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terça-feira, agosto 09, 2016

Qual é a explicação teológica do TAU?



O Tau é a última letra do alfabeto hebraico. Foi usado com valor simbólico, pois o Antigo Testamento;Ele falou sobre já no livro de Ezequiel: "O Senhor disse: Vá até a cidade, através de Jerusalém e marcando uma Tau na testa dos homens que suspiram e choram ..." (Ez.9,4). É o sinal colocado na testa dos pobres de Israel, salvá-los de extermínio.
Com este mesmo significado e valor se ele também fala em Apocalipse: "E vi outro anjo subir do lado do oriente, e deu à luz o selo do Deus vivo, e clamou com grande voz aos quatro anjos que foram encomendados para ferir a terra eo mar, sem dizer danificado nem a terra, nem o mar, nem as plantas até que tenhamos selado em suas testas os servos do nosso Deus "(Ap.7,2-3).

O Tau é, portanto, um sinal de redenção. E 'sinal exterior de que a renovação da vida cristã, mais interiormente marcado pelo selo do Espírito Santo, que nos foi dada como um presente no dia do batismo (Ef.1,13).

O Tau foi adotada pelos primeiros cristãos. Este sinal já está nas catacumbas em Roma. Os primeiros cristãos adotaram o Tau por duas razões. Ele, como a última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último dia e tinha a mesma função que a letra grega Omega, como resulta do Apocalipse: "Eu sou o Alfa eo Ômega, o princípio eo fim. A quem tem sede eu darei da fonte da água da vida ... Eu sou o Alfa eo Ômega, o Primeiro eo Último, o Princípio eo Fim "(Ap.21,6; 22,13 ).

Mas, especialmente os cristãos adotaram o Tau, porque sua forma lembrou-lhes a cruz em que Cristo foi sacrificado para a salvação do mundo. 

São Francisco de Assis, pelas mesmas razões, estava se referindo a todos o Cristo, o último : para a semelhança com a cruz Tau, este sinal era muito querido, tanto que ele ocupou um lugar importante em sua vida, bem como nos gestos. Nele o sinal profético de idade é atualizado, você colorir novamente, ele recupera a economia de energia e expressa a bem-aventurança da pobreza, elemento substancial da forma de vida franciscana.

Era um amor que nasceu de uma veneração apaixonado da Santa Cruz, para a humildade de Cristo, objeto contínuo das meditações de Francisco e para a missão de Cristo através da Cruz deu a todos os homens o sinal e expressão seu grande amor. O Tau também foi para o sinal concreto de Santo certeza de salvação e vitória de Cristo sobre o mal. Francesco foi grande no amor e na fé neste signo."Com este selo, Francis assinado si mesmo sempre que necessário ou por caridade, enviou algumas cartas" (980 FF); "Com ele deu início à suas ações" (1347 FF). O Tau era então o mais caro para assinar Francis, seu selo, o sinal revelador de uma convicção espiritual profunda que só na Cruz de Cristo é a salvação de cada homem.

Assim, o Tau, que tem atrás de si uma tradição bíblico-cristã sólida, ele foi saudado por Francis em seu valor espiritual e Santo tomou posse tão intensamente e total a tornar-se a si mesmo, através do estigmas na sua carne, a o fim de seus dias, o Tau viva de que ele tinha tantas vezes contemplado, concebido, acima de tudo amado. 

Hoje, muitos membros da família franciscana: frades, freiras, seminaristas, aspirantes a ordem franciscana secular, jovens devotos e admiradores e amigos de St. Francesco, levar o Tau como um sinal distintivo de reconhecimento de que eles pertencem à família ou à espiritualidade franciscana.

O Tau não é um fetiche, nem uma bugiganga de tudo, é um sinal concreto de devoção cristã, mas também um compromisso de vida no seguimento de Cristo pobre e crucificado.
Receba Tau, levar em seu coração, é o compromisso com um caminho, para uma escola de vida. O cristão marcados com o sinal da cruz, no momento do seu batismo, deve tornar-se, carregando a cruz, através do sofrimento inevitável que envolve a vida, imitador e seguidor de Cristo, pobre e crucificado.Tau tem para nos lembrar que uma grande verdade cristã, a nossa vida associada com a de Cristo na cruz como um meio de salvação insubstituíveis.

Nós sabemos: nada vem de grande sem passar pelo sacrifício. Em seguida, congratulamo-nos com este sinal, vamos levá-lo com orgulho, nos defender, espiritualidade viviamone, vamos explicar através dele a "esperança que está em nós", consciente de que só pelo apego à cruz a cada dia que pode renascer com Ele, como Francisco, a vida realmente novo .

A Tau ...
É um sinal de reconhecimento do cristão, isto é, o Filho de Deus, a criança escapou do perigo, os salvos. É um sinal de uma poderosa proteção contra o mal (Ez.9,6).
É um sinal de Deus queria para mim, é um privilégio divino (Ap.9,4; Ap.7,1-4; Ap.14,1 ). 

É um sinal dos remidos do Senhor, de ilibada, daqueles que confiam nEle, a quem identificar as crianças que sabem que são amados e precioso para Deus (Ez.9,6).
É a última letra do alfabeto hebraico (Sal.119 baixo). 

Na cruz de Jesus foi a condenação de criminosos, portanto, um símbolo de vergonha e escândalo. Os condenados por que foi amarrado a um pólo mãos atrás das costas; chegou ao local da execução, eles foram içadas em outro pólo verticalmente empurrados para o chão. A cruz TAU de Cristo, não é mais um símbolo de vergonha e derrota, torna-se um símbolo de um sacrifício pelo qual sou salvo.

É um símbolo da dignidade dos filhos de Deus, porque é a cruz que Cristo sofreu. É um sinal de que me lembra que eu devo ser muito forte nos testes, pronto para obedecer ao Pai e dócil em submissão, como foi Jesus antes de a vontade do Pai.

Geralmente é feita de madeira de oliveira, por quê? Porque a madeira é um muito pobre e dúctil; Os filhos de Deus são chamados a viver com simplicidade e na pobreza de espírito (Mt.5,3). A madeira é um material dúctil, que é facilmente trabalhado; até mesmo o cristão batizado, deve deixar-nos ser moldado na vida de todos os dias, a partir da Palavra de Deus, ser Voluntário do Seu Evangelho. Traga o TAU significa ter respondido SIM a minha vontade de Deus para me salvar, para aceitar sua proposta de salvação.

Que significa ser um pacificador, porque a oliveira é um símbolo de paz ("Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz" - St. Francis). St. Francis, com TAU abençoado e obtido muitas graças.Nós também podemos abençoar (veja bênção de São Francisco ou Nm.6,24-27). Bênção significa dizer bem, vai a bom para alguém.

No momento do nosso batismo, nós escolhemos para a madrinha e padrinho, começando agora a TAU, fazemos uma escolha livre por cristãos de fé madura.

sexta-feira, julho 29, 2016

Como foram transmitidos os evangelhos?


É sabido que não possuímos os manuscritos originais dos evangelhos, como de igual modo o de nenhum livro da antiguidade. Os escritos transmitiam-se mediante cópias manuscritas em papiro e mais tarde em pergaminho. Os evangelhos e os primeiros escritos cristãos não são alheios a este tipo de transmissão. O Novo Testamento deixa já perceber que algumas cartas de São Paulo se copiaram e se transmitem num corpo de escritos (2 Pe 3, 15-16), e o mesmo acontece com os evangelhos: as expressões de São Justino, Santo Ireneu, Orígenes etc., referidas numa pergunta anterior (Quem foram os evangelistas?) dão a entender que os evangelhos canónicos foram copiados desde o primeiro momento e transmitidos em conjunto.

O material utilizado nos primeiros séculos da era cristã foi o papiro e a partir do século III começou a usar-se o pergaminho, mais resistente e duradouro. Só a partir do século XIV se começou a utilizar o papel. Os manuscritos que conservamos dos evangelhos, com um estudo atento que se denomina crítica textual, mostram-nos que, em comparação com a maioria das obras da antiguidade, a fiabilidade que podemos dar ao texto que dispomos é muito grande. Em primeiro lugar, pela quantidade de manuscritos. Da Ilíada, por exemplo, temos menos de 700 manuscritos, mas de outras obras, como osAnales de Tácito, só temos uns poucos – e dos seus primeiros seis livros só um. Pelo contrário, do Novo Testamento temos cerca de 5.400 manuscritos gregos, sem contar as versões antigas noutros idiomas e as citações do texto em obras de escritores antigos. Além disso, existe a questão da distância entre a data de composição do livro e a data do manuscrito mais antigo. Enquanto que para muitíssimas obras clássicas da antiguidade essa distância é de quase dez séculos, o manuscrito mais antigo do Novo Testamento (o Papiro de Rylands) é trinta ou quarenta anos posterior ao momento de composição do evangelho de São João. Do século III temos papiros (os Papiros de Bodmer e Chester Beatty) que mostram que os evangelhos canónicos já coleccionados se transmitiam em códices; e desde o século IV os testemunhos são quase intermináveis.

Obviamente, ao comparar a multiplicidade de manuscritos, descobrem-se erros, más leituras, etc. A crítica textual dos evangelhos – e dos manuscritos antigos – examina as variantes que são significativas, tentando descobrir a sua origem – às vezes, um copista tenta harmonizar o texto de um evangelho com o de outro, outro tenta explicar o que lhe parece uma expressão incoerente, etc. – e procurando, dessa maneira, estabelecer como poderia ser o texto original. Os especialistas coincidem em afirmar que os evangelhos são os textos da antiguidade que melhor conhecemos. Baseiam-se para isso na evidência do que foi referido no parágrafo anterior e também no facto de que a comunidade que transmite os textos é uma comunidade crítica, de pessoas que comprometem a sua vida com o que é afirmado nos textos e que, obviamente, não comprometeriam a sua vida numas ideias criadas para a ocasião.
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Bibliografia: J. Trebolle, La Biblia judía y la Biblia cristiana. Introducción a la historia de la Biblia, Trotta, Madrid 1998; J. O'Callaghan, Los primeros testimonios del Nuevo Testamento. Papirología neotestamentaria, El Almendro, Córdoba 1995; E. J. Epp, “Textual Criticism (NT)”, em Anchor Bible Dictionary VI, Doubleday, New York 1992 (págs. 412-435); F. Varo, ¿Sabes leer la Biblia?, Planeta, Barcelona 2006.

segunda-feira, julho 18, 2016

Dar a outra face a quem esbofeteia


De maneira geral, chama a nossa atenção o estilo do famoso sermão da montanha de Jesus (Mateus 5-7): é muito vivo, visando penetrar e calar fundo na mente dos leitores mediante as suas imagens, os seus contrastes e aparentes paradoxos. Assim é que Jesus fala aos seus ouvintes de:

– Arrancar o próprio olho (5,29),

– Amputar a mão direita (5,30),

– Só dizer «Sim, sim; Não, não», pois ulteriores palavras seriam inspiradas pelo Maligno (5,36),

– Entregar [também] o manto a quem queira tirar [apenas] a túnica (5,40),

– Dar dois mil passos quando nos angariam para mil apenas (5,41), e

– Apresentar a face esquerda a quem bata na direita (5,39).

O entendimento literal destas expressões teria feito dos discípulos de Jesus, logo no início do Cristianismo, um rebanho simplório, posto à mercê de todo aventureiro ou explorador; uma tal «prática do Evangelho» só faria promover o mal no mundo, dando ocasião a que ímpios e criminosos acabassem por sufocar a causa do direito, do amor e da verdade. As gerações cristãs, desde o início da nossa Era, bem entenderam o sentido metafórico e hiperbólico das citadas frases de Mateus 5-7; nunca se julgaram obrigadas, por fidelidade ao Evangelho, a se arrancar um olho, amputar a mão direita, entregar manto e túnica em mãos do ladrão, nem a apresentar a face esquerda a quem batesse na direita. Jesus mesmo deu a interpretação autêntica de suas palavras quando foi esbofeteado por um dos guardas da corte do Sumo Sacerdote judeu: não julgou necessário, nem mesmo conveniente, fazer-se espancar de novo, mas, mediante palavras serenas, procurou promover o bem do injusto agressor, pedindo-lhe tomasse consciência exata do motivo por que havia agido:

– “Se falei mal, dá testemunho disto; mas, se falei bem, porque assim me bates?” (João 18,23).

Assim procedendo, o Senhor incutia o direito que toca a quem é injustamente acusado, de defender a sua causa e pôr às claras a verdade, a fim de que não seja deturpado o bem comum:

– “A resposta de Jesus deve servir de garantia aos acusados; é preciso que se lhes reconheça o direito de se defenderem e de responderem livremente” (M.-J. Lagrange, “Evangile selon St. Jean”, Paris, 1936, p.467).

Voltando ao texto de Mateus 5,39, Braun assim comenta a atitude do Senhor:

– “Responder tão tranquilamente, mas com tal firmeza, a um homem irado, diante do qual Jesus estava desarmado, isto era, na verdade, apresentar-lhe a outra face” (“Evangile selon St. Jean”, in: «La Sainte Bible», de Pirot-Clamer 10, Paris, 1946, p.458).

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 3 – mar/1958

O verdadeiro significado da palavra Igreja.

Igreja Matriz de Cantanhede - Interior
Origem etimológica da palavra Igreja.

Essa é a tradução do latim ecclesia, que por sua vez, traduz o grego ekklesia, tradução do hebraico qahal Jahwe, significando o ato da reunião ou também a própria comunidade reunida.

No novo testamento, os cristãos, assim conhecidos e chamados pelos judeus em Antioquia pela primeira vez (Atos dos Apóstolos, 11, 26), empregavam a palavra Igreja em três sentidos:

- a comunidade reunida em alguma cidade, seja da Judéia, Galiléia ou Samaria (1 Cor, 1,2; 16,1; Atos dos Apóstolos 9,31),

- ou a assembléia eucarística (1 Cor 11,18; 14, 19),

- ou a Igreja espalhada por todo o mundo (1 Cor, 15,9; Gálatas 1,13; Atos dos Apóstolos 20,28).

De modo geral, a palavra ekklesia significa o novo, o verdadeiro Israel, a comunidade existente, o ato de reunir a comunidade e a própria comunidade reunida. A palavra tem, portanto, o significado de acontecimento e instituição.

Assim, cada vez que dizemos ou pensamos a Igreja estamos afirmando a comunidade de fé, a assembléia de todos os cristãos. De acordo com o sentido etimológico da palavra, está errado dizer ou pensar que a Igreja são apenas os padres, os religiosos, as religiosas, ou mesmo o templo ou a casa construída para oração e reunião da comunidade. Na verdade, todo o batizado é a Igreja, no sentido de que, pelo batismo, todo o cristão começou a integrar a comunidade de fé.

sábado, julho 16, 2016

"Ninguém vai ao Pai senão por Mim."



"Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Cristo parece dizer-nos: "Por onde queres passar? Eu sou o caminho. Onde queres chegar? Eu sou a verdade. Onde queres ficar? Eu sou a vida." Caminhemos pois em plena segurança por este caminho; e, fora do caminho, tenhamos cuidado com as armadilhas. Porque dentro do caminho o inimigo não ousa atacar - o caminho é Cristo -, mas fora do caminho monta os seus ardis. [...]

O nosso caminho é Cristo na sua humildade; Cristo verdade e vida é Cristo na sua grandeza, na sua divindade. Se seguires o caminho da humildade, chegarás ao Altíssimo; se, na tua fraqueza, não desprezares a humildade, permanecerás cheio de força no Altíssimo. Porque foi que Cristo tomou o caminho da humildade? Foi por causa da tua fraqueza, que era um obstáculo intransponível; foi para te libertar dela que tão grande médico veio a ti. Tu não podias ir até ele; por isso, veio Ele até ti. Veio ensinar-te a humildade, que é um caminho de regresso, porque era o orgulho que nos impedia de retornar à vida que o mesmo orgulho nos tinha feito perder. [...]

Assim, tornando-Se nosso caminho, Jesus grita-nos: "Entrai pela porta estreita!" (Mt 7,13). O homem esforça-se por entrar, mas o inchaço do orgulho impede-o de tal. Aceitemos o remédio da humildade, bebamos esse medicamento amargo, mas salutar. [...] O homem inchado de orgulho pergunta: "Como poderei entrar?" Cristo responde-lhe: "Eu sou o caminho, entra por Mim. Eu sou a porta (Jo 10,7), porque procuras noutro sítio?" Para que não te percas, Ele fez-Se tudo por ti e diz-te: "Sê humilde, sê manso" (Mt 11,29).

Santo Agostinho in Sermão 142

sexta-feira, julho 15, 2016

15 razões lógicas para acreditar na Ressurreição


1. HAVIA UM TÚMULO VAZIO

Os fundadores de outras “fés” estão ainda enterrados ou foram cremados e as suas cinzas foram espalhadas por países estrangeiros. Jesus não. Os académicos modernos podem afirmar o que quiserem nos seus programas televisivos...a verdade é que o túmulo estava vazio.

2. O TÚMULO TINHA UM SELO ROMANO

Um pedaço de barro estava preso a uma corda (esticada à volta de uma pedra) e ao próprio túmulo. O selo romano estava estampado no barro. Quem quebra o selo, quebra a lei; e quem quebra a lei, morre.

3. O TÚMULO TINHA GUARDA ROMANA DE SERVIÇO

A guarda era constituída de pelo menos quatro homens (possivelmente mais), soldados altamente treinados. Estes soldados eram especialistas em tortura e combate, não se assustariam facilmente por um bando de pescadores ou cobradores de impostos. Caso adormecessem ou abandonassem o seu posto, violariam a lei, o que resultaria na sua morte.

4. O TÚMULO TINHA UMA PEDRA À SUA FRENTE

A maior parte dos académicos afirma que a pedra pesaria pelo menos duas toneladas, com provavelmente dois metros e meio de altura. Seria claramente necessário uma equipa para a levantar ou arrastar, não seria trabalho para um ou dois homens.

5. HOUVE VÁRIAS APARIÇÕES PÓS-RESSURREIÇÃO, A CENTENAS DE PESSOAS

Durante seis semanas, Ele apareceu a diversos grupos de variados tamanhos em locais diferentes. Uma vez, apareceu a mais de quinhentas pessoas – um número grande demais para ser uma fraude. Já para não falar que as pessoas a quem Ele aparecia não o viam simplesmente, mas comiam com Ele, andavam com Ele, tocavam-Lhe…Jesus até um pequeno-almoço preparou (Jo 21, 9).

6. O MARTÍRIO DAS TESTEMUNHAS É PROVA

Deixariam as pessoas para trás o seu trabalho, família e vida, iriam até ao fim do mundo, seriam horrível e brutalmente mortas e abandonariam as suas crenças religiosas anteriores, acerca da salvação, só para espalhar uma mentira? Ninguém, enquanto era decapitado, entregue aos leões, queimado em óleo, ou na fogueira, ou até crucificado ao contrário, mudou a sua história. Pelo contrário, cantaram hinos de louvor e confiança, sabendo que o Senhor que derrotou a morte os elevaria também.

7. A IGREJA PERDURA

Se a Ressurreição fosse mentira, ter-se-ia apagado há anos. A Igreja é a maior e mais velha instituição de qualquer tipo, na história da humanidade. A Igreja surgiu com os Apóstolos, após o dia de Pentecostes, no ano em que Cristo ascendeu ao Céu. Ela conquistou impérios, defendeu-se de ataques (quer vindos de dentro quer de fora) e cresceu, apesar dos seus membros pecadores, porque foi fundada por Cristo, e é guiada e protegida pelo Espírito Santo. A Igreja, tal como Cristo, é tanto divina como humana.

8. JESUS PROFETIZOU QUE IA ACONTECER

Jesus anunciou às pessoas que ia acontecer. Para Ele não foi uma surpresa. E não disse apenas: “Eu serei morto” (que outros também poderiam ter previsto) mas também que “Ao fim de três dias se levantaria dos mortos.” Estes detalhes não são ironias, coincidências ou adivinhações — são profecias, e as verdadeiras profecias vêm de Deus.

9. ESTAVA PROFETIZADO NO ANTIGO TESTAMENTO

Já era anunciado séculos antes do próprio Cristo ter nascido ou ressuscitado. Centenas de profecias acerca do Messias, o que Ele diria, faria, como viveria e como morreria… foram anunciadas por pessoas escolhidas por Deus (a maioria sem nunca se ter conhecido, já agora). Isaías, Jeremias, Zacarias, Oseias, Miqueias, ou Elias (só para nomear alguns) todos apontavam para a morte e Ressurreição de Cristo, séculos antes de acontecer.

10. O DIA DO SENHOR MUDOU

Após a Ressurreição, milhares de judeus (quase de um dia para o outro) abandonaram os séculos de tradição de celebrar o Sábado (dia do Senhor) no último dia da semana e passaram a santificar o primeiro dia da semana, o dia em que o Senhor, Jesus Cristo, venceu a morte e selou a nova e eterna aliança com Deus.

11. AS PRÁTICAS DOS SACRIFÍCIOS MUDARAM

Os Judeus sempre foram ensinados (e ensinavam assim os seus filhos) que era necessário oferecer um sacrifício de carne (animal) uma vez por ano, para remissão dos seus pecados. Após a Ressurreição, os judeus convertidos na altura, grande parte deles, pararam estes sacrifícios.

12. É ÚNICA ENTRE TODAS AS RELIGIÕES

Nenhum outro líder religioso, em qualquer altura, afirmou ser Deus, excepto Cristo. Nenhum outro líder religioso alguma vez fez as coisas que Jesus fez. Nenhum outro líder religioso se provou com a Ressurreição. Confúcio morreu. Lao-zi morreu. Maomé morreu. Joseph Smith morreu. Sidarta Gautama (Buda) morreu. Cristo ressuscitou dos mortos.

13. A MENSAGEM VALIDA-SE POR SI MESMA

Um coração humilde é muito mais esclarecido e iluminado do que a lógica ou razão. Um verdadeiro crente não precisa de todos os factos para crer na Ressurreição, porque o Espírito Santo revela-nos Cristo, intima e poderosamente. S. Paulo fala disto. Corações duros e cegos nunca verão Deus, até aceitarem que não são Deus.

14. O MILAGROSO FIM ENCAIXA COM A VIDA MILAGROSA

Não se percebe a lógica? Jesus curou os cegos, os surdos e dos mudos. Alimentou as multidões, curou os leprosos e curou os pecadores. Fez com que os coxos andassem e trouxe outros de volta à vida. Multiplicou comida, andou sobre as águas e acalmou tempestades apenas com a Sua voz. O milagre da Sexta-Feira Santa é que Ele não fez nenhum milagre. Ele morreu. O milagre do Domingo de Páscoa é que Ele ressuscitou dos mortos – um fim miraculoso para uma vida miraculosa. O que mais poderíamos esperar?

15. (E A ÚNICA RESPOSTA QUE REALMENTE PRECISAMOS) . . . JESUS CONTINUA A SER RESPOSTA

O mundo não pode oferecer nenhuma cura para o sofrimento. O mundo pode ignorá-lo, insultá-lo, debatê-lo, bombardeá-lo, medicá-lo…mas não existe nenhuma cura ou sentido para o sofrimento sem olhar para Jesus Cristo. N’Ele, o nosso sofrimento faz sentido e vale a pena. Longe d’Ele, o sofrimento não tem qualquer sentido e é estéril. A fonte da eterna juventude não existe. Não existe uma droga miraculosa. Não existe cura para a morte, excepto Jesus Cristo. O que é ilógico é pensar que o Deus da Vida não deseja que vivamos eternamente.

“Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados.” (1Cor 15, 12-18)

Irmãos e Irmãs, porque sabemos o que aconteceu na Última Ceia, na cruz e no sepulcro há 2000 anos, conhecemos Deus-Pai intimamente, caminhamos com o Filho diariamente e somos guiados pelo Espírito Santo eternamente. Esta é a verdade, e que bela verdade é.

Mark Hart in lifeteen.com

quinta-feira, julho 14, 2016

São José esteve casado por segunda vez?


Segundo S. Mateus, quando a Santíssima Virgem concebeu virginalmente Jesus, estava desposada com São José embora ainda não vivessem juntos (Mt 1, 18). Tratava-se da situação prévia aos desposórios que, entre os judeus, suponha um compromisso tão forte e real, que os comprometidos podiam ser já chamados esposo e esposa, e que só podia ser anulado mediante o repúdio. Do texto de S. Mateus deduz-se que, após o anúncio do anjo a José explicando-lhe que Maria concebera por obra do Espírito Santo (Mt 1, 20), se casaram e passaram a viver juntos. A narração da fuga e regresso do Egipto, e o estabelecimento em Nazaré (Mt 2, 13-23), bem como o episódio da apresentação do Menino no Templo – quando tinha doze anos, acompanhado pelos seus pais, tal como relata S. Lucas (Lc 2, 41-45) – assim o deixam entender. S. Lucas, além disso, ao narrar a anunciação do anjo a Maria apresenta-a como “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David”. Portanto, segundo estes evangelhos, São José esteve casado com a Santíssima Virgem. Este é o dado que pertence com certeza à tradição histórica recolhida nos evangelhos.

Ora bem, se essas foram as segundas núpcias de São José, ou se São José, já ancião e viúvo, não chegou a desposar a Virgem Maria, mas que unicamente cuidou dela como de uma virgem a seu cargo, são coisas que caem no terreno das lendas e que não oferecem qualquer garantia de historicidade.

A primeira menção de tais lendas encontra-se no chamado “Proto-evangelho de S. Tiago”, no séc. II. Conta que Maria permanecia no Templo desde os três anos e que, ao fazer doze anos, os sacerdotes procuraram alguém que tomasse conta dela. Reuniram todos os viúvos da aldeia, e após um sinal prodigioso realizado no bordão de José, que consistiu em que dele saiu uma pomba, entregaram a Virgem à sua guarda. Segundo esta lenda, no entanto, José não tomou Maria por esposa. De facto quando o anjo lhe aparece em sonhos não diz a José como em Mt 1, 20 “não temas receber em tua casa Maria, tua esposa”, mas, antes, “não temas por esta donzela” (XIV, 2). Outro apócrifo mais tardio que rescreve essa história – chamado “Pseudo Mateus”, talvez do séc. VI – parece dar a entender que Maria foi desposada com José, pois o sacerdote diz a este: “deves saber que não pode contrair matrimónio com nenhum outro” (VIII, 4). Contudo, habitualmente, fala de S. José como do guarda da Virgem. Pelo contrário no “Livro do Nascimento de Maria” – uma espécie de resumo do “Pseudo Mateus” – e na “História de José, o carpinteiro” (IV, 4-5), diz-se claramente que José desposou Maria.

Portanto, não há dados históricos que permitam afirmar que São José tivesse sido casado antes. O mais lógico é pensar que fosse um homem jovem quando desposou a Santíssima Virgem, e que só se tenha casado essa vez.

Bibliografia: J. Danielou, Los evangelios de la infancia, Herder, Barcelona 1969; S. Muñoz Iglesias, Los evangelios de la infancia. IV, BAC, Madrid 1990; A. de Santos, Los evangelios apócrifos, BAC, Madrid 1993 (8ª ed.).

O que diz o “Evangelho de Maria [Madalena]”?


texto que se conhece como Evangelho de Maria é um texto gnóstico escrito originalmente em grego, que nos chegou, através de dois fragmentos em papiro do século III, encontrados em Oxirrinco no Egipto (P.Ryl. III 463 e P.Oxy. L 3525), e de uma tradução em copto do século V (P.Berol. 8502). Todos estes textos foram publicados entre 1938 e 1983. É pos­sível que a obra tenha sido composta no século II. Nela apresenta-se Maria, provavelmente Maria Madalena (ainda que apenas seja denominada Maria), como fonte de uma revelação secreta ao estar em estreita relação com o Salvador.

No texto fragmentário que nos chegou narra-se que os discípulos fazem perguntas a Cristo ressuscitado e ele responde. Depois envia-os a pregar o evangelho do Reino aos gentios e vai-se embora. Os discípulos ficam tristes, sentindo-se incapazes de cumprir o mandato. Então Maria anima-os a levá-lo a cabo. Pedro pede-lhe que lhes comunique as palavras do Salvador que eles não tinham escutado, já que sabem que ele “a amava mais do que às restantes mulheres”. Maria refere a sua visão, repleta de referências gnósticas. No contexto de um mundo que caminha para a dissolução, explica as dificuldades da alma para descobrir a sua verdadeira natureza espiritual, na sua ascensão ao lugar do seu eterno descanso. Quando termina de narrar a sua visão repara que André e Pedro não lhe dão crédito. Pedro põe em questão que o Salvador a preferisse aos apóstolos e Maria põe-se a chorar. Levi defende-a (“Tu, Pedro, sempre tão impetuoso”) e acusa Pedro de se pôr contra a “mulher” (provavelmente, Maria, mais do que a mulher em geral) como faziam os adversários. Anima-os a aceitar que o Salvador a tenha preferido, a revestir-se do homem perfeito e a ir pregar o evangelho, o que fazem finalmente.

Este é o testemunho dos fragmentos, que, como se vê, não é muito. Alguns autores quiseram ver na oposição dos apóstolos a Maria (de algum modo também presente no Evangelho de Tomé, na Pistis Sophía e no Evangelho grego dos egípcios) um reflexo dos confrontos existentes na Igreja do século II. Seria sinal de que a Igreja oficial se oporia às revelações esotéricas e à liderança da mulher. Mas tendo em conta o carácter gnóstico destes textos, parece muito mais plausível que estes “evangelhos” não mostrem a situação da Igreja, mas a sua particular posição e o seu confronto com ela. O que afirma um grupo sectário não se pode entender como norma geral de uma situação, nem se pode fazer da excepção uma regra.

O que era o Sinédrio?




O Sinédrio era a Corte Suprema da lei judaica, com a missão de administrar a justiça interpretando e aplicando a Torá, quer oral quer escrita. Ao mesmo tempo, assumia a representação do povo judaico perante a autoridade romana.

De acordo com uma antiga tradição tinha seten­ta e um membros, herdeiros – segundo se supunha – das tarefas desempenhadas pelos setenta anciãos que ajudavam Moisés na administração da justiça, junto com o próprio Moisés. Desenvolveu­‑se, integrando representantes da nobreza sacerdotal e das famílias mais notáveis, possivelmente durante período persa, isto é, a partir do século V-IV a.C. É mencionado pela primeira vez, embora com o nomegerousía (conselho de anciãos), no tempo do rei Antíoco III da Síria (223-187 a.C.). Com o nome de synedrion está testemunhado desde e reinado de Hircano II (63-40 a.C.). Nesses momentos era presidido pelo monarca asmoneu, que também era sumo sacerdote.

Herodes, o Grande, no começo do seu reinado mandou executar grande parte dos seus membros – quarenta e cinco, segundo Flávio Josefo (AntiquitatesIudaicae 15, 6) – porque o conselho se tinha atrevido a recordar-lhe os limites em que devia levar a cabo seu poder. Substitui-os por personagens submissos aos seus desejos. Durante o seu reinado, e depois, no tempo de Arquelau, o Sinédrio teve pouca importância.

Na época dos governadores romanos – também na de Pôncio Pilatos – o Sinédrio exerceu de novo as suas funções judiciais, em processos civis e penais, dentro do território da Judeia. Nesses mo­mentos as suas relações com a administração romana eram fluidas, e o relativo âmbito de autonomia que gozava está em consonância com a política romana habitual nos territórios conquistados. Contu­do, o mais provável é que nesses momentos a potestas gladii, isto é, a capacidade de decretar uma sentença de morte, estaria reservada ao governador romano (praefectus) que, como era habitual nesses momentos, teria recebido do imperador amplos poderes judiciais, e entre eles essa potestade. Por­tanto, o Sinédrio embora pudesse decidir nas causas que lhe eram próprias, não podia condenar ninguém à morte.




A reunião dos seus membros durante a noite para interrogar Jesus não foi mais do que uma investigação preliminar para delinear as acusa­ções que mereciam a pena capital e apresentá-las contra Jesus, na manhã seguinte, no processo perante o perfeito romano. 

Bibliografia: J. Gnilka, Jesús von Nazareth. Botschaft und Geschichte, Herder, Freiburg 1990 (ed. esp. Jesús de Nazaret, Herder, Barcelona 1993); Antonio Rodríguez Carmona, La religión judía. Historia y teología, BAC, Madrid 2001.

Em que consiste substancialmente a mensagem cristã?


Consiste em anunciar Jesus Cristo. Ele é a boa notícia (evangelho) que proclamavam desde princípio os Apóstolos, como escreve S. Paulo: “ Lembro-vos, irmãos, o Evangelho que vos preguei, o qual recebestes, no qual perseverais, pelo qual sereis também salvos (...). Porque, antes de tudo, ensinei-vos o que eu mesmo recebi: Que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as mesmas Escrituras; que foi visto por Cefas e depois pelos onze” (1 Cor 15, 1-5). Essa mensagem refere-se directamente à morte e ressurreição de Jesus por nossa salvação e inclui que Jesus é o Messias (Cristo) enviado por Deus tal como tinha sido prometido a Israel. O anúncio de Jesus Cristo abrange portanto a fé no Deus único, criador do mundo e do homem, e protagonista principal da história da salvação.

A mensagem cristã anuncia que, com Jesus Cristo, se realizou em plenitude a revelação de Deus ao homem: “quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, a fim de que remisse aqueles que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adopção de filhos” (Gl 4, 4-5). Jesus revela quem é Deus de uma maneira nova e mais profunda do que a que tinha sido revelada ao povo de Israel. Revela Deus como seu Pai de uma forma única, ao ponto de chegar a dizer: “O Pai e eu somos um” (Jo 10, 30). Apoiando-se nos ensina­mentos dos Apóstolos a Igreja anuncia Jesus Cristo como Filho de Deus e verdadeiro Deus com a mesma natureza que o Pai.

Jesus actuou durante a sua vida na terra com o poder de Deus e do Espírito de Deus que estava n’Ele (Lc 4, 18-21). Além disso prometeu enviar o Espírito depois da sua ressurreição e glorificação junto do Pai (Jo 14, 16). Quando os Apóstolos receberam o Espí­rito Santo no dia de Pentecostes compreenderam que Jesus tinha cumprido a sua promessa desde o céu, e experimentaram a sua força transformadora. O Espírito Santo continua a vivificar a Igreja como sua alma. A mensagem cristã inclui portanto o Espírito Santo, verdadeiro Deus e terceira Pessoa da Santís­sima Trindade.

A mensagem cristã anuncia também o que anunciava Jesus Cristo: o Reino de Deus (Mc 1, 15). Jesus encheu de conteúdo essa expressão simbólica indicando com ela a presença de Deus na história humana e o seu sentido, e a união de Deus com o homem. Jesus anunciava o Reino de Deus como já iniciado pela Sua presença entre os homens e as Suas acções libertadoras do poder do demónio e do mal (Mt 12, 28).

É essa presença e essa acção de Jesus Cristo que continuam na Igreja pela força do Espírito Santo. A Igreja é, na história humana, como o gérmen e a semente desse Reino, que culminará gloriosamente com a segunda vinda de Cristo no final dos tempos. Entretanto o homem adquire nela, mediante o Baptis­mo, uma nova relação com Deus, a de filho de Deus unido a Jesus Cristo, que culminará também após a morte e a ressurreição final. Cristo continua a estar realmente presente na Igreja através da Eucaristia, e actuando também nos outros Sacramentos, sinais eficazes da sua graça. Mediante a acção dos cristãos, quando vivem a caridade, vai-se manifestando o amor de Deus a todos os homens. Tudo isso faz parte da mensagem cristã.

Bibliografia: Catecismo da Igreja Católica.

Quem foram os evangelistas?



O importante dos evangelhos é que nos transmitem a pregação dos Apóstolos, e que os evangelistas foram Apóstolos ou seus discípulos (cf. Dei Verbum, n. 19). Com isto faz-se justiça ao que se recebeu pela tradição: os autores dos evangelhos são: Mateus, João, Lucas e Marcos. Destes, os dois primeiros figuram nas listas dos doze Apóstolos (Mt 10, 2-4 e paralelos) e os outros dois figuram como discípulos de São Paulo e de São Pedro, respectivamente. A investigação moderna, ao analisar criticamente esta tradição, não vê grandes inconvenientes em atribuir a Marcos e a Lucas os seus respectivos evangelhos. Todavia, analisa com olhos mais críticos a autoria de Mateus e de João. Costuma-se afirmar que esta atribuição apenas põe em evidência a tradição apostólica da qual provêm os escritos, mas não que tenham sido eles mesmos os que escreveram o texto.

O importante, portanto, não é a pessoa concreta que tenha escrito o evangelho mas a autoridade apostólica que estava por trás de cada um deles. Em meados do século II, S. Justino fala das “memórias dos apóstolos ou evangelhos” (Apologia, 1, 66, 3) que se liam nas reuniões litúrgicas. Com isto, dão-se a entender duas coisas: que esses escritos tinham origem apostólica e que se coleccionavam para serem lidos publicamente. Um pouco depois, ainda no século II, outros escritores já nos dizem que os evangelhos apostólicos eram quatro e apenas quatro. Assim, Orígenes diz que “a Igreja tem quatro evangelhos, e os hereges muitíssimos, entre eles um que se escreveu segundo os egípcios, outro segundo os doze apóstolos. Basílides atreveu-se a escrever um evangelho e divulgou-o sob o seu nome (...). Conheço certo evangelho que se chama segundo Tomé e segundo Matias; e lemos muitos outros” (Hom. I in Luc., PG 13, 1802).

Expressões semelhantes encontram-se em Santo Ireneu que, além disso, acrescenta em certo lugar que “o Verbo artesão do Universo, que está sentado sobre os querubins e que tudo mantém, uma vez manifestado aos homens, deu-nos o evangelho quadriforme, evangelho que, não obstante, é mantido por um só Espírito” (Contra as heresias, 3, 2, 8-9).

Com esta expressão – evangelho quadriforme – realça uma coisa muito importante: o evangelho é único, mas a forma é quádrupla. A mesma ideia se expressa nos títulos dos evangelhos: os seus autores não vêm indicados, como outros escritos da época, com o genitivo de origem («evangelho de…»), mas com a expressão kata («evangelho segundo…»). Desta forma, se assinala que o evangelho é único, o de Jesus Cristo, mas testemunhado de quatro formas que vêm dos apóstolos e dos discípulos dos apóstolos. Assinala-se também assim a pluralidade na unidade.


Bibliografia: G. Segalla, Panoramas del Nuevo Testamento, Verbo Divino, Estella 2004; P. Grelot, Los evangelios, Verbo Divino, Estella 1984; R. Brown,Introducción al Nuevo Testamento, Trotta, Madrid 2002; V. Balaguer (ed.),Comprender los evangelios, Eunsa, Pamplona 2005; M. Hengel, The four Gospels and the one Gospel of Jesus Christ : an investigation of the collection and origin of the Canonical Gospels, Trinity Press International, Harrisburg 2000.

O que diz o Evangelho de Judas?

Entre os diversos evangelhos apócrifos que são mencionados pelos Padres e pelos antigos autores eclesi­ásticos encontra-se o denominado Evangelho de Judas.




Dele Santo Ireneu, no seu tratado Contra as heresias, (1, 31, 1) escreve: “Outros declaram que Caim obteve o seu ser do Poder do alto e reconhecem que Esaú, Coré, os Sodomitas e esse tipo de pessoas estão relacionadas entre si. Por isso – acrescentam eles – foram assediados pelo Criador, embora nenhum tenha sofrido dano. Dizem que a Sabedoria tinha o costume de levar consigo o que lhe pertencia, partindo deles e retornando a ela mesma. Também dizem que Judas o traidor estava muito familiarizado com estas coisas e que apenas ele, sabendo a verdade como nenhum outro, levou a cabo o mistério da traição. Dizem que por sua culpa todas as coisas terrenas e celestiais foram dissolvidas. Foram estes que escreveram uma história fictícia a esse respeito e que denominam Evangelho de Judas”. A ele aludem também Santo Epifânio e Teodoreto de Ciro.

Dado que Ireneu escreveu a sua obra em 180, o Evangelho de Judas teve de ser escrito antes desta data, provavelmente em grego, entre 130 e 170. Da seita dos Caimitas não conhecemos mais do que aquilo que nos diz o texto de Ireneu. Não se sabe se era um grupo independente ou parte de uma seita gnóstica mais ampla.

Muito recentemente deu-se a conhecer a existência de um códice do século IV encontrado no Egipto, que contém um texto em copto do Evangelho de Judas. O códice contém também outros três escritos gnósticos. Com este novo achado podemos saber que o Evangelho de Judas recolhe uma suposta revelação de Jesus a Judas Iscariotes “três dias antes de ter celebrado a Páscoa”. Tal como no caso do Evangelho de María (ver a pergunta correspondente), trata-se de uma obra carente de qualquer conteúdo histórico, que utiliza o nome de Judas para transmitir ensinamentos ocultos, aos iniciados na seita. Depois de mencionar que Jesus fazia o seu ministério terreno fazendo milagres e mostrando-se às vezes diante dos seus discípulos sob a forma de um menino, conta um diálogo entre Jesus e os discípulos. Jesus ri-se do que estão a fazer (dar graças sobre o pão) e eles não gostam. Judas é o único que reage bem perante aquilo que Jesus pede, pelo que Jesus lhe diz: “Eu sei quem és e donde vens. Tu vens do reino imortal de Barbelo e eu não sou digno de pronunciar o nome de quem te enviou” (Barbelo é a primeira emanação de Deus nas cosmogonias gnósticas de tipo setiano). Seguem-se outros encontros e diálogos dos discípulos e de Judas com Jesus nos quais se tratam complicadas questões cósmicas. Quase no final conta-se como Jesus diz a Judas: “Tu excederás a todos, porque tu sacrificarás o homem de que estou revestido”. O escrito acaba por dizer que Judas recebeu dinheiro dos escribas e lhes entregou Jesus.

Este novo texto tem valor para o nosso conhecimento do gnosticismo do século II, mas do ponto de vista histórico não contribui nada – nem sobre Jesus, nem sobre os seus discípulos – que não saibamos pelos evangelhos. Contudo, este manus­crito – tal como os outros que foram desco­bertos no século passado – confirma a veracidade das informa­ções que Ireneu, Epifânio e outros escritores antigos nos transmitiram sobre os grupos gnósticos.

Juan Chapa

Que credibilidade histórica tem a Bíblia?


Os livros da Sagrada Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus quis que ficasse consignada para a nossa salvação. Falam, pois, de factos reais.

Mas os factos podem ser expressos com verdade recorrendo a diferentes géneros literários, e cada género tem o seu estilo próprio de contar as coisas. Por exemplo, quando nos Salmos se diz que «os céus apregoam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos» (Sl 19, 2) não se pretende afirmar que os céus pronunciam palavras, nem que Deus tenha mãos, mas antes expressar o facto real de que a natureza dá testemunho de Deus, que é o seu criador.

A história é um género literário que na actualidade tem características peculiares, que são diferentes das que nas literaturas do antigo Próximo Oriente, e inclusivamente na antiguidade greco-latina, se empregavam para narrar os acontecimentos. Todos os livros da Bíblia, tanto os do Antigo como os do Novo Testamento, foram escritos num período que se situa entre dois e três mil anos atrás da época presente, pelo que classificá-los como «históricos» no sentido que actualmente damos a essa palavra seria um anacronismo, já que não foram pensados nem escritos segundo os esquemas conceptuais actualmente em uso.

No entanto, o facto de não poderem ser qualificados como «históricos» no sentido actual dessa palavra, não quer dizer que transmitam informações ou noções falsas ou equívocas, e que portanto não mereçam credibilidade. Transmitem verdades, e fazem referência a factos realmente acontecidos no tempo e no mundo em que vivemos, contados com uns modos de falar e de se expressar diferentes, mas igualmente válidos.

Tais livros não foram escritos para satisfazer a nossa curiosidade acerca de pormenores que são irrelevantes para a mensagem que transmitem, como podiam ser aquilo que comiam, o modo como vestiam ou as ocupações que tinham os personagens que são referidos. O que sobretudo proporcionam é uma avaliação dos factos do ponto de vista da fé de Israel e da fé cristã.

Os textos bíblicos permitem-nos conhecer o sucedido inclusivamente melhor do que o perceberam as testemunhas directas dos acontecimentos, já eles podiam não ter todos os dados necessários para avaliar, no seu justo alcance, aquilo que estavam a presenciar. Por exemplo, uma pessoa que passasse junto do Gólgota no dia em que crucificaram Jesus dava-se conta de que ali se estava levar a cabo a execução de um condenado à morte pelos romanos, mas o leitor dos evangelhos, além dessa realidade, sabe que esse crucificado é o Messias, e que nesse preciso momento está a chegar ao seu ponto mais alto a redenção de todo o género humano.

Bibliografia: F. Varo, ¿Sabes leer la Biblia?, Planeta, Barcelona 2006.
Fonte: Opus Dei

quarta-feira, julho 13, 2016

Onde estão os verdadeiros homens?


Eu estava em um parque de diversões com meus filhos recentemente, onde observei um rapaz e uma menina de mãos dadas. O casal não tinha mais de 15 anos. A garota levou o rapaz até uma barraca onde o objetivo era derrubar uma pilha de garrafas com uma bola de beisebol. Se você derrubar as garrafas, ganha um grande urso de pelúcia.

 Vi como a menina olhou para o namorado, sorriu e disse: "você pode ganhar um prêmio pra mim?” O garoto tirou $ 5, entregou a ela e respondeu: "ganha você". Aquilo não era o que a garota tinha em mente. A garota insistiu com ele uma segunda vez, mas foi inútil. Ela acabou – com o coração partido – jogando a bola e saindo sem nenhum prêmio. A garota estava decepcionada, o rapaz foi um tolo e eu fiquei pasmo. Alguém precisa jogar uma bola é na cabeça desse garoto. Esta moça não tinha nenhum interesse em jogar um jogo bobo para ganhar um grande urso de pelúcia. Ela queria que esse rapaz ganhasse seu coração, mas ele falhou miseravelmente.

Quando se trata de amor e relacionamentos, eu acho que os rapazes perderam o jeito. Não saberia dizer quantas jovens incríveis e belas me perguntam: "Onde posso encontrar um homem bom?" Eu nunca tenho uma boa resposta para elas. Os rapazes não tem confiança na liderança de uma mulher (a menos que ele esteja levando-a para seu quarto). Certa vez, em um campus universitário, ouvi um padre iniciar sua homilia perguntando: “Quantas meninas nesta Igreja não foram convidadas para um encontro esta semana?”. Após analisar a porção de mãos levantadas, o padre passou o resto da homilia repreendendo os rapazes por não convidarem as moças para sair em algum momento.

Por que é tão importante que rapazes aprendam a conduzir uma mulher? Considere os seguintes pontos: As mulheres querem ser levadas para o céu

São Paulo disse aos maridos: “Amem suas esposas assim como Cristo amou sua Igreja”. Assim como Cristo convida a Igreja a segui-Lo para o céu, do mesmo modo as mulheres procuram homens que as levem para o céu. Dificilmente você encontrará uma mulher que prefere convidar alguém para um primeiro encontro, propor casamento ou qualquer outro investimento em uma relação. Deus criou os homens com o propósito de orientar um relacionamento para Ele, e os homens estão deixando a desejar nessa missão.

Um homem autoconfiante fornece força e encorajamento a uma mulher

Em muitos casos, alguns rapazes vão dizer que não se aproximam das mulheres por medo de rejeição. Esse medo é o que afasta as mulheres, em primeiro lugar. Quando um homem sabe para onde ele está indo e o que está buscando (Cristo) ele não irá aproximar-se de um possível relacionamento com medo. As mulheres querem homens seguros daquilo que são e de como Deus os fez.

Um bom homem dá testemunho aos outros

Uma das razões pelas quais os rapazes estão tão perdidos em um relacionamento é o fato de que não existem verdadeiros homens suficientes para fornecerem um exemplo real de masculinidade cristã. O problema da masculinidade nunca será resolvido enquanto os homens não intensificarem e responderem o chamado à liderança. Até lá as mulheres constantemente estarão se perguntando: “onde estão os verdadeiros homens?”

Por Everett Fritz
Fonte: Modéstia Masculina

O que vem a ser o “milênio” que os pregadores da televisão tanto falam?


“Milênio” provém do latim “mille” (=mil) e “annum” (=ano). Apocalipse 20,4 menciona um período de mil anos que geralmente é chamado de “millennium”. Ao tratar dos santos, Apocalipse 20,4 diz: “Eles voltaram a viver, para reinarem com Cristo durante mil anos”.

Baseados nesta passagem, muitas pessoas têm dito que, após sua Segunda Vinda, Cristo reinará na Terra por mil anos. A crença de que Cristo virá antes do milênio é chamada “premilenialismo”. Muitos pregadores da televisão são premilenialistas.

Outros cristãos sustentam que o milênio não é um período literal de mil anos, mas uma figura para se referir ao tempo em que Cristo reinará na Terra através da sua Igreja. Este tempo ainda não teria chegado.

Alguns dos que aceitam esta interpretação acreditam que o mundo será melhor sob a influência de Cristo e que haverá uma época em que a sociedade como um todo será cristianizada. Esta é a versão que dão para o milênio.

Segundo esta visão, Cristo retornará após o milênio para julgar os vivos e os mortos. Esta idéia é chamada “pós-milenialismo”.

Existe também aqueles que crêem que o milênio é um simbolismo para a era total da Igreja. Eles apontam para os versículos bíblicos que falam de Cristo já reinando no céu. Isto é chamado “amilenialismo” (=nenhum milênio), embora alguns prefiram chamar de “milenialismo” porque não nega o milênio, mas apenas o interpreta como símbolo da Era da Igreja.

A Igreja Católica não definiu qual posição é a correta. E mais: muitos teólogos católicos têm sido amilenialistas ou pós-milenialistas; não encontramos nenhum que tenha sido premilenialista.

Veritatis Splendor 

sexta-feira, julho 08, 2016

Como provar que os anjos caídos não podem se arrepender?


O autor do texto citado no assunto disse: “Uma característica singular dos seres espirituais angelicais, é que estes foram dotados de uma inteligência muito mais aperfeiçoada do que a da espécie humana. Sendo assim, quando esses “anjos maus” soltaram o terrível grito “Não Servirei!”, o fizeram com uma clareza tal que podiam muito bem avaliar os efeitos desta decisão e suas consequências totais, diferentemente da espécie humana.”

Pergunto: baseado em que ele afirma tal coisa? Se Deus criou seres mais inteligentes do que outros, onde a justiça? Qual a prova de que os anjos maus não podem se arrepender nunca? Como pode o que é perfeito se tornar imperfeito? Ou é perfeito ou não é!

Sendo Deus onisciente e onipotente e totalmente justo e bom, como poderia o criador criar seres que, futuramente, iria se rebelar e ser uma potência contra Ele, arrebanhando as ovelhas de seu aprisco e arrastando-as para o inferno? Se Deus, sabendo disso, cria mesmo assim esses seres Ele não é totalmente bom. Por outro lado, se DEus cria os espíritos simples e ignorantes e esses escolhem o mal é melhor compreensível. Mas mesmo os maus um dia se arrependerão e evoluirão. Se existe penas eternas não existe progresso. Qual o propósito de se manter seres sofrendo eternamente? Se nem os nossos tribunais, que são imperfeitos, fazem isso com os seus presos como imaginar Deus, que é soberanamente justo e bom, fazendo tal coisa? Com que finalidade?

Um abraço a todos.


Olá caríssimo Marlus, a Paz de Cristo! Agradecemos o vosso contato ao nosso humilde apostolado, servo da Igreja e das almas, e pedimos desculpas pelo atraso em vossa resposta. Infelizmente somos poucos e com limitado tempo para nos dedicarmos a esta obra, pois não passamos de gente simples, com encargos e obrigações profissionais e familiares.

Quanto a vossa indagação. Deus criou cada ser vivente dotado de uma dignidade específica, sem no entanto denegrir a nenhuma delas em sua diversidade criadora, de modo que não há injustiça alguma nos desígnios de Deus e no ordenamento da criação. Se os anjos são também nossos protetores e padrinhos espirituais, é bom e sábio que sejam melhores do que nós. Quem deseja um protetor mais fraco e incapaz do que a sí próprio?

Sabemos que os anjos são seres puramente espirituais e por não estarem sob o jugo do pecado e dos sentidos corporais possuem evidentemente uma clareza e uma ciência muito maior do que a do homem. Mas mesmo originariamente, quer dizer, quando o homem não havia ainda pecado (se rebelado), sabemos também pelas Escrituras que Deus fez o homem numa natureza inferior ao dos anjos: “Criastes o homem pouco inferior ao anjos” (Sl 8, 6). Pela narração de Daniel, no capítulo 10, versículos de 9 a 12, vemos que sua glória e sua perfeição superam todas as criaturas visíveis e invisíveis.

“Os anjos sendo substâncias puramente simples, são como que formas que não são limitadas e determinadas por qualquer matéria, mas possuem, pela sua única natureza específica, todas as suas determinações substanciais” (São Tomás de Aquino, De Unitate Intelectus). São Tomás ensina mais sobre a natureza desses seres: “O intelecto angélico é um verdadeiro quadro pintado ou melhor ainda, um espelho vivo que o anjo precisa apenas contemplar para conhecer as coisas naturais deste mundo” (De Veritate, questão 8, e 9); e ainda na questão LXI da Suma Teológica:

1 – Os anjos não são a causa da sua própria existência; foram criados (Art.1);

2 – O anjo não foi criado desde toda a eternidade (Art. 2);

3 – Os anjos foram criados simultaneamente com a natureza corpórea (Art. 3).

“Os anjos fazem parte da Criação como um todo, não constituindo um universo à parte, mas concorrendo conjuntamente com a natureza corpórea para a constituição do próprio universo criado. De fato, a ordem das coisas entre si visa a Glória de Deus, e, secundariamente o bem e a perfeição relativa do Universo. Ora, nenhuma parte é perfeita separada do todo. Logo, não é provável que Deus, cujas obras são perfeitas, como diz a Escritura, tivesse criado a criatura angélica separadamente, antes das outras criaturas.” (Art. 3).

Não há nenhum paradoxo entre os anjos terem sido criados com perfeição e terem posteriormente se corrompidos, pois dentro da própria perfeição está presente o componente da liberdade e do amor. Ora, Deus não criou nem os anjos e nem os homens sem que estes pudessem fazer um ato livre de amor e submissão ao seu Criador. Deus não criou seres programados para O amar privados de liberdade própria, não criou robôs. A existência do mal não significa que Deus criou o mal, mas que a liberdade que Deus dotou as suas criaturas, como componente da perfeição, escolheu corromper o bem presente em sí mesmo. Veja o que diz o famoso escritor inglês C.S. Lewis, contemporânero e amigo de J.R.R. Tolkien:

“Para ser mau, o Poder mau precisa existir e ter inteligência e vontade. Mas a existência, a inteligência e a vontade são coisas boas em sí mesmas. Portanto, tem que recebê-las do Poder Bom; até para ser mau, tem que tomar emprestadas ou roubar essas coisas ao seu adversário. Será que começamos agora a compreender por que o cristianismo sempre afirmou que o demônio não passa de um anjo caído? Não é nenhuma história para crianças: é um reconhecimento objetivo de que o mal sempre é parasitário, nunca original” (Mero Cristianismo, Ed. Quadrante, pg. 55).

É verdade que Deus na sua onisciência sempre soube que algumas de suas criaturas iriam escolher a sí mesmas, mas Ele mesmo não provocou tais rebeliões. Deus previu, mas não provocou. E isso não faz de Deus mal ou injusto de forma alguma, pelo contrário, incrementa ainda mais seu amor, sua bondade e sua justiça para aqueles que já sabia que iriam usar da liberdade corretamente e lhes deu a chance mesmo assim.

É preciso entender também que para os seres espirituais não existe tempo, e qualquer decisão fora do espaço/tempo é eterna, não há volta. Como disse São João Damasceno: “Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe arrependimento para os homens após a morte” (Patrol. Grega, 94,877C). Deus não deu ao homem a chance da conversão porque o criou ignorante, mas porque o criou dentro do espaço/tempo, e portanto confere ao homem infinitas chances de optar pela verdade e pelo bem até o término de sua vida terrena, por amor. Mas depois não há volta. O Catecismo da Igreja é claro: “É o caráter irrevogável da sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado” (§ 393).

Sabemos também que tal decisão contrária a Deus por parte dos anjos caídos é eterna e irrevogável porque primeiro tais anjos não desejam voltar atrás em suas decisões; Deus não os perdoa porque estes querem permanecer no pecado, não querem perdão como bem ensinou João Paulo II:

“4. A Igreja, no Concílio Lateranense IV (1215), ensina que o diabo, ou (satanás) e os outros demônios “foram criados bons por DEUS, mas tornaram-se maus por sua própria vontade”. De fato, lemos na carta de São Judas: “Os anjos que não souberam conservar a sua dignidade, mas abandonaram a própria morada, Ele os guardou para o julgamento do grande dia, em prisões eternas e no fundo das trevas” (Jd 6). De modo idêntico na Segunda Carta de São Pedro fala-se de “anjos que pecaram e que Deus “não poupou… e os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno, para serem reservados para o Juízo” (2Pd 2,4). É claro que se Deus “não perdoa” o pecado dos anjos fá-lo porque eles permanecem no seu pecado, porque estão eternamente “nas prisões” daquela escolha que fizeram no início, rejeitando Deus, sendo contra a verdade do Bem supremo e definitivo que é Deus mesmo. Neste sentido São João escreve que “o demônio peca desde o principio” (I Jo 3,8). E foi assassino “desde o principio” (I Jo 8,44), e “não se manteve na verdade, porque nele não há verdade” (Jo 8,44).

5. Estes textos ajudam-nos a compreender a natureza e a dimensão do pecado de satanás, consciente na rejeição da verdade acerca de Deus, conhecido à luz da inteligência e da revelação como Bem infinito, Amor e Santidade subsistente. O pecado foi tanto maior quanto maior era a perfeição espiritual e a perspicácia cognoscitiva do intelecto angélico, quanto maior era a sua liberdade e a proximidade de Deus. Rejeitando a verdade conhecida acerca de Deus com um ato da própria vontade livre, satanás torna-se “mentiroso”, cósmico e “pai da mentira” (Jo 8,44). Por isso ele vive na radical e irreversível negação de Deus e procura impor a criação aos outros seres criados à imagem de Deus, que satanás (sob forma de serpente) tenta transmitir aos primeiros representantes do gênero humano: Deus seria cioso das suas prerrogativas e imporia, portanto, limitações ao homem (cf. Gn 3,5). Satanás convida o homem a libertar-se da imposição deste jugo, tornando-se como “Deus”.” (Catequeses de João Paulo II Sobre os Anjos).

Vale enfatizar que as penas eternas não são uma criação de Deus que castiga aqueles que o rejeitaram, mas são simplesmente a ausência d”Ele mesmo, a ausência da verdade, da bondade, da felicidade e de todas as virtudes. O inferno é a ausência completa de Deus, ou a presença total do mal, do vício, da dor e do sofrimento, como o frio é a ausência do calor, da luz.

Ainda alguns pontos importantes sobre os anjos, segundo São Tomás de Aquino na questão LXII da sua Suma Teológica:

2 – “Os anjos necessitaram da Graça para se “converterem” a Deus (e possuírem definitivamente a Deus) (Art. II).

3 – “Para alcançarem a Glória, os anjos necessitaram da Graça.” (Art. III)

4 – “O anjo, antes de ser bem-aventurado, isto é, antes de alcançar a Glória, a visão de Deus, possuiu a Graça, em virtude da qual, veio a possuir a bem-aventurança.” (Art. IV)

5 – “O anjo, tão logo realizou o primeiro ato de caridade (amor a Deus), mereceu a bem-aventurança e tornou-se imediatamente bem-aventurado”. (Art. V)

6 – “É razoável supor-se que os anjos receberam os dons da Graça e a perfeição da bem-aventurança, de acordo com o grau de sua perfeição natural”. (Art.VI )

7 -“Nos anjos bem-aventurados, permanece o conhecimento e o amor natural. (Art. VII)

8 – “Os anjos bem-aventurados não podem pecar” (Art. VIII)

9 – “Os anjos bem-aventurados não podem aumentar o merecimento nem progredir, quando já na bem-aventurança.” (Art.IX)

Gostaríamos de indicar ainda o ótimo livro do Prof. Felipe Aquino, “Os Anjos” (2a. edição, 2002, Editora Cleofas, www.cleofas.com.br) e uma excelente catequese do saudoso João Paulo II sobre essas questões pelo sr. levantadas no caso de outras eventuais dúvidas sobre o tema. Agradecemos ao leitor Luis Felipe de Medeiros Carvalho pela indicação da referência: http://www.paroquiadesantana.com.br/catdou.html

Gratos pela atenção, esperamos ter ajudado a sanar vossas dúvidas.

Jesus morreu por todos ou apenas pelos eleitos?

– Existe uma questão que me deixa bem confuso. Alguns grupos crêem que Jesus morreu somente pelos eleitos. Outros dizem que Ele morreu por todas as pessoas. E então? Um amigo meu, batista, cita João 10,15 como prova da expiação limitada (Anônimo).


Cristo morreu por todos. A idéia de que ele morreu apenas pelos eleitos, por alguns, provém do Calvinismo. A Bíblia ensina que Deus deseja a salvação de todos os homens (1Timóteo 2,4-6). A noção de uma expiação apenas pelos eleitos sugere o inverso. A Escritura também ensina que a morte de Cristo é uma propiciação “pelos nossos pecados, mas não apenas pelos nossos, mas de todo o mundo” (1João 2,2).

Obviamente, isso não significa que, apenas porque Deus possui um desejo salvífico universal, todos serão salvos necessariamente. Deus permite que as pessoas, usando de seu livre arbítrio, rejeitem a Sua graça. Ainda que Cristo tenha redimido toda a raça humana (=redenção objetiva), sua obra precisa ser aplicada aos indivíduos (=redenção subjetiva). É esta redenção individual que pode ser contrariada pelo homem.

A passagem da Bíblia que seu amigo citou – João 10,15 – não oferece apoio à doutrina calvinista da expiação limitada. É verdade que Jesus morreu pelo seu rebanho, mas este versículo não diz que Ele morreu apenas pelo seu rebanho ou que Ele morreu para tornar os benefícios da salvação disponíveis somente para o seu rebanho.

A respeito disto, cuidado especial deve ser tomado para determinar o que a Bíblia está realmente afirmando, ao contrário do que os defensores da expiação limitada pretendem afirmar. Verifique o versículo bíblico de João 3,16; ele diz: “De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe que este versículo diz que Deus “amou o mundo”, não apenas o eleito. Você pensaria que isto abre um enorme abismo no argumento da expiação limitada, não?

Mas os proponentes da expiação limitada apontam para a parte do versículo que diz: “todo o que nele crer”. Eles argumentam que isto se refere ao eleito. A partir disto, concluem que Deus enviou o seu Filho ao mundo para salvar apenas o eleito.

Porém, a disposição contrária a esse argumento se encontra no próximo versículo: “Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (João 3,17). Assim, de acordo com a Bíblia, Deus enviou o seu Filho para tornar possível a salvação do mundo inteiro, não apenas de um pequeno subconjunto de pessoas, ainda que nem todos desejem se disponibilizar para essa redenção.

Veritates Splendor

Se Deus sabe hoje o que eu vou fazer amanhã, o que ocorre com o meu livre-arbítrio?


Não ocorre nada! O conhecimento prévio de algo da parte de Deus não é a mesma coisa que pré-ordenar [os fatos]. Na verdade, nem mesmo se trata de conhecimento prévio. O que chamamos “conhecimento prévio de Deus” é tão somente o mero conhecimento daquilo que, para nós, é futuro. Do ponto de vista divino, é o conhecimento do presente. Lembre-se: ao contrário de nós, Deus não está sujeito ao tempo. Sua existência não é dividida em compartimentos conhecidos como “passado, presente e futuro”. Ele simplesmente é. Consequentemente, Deus enxerga como um grande “Agora” aquilo que para nós é “passado, presente e futuro” e compreende como tudo estivesse unido.

Pense assim: você está viajando por uma estrada em torno das montanhas. Você não sabe o que vem à sua frente; entretanto, um helicóptero consegue enxergar tudo. Deste ponto de vista, o piloto do helicóptero enxerga vários quilometros a mais que você: ele sabe aquilo que você vai ver, onde você está agora e por onde já passou.

Deus é como o piloto do helicoptero. Ele enxerga toda a estrada da vida, embora nós apenas enxerguemos aquilo que está imediatamente à nossa frente. Seu conhecimento do que teremos pela frente em nada diminui a nossa liberdade.

O uso de vestes litúrgicas pelo clero é antibíblico?


Não há nada de antibíblico no uso de vestes [litúrgicas]. No Antigo Testamento, Deus ordenou que elas fossem usadas. Veja Êxodo 28,2-5:

“Mandarás fazer vestes sagradas para teu irmão Aarão, em sinal de honra e distinção. Confiarás a artistas bem preparados, que dotei do espírito de sabedoria, a tarefa de confeccionar as vestes de Aarão, para que seja consagrado como sacerdote a meu serviço. Estas são as vestes que deverão fazer: um peitoral, um efode, um manto, uma túnica bordada, uma mitra e um cinto. Farão essas vestes litúrgicas para teu irmão Aarão e seus filhos, para que sejam meus sacerdotes. Utilizarão ouro, púrpura violeta, vermelha e carmesim e linho fino”.

O restante do capítulo oferece detalhes de cada vestimenta.

Também nada no Novo Testamento exige a abolição das vestes sacerdotais. Nosso Senhor atacou os líderes judaicos por uma série de pecados, mas nunca condenou suas vestimentas sacerdotais. É verdade que a Igreja primitiva não usava as vestes do Antigo Testamento, mas isto porque os cristãos não queriam identificar seus líderes com o sacerdócio judaico.

Parte do problema para os fundamentalistas é que as vestes separam os sacerdotes dos leigos. Os fundamentalistas são contrários a um sacerdócio ministerial na Igreja. Eles enxergam as vestes como meio de expressar uma diferença entre o clero e o laicato.

Neste ponto eles estão corretos, mas não há nada de errado em tais distinções hierárquicas. O Novo Testamento está repleto delas (Atos 20,28; Efésios 2,20; 4,11; Filipenses 1,1; 1Timóteo 3,1-13; Tito 1,5).

Dentro do Fundamentalismo existe ainda um oposição doentia a separar as coisas espirituais das materiais. Há uma atitude anti-encarnacionista que enxerga o uso de qualquer coisa material como supersticiosa. Detestar o uso de vestes é apenas um exemplo disto.

Os fundamentalistas que dizem que os sacerdotes católicos adotaram vestes distintivas apenas no século V para colocarem-se acima dos leigos precisam voltar atrás [nesta sua afirmação]. Na verdade, foram os leigos que alteraram os seus trajes, não para se distinguirem dos sacerdotes, mas para estar dentro das modas.

Os sacerdotes católicos apenas mantiveram seus hábitos [no uso] das vestes litúrgicas. As vestes sacerdotais nada mais são do que trajes romanos seculares estilizados que resultaram em significados simbólicos e litúrgicos no decorrer dos séculos.

Jesus transformou água em vinho ou em suco de uva?



Absolutamente não. [Os fundamentalistas] afirmam que “o fruto da vinha” (Mateus 26,29) deve ser entendido como suco de uva, mas há 3 problemas principais nessa afirmação:

Primeiro: as duas bebidas comuns na Palestina eram a água e o vinho. A frase “fruto da vinha” significa, então, “o produto da vinha”. As vinhas eram cultivadas não pelas uvas, mas para permitir a produção de vinho.

Segundo: o suco de uva se estraga rapidamente sem refrigeração. Existiam bem poucos lugares refrigerados na Palestina no tempo de Cristo.

Terceiro: nas bodas de Caná, após Cristo ter transformado água em vinho, o mestre-sala que o degustou disse ao noivo: “Todo mundo serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu guardaste o vinho bom até agora” (João 2,10).

Traduzindo: “Normalmente, o anfitrião serve o melhor vinho no início e quando as pessoas já se encontram bêbadas (o que não ocorre em virtude de suco de uva), ele passa a servir o vinho de menor qualidade. Mas você, ao contrário, guardou o de melhor qualidade para o final”.

Viritatis Splendor