segunda-feira, agosto 15, 2016

Sobre essa Pedra - G.K Chesterton.



Para um católico a Igreja Católica é simplesmente a religião cristã; o presente dado por Cristo a São Pedro e seus sucessores que garante o direito de responder em todos os tempos todas as questões sobre o que ela realmente é; uma coisa cercada nas bordas de suas vastas terras por vários fragmentos divididos de sua própria substância, que consiste de pessoas que, por motivos diferentes, negam aquele direito de afirmar o que ela realmente é, e que consequentemente discordam uns dos outros, indefinidamente e cada vez mais, sobre o que ela realmente é. Pode ser acrescentado que eles discordam não apenas sobre a natureza do Cristianismo ideal que deve ser substituído, mas até sobre a natureza do Catolicismo Romano que deve ser desafiado. Para alguns ela é o Anticristo; para alguns é um ramo da Igreja de Cristo, que tem autoridade em certas províncias, mas não na Inglaterra ou na Rússia; para alguns é uma perversão corrupta da Verdade da qual a religião foi salva; para outros uma fase histórica necessária pela qual a religião deveria passar; e assim por diante. Mas deve ser notado pelos curiosos que apesar de haver muitas diferenças nos motivos oferecidos, há algo comum à maioria das emoções sentidas. As reações contra Roma são todas reações contra algo estranho. São milhares de coisas, mas todas as coisas com um tipo de frêmito nelas; um mistério, uma fera negra, uma estranha sobrevivência, um escândalo público, um constrangimento privado, um segredo aberto, um tópico indelicado, uma piada astuta, um último refúgio ou um salto no escuro: tudo exceto qualquer coisa que seja como todas as outras coisas.

Para um católico não há diferenças particulares entre aquelas partes da religião que os Protestantes e outros aceitam e aquelas partes que eles rejeitam. Os dogmas têm, é claro, suas proporções teológicas intrínsecas; mas no seu sentimento eles são todos uma coisa só. A Missa é tão Cristã quanto o Evangelho. O Evangelho é tão Católico quanto a Missa. Isso, penso eu, é o fato que o mundo Protestante tem achado mais difícil de entender e sobre o qual alguns dos mal-estares mais infelizes apareceram. Ainda assim isso surge de forma bastante natural da verdadeira história da Igreja, que teve que lutar incessantemente contra várias heresias bem opostas entre si. Ela não teve apenas que derrotar esses segredos para defender essas doutrinas, mas teve também que derrotar outras seitas para defender outras doutrinas, incluindo as doutrinas que essas seitas carinhosamente defendem. Foi apenas a Igreja Católica Romana que salvou as verdades Protestantes. Pode estar correto confiar na Bíblia, mas não haveria Bíblia se os Gnósticos tivessem provado que o Antigo Testamento fora escrito pelo Diabo, ou se tivessem bagunçado o mundo com Evangelhos Apócrifos. Pode estar correto dizer que Jesus sozinho salva do pecado, mas ninguém estaria dizendo isso se o movimento Pelagiano tivesse alterado toda a noção de pecado. Mesmo a própria seleção de dogmas que os reformadores decidiram preservar fora preservada para eles apenas pela autoridade que eles negaram.

É natural, portanto, que os Católicos não estejam sempre pensando na antítese de Católicos e Protestantes mais do que sobre Católicos e Pelagianos. O Catolicismo está acostumado a cortar o credo em poucas cláusulas; mas diferentes pessoas já quiseram que cláusulas bem diferentes sobrevivessem e que cláusulas bem diferentes fossem eliminadas. Assim, um Católico não sente que a reverência especial oferecida à Mãe de Deus seja sequer uma questão mais controversa que as honras divinas oferecidas ao Filho de Deus; pois ele sabe que a segunda foi muito contestada pelos Arianos, como a primeira pelos Puritanos. Ele não sente que o trono de São Pedro esteja mais especialmente em disputa do que a teologia de São Paulo, pois ele sabe que ambas já foram disputadas. Já existiram anti-papas; já existiram Evangelhos Apócrifos; já existiram seitas destronando Nossa Senhora e seitas destronando Nosso Senhor. Depois de quase dois mil anos desse tipo de coisa, os Católicos vieram a pensar no Catolicismo como uma coisa da qual todas as partes são em certo sentido igualmente atacadas e em outro sentido igualmente inatingíveis.

Agora, infelizmente, é impossível que um Católico afirme o princípio sem que pareça provocativo e, o que é muito pior, superior; mas a menos que ele de fato o afirme, ele não afirma o Catolicismo. Tendo afirmado, no entanto, em sua forma dogmática e desafiadora, como é seu dever fazê-lo, ele pode posteriormente sugerir algo do por que o sistema parece, para aqueles dentro dele, ser não tanto um sistema, mas uma casa, ou mesmo um feriado. Desse modo isso não significa ser superior no sentido arrogante; pois somente nesse sistema, apenas o santo é superior porque ele sente que é inferior. Não é dito que todos os hereges estão perdidos, pois não é dito que há uma consciência comum pela qual eles podem ser salvos. Mas definitivamente é dito que aquele que conhece a verdade inteira peca em aceitar meia verdade. Portanto, a Igreja não é um movimento, como todos aqueles que encheram o mundo desde o século XVI; isto é, desde o colapso da tentativa coletiva de toda a Cristandade de afirmar a verdade inteira. Ela não é o movimento de algo tentando encontrar o seu equilíbrio; ela é o equilíbrio. Mas o ponto aqui é que mesmo aqueles hereges, os quais apanharam meias verdades, raramente apanharam a mesma metade. Os Protestantes originais insistiram no Inferno sem o Purgatório. Seus sucessores modernos geralmente insistem no Purgatório sem o Inferno. Seus futuros sucessores bem possivelmente insistirão no Purgatório sem o Céu. Pode parecer uma sequência natural do culto ao Progresso por sua própria conta, e da teoria de que “viajar com esperança é melhor do que chegar ao destino”. Para o Católico cada uma dessas coisas pode ser disputada uma de cada vez, e tudo permanecerá.

Mesmo assim, ao fazer um sumário tão curto em um mundo ainda Protestante por tradição, será conveniente assumir que o leitor esteja familiarizado com o esquema Cristão daquelas coisas que, até pouco tempo, eram comuns a muitos ou a maioria dos corpos Cristãos: a Imagem de Deus, a Queda, a necessidade de Redenção, o Último Julgamento, e o resto; e descrever a fé Católica (da qual todas essas coisas realmente surgem) como o mundo a enxerga, pelas principais características que parecem distintivas porque são disputadas. Irei, portanto, dizer uma palavra ou duas sobre o que ainda seria comumente chamado de a marca do Catolicismo. Devo dizer muito pouco sobre a maior de todas, porque é admitidamente um mistério e um objeto de fé. Os Católicos acreditam que no Santíssimo Sacramento Cristo está presente, não apenas como um pensamento está presente na mente, mas como uma pessoa está presente em uma sala, velada apenas pelos nossos sentidos pela aparência do pão e do vinho. De seu aspecto histórico será suficiente dizer que os Católicos estão convictos de que ele é considerado nesse espírito pelo menos desde Sto. Inácio de Antioquia, que pertenceu à geração seguinte ao Evangelho. O senso comum disso, me parece, seria dizer que se as palavras de Cristo na Última Ceia tivessem sido mal entendidas, elas teriam sido mal entendidas pelos doze Apóstolos. Mas a doutrina é tão tremenda e transcendental que nós não podemos reclamar se alguns a entenderam como blasfema e extravagante. Só que eles não podem querer as duas coisas ao mesmo tempo. Eles não devem virar e reclamar porque afirmamos possuir Cristo como Deus vivo por um processo vital, ausentes das outras comunhões que chamaram o processo de impossível. Eles não devem resmungar dos nossos comentários sobre Cristo voltando para uma terra herética na primeira procissão carregando a Hóstia. Deve haver uma diferença entre a presença de Cristo no sentido deles e no nosso sentido, se eles realmente estão chocados e atordoados com o nosso sentido. Um Retorno que eles são obrigados a chamar de impossível nós certamente temos o direito de chamar de único.

Por razões práticas na civilização Protestante há outro fato que aparece mais claramente à vista, superando até mesmo a Transubstanciação. É o Papado que faz o Papista. Para ele, ao menos, isso remete às palavras altamente dramáticas sobre a Pedra e os Portões do Inferno; certamente aparece, para dizer o mínimo possível, como uma cadeira de autoridade superior nos debates dos primeiros Pais e Concílios; mas não fora logicamente e literalmente definido até o meio do século XIX. Nesse sentido é verdade que a ideia cresceu; mas nós não podemos jamais falar algo que não seja bobagem do tipo de evolução que imagina que algo cresceu a partir do nada. Mas contanto que uma verdade eterna possa crescer, na compreensão dos homens, ela cresceu continuamente com o aumento da experiência dos homens. O caso geral para um tribunal que define a verdade já foi aludido. Alertei que muito antes que os Protestantes se apressassem para preservar seu simples Cristianismo, mesmo esse Cristianismo tão simples não estaria lá para ser preservado se já não tivesse havido um tribunal da Igreja para preservá-lo. A questão então diz respeito à natureza do tribunal. Mesmo que a democracia fosse aplicável à revelação, não poderia haver um tribunal democrático que devesse decidir sempre e sempre democraticamente. Não seriam milhões de Católicos pobres e humildes que governariam; teriam sido os oficiais se não fosse o oficial. Seria um Santo Sínodo. Agora, todo instinto popular que os Católicos possuem parece dizer a eles que em vez de eles terem uma ordem oficial, isto é, uma oligarquia, é muito mais humano ter uma monarquia, isto é, um homem. É realmente notável que aqueles que romperam com essa monarquia puramente emocional geralmente estabeleceram uma monarquia imoral e material. O primeiro grande cisma no Oriente foi feito por homens que se viraram contra o Papa para se ajoelhar aos Césares e aos Czares. O último grande cisma no Ocidente foi feito por homens que atribuíram direito divino a Henrique VIII, sem contar Charles I. Aqueles que pensaram no papa como déspota demais sequer conseguiram escapar do despotismo.

É desnecessário explicar, creio eu, que o único despotismo do Papa consiste do fato de que todos os Católicos acreditam que Deus o protegerá de ensinar mentiras à Igreja naquelas raras e especiais ocasiões em que ele é requisitado a encerrar uma controvérsia com uma afirmação final sobre a fé. Seus discursos ordinários, apesar de naturalmente serem recebidos com profundo respeito, não são infalíveis. Seu personagem privado depende de seu próprio livre-arbítrio, como no caso de qualquer outra pessoa. Ele pode pecar como qualquer outra pessoa; ele deve confessar os pecados como qualquer outra pessoa; e ele ter sido Papa não faz nada por sua salvação. Mas a questão é, dadas as nossas necessidades por tais decisões finais para salvar o Cristianismo de grandes crises, que órgão da Igreja decide? Quanto mais a experiência histórica se acumula, mais profundamente gratos são os Católicos que o órgão seja um ser humano; uma mente e não um tipo, uma vontade e não uma tradição ou o tom de uma classe. Os melhores bispos governando como uma classe se tornariam um clube, como acontece com o parlamento. Eles teriam a mesma responsabilidade dispersa, a mesma lisonja mútua, o mesmo orgulho difuso e perigoso. Mas a responsabilidade de um Papa é tão solitária e tão solene que um homem precisaria ser um maníaco para não se fazer humilde diante dela.
Provavelmente o mundo Protestante consideraria como a próxima característica marcante, depois do poder dos padres de celebrar a Missa e dos Papas de definir a doutrina, aquele outro poder dos padres que é expresso no sacramento da Penitência. O sistema sacramental é inteiro baseado na ideia de que certos atos materiais são atos místicos; são eventos no mundo espiritual. Esse materialismo místico de fato nos divide daquelas formas de idealismo que diz que todo bem é interior e invisível e que a matéria não é digna de expressá-lo. Não é preciso dizer como isso se aplica à água do batismo, ao óleo da unção, etc. Mas eu estou deliberadamente considerando o sacramento que o nosso mundo menos entendeu; e, estranho o bastante, é aquele que é menos material e mais espiritual, consistindo de palavras faladas que expressam pensamentos secretos. De todos os sacramentos ele é, no jargão moderno, o mais psicológico. E a prova disso é que mesmo aquelas pessoas que o aboliram alguns séculos atrás descobriram que teriam que inventar uma nova imitação dele alguns anos atrás. Eles disseram às pessoas para que fossem a um novo padre, geralmente sem credenciais, e fizessem uma confissão geralmente sem a absolvição, e chamaram isso de psicanálise. O Catolicismo diria que a falta do confessionário produzira o moderno congestionamento e a estagnação de segredos tão mórbidos ao ponto de atingir a beira da loucura.

De modo amplo, pode ser dito que o Catolicismo teve a ideia, até aqui altamente única, de trabalhar a humanidade a partir de dentro. Houve e continua havendo qualquer número de sistemas políticos e éticos externos direcionando os homens para que ajam corretamente em meio à multidão; não há nenhum outro que a partir disso se preocupa com a razão de tais sistemas darem errado com o indivíduo. A maioria dos modernos está satisfeita em se apossar do plano da Utopia. Isso é na verdade o mesmo que se apossar do diário do Utopista e aprender o real motivo pelo qual ele nem sempre se comporta da maneira do Utopista. Mas, é claro, isso é bem inútil a menos que ele produza seu próprio diário de seu próprio livre-arbítrio. A menos que ele realmente deseje, não pode haver sacramento; e amenos que ele realmente se arrependa, não há absolvição. Pela história dessa instituição, ela segue em seu forte esboço o mesmo caminho que os outros casos da Missa e do Papado. Isto é, ela está indubitavelmente presente como uma ideia nos tempos mais primitivos; há discussões sobre a proporção dessa presença, e não há necessidade de discussão alguma de que ela se tornou mais elaborada, mais sistemática, e mais sutil com o processo da experiência. O que é chamado de Desenvolvimento é o desenrolar de todas as conseqüências e aplicações de uma ideia; mas de algo que está lá, não de algo que não está lá. Nesse sentido a Igreja Católica o único corpo Cristão que sempre acreditou na Evolução.

Quase não há espaço para falar de mais duas daquelas coisas que são chamadas de especialidades Papais, principalmente porque são chamadas de escândalos Papais. A primeira é a ideia de ascetismo e especialmente do celibato. A segunda é o culto à Bem-Aventurada Virgem. Da primeira será suficiente dizer que para a maior parte dos Católicos ordinários, que não são chamados a praticar austeridades, esses exemplos são valiosos não apenas como exemplos de heroísmo, mas como evidências bastante vívidas da realidade da esperança religiosa. Admitindo que para nós a divina luz seja estimada como a luz do dia, iluminando nossos problemas normais e cotidianos, ainda assim não os iluminaria de forma alguma se nós não acreditássemos que a luz fosse divina. Agora, nada poderia melhor provar que a luz é divina do que o fato de que alguns deveriam viver dela como se fosse alimento; nada poderia mostrar mais claramente que a religião é real do que o fato de que para algumas pessoas ela pode ser um substituto de outras realidades. Nós não temos dificuldade em acreditar que tais pessoas se relacionam mais diretamente com coisas divinas do que nós mesmos, como no caso daqueles que desfrutam diretamente de um amor divino em vez de indiretamente de um amor humano no casamento. E quando nós somos criticados por isso, nós recordamos com certa alegria que fomos nós que dissemos que o casamento era algo divino quando nossos críticos disseram o contrário.

Da mais popular, da mais poética e mais praticamente inspiradora de todas as tradições mais distintivamente Católicas do Cristianismo, eu direi muito pouco; de fato, eu direi apenas uma coisa. A honra prestada a Maria como a Mãe de Deus é, dentre milhares de outras coisas, o exemplo perfeito da verdade à qual eu recorri mais de uma vez: que mesmo aquelas que podemos chamar de verdades Protestantes foram salvas apenas pela autoridade Católica. Dentre elas está a própria e necessária verdade da subordinação de Maria a Cristo, como sendo afinal a subordinação da criatura ao Criador. Nada diverte mais os Católicos do que a sugestão, em tantas das velhas propagandas Protestantes, de que eles deveriam ser libertos da superstição chamada Mariolatria, como pessoas libertas do fardo da luz do dia. Toda a espiritualidade espontânea, diferente da necessária doutrina ortodoxa, está do lado da extensão e até mesmo do excesso desse culto. Se os Católicos fossem deixados ao seu julgamento privado, à sua experiência religiosa pessoal, ao seu sentido do espírito essencial de Cristo e do Cristianismo, a qualquer dos testes de verdade liberais e latitudinários, muito tempo atrás eles já teriam exaltado Nossa Senhora a um ponto de esplendor e supremacia super humana que talvez tivesse botado em perigo o puro monoteísmo no coração do credo. Em panfletos cobertos de opinião popular ela talvez fosse considerada uma deusa mais universal que Isis. É a autoridade de Roma que tem evitado que esses Católicos caiam em tamanha Mariolatria; a estrita definição que distinguiu entre a mulher perfeita e o Homem divino. Mas se fosse o caso de uma expressão de sentimento, restaria pouca dúvida sobre a qual caminho nossos sentimentos mais diretos e democráticos nos levariam. No meio dessa afirmação eu ignorei a afeição irrelevante da imparcialidade. É impossível para qualquer homem afirmar o que ele acredita como se ele não acreditasse. Mas me esforcei para descrever as características mais familiares dessa religião em termos de lógica, e não de retórica. E sobre essa última questão da doutrina referente à Virgem eu concluirei sem discursos adicionais. É simplesmente razoável que um credo apresentando por alguém que o afirma deva ser afirmado com convicção; mas tudo que eu escrevi nesse último tópico pode ser desfigurado com entusiasmo.


Fonte: http://www.sociedadechestertonbrasil.org/category/protestantismo/

Sodoma e Gomorra, um reflexo do seculo XXI


No relato de Sodoma e Gomorra, disse Deus a Abrão: " Abrão, irei destruir as cidades de Sodoma e Gomorra com fogo e enxofre descido do céu"... Abrão questionou a Deus dizendo: "Mas Senhor, você vai destruir as cidades, e se ali tiverem 50 homens justos? “.. E Deus diz: Abrão, se ali tiverem 50 justos, eu não vou destruir Sodoma e Gomorra... Abrão porem insistiu na questão, depois disse 40, 30, 20, até ao ponto de perguntar: E se tiverem só 10 justos em Sodoma e Gomorra? Deus disse: Se ali tiverem esses 10 justos, eu não destruirei Sodoma e Gomorra. Abrão pensou, e ele viu que ali não tinham justos.

Irmãos e Irmãs, parece um tanto assustador ler esse relato dos povos antigos, isso nos leva a ter uma ideia de um Deus destruidor, mas não devemos fixar isso em nossa mente, pois Deus não destrói nada, somos nós mesmos quem destruímos as coisas.

Essa condição que Deus deu à Abraão continua a ressoar em nossos ouvidos quando o Verbo Encarnado nos diz que por causa de nossas ações (justas) salvaremos a nossa família. Busquemos sempre a reta justiça, sejamos aqueles que mesmo nas nossas fragilidades, nos mantemos firmes para sermos justos e verdadeiros pregadores da verdade, do reino de Deus, para que sobre nós não caiam os pecados de Sodoma e Gomorra. 


O mundo tem a cada dia entrado em total perda da verdade, vive uma escarces da santidade, não sabe mais amar a Deus em vez das coisas terrenas, "queremos" ser nossos próprios deuses, e se o mundo vai assim, nem precisamos dizer o que vai acontecer quando ele se encontrar tão contaminado quanto se encontrava Sodoma e Gomorra. E se esse dia chegar e não tiverem justos na terra, será que muitas famílias serão salvas ou todos irão perecer? Vale lembrar que, mesmo que no dia final estejam justos na terra, isso não significa que todos serão levados a eternidade com Deus, pois a certos tipos de pecados que deverão ser prestados contas.


Por Gilson Azevedo 
© Livre para copia e difusão na integra com menção do autor 

quinta-feira, agosto 11, 2016

Os conselhos de São Tomas de Aquino a um estudante que queria crescer em cultura


"É sábio trabalhar a partir do mais simples até chegar ao mais difícil"



Meu caro João,

Você me perguntou como adquirir uma rica bagagem cultural. Aqui estão os meus conselhos.

1. Não mergulhe de cabeça no mar de conhecimento, mas tente chegar a ele através de córregos menores. É sábio trabalhar a partir do mais simples até chegar ao mais difícil. Este é o meu primeiro conselho e você faria bem em segui-lo.

2. Seja lento para falar…

3. Dê grande importância a uma boa consciência.

4. Nunca negligencie os momentos de oração.

5. Mostre-se amável para com todos.

6. Nunca meta o nariz nos assuntos dos outros.

7. Não seja excessivamente íntimo dos outros, porque a familiaridade excessiva gera desprezo e fornece pretextos para negligenciar o trabalho sério.

8. Não perca tempo em conversas fúteis.

9. Tente seguir as pegadas dos homens honestos e santos.

10. Não repare tanto em quem fala, mas acumule na mente o que ele diz de útil.

11. Certifique-se de entender bem o que você lê e escuta.

12. Esclareça os pontos em dúvida.

13. Dê o seu melhor para guardar tudo o que puder na pequena biblioteca da sua mente.

14. Não se preocupe com as coisas que estão fora da sua competência. Se você seguir os meus conselhos, vai atingir a meta desejada.

São Tomás de Aquino, 1270.

A existência do mal no mundo não contradiz a existência de Deus?




– “Como se explica o mal no mundo? Parece incompatível com a existência de Deus” (Ariel – Rio de Janeiro-RJ).

A questão é das mais disputadas de todos os tempos. Contudo, ela só admite uma solução, que vamos procurar expor refletindo serenamente.

Antes de perscrutarmos a origem e a razão de ser do mal, faz-se mister definir o que é o mal.

1. O que é o mal?

1) O mal, longe de ser uma entidade positiva é um não-ser; não constitui uma afirmação, mas uma negação.

Com efeito, não há, nem pode haver, substância cuja natureza seja por si essencialmente má; esta seria algo de estranho ou absurdo no mundo: não poderia agir, porquanto nenhum ser age senão em virtude de uma perfeição que ele possui e atua. A serpente, o escorpião, a bomba atômica… só produzem sua ação nociva ou má porque neles há uma entidade positiva que o naturalista ou o físico-químico admiram profundamente. O mal, portanto, é uma negação ou ausência de ser.

2) Não é, porém, qualquer ausência de ser; é apenas a ausência do ser devido ou do ser pertencente à natureza de tal indivíduo (caso contrário, todo indivíduo seria mau por não possuir toda e qualquer das perfeições espalhadas pelo mundo). Na prática, ninguém diz que a ausência de asas no homem é um mal ou uma desgraça, mas todos reconhecem que a falta de olhos ou a cegueira no mesmo é um infortúnio, pois o homem não foi feito para ter asas e, sim, para ter olhos; a criancinha, pelo simples fato de não falar, não está afetada de um mal, ao passo que o adulto na mesma situação padece autêntico mal.

Em outros termos: o mal é a falta de conformidade do sujeito com o respectivo arquétipo ou exemplar. Essa falta de conformidade pode-se verificar na ordem física (tem-se então um corpo doente ou mutilado) ou na ordem moral (tem-se então uma ação alheia ao Fim último devido ou um pecado).

Resumindo esquematicamente:

Todo SER por si é um BEM.

O NÃO SER é:

– ou mera negação, ausência de entidade não devida: p. ex., a falta de asas no homem não é nem Bem nem Mal.

– ou carência, privação de entidade devida à natureza.

– na ordem física: p. ex., falta de vista no homem -> Mal Físico.

– na ordem moral: p. ex., falta de conformidade do ato humano a Deus, Fim Ùltimo -> Mal Moral.

3) Por conseguinte, o mal supõe sempre um bem, ao qual ele sobrevém; só se encontra onde há um valor real, e tem proporções tanto mais vultuosas quando maior é o bem no qual esteja encravado; basta lembrar a hediondez da perversão de um gênio, da corrupção de um santo. É o fato de que o mal está sempre aninhado no bem que lhe dá a aparência de entidade positiva.

A experiência comprova que o mal nunca pode ser isolado. Não se encontra o mal como tal (a cegueira ou a surdez subsistentes em si mesmas), mas alguém ou alguma coisa boa em que existe a lacuna, o mal (o olho privado de visão, o aparelho auditivo carente de audição). Não há quem veja as trevas ou ouça o silêncio; estes só são apreendidos se se apreenderam previamente os respectivos contrários (luz e ruído).

Disto se segue que o mal nunca poderá, nem no indivíduo nem na sociedade, ser tão vasto que absorva e destrua todo o bem, pois em tal caso o mal extinguiria o suporte da sua existência e aniquilaria a si mesmo. O mal só pode existir respeitando em certo grau o bem; jamais conseguirá triunfar totalmente sobre o bem; para ter realidade, ele há de ser uma negação menor dentro de uma afirmação maior (concretamente, isto quer dizer que os autênticos motivos de tristeza, como são as calamidades físicas para o homem, nunca são tão ponderosos que sobrepujem os autênticos motivos de alegria; no plano moral, nunca o pecado marcará decisivamente o curso da história…).

4) Onde há ser limitado, mesclado de não-ser, há possibilidade de passar do ser para o não-ser, da vida para a morte, da integridade para a mutilação. Somente naquele que é o Ser simplesmente dito, que tem em si mesmo a justificação do seu ser, é que não pode haver deficiência ou mal; isto se dá apenas em Deus.

Na raiz de cada criatura, ao contrário, há um vazio, um não-ser. A criatura hoje existente não era, foi tirada do nada; a sua fonte e razão de ser estão fora dela. Por isto, ela pode, tende mesmo, a recair no não-ser de onde procede. Traz em si um princípio de deficiência; é boa, viva, justa, bela até certo grau apenas. Não se identifica com a Bondade, a Vida, a Justiça, a Beleza… Por conseguinte, uma criatura por si mesma (abstração feita de prerrogativa concedida pelo Criador) indeficiente ou infalível é contradição.

Eis brevemente o que se refere à existência do mal. Passemos agora à questão:

2. De onde vem o mal?


Até aqui consideramos o mal no plano abstrato da especulação. Procuremos ver como entrou na realidade concreta, histórica.

1) Deus, em seu desígnio eterno, quis difundir o seu Ser, a sua Bondade, pois, segundo um axioma já formulado pelos neoplatônicos (séc. III d.C.), o Bem é essencialmente difusivo de si. Para isto, decretou tirar do nada criaturas que em grau finito exprimissem, cada qual do seu modo, a infinita Perfeição Divina.

2) Criou, pois, os minerais, os vegetais e os animais irracionais. Destinados a dar glória ao Criador, eles são movidos, não se movem propriamente, em demanda do seu Fim; não têm a capacidade de reconhecer a Deus e de optar conscientemente por seu supremo Objetivo.

Acima dessas criaturas na escala dos seres, e justamente destinado a movê-las (suprindo o que lhes falta), acha-se o homem. Este é dotado de conhecimento intelectivo e da liberdade de arbítrio daí decorrente. Deus chamou-o também a dar glória ao Criador, mas de maneira consciente e espontânea.

A produção de uma criatura livre representava (em linguagem humana) certo “perigo” ou “risco” para o Criador. Não há dúvida, ser livre é grande perfeição, maior do que ser autômato; e foi esta perfeição que Deus visou ao conceber o homem. Todavia, a liberdade de arbítrio criada, justamente por ser criada, é falível, capaz de fraquejar na sua opção; representa, pois, uma arma de dois gumes…

3) Consoante o seu plano, o Criador, depois de ter feito o homem, colocou-o diante da opção: Deus ou a criatura (em última análise, o próprio Eu humano). Nesta consulta atuou-se a possibilidade menos feliz…: o homem quis ser como Deus, rejeitando o Exemplar Divino.

Os povos mais antigos costumam professar, sob forma de narrativas graciosas, a consciência de que nas origens da História se deu uma desobediência grave dos homens contra o Soberano Senhor, de onde resultaram os males crônicos que nos cercam (cf. Estêvão Bettencourt, “Ciência e Fé na História dos Primórdios”, 3ª ed., Agir, 1958, pp.178-181).

A Bíblia refere a mesma verdade no episódio do pecado de Adão e Eva (Gênesis 3): o homem livre cometeu uma ação (cujos pormenores não se podem precisar), à qual faltava a conformidade com o Modelo ou com a Palavra de Deus — o que era um mal moral, um pecado; e acrescenta que desse mal moral decorrem, à guisa de sanção lógica, os males físicos (doenças, misérias, morte); a desordem material foi, pois, acarretada pela desordem espiritual. De onde:

LIBERDADE DE ARBÍTRIO — MAL MORAL,
PECADO — MAL FÍSICO (SOFRIMENTO E MORTE).

Por conseguinte, o princípio de toda desgraça vem a ser a livre vontade do homem que, sem deixar de querer o bem, preferiu, por sua falibilidade natural, o bem aparente ao Bem Real. O primeiro de todos os males vem a ser o mal moral ou pecado; de onde se segue que pior é cometer a injustiça (mal moral) do que a padecer (mal físico).

Hoje em dia os homens sofrem e morrem porque o primeiro pai pecou (afastou-se da Felicidade e da Vida, que é Deus) e transmitiu a seus descendentes uma natureza desregrada, além do mais colocada num mundo em que os seres inferiores não servem sempre ao homem (como o primeiro homem não serviu a Deus). Nem todo sofrimento é consequência de um pecado pessoal, mas reduz-se, em última análise, à desobediência de Adão.

4) E porque Deus não impediu que Adão pecasse?

O Senhor deu ao primeiro pai os meios suficientes para não pecar; não quis, porém, intervir na vontade do homem, forçando-a a escolher o Bem Real, pois isto equivaleria a retirar ou mutilar um dom outorgado em vista de maior dignidade e glória do gênero humano.

Deus é Pai, não ditador, e quer ser considerado como Pai. Ora, na parábola que Jesus narra em Lucas 15,11-32, o pai deixa partir o filho que lhe pede a herança para ir gozar da vida; embora anteveja os desmandos que o jovem está para cometer, deixa-o ir, justamente porque é pai, não tirano, e quer usar de confiança ao tratar o seu filho; espera ao menos que este, fazendo as suas experiências livremente empreendidas, reconheça mais livre e conscientemente a felicidade que há em aderir ao Pai. Assim, Deus deixou (e deixa) o homem partir pela via do pecado, segundo a sua livre opção, pois o que Deus quer é o amor filial do homem, não a adesão inconsciente de uma máquina.

5) E porque Deus, sabedor dos pecados de Adão e dos seus descendentes, não fez, nem faz, somente indivíduos fiéis ao Fim Supremo?

O Senhor certamente poderia proceder assim; só haveria criaturas boas, sem que o Criador tivesse que coagir alguma. Fazendo isso, porém, Ele desfiguraria, mutilaria o conceito de livre arbítrio. Este implica duas possibilidades opostas uma à outra: o “Sim” e o “Não”. Mais precisamente, em se tratando dos homens: implica o “Sim” ao Criador (o que é o Sumo Bem) ou o “Não” ao Criador (o que é o Sumo Mal). Por conseguinte, é normal, decorrente do conceito mesmo de criatura, e criatura livre, que no conjunto da História parte dos homens diga “Sim” a Deus, optando pelo Bem Real, e outra parte diga “Não”, falhe, escolhendo o bem apenas aparente ou o mal; não se poderia esperar, outro resultado, a menos de um retoque artificioso, pelo qual Deus solaparia a ideia de livre arbítrio; uma história do gênero humano em que todos só escolhessem o bem não representaria mais a natureza da criatura livre, o exercício da liberdade com todas as suas riquezas e sutilezas (a experiência ensina que, onde muitos têm a possibilidade de fazer alguma coisa, alguns realmente a fazem; num veículo, por exemplo, onde quarenta pessoas tenham a possibilidade de fumar, uma porcentagem de fato fuma; o resultado contrário seria estranho, não corresponderia à ideia de liberdade de que goza cada qual dos passageiros).

6) Mas então Deus não será de algum modo culpado do pecado que o homem comete?

Não; a culpa do pecado não recai sobre Deus. Vejamos bem: em todo ato mau (pecaminoso) há sempre uma entidade positiva, boa, pois todo ato é afirmação de perfeições (só o ser imperfeito não age ou age pouco); esse valor positivo se deve, sem dúvida, ao Criador, pois não há entidade que não se derive de Deus. O mal sobrevém a essa entidade ou a esse bem, como sabemos, pois o pecado nada mais é do que um ato (um valor) que carece de algo… que carece de conformidade com o seu Exemplar, com o Sumo Bem (=Deus). Ora essa carência ou lacuna não se deriva, nem pode derivar, de Deus (porque é um vazio); deve-se unicamente à criatura que, oriunda do não-ser, traz a tendência ao não-ser, a tornar o ser lacunoso. A título de ilustração, admitamos que um músico se ponha a tocar com uma flauta desafinada; empregará toda a sua arte para produzir a mais bela das melodias com tal instrumento; o resultado porém, não poderá deixar de ser desarmonioso, não por defeito musical do artista, mas em virtude da “má disposição” do instrumento. Assim Deus, tendo criado o homem livre e aplicando-lhe a moção suficiente para o bem, não o fará produzir um ato bom, se o homem não estiver bem disposto (o que depende de sua vontade livre) a receber a boa dádiva do Senhor.

Como se vê, o mal, em última análise, se assenta sobre o mistério da liberdade humana, que pode escolher o erro sob a aparência de bem. É verdade que Deus quis criar essa liberdade sem desconhecer o “risco” que isso acarretava; Ele o quis, porém, unicamente em vista de um bem maior…

E Deus sabia que esse bem maior jamais seria frustrado, mesmo que a liberdade humana falhasse. Nesta hipótese, o pecador se tornaria, sem dúvida, infeliz por causa do seu próprio pecado, mas Deus ainda assim seria proclamado e glorificado por ele, pois em última análise, se o pecador sofre pelo pecado, sofre porque a sua natureza feita para Deus protesta contra a violentação, a detorsão que a livre vontade do indivíduo lhe impôs. Esse sofrimento vem a ser a afirmação solene de que Deus é o Sumo Bem; ora, desde que a criatura o afirme, mesmo que esteja infeliz, ela tem pleno sentido no conjunto dos seres criados, pois o centro em vista do qual tudo foi feito e ao qual tudo se destina, recebendo dele seu significado autêntico, é Deus, não o homem.

7) A última palavra, porém, em se tratando do mal, é dita pela Redenção e pelo Cristo crucificado. Esta figura projeta luz que penetra todos os aspectos do problema, mesmo os mais misteriosos.

Sim; Deus não quis ficar indiferente à desgraça do homem. Voltaire dizia a Júpiter que, ao criar-nos, tinha feito “une froide plaisanterie”, um frio gracejo. Quanto isto é errado!

Deus levou muito a sério o drama do homem. Embora não precisasse da criatura, quis salvar o gênero humano. Em vista disto, tomou a miserável carne humana fazendo-Se “Filho do Homem”, Jesus Cristo, e padeceu a nossa sorte, morrendo. Cristo, porém, não ficou na morte; atravessou-a, venceu-a ressuscitando. Com isto, comunicou sentido novo e inestimável valor aos nossos padecimentos; se aquilo que Deus toca não pode deixar de ser divinizado, a dor e a morte foram divinizadas depois que Cristo as experimentou; deixaram de ser mera sanção, a fim de tornar-se canal, passagem para nova vida, para a glória eterna. Hoje em dia a justiça cumpre-se no cristão quando este sofre e morre em consequência do pecado; mas não é a justiça que enfecha a história do homem; é o amor de Deus. Pelos seus padecimentos e morte aceitos em união com o Redentor, o cristão desdiz ao egoísmo, identifica-se com a Justiça do Senhor, tornando-se apto a participar da efusão do amor do Pai Celeste.

Para o homem fiel só há uma desgraça autêntica: a perda da união com Cristo ou o pecado, pois, enquanto está unido a Deus, o cristão vence com proveito ou mérito os maiores sofrimentos (doença, pobreza, perseguições e morte).

Em conclusão: o Cristo pregado à Cruz vem a ser o testemunho mais eloquente de que a existência do mal, como a conhecemos, não é incompatível com a existência de Deus; para quem considera o Filho de Deus crucificado, torna-se vã qualquer tentação de acusar de injustiça ou maldade o Criador pelo fato de que Este permite o sofrimento livremente acarretado pelo homem sobre si mesmo. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”, dizia Jesus (João 15,13). Fora, porém, da perspectiva da Cruz de Cristo, o mal constitui problema insolúvel, como atesta Voltaire:

– “A felicidade é apenas um sonho, e a dor é a realidade. Há vinte e quatro anos que o experimento. Não sei tomar outra atitude senão a de me resignar e dizer que, assim como as moscas nasceram para ser consumidas pelas aranhas, assim também os homens nasceram para ser devorados pelo sofrimento”.

Ó homem, não queiras sofrer a tal ponto! Lembra-te de Deus,… de Deus que se revelou em Cristo, e…

Alegra-te!

(Pode-se consultar, a respeito, Pe. Siwek, “O Problema do Mal”. Rio de Janeiro, 1942, na “Biblioteca Francesa de Filosofia” de Desclée de Brouwer).

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 5:1957 – set/1957

quarta-feira, agosto 10, 2016

Se Jesus é Deus, por que diz: “O Pai é maior do que eu”?

Como entender essa frase dita por Cristo durante o Seu testamento na Última Ceia?


Os católicos ouviram (...) a seguinte frase: "Vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu" (Jo 14, 28).

Um de nossos internautas nos pergunta como coadunar essa afirmação de Nosso Senhor com o Símbolo de Niceia, em que confessamos "um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai" [1]. Afinal, Jesus não é Deus? Por que diz, então, que o Pai é maior do que Ele?

Esta pergunta pode parecer pouco relevante para os homens de nosso século, mas não o era para Santo Atanásio de Alexandria, cuja memória a Igreja celebra no dia de hoje. Esse santo promoveu com tal valentia a verdade sobre a Pessoa de Cristo, que mereceu ser honrado pelos cristãos de todos os tempos e lugares como Doctor Incarnationis ("Doutor da Encarnação"). Para defender Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, contra os hereges arianos, Atanásio resistiu ao "mundo inteiro" de sua época, enfrentando por causa de sua fé católica o exílio e a perseguição.

Para responder a dúvida de nosso internauta, vamos recorrer à brilhante explicação de Santo Tomás de Aquino:

"A partir desta passagem Ário insultou a fé dizendo ser o Pai maior do que o Filho, erro que é refutado, todavia, pelas próprias palavras do Senhor. A afirmação 'o Pai é maior do que eu' só pode ser entendida, de fato, a partir do que Ele disse antes: 'vou para o Pai' . Ora, o Filho não vai ao Pai nem vem a nós enquanto Filho de Deus, porque, como tal, sempre existiu com o Pai desde toda a eternidade: 'No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus' (Jo 1, 1). Assim, Ele só pode dizer que vai para o Pai segundo a Sua natureza humana. Quando Ele declara, portanto, 'o Pai é maior do que eu', não o diz enquanto Filho de Deus, mas enquanto filho do homem, segundo o qual não só é menor que o Pai e o Espírito Santo, mas que os próprios anjos: 'Jesus, a quem Deus tornou pouco inferior aos anjos, nós o vemos coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte' (Hb 2, 9). Do mesmo modo Ele estava sujeito também aos homens, sabidamente aos Seus pais, como se lê em Lc 2, 51. Assim, portanto, Ele é menor que o Pai segundo a humanidade, mas igual a Ele segundo a divindade: 'Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo' (Fl 2, 6-7)."

"É possível dizer ainda, com Santo Hilário, que também segundo a divindade o Pai é maior que o Filho, ainda que o Filho lhe seja igual, não menor [2]. Porque o Pai é maior do que o Filho não em potestade, eternidade ou magnitude, mas em autoridade de doador ou de princípio. Porque o Pai nada recebeu de outro, mas o Filho, como se disse, recebeu do Pai a natureza por uma geração eterna. O Pai é maior, portanto, porque dá; e o Filho não é menor, mas igual, porque tudo o que o Pai possui, Ele também o recebeu: 'Deu-lhe o nome que está acima de todo nome' (Fl 2, 9)." [3]

As colocações do Doutor Angélico são bem claras, mas, se você ainda ficou um pouco confuso, não deixe de conferir o nosso curso "Por que não sou protestante", durante o qual Padre Paulo desenvolve algumas importantes noções de Cristologia, que certamente esclarecerão as suas dúvidas.

Clique aqui para acessar as aulas do nosso curso exclusivo "Por que não sou protestante".

Por fim, cabe fazer um último adendo, a respeito da interpretação correta das Escrituras, de acordo com o Magistério da Igreja. É o próprio São Pedro quem afirma que existem "algumas coisas difíceis" na Bíblia, trechos que são deformados por "homens sem instrução e vacilantes", "para a sua própria perdição" (2 Pd 3, 16). Nos primeiros tempos da Igreja, Ário usou o versículo acima, do Evangelho de São João, para dizer que Jesus não passava de uma "criatura do Pai", que Ele não era Deus. Hoje, muitos de nós corremos risco semelhante: o de interpretar as Escrituras para confirmar os nossos próprios gostos ou opiniões.

Para não corrermos esse risco, basta que nos mantenhamos fiéis ao que a Igreja sempre ensinou pela boca de seus santos e doutores. Quando ficarmos em dúvida a respeito de algum trecho da Bíblia, não caiamos na presunção de interpretar aquela passagem por nós mesmos, como se os livros sagrados fossem "de interpretação pessoal" (2 Pd 1, 20). Sejamos humildes e procuremos a autoridade da Igreja, de um Santo Agostinho, de um São Jerônimo, de um Santo Tomás de Aquino… Na doutrina desses homens sábios temos um terreno sólido em que construir a casa da nossa fé.

Que Santo Atanásio nos ajude a conservar o Credo Apostólico íntegro e puro, tal como ele mesmo o guardou.
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Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
I Concílio de Nicéia, Símbolo niceno (19 de junho de 325): DH 125.
De Trin., 9, 54 (PL 10, 324B).
Comentário ao Evangelho de São João, XIV, 8, n. 1970-1971.

terça-feira, agosto 09, 2016

Os irmãos biológicos de Jesus ou interpretação errada?


DESMENTINDO O ARGUMENTO PROTESTANTE DE QUE MARIA TEVE VÁRIOS FILHOS

Por: Gilson Azevedo

Os protestantes pegaram um versículo como de costume, para mentir, deturpar e dizer que Maria teve mais de um filho, para dizer que Maria não foi virgem, para caluniar a Mãe de Nosso Senhor.

Neste estudo, vamos ver o sentido real e teológico da passagem de Mc 6, 3. Pra isso, vejamos primeiro a passagem: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, IRMÃO de TIAGO, de JOSÉ, de JUDAS e de SIMÃO? Não vivem aqui entre nós também suas IRMÃS?” (Mc 6, 3).

Neste versículo aparecem algumas perguntas, vejamos qual: Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?' Este versículo é usado pelos protestantes para dizer que Maria teve vários filhos. Mais se buscarmos a interpretação de texto = compreensão, veremos que é tamanha cefalia dizer isso com apenas este versículo.

Quando surge a pegunta: Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Nós vemos algo no singular e não no plural. Pois se estivesse no plural seria:

Este homem não é o carpinteiro, (um dos ) filhos de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão?

Devemos com base nisso nos perguntar. Porque a pergunta não se refere a um dos filhos de Maria no plural indicando mais de um filho, e sim o filho de Maria no singular indicando uma pessoa?

Tem algo de errado ai. Mas você diria que em seguida é mencionado os nomes de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão. Para entendermos isso, deve-se buscar a Santa Tradição.

Vejamos quem eram os doze apóstolos: No Evangelho de Mateus, vê-se: "estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu e seu irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus." (cf. 10, 2-4)

Percebemos aqui que "Tiago, irmão do Senhor", não é filho de José. Para entender isso vejamos o seguinte: "grande número de mulheres estava ali, observando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José e a mãe dos filhos de Zebedeu." (Mt 27, 55-56)

Ja percebemos nesta passagem que tem uma Maria que é mãe de Tiago e que ela é mãe dos filhos de Zebedeu. Antes que alguém alegue que a Maria era a mãe de jesus e se separou de José para morar com Zebedeu, devemos saber que "junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena." (19, 25) O texto original não diz: Mulher de Cleofas, mas diz simplesmente: “a irmã de sua Mãe, Maria, a do Cleofas” (texto grego de Jo 19,25); podia chamar-se Maria, a do Cleofas, por causa do pai ou por outro motivo.

Na parte sublinhada, percebemos que ela era irmã de Maria mãe de jesus e não a Santíssima e Virgem Maria nossa Mãe.

No evangelho de Mateus vemos também: Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”. Ele respondeu àquele que lhe falou: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mt 12,46-50 

Como vemos, os que fazem a vontade de Deus são irmão de Jesus, porém Ele não se refere a nós no sentido biológico, somos apenas irmãos espirituais assim como Maria é a Nossa Mãe espiritual.

Voltando paro o termo irmãos de Jesus, sabemos que o Tiago descrito na passagem, diz na sua Carta, e deixa claro que NÃO é irmão de Jesus, mas servo: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo…” (Tg 1,1).

PARTINDO DO PONTO TRADIÇÃO VEMOS:

É importante dizer que nas Sagradas Letras, as palavras "irmão", "irmã", "irmãos" e "irmãs" podem denotar qualquer grau de parentesco. Isto porque, as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem o nosso "primo" ou "prima", e serve-se da palavra "irmão" ou "irmã". A palavra hebraica "ha", e a aramaica "aha", são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Existem muitos exemplos na Sagrada Escritura. [1]

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Devemos sabe que A palavra "Irmãos"... aparece mais de 530 vezes na bíblia. IRMÃO: aparece mais de 350 vezes. IRMÃ: aparece mais de 100. IRMÃS: aparece 15 vezes.

Já sabemos que naquela epoca não se usava o termo primo, a palavra Irmão tanto no Hebraico como no Grego Kôine, pode ser empregado para irmão biológico, primo, tio, sobrinho, conterrâneos, compatriotas e discípulos. Santo Agostinho com toda sua sabedoria no descreve:

“O hábito de nossa Escritura Santa, com efeito, é de não restringir esse nome de ‘irmãos’ unicamente aos filhos nascidos do homem e da mesma mulher; Nem àqueles que nascem de uma só e mesma mulher, ou só do mesmo pai, ainda que nascidos de mães diferentes. Nem mesmo restringir o nome de irmãos a primos de primeiro grau, como são os filhos de dois irmãos ou de duas irmãs. Não são esses unicamente, os que a Escritura costuma chamar de irmão.Santo Agostinho de Hipona, doutor da Igreja que viveu no século IV

Voltando para o começo do texto, quando o autor da pergunta põe sua interrogação ele não esta dizendo que eles eram irmãos biológico de Jesus como já vemos anteriormente, mais para compreender melhor melhor vamos usar a passagem de João 20,17-18.

Jesus Cristo, em João 20,17, diz a Maria Madalena: "Não Me retenhas, porque ainda não subi ao Meu Pai, mas vai aos Meus IRMÃOS e dize-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus." Jo 20, 17 - Agora no próximo versículo, a quem ela se dirigiu? João 20,18: Maria Madalena correu para anunciar aos DISCÍPULOS que ela tinha visto o Senhor e contou-lhe o que Ele tinha falado. FICA CLARO QUE JESUS AO SE REFERIR NO TERMO "IRMÃOS", ELE QUERIA DIZER SEUS DISCÍPULOS, E NÃO IRMÃOS DE SANGUE. 

Do mesmo modo, Jesus usou amplamente estes mesmos termos, quando, já ressuscitado, chamou os seus discípulos de meus irmãos (Mt 28,10: Vai dizer a meus irmãos que eles devem ir a Galiléia, onde me verão).

Outro ponto a ser visto, é se buscarmos o AT e comparar com NT...

VEJAM ALGUNS VERSÍCULOS SOBRE FILHOS NO NT:

E depois do nascimento de Enos, viveu ainda oitocentos e sete anos e gerou filhos e filhas.” (Gn, 5) Enos teve mais de um filho isso é bem claro na passagem.

Joás tinha sete anos quando começou a reinar. Seu reinado, em Jerusalém, durou quarenta anos. Sua mãe chamavase Sébia; era ela de Bersabéia. 2. Joás fez o bem aos olhos do Senhor durante toda a vida do sacerdote Jojada, 3. o qual lhe deu por esposas duas mulheres, das quais teve filhos e filhas.” (II Crônicas capítulo 24) Joás teve mais de um filho isso é bem claro na passagem.

Agora fica a pergunta: por que nos versículos que falam de Maria não diz que ela teve além Jesus outros filhos e viveu tantos anos???

Sabemos que aos 12 Anos, não há Indícios de Irmãos na Festa da Páscoa. Quando Jesus foi a festa da Páscoa em Jerusalém, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto durante uns 15 dias. Ora, Maria e José não poderiam ter deixado em casa, por tanto tempo, filhos tão pequenos.

Vejamos alguns testemunhos da Sagrada Tradição

A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:

Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)
Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias) 
Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4") 
São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".
Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)
Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)[2]


O protestantismo também se usa do termo PRIMOGÊNITO para afirmar que Maria teve mais de um filho. Lc 2,7: "Maria deu à luz o seu filho primogênito". Mais o que vem a ser um primogênito? 

Literalmente, "primogênito" é o primeiro filho, independente de haver ou não um segundo filho. Em hebrico "bekor" (primogênito) podia designar simplesmente "o bem-amado", pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais. Além disto, os hebreus julgavam o primogênito como alvo de especial amor de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor (Lc 2,22; Ex 13,2; 34,19).

Numa inscrição sepulcral judaica datada de 5 AC e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito), em 1922, lê-se que uma jovem chamada Arsinoé MORREU "nas dores do parto do seu filho primogênito". Ora, se ela morreu, então não teve outros filhos além do filho dito "primogênito".

`Podemos também analisar o termo da seguinte forma: Se o primogênito fosse restrito àqueles que possuem irmãos, ninguém estaria sujeito a lei da primogenitura, enquanto não nascesse seu irmão. Mas visto que, o primeiro filho (que ainda não tem irmãos mais novos), poucos dias depois de nascer já é sujeito à lei da primogênitura, deduzimos que é chamado primogênito aquele que abre o útero da mãe e que não foi precedido por ninguém, e não aquele cujo nascimento foi seguido por outro de irmão mais novo.

OUTRO PONTO A SER VISTO

É comum nas pregações protestante ouvirmos a expressão IRMÃOS o tempo todo, nem da pra contar ou fazer o calculo do quanto eles repetem isso.

Agora por que usar essa palavra (irmão) se para eles significa irmãos biológico?

Como podemos ver, isso ninguém que seja protestante sabe responder, pois o protestantismo é um poço de mentiras e contradições. 

Conclusão

Fica claro, que Jesus não teve um irmão ou dois, Ele teve muitos e tem, e esses irmãos somos nós filhos de Deus. Como Ele mesmo deixa claro: "Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mt 12,46-50

É portanto calunioso afirmar que Maria não foi virgem, é calunioso afirmar que Maria manteve relações com José, alguns diriam que manteve pelo simples fato de ser homem e ser algo que suscita na carne o desejo, mais porem vejamos os religiosos e, busquemos no AT pessoas que se "castraram" ao serviço de Deus, e portanto relembro as palavras de São João Paulo II em sua catequese:" De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado Maria à escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade." (João Paulo II - Catequese - 17 a 24/08/1996)

Santo agostinho nos fala: Assim, consagrou sua virgindade a Deus, enquanto ainda ignorava de quem havia sido chamada a ser mãe. Desse modo, ela ensinava, às outras, a possibilidade de imitação da vida do céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito, e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer. Cristo, assim, nascendo de uma virgem que, antes mesmo de saber de quem seria mãe, já tinha resolvido permanecer virgem, esse Cristo preferiu aprovar a santa virgindade a impô-la. Dessa maneira, mesmo na mulher da qual haveria de receber a forma de servo, ele quis que a virgindade fosse o efeito da vontade livre." (A Santa Virgindade - Santo Agostinho)

É importante perceber que Jesus Cristo ao estar na Cruz, entrega sua Mãe aos cuidados de João. “26. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.” (Jo 19, 26-27) Vejamos bem, se Jesus teve outros irmão como afirmam os protestante, porque ele não deixou Maria nos cuidados destes irmãos?

Um protestante lendo este texto diria: Os irmãos de Jesus Cristo eram incrédulos, por isso ele deixou-a sobre os cuidados de João.

Se Jesus não teve irmãos que eram este incrédulos. Sabemos que um deles era o Apostolo Tiago, e mesmo que ele fosse um irmão biológico de Jesus, Ele teria que deixa-la aos cuidados desses seus irmãos biológico, pois a não crença desses supostos irmãos em Jesus Cristo não quer dizer que eles não seguiam a Lei Mosaica, vivemos em mundo onde muitos acreditam em Deus, mais não acreditam que Jesus Cristo existiu, exemplo do islamismo que não acreditam em Jesus Cristo como o filho de Deus, mais como um profeta qualquer, e veneram à Maomé como se ele fosse algum tipo de messias ou até mesmo um deus. 

Temos também o exemplo dos Judeus, pois vários Judeus não acreditaram em Jesus Cristo, e sabemos que eles respeitavam as Leis de Moises, e como sabemos nesta leia esta escrito, (Honrar Pai e Mãe). Bom com isso determinamos que estes irmãos biológicos não existiram, pois mesmo sendo incrédulos jamais eles deixariam de honrar sua mãe por não acreditarem em Jesus Cristo como o Messias.

E que assim caiam os argumento de hereges que acusam a Ecclesia et Christi.

Paz e bem!
_________________

[1] Fonte: Veritatis http://www.veritatis.com.br/apologetica/maria-santissima/547-quem-sao-os-irmaos-de-jesus

[2] Fonte: Veritatis http://www.veritatis.com.br

Por: Gilson Azevedo
© Livre para copia e difusão na integra e com menção do autor

Qual é a explicação teológica do TAU?



O Tau é a última letra do alfabeto hebraico. Foi usado com valor simbólico, pois o Antigo Testamento;Ele falou sobre já no livro de Ezequiel: "O Senhor disse: Vá até a cidade, através de Jerusalém e marcando uma Tau na testa dos homens que suspiram e choram ..." (Ez.9,4). É o sinal colocado na testa dos pobres de Israel, salvá-los de extermínio.
Com este mesmo significado e valor se ele também fala em Apocalipse: "E vi outro anjo subir do lado do oriente, e deu à luz o selo do Deus vivo, e clamou com grande voz aos quatro anjos que foram encomendados para ferir a terra eo mar, sem dizer danificado nem a terra, nem o mar, nem as plantas até que tenhamos selado em suas testas os servos do nosso Deus "(Ap.7,2-3).

O Tau é, portanto, um sinal de redenção. E 'sinal exterior de que a renovação da vida cristã, mais interiormente marcado pelo selo do Espírito Santo, que nos foi dada como um presente no dia do batismo (Ef.1,13).

O Tau foi adotada pelos primeiros cristãos. Este sinal já está nas catacumbas em Roma. Os primeiros cristãos adotaram o Tau por duas razões. Ele, como a última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último dia e tinha a mesma função que a letra grega Omega, como resulta do Apocalipse: "Eu sou o Alfa eo Ômega, o princípio eo fim. A quem tem sede eu darei da fonte da água da vida ... Eu sou o Alfa eo Ômega, o Primeiro eo Último, o Princípio eo Fim "(Ap.21,6; 22,13 ).

Mas, especialmente os cristãos adotaram o Tau, porque sua forma lembrou-lhes a cruz em que Cristo foi sacrificado para a salvação do mundo. 

São Francisco de Assis, pelas mesmas razões, estava se referindo a todos o Cristo, o último : para a semelhança com a cruz Tau, este sinal era muito querido, tanto que ele ocupou um lugar importante em sua vida, bem como nos gestos. Nele o sinal profético de idade é atualizado, você colorir novamente, ele recupera a economia de energia e expressa a bem-aventurança da pobreza, elemento substancial da forma de vida franciscana.

Era um amor que nasceu de uma veneração apaixonado da Santa Cruz, para a humildade de Cristo, objeto contínuo das meditações de Francisco e para a missão de Cristo através da Cruz deu a todos os homens o sinal e expressão seu grande amor. O Tau também foi para o sinal concreto de Santo certeza de salvação e vitória de Cristo sobre o mal. Francesco foi grande no amor e na fé neste signo."Com este selo, Francis assinado si mesmo sempre que necessário ou por caridade, enviou algumas cartas" (980 FF); "Com ele deu início à suas ações" (1347 FF). O Tau era então o mais caro para assinar Francis, seu selo, o sinal revelador de uma convicção espiritual profunda que só na Cruz de Cristo é a salvação de cada homem.

Assim, o Tau, que tem atrás de si uma tradição bíblico-cristã sólida, ele foi saudado por Francis em seu valor espiritual e Santo tomou posse tão intensamente e total a tornar-se a si mesmo, através do estigmas na sua carne, a o fim de seus dias, o Tau viva de que ele tinha tantas vezes contemplado, concebido, acima de tudo amado. 

Hoje, muitos membros da família franciscana: frades, freiras, seminaristas, aspirantes a ordem franciscana secular, jovens devotos e admiradores e amigos de St. Francesco, levar o Tau como um sinal distintivo de reconhecimento de que eles pertencem à família ou à espiritualidade franciscana.

O Tau não é um fetiche, nem uma bugiganga de tudo, é um sinal concreto de devoção cristã, mas também um compromisso de vida no seguimento de Cristo pobre e crucificado.
Receba Tau, levar em seu coração, é o compromisso com um caminho, para uma escola de vida. O cristão marcados com o sinal da cruz, no momento do seu batismo, deve tornar-se, carregando a cruz, através do sofrimento inevitável que envolve a vida, imitador e seguidor de Cristo, pobre e crucificado.Tau tem para nos lembrar que uma grande verdade cristã, a nossa vida associada com a de Cristo na cruz como um meio de salvação insubstituíveis.

Nós sabemos: nada vem de grande sem passar pelo sacrifício. Em seguida, congratulamo-nos com este sinal, vamos levá-lo com orgulho, nos defender, espiritualidade viviamone, vamos explicar através dele a "esperança que está em nós", consciente de que só pelo apego à cruz a cada dia que pode renascer com Ele, como Francisco, a vida realmente novo .

A Tau ...
É um sinal de reconhecimento do cristão, isto é, o Filho de Deus, a criança escapou do perigo, os salvos. É um sinal de uma poderosa proteção contra o mal (Ez.9,6).
É um sinal de Deus queria para mim, é um privilégio divino (Ap.9,4; Ap.7,1-4; Ap.14,1 ). 

É um sinal dos remidos do Senhor, de ilibada, daqueles que confiam nEle, a quem identificar as crianças que sabem que são amados e precioso para Deus (Ez.9,6).
É a última letra do alfabeto hebraico (Sal.119 baixo). 

Na cruz de Jesus foi a condenação de criminosos, portanto, um símbolo de vergonha e escândalo. Os condenados por que foi amarrado a um pólo mãos atrás das costas; chegou ao local da execução, eles foram içadas em outro pólo verticalmente empurrados para o chão. A cruz TAU de Cristo, não é mais um símbolo de vergonha e derrota, torna-se um símbolo de um sacrifício pelo qual sou salvo.

É um símbolo da dignidade dos filhos de Deus, porque é a cruz que Cristo sofreu. É um sinal de que me lembra que eu devo ser muito forte nos testes, pronto para obedecer ao Pai e dócil em submissão, como foi Jesus antes de a vontade do Pai.

Geralmente é feita de madeira de oliveira, por quê? Porque a madeira é um muito pobre e dúctil; Os filhos de Deus são chamados a viver com simplicidade e na pobreza de espírito (Mt.5,3). A madeira é um material dúctil, que é facilmente trabalhado; até mesmo o cristão batizado, deve deixar-nos ser moldado na vida de todos os dias, a partir da Palavra de Deus, ser Voluntário do Seu Evangelho. Traga o TAU significa ter respondido SIM a minha vontade de Deus para me salvar, para aceitar sua proposta de salvação.

Que significa ser um pacificador, porque a oliveira é um símbolo de paz ("Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz" - St. Francis). St. Francis, com TAU abençoado e obtido muitas graças.Nós também podemos abençoar (veja bênção de São Francisco ou Nm.6,24-27). Bênção significa dizer bem, vai a bom para alguém.

No momento do nosso batismo, nós escolhemos para a madrinha e padrinho, começando agora a TAU, fazemos uma escolha livre por cristãos de fé madura.

segunda-feira, agosto 08, 2016

O santo, o noviço, o burro e os linguarudos



Um conto de São Bernardino de Siena sobre murmuração e maledicência

Um santo religioso, que conhecia bem as coisas do mundo, percebera que não se podia encontrar quem não falasse mal dos outros. Um dia, disse a um noviço:

“Meu filho, pega nosso burrinho e vem comigo”.

O obediente noviço pegou o asno. Nele montou o velho religioso, enquanto o jovem ia caminhando atrás. A certa altura, deviam atravessar um local cheio de lama e, então, alguém disse:

“Olha quanta crueldade contra esse mongezinho que vai a pé! Deixá-lo andar entre tanta lama! E o velho vai a cavalo!”

O santo religioso desceu então do animal e pôs sobre ele o jovem monge. Andaram mais um pouco e não tardou a aparecer quem dissesse:

“Olha que coisa estranha esse homem no animal! É o velho que deixa o jovem andar no cavalo, sem se cuidar da fatiga e da lama! Não é uma loucura? Os dois deveriam ir sobre o asno. Seria melhor!”

O santo religioso montou então na garupa. E assim prosseguiram, até aparecer outro e dizer:

“Mas olha esses que vão em cima do pobre burrinho! Os dois montaram nele? Será que não têm pena do coitado do burrinho?”

Ouvindo isto, o santo religioso desceu e fez desmontar também o jovem. Seguiram os dois a pé. Logo apareceu alguém que disse:

“Meu Deus, olha a loucura desses dois, que têm o asno, mas vão caminhando a pé por entre o lodo!”

E tendo o santo religioso constatado mais uma vez que não havia pessoa no mundo que não ficasse murmurando, disse ao jovem monge:

“Voltemos agora para a nossa morada”.

De volta às suas celas, perguntou o santo:

“Meu filho, pensaste na lição do asno?”

“Em quê?”

“Não viste que, de qualquer jeito que fôssemos, falavam mal de nós? Se eu ia montado e tu a pé, falavam mal porque és jovem e eu devia proteger-te. Desci, coloquei-te na sela e outro falou mal dizendo que sou velho e devíamos montar os dois. Montamos os dois e ainda falaram mal, dizendo que éramos cruéis com o burrinho. E, quando ambos descemos, ainda murmuraram que era loucura andarmos a pé em vez de montarmos o jumento”.

O sábio religioso prosseguiu:

“Meu filho, guarda bem o que te vou dizer. Mesmo aquele que está no mundo fazendo o bem e empenhando-se em fazer todo o bem possível, nem mesmo ele pode evitar ser alvo de más línguas. Por isso, meu filho, não te incomodes com esses, nem ouças o que dizem, nem tenhas vontade de andar no meio deles, porque, seja como for, sempre acabarás perdendo: deles não sai senão pecado. Tu faze o bem sempre. Deixa-os dizerem o que bem entendem, quer falem bem, quer falem mal”.

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São Bernardino de Siena, em “Apologhi e Novellette” – via blog Contos e Lendas Medievais

sexta-feira, agosto 05, 2016

Estado Islâmico responde ao Papa: nossa religião é da guerra e nós te odiamos


O grupo terrorista Estado Islâmico saiu publicamente para rejeitar as declarações do Papa Francisco de que a guerra travada por terroristas islâmicos não é de natureza religiosa. A publicação assegura ao pontífice que sua única motivação é religiosa e foi sancionada por Deus no Alcorão.

Na mais recente edição da Dabiq, a revista de propaganda do Estado Islâmico, o ISIS critica Francisco por sua ingenuidade no apego à convicção de que os muçulmanos querem paz e que os atos de terror islâmicos são motivados por finalidades economicas.

“Esta é uma guerra divinamente garantida entre a nação muçulmana e as nações dos infiéis”, afirmam os autores em um artigo intitulado “By the Sword. (Pela Espada)”

O Estado Islâmico ataca diretamente o pontífice por afirmar que “autêntico Islã e uma leitura adequada do Alcorão se opõem a todas as formas de violência”. Segundo a publicação, fazendo isso “Francisco continua a esconder-se atrás de um véu enganador de ‘boa vontade’, escondendo suas reais intenções de pacificar a nação muçulmana “.

O Papa Francisco “tem lutado contra a realidade” em seus esforços para retratar o Islã como uma religião de paz, insiste reiteradamente o artigo. Ao mesmo tempo, a publicação do ISIS pede a todos os muçulmanos para pegar a espada da jihad, a “maior obrigação de um verdadeiro muçulmano” contra os infiéis.

O artigo lamenta que apesar da natureza obviamente religiosa de seus ataques, “muitas pessoas nos países das cruzadas (países ocidentais) expressam choque e até mesmo repugnância pelo fato da liderança do Estado Islâmico ‘usar a religião para justificar a violência… De fato, jihad – espalhando a regra de Deus pela espada – é uma obrigação encontrada no Alcorão que é a palavra de nosso Senhor”, relembra o artigo.

“Derramar o sangue dos descrentes é uma obrigação comum. O comando é claro: Matar os descrentes, como disse Allah, ‘Então matar os idólatras onde quer que você encontre-los. ”

O Estado Islâmico também reagiu à descrição do Papa Francisco de recentes atos de terror islâmico como “violência sem sentido”, insistindo que não há nada de absurdo nisso. “A essência da questão é que há uma rima para o nosso terrorismo, guerra, crueldade e brutalidade”, eles declaram, acrescentando que o seu ódio para o Ocidente cristão é absoluta e implacável.

O fato é que mesmo se vocês (nações ocidentais) não nos bombardeassem, aprisionassem, não nos torturassem, nos difamassem e não usurpassem nossas terras, temos que continuar a odiar vocês. Nossa principal razão para odiar vocês não vai deixar de existir até que vocês abracem o Islã. Mesmo que vocês sejam submetidos a pagar jizyah [imposto para infiéis] e viver sob a autoridade do Islã na humilhação, gostaríamos de continuar a odiá-los.

Em uma recente conferência de imprensa no avião de volta da Polônia, o Santo Padre disse aos jornalistas que o mundo está em guerra. “Mas é uma guerra real, não uma guerra religiosa”, disse o pontífice.

(via FidesPress)

O diabo contra São João Maria Vianney



As palavras finais do mártir francês pe. Jacques Hamel, “Afasta-te, Satanás“, trazem à mente outro padre francês que sofreu ameaçadores encontros com o maligno. Embora não tenha sido brutalmente assassinado como o pe. Hamel, esse outro sacerdote foi alvo de todo ataque do diabo, inclusive ataques físicos, para impedi-lo de continuar espalhando o Evangelho.

Ele era São Jean-Baptiste-Marie Vianney, ou São João Maria Vianney – ou também, como talvez ele seja ainda mais conhecido, o Cura d’Ars.

Durante 35 anos, Satanás lançou mão de tudo que tinha ao seu alcance para atacar o santo pároco que ouvia confissões dos fiéis dezesseis horas por dia – todos os dias.

À noite, o Cura d’Ars ouvia vozes angustiantes, lamentos pavorosos e gritos. Chegava a ser fisicamente arrastado da cama – e, uma noite, a sua cama pegou fogo. Os tormentos o impediam de dormir direito, mas não de viver uma vida de impressionante santidade.

Sua capacidade de “ler” as almas e de ensinar as verdades profundas do Evangelho chamou grande atenção. Homens e mulheres percorriam quilômetros e quilômetros para procurá-lo em sua paróquia. O pe. Vianney, no entanto, como homem humilde que sempre foi, nunca procurou qualquer recompensa ou celebridade. Conta-se de um padre vizinho que tinha ciúmes da fama de Vianney e lançou uma petição para removê-lo de Ars por causa da sua falta de estudos. Ao saber da petição, o próprio Vianney assinou e a enviou ao bispo – que, felizmente, soube entender o que de fato estava acontecendo e o manteve na paróquia.

O pároco aceitou os tormentos causados pelo diabo sabendo que era atacado por causa dos muitos pecadores que ajudava a se reconciliarem com Deus. Aliás, era comum ele ser mais fortemente atacado na véspera da vinda de um “grande pecador” à cidade para confessar seus pecados.

“O demônio é muito esperto, mas não é forte. Fazer logo o Sinal da Cruz o afugenta (…) Quando eu fiz o Sinal da Cruz, ele foi embora”, testemunhou o santo, que, a certa altura, já nem sequer estranhava as aparições insistentes do diabo.

São João Maria Vianney passou por esses ataques terríveis porque Deus sabia que ele podia lidar com eles e que essa experiência o fortaleceria no ministério da misericórdia. O apóstolo São Paulo já tinha explicado aos coríntios: “Deus é fiel e não te permitirá ser tentado para além de tuas forças” (1 Cor 10,13).

Satanás precisou apelar para recursos mais extremos porque São João Maria Vianney não se deixava levar pelas tentações diárias “comuns”, aquelas com que estamos todos familiarizados. Mas nem isso deu certo. Em vez de dobrá-lo à sua vontade, Satanás teve de testemunhar a graça de Deus que sustentava o santo sacerdote para permanecer fiel à vontade do Pai até o fim.

Satanás é um terrorista: ele sempre recorre ao medo para se apresentar como mais poderoso que Deus. Ele usa o seu terrorismo para nos paralisar e impedir de espalhar a misericórdia de Deus entre todas as pessoas. Devemos nos impor diante da tirania do mal e, como disse o arcebispo de Rouen, “ser testemunhas de que a violência não vencerá em nosso próprio coração“.

Será que era coincidência que Satanás atacasse São João Maria Vianney com a máxima intensidade justo antes que chegassem à cidade os “grandes pecadores”? Será coincidência que, em nosso tempo, a sua violência tenha se intensificado tanto durante o Jubileu da Misericórdia?

Permaneçamos fiéis a Cristo e “combatamos o bom combate”, comprometendo-nos ainda mais para ser missionários da misericórdia.

O Estado Islâmico teme o Papa Francisco e tenta instrumentalizá-lo





Em desespero, a propaganda terrorista apela covardemente contra o Santo Padre


A revista online do Estado Islâmico, Dabiq, publicada mensalmente em inglês, dedicou seu último número a atacar enfaticamente oPapa Francisco. Entre outras coisas, o Papa é criticado por ter rezado pelas vítimas do massacre em Orlando, na Flórida, onde um criminoso inspirado pelo grupo fanático matou 49 pessoas em um clube gay da cidade.

O “raciocínio” (?) dos fanáticos é simples: se o Papa ora pelas pessoas assassinadas nesse ataque, significa que a religião dos “infiéis” cristãos está se colocando ao lado dos homossexuais e, portanto, “sujando-se mais ainda” com a secularização.




A revista dos terroristas afirma também que “Francisco deixou a religião de lado para seduzir a opinião pública” e “conquistar o máximo possível de apoio na cruzada contra as nações muçulmanas”. Segundo os teóricos do Estado Islâmico, essa “conspiração” incluiria a participação até mesmo dos setores muçulmanos que se inclinaram à democracia e aos “direitos ocidentais”.



“Destruamos a cruz”

A capa da revista já começa convocando: “Destruamos a cruz!”. A frase aparece sobreposta à imagem de um militante que arranca o símbolo do cristianismo do telhado de uma igreja, além de ser repetida em cada uma das 82 páginas da edição.

Os artigos são intercalados por entrevistas e “testemunhos” como o de Umm Khalid al-Finlandiyyah, combatente que partiu da Finlândia para se juntar à milícia fanática. É chamativa, ainda, a foto de uma criança loira correndo feliz em um jardim do Oriente Médio, com a legenda: “Crianças muçulmanas criadas em terras do Islã”.

“Top 10” das execuções

Mas o pior ainda está para vir: nas últimas páginas, que as revistas ocidentais geralmente reservam a entretenimento e lazer, a revista dos jihadistas traz o que chama de “Os 10 melhores vídeos do Estado Islâmico”, mostrando execuções covardes, e uma seção chamada “Pela espada”, com fotos de cabeças cortadas e corpos apedrejados, acompanhados por textos igualmente hediondos.

Precedente

A revista já tinha colocado o Papa Francisco na mira em setembro passado, durante os intensos ataques de aviões russos e franceses contra o Estado Islâmico na Síria. A inteligência norte-americana monitorou com prioridade os riscos contra Francisco após a publicação, pela revista, de uma foto dele ao lado de outros religiosos; a manchete falava do “papa cruzado”, enquanto o subtítulo apresentava os “apóstatas governativos”.

Para a inteligência americana, tratava-se de mais uma tentativa de usar a popularidade do pontífice a fim de atingir o maior número possível de pessoas.