




A Doutrina tradicional Católica de Maria Mãe dos Cristãos recebeu uma nova formulação na constituição sobre a Igreja no Concilio Vaticano II, onde ela esta incluída no quadro mais amplo do Lugar de Maria na historia da salvação e no mistério de Cristo.

"Predestinada desde a eternidade junto com a Encarnação do Verbo Divino, como Mãe de Deus, por desígnio da Providência divina, a Bem-aventurada Virgem foi nesta terra a sublime mãe do Redentor, singularmente mais que os outros Sua generosa companheira e humilde serva do Senhor. Ela concebeu , gerou nutriu a Cristo, apresentou-O ao Pai no templo, compadeceu com seu Filho que morria na cruz. Assim de modo inteiramente singular, pela obediência ,fé ,esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por tal motivo ela se tornou para nós mãe na ordem na graça" (Lumem Gentium 61)

O mesmo Concílio preocupa-se com determinar exatamente o sentido dessa maternidade de Maria, dizendo:

"A materna missão de Maria a favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui esta mediação única de Cristo, mas até ostenta sua potencia, pois todo o salutar influxo da Bem-aventurada Virgem a favor dos homens não se origina de alguma necessidade interna, mas do divino beneplácito. Flui dos superabundantes méritos de Cristo, mas repousa na sua mediaçao, dela depende inteiramente e dela aufere toda a força. De modo algum impede, mas at;e favorece a união imediata dos fiéis com Cristo" (Lumem Gentium 60).

Ao lado do título de Maria Mãe de Deus e dos crentes,a outra categoria fundamental que o Concílio usa para esclarecer a função de Maria, é aquela de modelo, ou de tipo :

"Em virtude da graça da divina maternidade e da missão pela qual ela está unida com seu Filho Redentor, e em virtude de seus singulares graças e funções, a Bem-aventurada Virgem esta também intimamente relacionada com a Igreja. Já Santo Ambrósio ensinava que a Mãe de Deus é o tipo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo" (Lumem Gentium 63).

As luzes deste texto e do que dissemos até aqui podemos resumir o dúplice relacionamento de Maria com Jesus e com a Igreja de maneira seguinte : com respeito a Jesus, Maria é amãe e discípula; com respeito à Igreja, ela é mãe e mestra, isto é , modelo, tipo exemplar. Ela pode, de verdade, dizer como Paulo e mais do que Paulo : Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo (I Cor 11,1). De fato, ela é nosso modelo e mestra exatamente porque é perfeita discípula e imitadora de Cristo.

A novidade maior deste tratado sobre Maria consiste como se sabe, em ele ser colocado no cotexto do tratado sobre a Igreja. Com isso o Concílio -não sem sofrimentos e feridas, como é inevitável nesses casos - atuava uma profunda renovação na mariologia dos últimos seculos. O discurso sobre Maria já não esta isolado, como se ela ocupasse uma posição intermediária entre Cristo e a Igreja, mas é reconduzido ao âmbito da Igreja,como tinha sido na época dos Santos Padres. Maria é considerada, como dizia Santo Agostinho, como o membro mais excelente da Igreja, mas um membro seu, não fora ou acima dela:

"Santa é Maria, bem aventurada é Maria, mas a Igreja é mais importante que a Virgem Maria. Porquê? Porque Maria é uma parte da Igreja, um membro Santo, excelente, superior a todos os outros, mas sempre um membro do corpo. E se é um membro do corpo, sem duvida o corpo é mais importante que um membro" Santo Agostinho, Sermão 72A (=Denis 25), 7 (Miscellanea Agostiniana I,p.163).

Isso não impediu ao Concílio de realçar também o relacionamento único, não partilhado pelo resto da Igreja, mas que Maria tem com Cristo, enquanto sua mãe. De fato o tratado sobre ela tem o título de Mãe da Igreja:

"Para a glória, pôs, da Virgem e para nossa consolação, nós proclamamos Maria Santíssima 'Mãe da Igreja', isto é, de todo o povo de Deus, seja dos fiéis como dos Pastores, que a invocam como Mãe amorosíssima; e queremos que com este suavíssimo título de agora em diante a Virgem seja, ainda mais honrada e invocada por todo o povo cristão" (Paulo VI, discurso de encerramento do terceiro período do Concilio (AAS 56, 1964, p. 1016).

Fonte: Maria, Um espelho para a Igreja
Autor: Raniero Cantalamessa

O Crucifixo de São Damião

                    O Crucifixo de São Damião foi pintado no século XII por um desconhecido artista da Úmbria, região da Itália. A pintura é de estilo romântico, sob clara influência oriental: o pedestal sobre o qual estão os pés de Cristo pregados separadamente; e de influência siríaca: a barba de Cristo; a face circundada pelo emoldurado dos cabelos; a presença dos anjos e cruz com a longa haste segurada na mão, por Cristo (só visível na pintura original), no alto, encimando a cruz.

O Crucifixo original de São Damião está guardado com grande zelo pelas irmãs Clarissas, na Basílica de Santa Clara de Assis, e é visitado por estudiosos, devotos e turistas do mundo todo. É um monumento histórico franciscano e universal.

Outros dados

• Sem o pedestal, o Crucifixo original mede dois metros e dez centímetros de altura e um metro e trinta centímetros de largura.
• A pintura foi feita em tela tosca, colada sobre madeira de nogueira.
• Naquele tempo, nas pequenas igrejas, o Santíssimo não era conservado, isto é, a Eucaristia não era guardada mas, consumida no dia. Por isso, supõe-se que Crucifixo foi pendurado no ábside sobre o altar da capela, no centro da Igreja.
• Provavelmente o Crucifixo permaneceu na Igreja de São Damião até que as Irmãs Pobres, em 1257, o levaram consigo à nova Basílica de Santa Clara. Guardaram-no no interior do coro monástico por diversos séculos. No ano de 1938, a artista Rosária Alliano restaurou o Crucifixo com grande perícia, protegendo-o inclusive contra qualquer deterioração.
• Desde 1958 ele está sobre o altar, ao lado da capela do Santíssimo, na Basílica de Santa Clara, protegido por vidro.

Descrição detalhada da pintura

Descobre-se, à primeira vista, a figura central do Cristo, que domina o quadro pela sua imponente dimensão e pela luz que sua esplêndida e branca figura difunde sobre todas as pessoas que o circundam e que estão todas vivamente voltadas para Ele. Esta luz vivificante que brota do interior de sua Pessoa (Jo, 8,12) fica ainda mais destacada pelas fortes cores, especialmente o vermelho e o preto.

Também impressiona este Cristo ereto sobre a cruz e não pendurado nela, com os olhos abertos, olhando o mundo.

Apresenta ainda uma auréola de glória com a cruz triunfante oriental em vez de uma coroa de espinhos, porque tornou-se vitorioso na paixão e na morte.

Aparecem os sinais de crucificação e as feridas sangrentas mas o sangue redentor se derrama sobre os anjos e santos (sangue das mãos e dos pés) e sobre São João (sangue do lado direito).

Cristo se apresenta vivo, ressuscitado (Jo 12,32), de pé sobre o sepulcro vazio e aberto (indicado pela cor preta), visível por trás. Com as mãos estendidas, Cristo está para subir ao céu (Jo 12,32).

A inscrição acima da cabeça de Cristo, “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum” Jesus Nazareno Rei dos Judeus é também própria do Evangelho de João.



Sobre a inscrição, está a ascensão em forma dinâmica, na figura do Cristo ascendente, com o troféu da cruz gloriosa na mão esquerda (só visível na pintura original) e com a mão direita para a mão do Pai, no céu.

Do alto, a mão direita do Pai acolhe o seu Filho, circundado dos anjos (e santos) na glória celeste.

As cores vermelha e púrpura são símbolos do divino; o verde e o azul, do terrestre. Para “ver” bem o conjunto da pintura, deve-se realmente parar diante do Crucifixo pois, ordinariamente, olha-se a imagem somente, de longe, como “turistas”.

À direita do corpo de Cristo, aparecem as figuras de Maria e João, intimamente unidas, enquanto Maria indica o discípulo predileto com a mão direita (Jo 19,26). À esquerda, estão as duas mulheres, Maria Madalena e Maria de Cléofas, primeiras testemunhas da ressurreição (Jo 19,25).

E, embora Maria, à direita e Maria Madalena, à esquerda, ergam a mão direita no rosto em sinal de dor, nenhuma das outras pessoas próximas, manifesta expressão de sofrimento profundo mas uma adesão cheia de fé ao Cristo vitorioso, Salvador.

À direita das duas mulheres vê-se o centurião com a mão erguida, olhando para o Crucifixo. Com esse gesto está a dizer: “Verdadeiramente este é o Filho de Deus”.

Sobre os ombros do centurião aparece a cabeça de uma pessoa em miniatura, cuja identidade se discute: poderia ser o filho do centurião, curado por Jesus (Jo 4,50) ou um representante da multidão ou ainda, o autor desconhecido da pintura.

Aos pés de Maria e do centurião, vê-se o soldado chamado Longino que, pela tradição, com a lança traspassa o lado de Jesus e, o portador da esponja, chamado de Estepatão, segundo a tradição (Jo 19,29). Ambos estão voltados para o Crucifixo.

Debaixo das mãos de Jesus, à direita e à esquerda, encontram-se dois anjos com as mãos erguidas, em intenso colóquio. Parecem anunciar a ressurreição e ascensão do Senhor.

As duas pessoas, à extrema direita e esquerda, parecem anjos ou talvez mulheres que acorrem ao sepulcro vazio.

Aos pés de Jesus a pintura original encontra-se muito deteriorada. É provável que seja: São Damião, São Rufino, São João Batista, São Pedro e São Paulo. Acima da cabeça de São Pedro, está a figura do galo (só visível na pintura original), a lembrar a negação de Pedro a Cristo (Jo 13,38; 18, 15-27).

As pessoas aos pés de Jesus têm a cabeça erguida para o alto, expressando a espera do retorno glorioso do Senhor, no juízo.

Deste Crucifixo descrito em detalhes, Francisco teve uma inspiração “decisiva” para a sua vida, diz Caetano Esser. Passamos a descrevê-la porque é deste fato que se originou a admiração que hoje temos ao Crucifixo de São Damião.

O Crucifixo fala a Francisco

O jovem Francisco encontrava-se numa crise espiritual, cheio de dúvidas e trevas. “Conduzido pelo Espírito”, entra na igrejinha de São Damião, onde se prostra, súplice, diante do Crucifixo. Tocado de modo extraordinário pela graça divina, encontra-se totalmente transformado. É então que a imagem de Cristo Crucificado lhe fala: “Francisco, vai e repara minha casa que está em ruína”.

Francisco fica cheio de admiração e “quase perde os sentidos diante destas palavras”. Mas logo se dispõe a cumprir esse “mandato” e se entrega todo à obra, reconstruindo a igrejinha. Depois pede a um sacerdote, dando-lhe dinheiro, que providencie óleo e lamparina para que a imagem do Crucifixo não fique privada de luz, mas em destaque naquele santuário.

A partir de então, nunca se esqueceu de cuidar daquela igrejinha e daquela imagem.

Francisco parecia intimamente ferido de amor para o Cristo Crucificado, participando da paixão do Senhor, de quem já trazia os estigmas no coração e mais tarde, em 1224, receberia as chagas do Cristo em seu próprio corpo.

Segundo Santa Clara, está visão do Crucifixo foi um êxtase de amor radiante e impulso decisivo para a conversão de Francisco.

Entre os estudiosos ainda existe uma dúvida a ser esclarecida: ao ouvir o Cristo do Crucifixo, Francisco pensa na igrejinha material de São Damião. Mas nada impede de se pensar que se trata do “templo de Cristo no coração de Francisco e nos corações dos homens”.

Enfim, a própria oração de Francisco diante do Crucifixo de São Damião sugere antes a reparação “espiritual” da casa do Senhor, crucificado no coração.

Tanto que ele pede especialmente pelas três virtudes teologais (fé, esperança e amor) para poder cumprir esse “mandato” de Cristo.



Por Frei Vitório Mazzuco
Fonte: Franciscanos

segunda-feira, junho 15, 2015

ANÁTEMA: QUE É?



Em síntese: A palavra "anátema" caiu em desuso. Ela vem do grego anathéma, vocábulo que significa "levar para o alto" ou "ofertar". Passou a significar o que é excluído da comunhão da Igreja ou privado dos bens espirituais que a Igreja oferece como Sacramento Primordial. Atualmente usa-se o termo "excomunhão" para designar tal estado.

* * *Vez por outra ouve-se a pergunta: "Que significa anátema?", pala­vra ocorrente em certas afirmativas da igreja de tempos passados. Se­gue-se a resposta a tal indagação.

Eis alguns espécimens de anatematismos pronunciados pelo Con­cílio de Trento em 1551:

"Se alguém negar que todos e qualquer um dos fiéis cristãos, de um e outro sexo, ao chegarem ao uso da razão, estão obrigados todos os anos a comungar ao menos na Páscoa, como manda a Santa Mãe Igreja, seja anátema" (cânon 9 do capítulo VIII do Decreto sobre a Eucaristia, em "A Fé Católica" nB 9149).

"Se alguém disser que só a fé é preparação suficiente para receber o sacramento da Santíssima Eucaristia, seja anátema" (cânon 10 do mes­mo capítulo Decreto em "A Fé Católica" n3 9150).

"Se alguém disser que o cânon da Missa contém erros e, por isso, deve ser abolido, seja anátema" (cânon 6 do cap. VI do mesmo Decreto em "A Fé Católica" nB 9180).

1. Fundamentação Bíblica

Etimologicamente falando, anátema é vocábulo grego que significa "o que é colocado no alto". No grego clássico designava a oferenda votiva ou os ex-voto, que, outrora como hoje estão nas paredes dos templos.

No Antigo Testamento o vocábulo ocorre por vezes com seu sig­nificado original, como em Jt 16, 23. Mais freqüentemente tem sentido totalmente diverso; deixa de ser uma oferenda sagrada, paratornar-se objeto maldito, destinado, em muitos casos, ao extermínio. Corresponde ao que os judeus chamavam "herém". Tal era o caso dos povos estrangei­ros, inimigos de Israel e idólatras; ver Dt 7, 1-6; era o caso dos próprios israelitas quando cediam ao culto dos falsos deuses; cf. Dt 13, 12-17. Os animais e os objetos inanimados podiam também tornar-se anátema, caso servissem à idolatria; eram então entregues à destruição (cf. Lv 27, 28s) ou consagrados ao serviço do verdadeiro Deus; cf. Lv 27, 21.

Após o exílio (587-538 a.C.) as conseqüências do anátema eram menos rigorosas; quem fosse punido por tal pena era excluído da comu­nidade dos fiéis e perdia a posse dos seus bens; cf. Esdras 10, 8:"Quem não comparecesse dentro de três dias... veria todos os seus bens votados ao anátema e seria excluído da assembléia dos exilados".

No Novo Testamento a palavra "anátema" ocorre seis vezes. Con­serva o sentido original de oferenda sagrada em Lc 21, 5:

"Como alguns estavam dizendo a respeito do Templo que era ornado de pedras preciosas e ofertas votivas, Jesus disse...". Todavia mais freqüentemente o anátema é objeto de maldição, como decorre de 1Cor 12, 3; 16, 22; Gl 1, 8s; Rm 9, 3. Em At 23, 14, o vocábulo faz parte de um modo de falar semita (Dt 13, 15; 20,17) que significa "desejar para si a mal­dição de Deus, isto é, comprometer-sesolenemente sob pena de anátema".

"Foram procuraros chefes dos sacerdotes e os anciãos e disseram-lhes: 'Acabamos de jurar solenemente, isto é, sob anátema, que não to­maremos alimento enquanto não matarmos Paulo" (At23, 14).

Em suma, nota-se que o Novo Testamento segue a tradução do Antigo dita "dos LXX", atribuindo a anátema um sentido de punição.

Note-se ainda que o costume de excluir alguém da comunidade por motivo de seu comportamento foi herdado pelos cristãos a partir da sina­goga judaica, que praticava esse tipo de sanção; cf. Jo 9,22; 12,42; 16, 2; 1Cor 5, 9-11; 2Ts 3, 14; Cl 2, 5-11. Em Qumran os monges essênios (ju­deus) faziam o mesmo.

A exclusão não era pena meramente vingativa, mas tinha finalidade medicinal, visando proporcionar ao delinqüente a ocasião de refletir e con­verter-se; tenha-se em vista o texto de São Paulo em 1Cor 5, 3-5:

"Quanto a mim, ausente de corpo, mas presente em espírito, já jul­guei, como se estivesse presente, aquele que assim procedeu (mal). É preciso que, em nome do Senhor Jesus, estando vós e o meu espírito reunidos em assembléia, com o poder do Senhor Jesus, entreguemos tal homem a Satanás para a perda da sua carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor".

"Entregar a Satanás" significa, no caso, entregar ao poder que Deus outorga ao Adversário. Dessa punição o Apóstolo espera a conversão do delinqüente.

Ocorrência semelhante acha-se em 2Cor 2, 5-11.

O próprio Senhor Jesus prevê a exclusão dos pecadores escanda­losos em Mt 18, 16s:

" Toda a questão seja decidida pela palavra de duas ou três testemu­nhas. Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o como o gentio ou o publicano".

2. No Direito Canônico

Nos textos mais antigos é difícil perceber o significado preciso de anátema e excomunhão; parecem ser sinônimos.

Pela primeira vez no Direito Eclesiástico aparece o vocábulo "aná­tema" no cânon 52 do Concílio regional de Elvira (Espanha) por volta do ano 300; o termo "excomunhão" ocorre também pela primeira vez no cânon 58 do mesmo Concílio; parece significar a privação da Eucaristia.

Em 567 o Concílio regional de Tours (França) utiliza os dois termos em sentido diverso; anátema é maldição severa, ao passo que excomunhão é simplesmente a exclusão da comunhão.

No século IX o cânon Engeltrudam entende excomunhão como pri­vação do consórcio dos fiéis, ao passo que compreende o anátema como privação dos bens espirituais da Igreja ou do Corpo Místico de Cristo - o que explicita a gravidade da pena de exclusão.

Com o tempo caiu em desuso a palavra "anátema", de modo que hoje em dia só se fala de excomunhão para designar a privação não so­mente da Eucaristia, mas de todos os bens espirituais que a comunhão com o Corpo Místico de Cristo proporciona aos fiéis.

Distinguem-se uma da outra a excomunhão latae sententiae (de­corrente da prática mesma do delito) e a excomunhão ferendae sententiae (dependente de processo judicial). À primeira categoria pertencem os seguintes delitos:

- profanação da S. Eucaristia (cânon 1367);

- violação do sigilo da confissão sacramental (cânon 1388 § 1s);

- violência cometida contra o Sumo Pontífice (cânon 1370);

- ordenação de Bispo sem autorização da Santa Sé (cânon 1382);

- absolvição de cúmplice em pecado contra o sexto mandamento (cânon 1378, § 1S);

- os delitos de apostasia da fé, instauração de heresia ou cisma (cânon 1364);

- aborto (cânon 1398).

O aborto está incluído neste rol, pois é o homicídio de um inocente que a sociedade contemporânea tende a banalizar.


Figa e Superstição


MORAL
JOROLO (Santos): “Qual o significado da figa? E como julgar, do ponto de vista moral, o uso desse objeto?”

1) A figa pertence a uma categoria de símbolos em grego chamados phallói (no singular, phallós; em latim e nas línguas modernas, habitualmente phallus), símbolos aos quais os pagãos atribuíam valor religioso. Deviam significar a Vida e a Fecundidade (tidas como Divindades), representando, sob aspectos que variavam conforme as regiões e as épocas, um membro humano.

Os phallói eram estimados quais meios apotropéicos, isto é, aptos para afugentar influxos daninhos à vida, ou para repelir a má sorte e o fascinum (o mau-olhado da linguagem popular contemporânea); os pagãos tinham por certo que uma força superior habitava nesses emblemas, de sorte que quem trouxesse um pequeno phallós consigo (dentro do bolso ou pendurado ao pescoço) se revestia do poder inerente ao mesmo. Nas festividades do deus Baco (deus do vinho e das forças fecundas da natureza), um phallós era solenemente levado em procissão (phalliphoria), o que se dava de preferência na primavera, época em que a vida parece renascer; julgava-se então que a exposição e a veneração de tal símbolo acarretariam fecundidade para todos os seres vivos. Não será necessário frisar que a lascívia se introduzia facilmente em tais formas de culto.

2) Dos diversos tipos de phallói antigos persistiu até nossos dias a figa, de uso muito popular, É, sem dúvida, um remanescente do paganismo. Nos primeiros séculos da nossa era, os bispos e pregadores cristãos impugnavam fortemente o recurso a tal emblema (assim como aos phallói em geral); a opinião pública ainda conservava a consciência da ideologia pouco sadia que tais símbolos representavam, de sorte que o seu uso podia fàcilmente sugerir reminiscências impudicas. Hoje em dia, porém, a figa é usada por pessoas que em geral ignoram a origem e o significado primitivo de tal símbolo. Por conseguinte, parece que se deve lamentar não propriamente o caráter lascivo do uso (caráter que na maioria dos casos é inexistente), mas, antes, a índole supersticiosa de que se reveste o emprego da figa.

3) A superstição é uma modalidade aberrante e decadente do culto religioso. Explica-se (mas não se justifica) pelo desejo, inato em todo homem, de encontrar as causas dos fenômenos misteriosos que o cercam. Não raro a lei do menor esforço impele a massa a não raciocinar muito para procurar razões exatas; a gente simples então atribui certos efeitos estranhos a causas que são totalmente inadequadas para os produzir; dai o culto de amuletos, talismãs, «bentinhos», textos conjuratórios, que passam a ser estimados como se fossem detentores de poder divino.

Precisando um pouco mais, deveremos dizer que a superstição é uma fuga do homem a si mesmo e à sua dignidade. Com efeito, admita-se o caso de uma pessoa que esteja diante de uma séria opção a tomar na vida; deverá comprometer-se segundo determinado alvitre. Acontece então que muitos, desejosos, consciente ou inconscientemente, de declinar a responsabilidade, preferem entregar a decisão a um elemento independente da vontade humana; procuram sair do seu embaraço apelando para uma solução do tipo seguinte : «Se me ocorrer um corcunda ou um caolho, ... ou se tiver que entrar em alguma combinação com o número 13, desistirei de tal negócio. Se, ao contrário, encontrar uma ferradura de cavalo ou um trevo de quatro folhas, prosseguirei confiante!».

Para um cristão, tal associação de causas e efeitos é ilícita, pois equivale a atribuir poder superior (dir-se-ia : sobrenatural ou divino) a criaturas ou objetos que por si mesmas não o têm; implica, pois, em derrogação ao conceito e ao culto do único Deus. Voltaire, que tanto errou em sua filosofia, ao menos percebeu acertadamente que «a superstição se relaciona com a religião como a astrologia (demanda de oráculos aos astros) com a astronomia (investigação cientifica e objetiva dos astros): é a filha muito tola de mãe muito sábia».

Notam os historiadores que principalmente em épocas de guerra a superstição prolifera. Muitos, não sabendo mais como se defender razoavelmente das ingentes calamidades que os ameaçam, recorrem a soluções irracionais ou a objetos apotropéicos (espantalhos do mal): tenham-se em vista as famosas mascotes do exército inglês. Em tempo de guerra acontece também que particularmente graves são as decisões que os homens devem tomar; as energias, porém, costumam estar esgotadas. Em consequência, não poucos tendem a definir-se, guiados não propriamente pelo raciocínio, mas pelo encontro de sinais que eles indevidamente julgam reveladores de um plano superior ou divino.

Compreende-se que a superstição assim concebida leve ao fatalismo, que é a doutrina «preguiçosa» por excelência, expressão típica da lei do menor esforço: ensina ser inútil lutar contra..., e mais convem a aceitação pacata do «irrevogável» destino (!). Certamente não foi Deus quem ensinou isto aos homens!

É dentro deste quadro que se deve considerar e reprovar o uso, ainda hoje persistente, da figa. Embora geralmente destituído de culpa grave, dada a quase inconsciência da maioria das pessoas que o praticam, tal uso continua a representar em si mesmo um depósito de idéias de todo alheias à mentalidade cristã.