Mostrando postagens com marcador Mariologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mariologia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, setembro 15, 2014

MARIA MULHER REVESTIDA DE SOL.



Apocalipse 12

1. Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.
2. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz.
3. Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas.
4. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.
5. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.

Bem meus irmãos Católicos, esse assunto é complicado e temos que tratar com todo o cuidado, pois é uma ferida no coração protestante, nós sabemos que os filhos da serpente não suportam ouvir falar na (Mulher), pois todos nós sabemos que a serpente tem ódio da Mulher porque ela pisaria em sua cabeça.

Gênesis 3

15. Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.”

Nesse texto de gênesis podemos observar exatamente o que eu estou falando, existem duas descendências, uma da Mulher e outra da serpente, sendo que a descendência da Mulher seria perseguida pela descendência da serpente, pois é exatamente isso que acontece em nossos dias, nós Católicos descendentes da (Mulher) somos perseguidos pela descendência da serpente, mas voltando ao assunto principal que é a respeito da Mulher revestida do sol e a lua debaixo dos seus pés temos que entender Biblicamente qual Mulher possui essas características.

A primeira característica dessa Mulher é que ela estava revestida do sol e tinha a lua debaixo dos seus pés, parece meio obscuro, mas devemos primeiramente entender que Deus estava enviando um sinal, podemos observar isso logo no inicio do versículo “Apareceu em seguida um grande sinal”; então Deus estava enviando um sinal com uma Mulher revestida se sol, só existe um texto na Bíblia fora Apocalipse 12 onde Deus também envia um sinal com uma Mulher.

Isaias 7

14. Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem(Maria) conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco.(Jesus Cristo)

No texto de Apocalipse Deus envia um sinal com uma Mulher que daria a luz ao menino e no texto de Isaias 7 Deus também envia o mesmo sinal, uma Mulher virgem que daria a luz ao menino, todos nós Cristãos sabemos exatamente quem é a Mulher que deu a luz ao menino Deus! Essa Mulher se chama a bem aventurada Virgem Maria, mas no texto do Apocalipse diz que essa Mulher estava revestida de sol e tinha a lua debaixo dos seus pés, acredito que no Antigo Testamento exista um texto que explique isso.

Cântico dos cânticos 6

9. uma, porém, é a minha pomba, uma só a minha perfeita; ela é a única de sua mãe, a predileta daquela que a deu à luz. Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada, rainhas e concubinas a louvam.
10. Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temívelcomo um exército em ordem de batalha?

Existem duas observações nesse texto, primeiro que a Mulher bela como a lua e brilhante como o sol era a perfeita escolhida, todos nós sabemos quem foi a escolhida "Virgem Maria"; a segunda particularidade nesse texto se trata da forma com que Deus proclama essa Mulher“Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada”; nessa frase Deus está afirmando que a Mulher bela como a lua e brilhante como o sol segundo o livro dos cânticos e revestida do sol com a lua debaixo dos pés segundo o livro do Apocalipse seria proclamada bem aventurada.

Biblicamente só existe uma Mulher que seria proclamada bem aventurada por todas as gerações:

Lucas 1

46. E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
47. meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48. porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,

Qual o significado de tudo isso?

A bem aventurada virgem Maria, bela como a lua e brilhante como o sol, no qual serviu como sinal para vinda do salvador é a mesma Mulher do Apocalipse 12 que também serviu como sinal para vinda do salvador, estava revestida do sol e tinha a lua debaixo dos pés.

Alguns protestantes dizem que essa Mulher é a Igreja, pena mesmo para os protestantes que a Igreja foi enviada por Jesus Cristo e não Jesus Cristo enviado pela Igreja, na tese protestante a Igreja deveria ter nascido antes de Jesus Cristo.

Também não podemos deixar de lado que a Mulher revestida do sol tem um significado muito extraordinário, Maria carregou em seu ventre a luz do mundo e o sol nascente.

Lucas 1

78. Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente,

João 8

12. Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

Mas essa tese é só mais uma maluquice dos amigos rebelados.

E mais uma vez a mentira acaba.

Autor: Cris Macabeus.

As musicas da igreja Católica única de Jesus Cristo diz tudo sobre a interpretação da Santa Igreja sobre Apocalipse capitulo12.
Quem é esta que avança como aurora?

Quem é esta que avança como aurora,
Temível como um exército em ordem de batalha,
Brilhante como o sol e como a lua,
Mostrando o caminho aos filhos seus?

Ah, ah, ah, minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta em Deus, meu Salvador.
Perfeito é Quem Te Criou
Padre Antônio Maria

Se um dia um anjo declarou
Que tú eras cheia de Deus
agora penso em só eu
para não te dizer também

Cheia de graça oh mãe
cheia de graça oh mãe
agraciada

Se a palavra ensinou
e todos hão de concordar
e as gerações te proclamar
agora eu também direi

Tú és bendita oh mãe
Tú és bendita oh mãe
bem aventurada

Surgiu um grande sinal no céu
uma mulher revestida de sol
a lua debaixo de seus pés
e na cabeça uma coroa

Não há como se comparar
perfeito é quem te criou
se o criador te coroou

Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
nossa rainha

Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
Te coroamos oh mãe
nossa rainha(bis 3x)

Fonte: Macabeus 

terça-feira, agosto 05, 2014

Hitórico da Ave Maria

 Paulo Corrêa de Brito Filho
A Ave Maria é a prece mariana por antonomásia. Para se chegar à formulação da Ave 
Maria atual, foi necessário percorrer um caminho de muitos séculos.
Essa oração é composta de duas partes. A primeira consta de uma dupla saudação extraída do Evangelho:
1 – A saudação do Arcanjo Gabriel, enviado por Deus a fim de anunciar a divina maternidade de Maria: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28);
2 – A saudação de Santa Isabel, prima de Nossa Senhora, que, inspirada pelo Espírito Santo, proclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre” (Lc 1, 42). A essas duas saudações foram acrescidas duas palavras para que elas fossem mais distintamente enunciadas (Maria, Ave-Maria...) e Jesus (de teu ventre, Jesus)
A segunda parte da oração contém uma súplica
Os teólogos apresentam diversas razões de conveniência para que a Anunciação a Maria Santíssima tenha sido feita por um anjo. Dentre elas, duas podem ser aduzidas:
1 – Como a virgindade é conatural aos anjos, foi conveniente que um deles recebesse a missão de fazer esse anúncio a Maria, a qual, vivendo em carne, levava uma vida verdadeiramente angélica (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma teológica, III, q. 30, a, 2, c.);
2 – O anjo — e não o homem, maculado pelo pecado original — era o legado mais apto e conveniente para ser enviado à puríssima Virgem, isenta, como os anjos, de toda a culpa.
Quando começaram os primeiros cristãos a saudar a Santíssima Virgem com as palavras do anjo ou de Santa Isabel? Provavelmente, quando tiveram em mãos o Evangelho de São Lucas.
O primeiro documento escrito em que aparece o uso da saudação do anjo é a Homilia de um certo Theodoto Ancyrani, falecido antes do ano 446. Nela é explicitamente afirmado que, impelidos pelas palavras do anjo, dizemos: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”.
Quanto à saudação de Santa Isabel, aparece ela unida à do anjo por volta do século V. As duas saudações conjugadas já se encontram nas liturgias orientais de São Tiago (em uso na Igreja de Jerusalém), de São Marcos (na Igreja Copta) e de São João Crisóstomo (na Igreja de Constantinopla).
Na Igreja latina, entretanto, as referidas saudações aparecem pela primeira vez unidas aproximadamente no século VI, em obras de São Gregório Magno.
O nome Maria foi acrescentado às palavras do anjo, no Oriente, por volta do século V, segundo parece, na liturgia de São Basílio; no Ocidente, porém, parece que isto ocorreu aproximadamente no século VI, figurando numa das obras de São Gregório Magno, o Sacramentário Gregoriano.
O nome Jesus foi acrescido às palavras de Santa Isabel provavelmente um século depois, no Oriente, figurando pela primeira vez em certo Manual dos Coptas, talvez no século VII; no Ocidente, todavia, o primeiro documento que registra o nome do Redentor é a Homilia III sobre Maria, mãe virginal, de Santo Amedeo, Bispo de Lausanne (Suíça) (aproximadamente em 1150), discípulo de São Bernardo. Nos mencionados documentos, ao nome Jesus encontra-se adicionada a palavra Christus.
A segunda parte da prece (Santa Maria, etc.), a súplica, já era empregada na Ladainha dos Santos. Em determinado código do século XIII, da Biblioteca Nacional Florentina, que já pertencera aos Servos de Maria do Convento da Beata Maria Virgem Saudada pelo Anjo, em Florença, lê-se esta oração: “Ave dulcíssima e imaculada Virgem Maria, cheia de Graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, mãe da graça e da misericórdia, rogai por nós agora e na hora da morte. Amém.
Nesta fórmula, faltam somente dois vocábulos: [nós] pecadores e nossa[morte].
A fórmula precisa da Ave Maria, como é rezada hoje, encontra-se pela primeira vez no século XV, no poema acróstico do Venerável Gasparini Borro, O.S.M. (+ 1498).
A segunda parte da Ave Maria foi sempre rezada em caráter privado pelos fiéis até o ano de 1568, quando o Papa São Pio V promulgou o novo Breviário Romano, no qual figura a fórmula do referido Venerável Gasparini Borro, sendo estabelecida solenemente sua recitação no início do Ofício Divino, após a recitação do Pai Nossoe prescrita para todos os sacerdotes Depois de um século a mencionada fórmula, sancionada pelo Sumo Pontífice, difundiu-se, de fato, em toda a Igreja universal.

_________
Biografia:
1. Pe. Gabriel M. Roschini O.S.M., Mariologia, tomus II, Summa Mariologiæ, Pars III, De singulari cultu B.M.V., secunda editio, Ângelus Belardetti Editor, Romæ, 1948.
2. D. Gregório Alastruey, Tratado de la Virgen Santíssima, Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), 4ª edição, Madrid, 1956.


A MÃE DE DEUS


Pela fé, Maria aderiu ao plano de Deus. Aceitou ser a Mãe do Verbo Encarnado. Tornou-se, na verdade, a Mãe de Deus. Por ocasião de sua visita a Isabel, esta, cheia do Espírito Santo, exclamou: "Donde me vem que a Mãe do meu Senhor me visite?" (Lc.1, 43).

Desde os primeiros séculos da Igreja, esta verdade foi sempre aceita. Quando surgiram alguns contestadores, a reação veio imediatamente. Nestório, patriarca de Constantinopla, pretendia que Maria não era a Mãe de Deus. Dera à luz um homem, ao qual, em seguida, a divindade se unira como se une ao homem pela graça. 0 principal opositor de Nestório, foi Cirilo de Alexandria que defendeu a doutrina tradicional e que teve papel importante no Concílio de Éfeso, que condenou o erro de Nestório e proclamou solenemente a Maternidade divina de Maria. Outro contestador foi Eutíquio, arquimandrita de Constantinopla, que dizia que o Cristo não era verdadeiramente homem, que a divindade havia "absorvido" nele a humanidade. 0 papa S. Leão Magno convocou um Concílio Geral em Calcedônia (451 d.C.) que estabeleceu, com clareza, a doutrina sobre duas naturezas no Cristo e a sua única pessoa. Doutrina que foi reafirmada no Concílio de Constantinopla (553 d.C.).

A Bíblia Sagrada afirma não só que a Santíssima Virgem é Mãe de Jesus, como ainda que o Filho concebido em suas entranhas é o mesmo Filho de Deus, o Verbo eternamente gerado pelo Pai, e Deus como Ele. "Eis que conceberás e darás a luz um filho e porás o nome de Jesus. Será grande e se chamará o Filho do Altíssimo. 0 Espírito Santo descerá sobre ti e te cobrirá com sua sombra. Por isso, o que nascerá de ti será chamado o Filho de Deus." (Lc. 1, 31-32). "No princípio, era o Verbo. 0 Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos sua glória, glória que recebe de seu Pai como Filho único, cheio de graça e verdade." (Jo. 1, 14).

É interessante recordar como foi grande o regozijo da comunidade cristã, quando recebeu a notícia que o Concílio de Éfeso (431 d.C.) havia condenado Nestório. Testemunha autorizada, Cirilo de Alexandria, em carta ao clero e ao povo de sua cidade, faz referencia ao fato. Depois de dizer que o Concílio se reuniu em Éfeso, na Igreja consagrada a Maria, Mãe de Deus, escreveu ao bispo:

"Depois de passar o dia inteiro neste santuário, condenamos a Nestório, a quem o temor afastou da reunião dos Padres e, por sentença solene, o dispusemos de sua sede e o privamos do episcopado. Reunimo-nos uns duzentos bispos, mais ou menos. Toda a cidade, desde a manhã até à tarde, esperou impaciente o juízo e a sentença do Santo Concílio. Quando, por fim, soube que o autor de tantas blasfêmias havia sido despojado de sua dignidade, com voz unânime começaram a bendizer o Concílio e a glorificar a Deus, pela queda do inimigo da fé. Quando saímos da Igreja, fomos conduzidos a nossas casas, ao resplendor de tochas e archotes, pois já era noite. Por toda parte havia um regozijo delirante. Por toda parte havia fogueiras. Diante de nós iam mulheres com braseiros em que queimavam incenso. Assim, demonstrou o Salvador sua onipotência aos que queriam arrebatar sua glória." (Epístola 24. Apud Terrien - "La Madre de Dios y Madre de los Hombres", vol. I, pág.33).

A participação do povo cristão, com sua alegria e demonstrações públicas de júbilo, é uma manifestação clara de que os ensinamentos de Nestório contrariavam a fé recebida dos antepassados, e também que a veneração a Nossa Senhora era anterior ao Concílio de Éfeso.

A maternidade divina de Maria é o fundamento de todos os seus privilégios. Uma mãe que o foi sem deixar de ser virgem. "Deus preparou Maria para esta livre aceitação do caráter virginal de sua maternidade, desde o começo de sua existência, não só por sua conceição imaculada que a punha fora da esfera de toda concupiscência, mas ainda e sobretudo, pela moção amorosamente insistente do Espírito Santo que, por atrativos eficazes, fazia cada dia prevalecer na sua alma um amor dominante e exclusivo de Deus. Ela era unicamente preocupada com Deus e consagrada a Ele. Essas larguezas divinas são capazes de torná-la, embora tenha sido mãe, o modelo perfeito de todas as virgens que deveriam florescer um dia, em grande número na Igreja." (J.A. de Aldama - em "MARIE", nouvelles études sur la Sainte Vierge, tomo VII, pág. 51).

Tudo por Jesus! Nada sem Maria! Que alegria!

Fonte: http://www.padrechrystianshankar.com.br/





quarta-feira, julho 30, 2014

OS "IRMÃOS" DE JESUS: MARIA TEVE OUTROS FILHOS?

Textos que Comprovam que Jesus era Filho Único

1. A Bíblia só chama a Jesus de Filho de Maria
Em nenhuma passagem da Bíblia, ninguém é chamado de "filho de Maria", a não ser Jesus. E, ainda, de ninguém Maria é chamada "Mãe", a não ser de Jesus. Em Mc 6,3 é dito: "o filho de Maria" (com artigo, dando idéia de unicidade). A expressão grega implica que Ele era seu único filho. O Evangelho nunca diz "a mãe de Jesus com seus filhos", embora isso fosse natural, especialmente em Mc 3,31 e At 1,14, se ela tivesse outros filhos.

2. Maria fez Voto de Virgindade


Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?".

A pergunta que Maria fez seria inadimissível em uma jovem desposada no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro. Esta pergunta só tem sentido se considerarmos que ela fizera voto de virgindade, uma vez que, embora estivesse desposada, ela afirma: "eu não conheço varão". O anjo, porém, não a libera do voto, mas diz que se tratará de uma conceição milagrosa.

O voto de virgindade feito por Maria é também insinuado num apócrifo: o Protoevangelho de Tiago (120 dC).

3. Jesus Entregou Maria ao Discípulo João

Era costume judeu que os filhos cuidassem da mãe. Ao morrer o irmão mais velho, caberia aos demais filhos o cuidado da mãe. Porém, Jesus pede que o discípulo João, membro de outra família, cuidasse de sua mãe (Jo 19,26-27). Não haveria necessidade de tal preocupação e tal atitude seria inadmissível se Jesus tivesse outros irmãos.

4. Aos 12 Anos, não há Indícios de Irmãos na Festa da Páscoa

Quando Jesus foi a festa da Páscoa em Jerusalém, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto durante uns 15 dias. Ora, Maria e José não poderiam ter deixado em casa, por tanto tempo, filhos tão pequenos.

5. O Testemunho da Sagrada Tradição


A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:

Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)

Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias)

Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".

Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4")

São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".

Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)

Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)

6. A Fé dos Reformadores Protestantes
Martinho Lutero:

Sobre Mt 1,25: "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isso." (Obras de Lutero Ed. Weimar, Tomo 11, p.323)

No fim de sua Vida: "Virgem antes, no, e depois do parto, que está grávida e dá a luz. Este artigo da fé é milagre divino." (Sermão Natal 1540: WA 49,182)

João Calvino:

"Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que Ele nasceu da Virgem" (CO 45,645)

"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, N.Sr. Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]" (Sermão sobre Mateus, 1562).

Zvínglio:

"Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre Virgem pura e íntegra." (Zvínglio Opera 1,424)

"Os irmãos do Senhor eram os amigos do Senhor" (ZO 1,401) 

Parte II: Respondendo às Objeções Protestantes

7. Quem Seriam os "Irmãos" de Jesus?

Há vários textos no NT que mencionam os "irmãos de Jesus": Mt 12,46-50; 13,55; Mc 3,31-35; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Vejamos, por exemplo, Mc 6,3:

"Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?"

O que dizer?
A expressão "irmãos de Jesus" foi concebida, não em ambiente grego, mas no mundo semita, onde a língua falada era o aramaico. Ora, em aramaico (e também em hebraico), a palavra "irmãos" (se escreve "ah"), designa não somente os filhos dos mesmos pais, mas também, os primos ou até parentes mais remotos. No AT há 20 passagens que atestam o amplo significado da palavra "irmão". Vejamos alguns exemplos:

Primeiro Exemplo:
Gn 11,27: "Taré gerou Abrão, Nacor e Arã. Arã gerou Ló."

Logo, Ló é sobrinho de Abrão, como confirma Gn 12,5: "Abrão tomou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, ...". Vejamos agora o que diz Gn 13,8:

"Abrão disse a Ló: Que não haja discórdia entre mim e ti, ... , pois somos IRMÃOS."

Segundo Exemplo:
1Cr 23,21-23: "Os filhos de Merari foram Moholo e Musi. Os filhos de Moholi foram Eleázaro e Cis. Eleázaro morreu sem ter filhos, mas apenas filhas. Os filhos de Cis, SEUS IRMÃOS, as tomaram por mulheres."

Ora, como Eleázaro e Cis eram verdadeiros irmãos, então os filhos de Cis não eram irmãos das filhas de Eleázaro, mas sim primos. No entanto, a Bíblia utiliza o conceito amplo da palavra "ah" para chamá-los de irmãos, embora fossem primos.

Terceiro Exemplo:
Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: Por seres meu IRMÃO, irás servir-me de graça?"

Seria Labão irmão de Jacó? Não! Era seu tio. Confira:

Gn 29,10: "Logo que Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, aproximou-se..."

Leia também: 1Cr 15,4-10.
Em conclusão, o uso dos termos "irmãos e irmãs" de Jesus, na verdade, designam simplesmente que se trata de parentes de Jesus, pois o termo hebraico "ah" (traduzido por "irmão") possui este sentido amplo. Portanto, não eram filhos de Maria, mas sim parentes de Jesus, provavelmente seus primos ou filhos do viúvo José.

8. Mas o NT foi Escrito em Grego e não em Aramaico. E aí?
Em grego existem palavras definidas para irmão (ADELPHOS) e primo (ANEPSIOS). Paulo conhecia muito bem o grego pois chegou a discursar com muita eloquência num aerópago grego. Certamente, os autores sagrados conheciam muito bem as palavras ADELPHOS e ANEPSIOS. Inclusive, Paulo chegou a usar o termo ANEPSIOS (primo) em Cl 4,10:

"Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o PRIMO de Barnabé"

E ainda: "Saudai a Herodião, meu PARENTE" (Rm 16,11)

O mesmo se pode dizer do livro de Tobias, escrito em grego: "Como este jovem é parecido com meu PRIMO" (Tb 7,2)

Portanto, se os "irmão do Senhor" fossem primos de Jesus, ao escrever o NT em grego, os autores sagrados usariam a palavra ANEPSIOS (primo), e não ADELPHOS (irmão). Porém, o NT sempre se refere aos "irmãos do Senhor" usando o termo ADELPHOS (irmão) e nunca ANEPSIOS (primo).

O que dizer?
Ocorre que os escritores sagrados quiseram preservar o sabor semítico da palavra aramaica "ah" ("irmão" para qualquer grau de parentesco próximo) ao fazer a tradução para o grego. A expressão semita "irmãos do Senhor" já era muito usual entre os cristãos (como demonstra as várias inserções no NT) e os apóstolos quiseram preservá-la, pois "ah" é diretamente traduzido para o grego por "ADELPHOS". Um contexto, portanto, bem diferente das passagens de Paulo e Tobias acima citadas, pois nestes casos Paulo e Tobias não estavam traduzindo um termo hebraico para o grego. Esta preservação do aramaico ou do sabor semita na tradução para o grego ocorre também em outras passagens do NT. Vejamos algumas:

- Pedro, em algumas passagens é chamado pelo nome CEFAS (pedra em aramaico), preservando assim o sabor semita com que os discípulos se acostumaram a chamar Pedro.

- Lc 14,26: "Se alguém vem a mim e não ODEIA seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a própria vida, não pode ser meu discípulos"

Teria Jesus pregado o odio? Óbvio que não! Ocorre que o aramaico não tem estruturas de comparação, tipo "amar mais" ou "amar menos". Jesus, portanto, usou o vocábulo aramaico que traz a idéia de "amar menos" (ou seja, o mesmo que é traduzido por "odiar"), e que foi traduzido para o grego mantendo o sabor semita. Lucas podia usar a estrutura grega correspondente a "amar menos", mas tal como no caso dos "irmãos do Senhor", optou por manter o sabor semita do ensinamento, embora houvesse no grego termos mais apropriados.

- São Paulo cita Ml 1,2-3: "Eu amei Jacó e ODIEI Esaú" (Rm 9,13).
Obviamente, a tradução correta seria: "Eu amei mais a Jacó do que a Esaú". Porém, Paulo mantêm o semitismo, embora o grego em que escreveu lhe proporcionasse termos mais adequados.

- Em várias passagens, São Paulo frequentemente faz uso do termo grego "dikaiosyne" não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na forma ampla do sentido hebraico de "sedaqah".

- Lucas utiliza com frequencia o aditivo "kai" ("e", em português), que reflete o aditivo hebraico "wau". Ex: Lc 5,1 "... E ele se encontrava de pé ...". A palavra "e" poderia existir no hebraico, mas não no grego, nem mesmo no aramaico. Lucas nos diz que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em grego, hebraico ou aramaico. Estas estranhas estruturas usada por Lucas em alguns pontos parece demonstrar que ele usou, em certos momentos, documentos hebraicos e os traduziu com extremo cuidado, tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego. Lucas sabia como escrever em grego culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim? Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos originais que usava.

Há muitos outros lugares no NT onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são suficientes para mostrar como os escritores do NT escreveram em grego mantendo o sabor semita das expressões, embora o grego tivesse estruturas e vocábulos mais apropriados, tais como "primos" em lugar de "irmãos".

Em acréscimo, podemos observar que quando o AT foi traduzido para o grego (versão dos Setenta), alguns séculos antes de Cristo, o termo aramaico "ah" sempre foi traduzido para o grego ADELPHOS (irmão), mesmo quando era evidente que não se tratava de filhos da mesma mãe, mas sim de parentes próximos. Por exemplo, conforme visto acima, em Gn 13,8 "ah" deveria ser traduzido para o grego correspondente a "parentes" (tio e sobrinho), mas preservou-se o sabor semita "irmãos". Portanto, não se deve admirar o fato do hagiógrafo do NT manter o sabor semita do vocábulo "ah" referente aos parentes, pois este também foi o critério usado na tradução do AT, alguns séculos antes de Cristo nascer. O linguajar grego da Versão dos Setenta, que conservava seu fundo semita, influiu profundamente na linguagem dos escritores do NT, familiarizados que estavam com a tradução dos Setenta. E quando se traduz a Bíblia para as línguas modernas, português, inglês, etc., o termo correspondente a "irmão" também é mantido mesmo nos casos onde é evidente que não se tratam de filhos dos mesmos pais, mas sim de parentes.

9. Mas o Profético Salmo 68 Afirma: "os filhos de sua mãe"!
O Salmo 68 é um salmo profético, pois o versículo 10 é aplicado à Jesus pelos discípulos em Jo 2,17: "O zelo pela tua casa me consumiu". Dessa forma, se o versículo 10 foi aplicado a Jesus, muitos sugerem que o versículo 9 também deve ser aplicado, pois está adjacente ao versículo 10. Vejamos o que diz o versículo 9:

"Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe."

Observe: "para os filhos de minha mãe"! Daí muitos concluem que Maria teve outros filhos além de Jesus.

O que dizer?
Ocorre, porém, que dado um contexto que contenha um versículo profético, se é verdade que todos os versículos deste contexto sejam todos igualmente proféticos, então o versículo 6 deste Salmo também deveria ser profético e aplicado a Jesus, pois pertence ao mesmo contexto dos versículos 9 e 10. Mas o que diz o versículo 6 ?

"Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas." (Sl 68,6)
No salmo 68, o sujeito dos versículos 9 e 10 é o mesmo sujeito do versículo 6. Se o versículo 9 deve ser aplicado a Jesus porque o versículo 10 foi, então o versículo 6 também teria que ser, pois pertencem ao mesmo contexto. Mas o versículo 6 é a confissão de um sujeito insipiente e pecador. Porém, o NT nos garante que Jesus jamais cometeu um pecado (Jo 8,46; Hb 4,15; 1Pd 2,22; Is 53,9; 1Jo 3,5). Logo, concluímos que se um versículo do At for aplicável a Jesus (ou a alguém ou a algum fato do NT) não significa que todo os versículos adjacentes a ele (ou todo o contexto onde ele está inserido), também sejam obrigatoriamente proféticos e igualmente aplicáveis. No caso citado, o versículo 10 é aplicado a Jesus, mas os versículos 6 e 9, não.

Em acréscimo, observe o versículo 22 deste mesmo salmo. Ele também é profético e aplicado a Jesus (Mt 27,34; Jo 19,29). Igualmente os versículos 23, 24 e 26 são todos proféticos. Porém, enquanto o 23 e 24 são aplicado a Israel (Rm 11,9s), o versículo 26 é aplicado a Judas (At 1,20). Isto também comprova que os versículos são aplicados a sujeitos distintos sem qualquer vínculo com o contexto onde se encontra. E ainda, neste mesmo contexto, observe como os versículos 25, 28 e 29 destoam profundamente de Lc 23,34. Novamente observamos que não é porque alguns versículos são proféticos e aplicáveis ao NT que todos os versículos adjacentes o devem ser. Portanto, o versículo do Sl 68,9 não garante que Maria tenha tido outros filhos. 

Parte III: Ainda Respondendo às Objeções Protestantes

10. A Bíblia diz: "Até que..." (Mt 1,25)
"José não conheceu Maria (= não teve relações com Maria) ATÉ QUE ela desse à luz um filho (Jesus)".

Significa isto que, depois de ter dado à luz a Jesus, Maria teve relações conjugais com José?

Não necessariamente. A expressão "até que" corresponde ao grego "heos hou" e ao hebraico "ad ki". Esta partícula designa apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ou seja, a passagem quer afirmar que Jesus nasceu sem que José e Maria tivessem relações. O termo grego "heos hou" ("até que") nada insinua se depois que Jesus nasceu houve ou não relação entre Maria e José, mas simplesmente relata algo que ocorreu no passado, no caso, Mateus quis relatar o fato extraordinário de que Jesus nasceu estando sua mãe virgem. Vejamos diversos casos semelhantes:

2Sm 6,23: "Micol, filha de Saul, não teve filhos ATÉ a morte." Não significa que, após morrer, tenha tido filhos.

Sl 109,1: Deus Pai convida o Messias a sentar-se à sua direita ATÉ QUE Ele faça dos seus inimigos o escabêlo dos seus pés. Isto não significa que, após vencidos os inimigos, o Messias deixará de se assentar à direita do Pai.

Gn 28,15: "Diz o Senhor a Jacó: Não te abandonarei ATÉ QUE eu tenha realizado o que te prometi." Certamente Deus não abandonou Jacó depois de cumprir as suas promessas.

Dt 34,6: Moisés foi enterrado "e ATÉ hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura". Isto era verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua sendo verdade ainda hoje.

1Tm 4,13: O Apóstolo pede para que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento "ATÉ eu (Paulo) chegar". Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais coisas após a chegada de Paulo.

Mt 13,33: "O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que [heos hou] tudo esteja levedado." Isso não quer dizer que depois que levedou ja não havia mais 3 medidas de farinha.

Mt 26,36: "Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto [heos hou] vou além orar." Observe que Jesus ordena para que os discípulos esperem sentados. Isto não significa que, ao retornar da oração, eles deveriam novamente se levantar. Não! Quando Jesus voltasse, eles poderiam permanecer sentados conversando, ou irem durmir ou se levantarem. Observe como o HEOS HOU nada nos informa sobre o estado futuro.

Lc 24,49: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que [heos hou] do alto sejais revestidos de poder." Quer dizer que, após Pentecostes, todos os apóstolos saíram de Jerusalém? De modo algum. Observe como HEOS HOU refere-se apenas ao passado, sem nada indicar sobre o futuro. A ordem de Jesus era para que antes de Pentecostes não saíssem de Jerusalém de modo algum. Depois, pouco lhe importa se permaneceriam ou se sairiam dali.

Alguns protestantes, porém, ainda contra-argumentam afirmando que no período entre 100 AC e 100 DC (época em que o NT foi escrito), a partícula "até que" (HEOS HOU, em grego) não era usada sem fazer referências ao futuro. Este argumento também é falso. Podemos citar, por exemplo, um escrito da época citada que diz:

"E Aseneth foi deixada com as sete virgens, e continuou a ser oprimida e a chorar ATÉ (HEOS HOU) o sol se pôr. E não comeu pão nem bebeu água. E a noite veio, e todos da casa dormiram, e somente ela estava acordada, continuando a se desesperar e a chorar."

Fonte: História "Joseph e Aneseth" de C. Burchard, que pode ser encontrada em Old Testament Pseudepigrapha. Vol. 2, Expansions of the Old Testament and Legends, Wisdom and Philosophical Literature, Prayers, Psalms, and Odes, Fragments of Lost Judeo-Hellenistic Works, ed. James H.Charlesworth, p. 215. New York: Doubleday, 1985.

Notamos pelo contexto que Aneseth chorou até o pôr do sol, mas que ela continuou a chorar pela noite. Eis um caso clássico, da época de Cristo, onde "heos hou" não implica em mudança de ação futura, pois o próprio contexto não dá margem a qualquer outra possibilidade. Portanto, ou "heos hou" termina o ato, ou o continua. Neste exemplo ele certamente não terminou o ato, senão é fato que Aneseth deveria ter parado de chorar, e não continuado, depois que o sol se pôs.

Todos esses exemplos são casos em que se faz referência ao passado, sem referências do futuro. Essa locução era frequente entre os semitas e foi usada em Mt 1,25. A tradução mais clara deste versículo seria "Sem que José tivesse tido relações com Maria, ela deu à luz um filho".

11. Se Jesus era o Primogênito, então foi o Primeiro de outros Filhos
Lc 2,7: "Maria deu à luz o seu filho primogênito"

Literalmente, "primogênito" é o primeiro filho, independente de haver ou não um segundo filho. Em hebrico "bekor" (primogênito) podia designar simplesmente "o bem-amado", pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais. Além disto, os hebreus julgavam o primogênito como alvo de especial amor de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor (Lc 2,22; Ex 13,2; 34,19).

A palavra "primogênito" podia mesmo ser sinônima de "unigênito" (único filho), pois um e outro vocábulos na mentalidade semita designam "o bem-amado". Veja, por exemplo, Zc 12,10:

"Quanto àquele que transpassaram, irão chorá-lo como se chora um filho unigênito; irão chorá-lo amargamente como se chora um primogênito"

Da mesma forma, Maquir que é o único filho de Manassés é chamado de "primogênito" em Jos 17,1. A descendência de Manassés é descrita em Nm 26,29-34.

Observe como "primogênito" refere-se apenas a condição do primeiro filho, sem nada afirmar sobre outros filhos:

Ex 13,2: "Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno entre os filhos de Israel. Homem ou animal será meu."

Ex 34,19: "Todo o que sair por primeiro do seio materno será meu: Todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado."

Lc 2,23: "Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor"

Numa inscrição sepulcral judaica datada de 5 AC e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito), em 1922, lê-se que uma jovem chamada Arsinoé MORREU "nas dores do parto do seu filho primogênito". Ora, se ela morreu, então não teve outros filhos além do filho dito "primogênito". E mais ainda: no apócrifo "Antiguidades Bíblicas", a filha de Jefté (Jz 11,29-39) ora é dita primogênita (primeira filha), ora é dita unigênita (única filha). Portanto, embora fosse a única filha, também era chamada de primogênita.

E para confirmar definitivamente que o primogênito não necessariamente têm outros irmãos, São Jerônimo apresenta Lc 2,22-24 que diz:

"Concluídos os dias da sua purificação, de acordo com a lei de Moisés, eles o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor [como está prescrito na lei do Senhor, todo macho que abre o útero deve ser consagrado ao Senhor] e para oferecer em sacrifício de acordo com o que é prescrito na lei do Senhor, um par de rolinhas ou duas pombas novas"

Como não havia tempo suficiente, até o dia da sua purificação, para Maria conceber novamente, é certo que Jesus foi consagrado ao Senhor (lei da primogenitura) antes de ter qualquer irmão. Ora, se o primogênito fosse restrito àqueles que possuem irmãos, ninguém estaria sujeito a lei da primogenitura, enquanto não nascesse seu irmão. Mas visto que, o primeiro filho (que ainda não tem irmãos mais novos), poucos dias depois de nascer já é sujeito à lei da primogênitura, deduzimos que é chamado primogênito aquele que abre o útero da mãe e que não foi precedido por ninguém, e não aquele cujo nascimento foi seguido por outro de irmão mais novo.

Vimos, portanto, que o primeiro filho homem será consagrado a Deus. Este é o primogênito. Mesmo que não seja o primeiro filho, mas se for o primeiro filho homem, ele é o primogênito. E, se for o único filho, ele também é o primogênito porque foi o primeiro e único. Enfim, o termo "primogênito" possui o mesmo modo de falar de Mt 1,25: "primogênito" vem a ser apenas o filho antes do qual não houve outro, não necessariamente aquele após o qual houve outros.

12. Se Maria fez voto de virgindade, como pode ter desposado José?
Santo Agostinho explica:

"O que tornou a virgindade de Maria tão santa e agradável a Deus não foi porque a concepção de Cristo a preservou, impedindo que sua virgindade fosse violada por um esposo, mas porque antes mesmo de conceber ela já a tinha dedicado a Deus e merecido, assim, ser escolhida, para trazer Cristo ao mundo.

É o que indicam as palavras de Maria em resposta ao anjo que lhe anunciava a maternidade: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Por certo, ela não teria falado assim, se não houvesse consagrado anteriormente sua virgindade a Deus. Mas como esse voto ainda não tinha entrado nos costumes dos judeus, ela fora dada em casamento a um varão justo o qual, longe de lhe tirar o que ela já havia consagrado a Deus, seria ao contrário o seu fiel guardião. Ainda que ela apenas tivesse dito: "Como é que vai ser isso", sem acrescentar: "se eu não conheço homem algum", não ignorava que, como mulher, não precisaria perguntar como daria à luz esse filho prometido, no caso de estar casada para ter filhos.

Poderia também ter recebido uma ordem do céu de permanecer virgem, a fim de que o Filho de Deus tomasse nela a forma de escravo por algum grande milagre. Mas por estar destinada a servir de modelo às futuras virgens consagradas, era preciso não deixar parecer que unicamente ela deveria ser virgem, ela que merecera conceber fora do leito nupcial.

Assim, consagrou sua virgindade a Deus, enquanto ainda ignorava de quem havia sido chamada a ser mãe. Desse modo, ela ensinava, às outras, a possibilidade de imitação da vida do céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito, e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer. Cristo, assim, nascendo de uma virgem que, antes mesmo de saber de quem seria mãe, já tinha resolvido permanecer virgem, esse Cristo preferiu aprovar a santa virgindade a impô-la. Dessa maneira, mesmo na mulher da qual haveria de receber a forma de servo, ele quis que a virgindade fosse o efeito da vontade livre." (A Santa Virgindade - Santo Agostinho)

Vejamos, agora, o que nos diz o Papa João Paulo II:
"No momento da anunciação, Maria encontra-se então na situação de noiva. Podemos perguntar-nos porque ela tinha aceito o noivado, dado que havia feito o propósito de permanecer virgem para sempre. (...) Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal.

De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado Maria à escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade." (João Paulo II - Catequese - 17 a 24/08/1996)

Em acréscimo, lembro também que na cultura judaica uma mulher sem marido não era bem vista (veja, por exemplo, 1Cor 7,36). Desposando de José, homem justo, Maria não passaria por tal constrangimento e ainda cumpriria o voto de virgindade. Uma segunda observação, é que quando o Papa fala no ideal de virgindade de José, este ideal pode ter sido suscitado após sua viuvez, uma vez que existem relatos de que José teria tido filhos em seu primeiro casamento. 

Fonte: http://www.veritatis.com.br 
http://www.jesusobompastor.com.br/



 

POR QUE O DEMÔNIO ODEIA MARIA?

"Uma arma que é muito efetiva e poderosa para vencer o demônio, é Maria. O demônio treme diante de Maria. Eu agora vou dizer algo que pode chocar você um pouquinho: durante as orações de exorcismo, quando mencionamos o nome Maria para o demônio, ele se torna até mais furioso do que quando a gente menciona Jesus".
“Vou tentar explicar: eu não estou dizendo que ele tema mais a Maria do que a Jesus. O que eu estou dizendo é que ele se torna mais raivoso quando se menciona Maria do que quando se menciona Jesus. E a razão é a seguinte: ele sabe que Jesus é o filho de Deus. Ele sabe que Jesus o venceu. Apesar de ser tão orgulhoso ele sabe que precisa dobrar o joelho diante de Jesus. Mas ele não pode aguentar que Maria, uma criatura, uma criatura humana possa tê-lo vencido".
“Durante o exorcismo, Deus ordena ao demônio a dizer a verdade. Quando um exorcista pergunta ao demônio: 'por que você treme diante de Maria?'. Neste momento, Deus ordena ao demônio que responda. E que responda a verdade. E o demônio responde: 'eu odeio Maria porque ela é muito humilde'. O demônio não tem medo das pessoas que ficam gritando ao tentar expulsá-lo. Ele não se impressiona com gritaria. Ele é um espírito. Não tem ouvido. Então não há utilidade nenhuma ficar gritando".
"O demônio odeia a humildade. Ele não tem medo de gritaria, mas a humildade o apavora. Quanto mais humilde, mais ele treme. Exatamente porque ele é orgulhoso".
(Frei Elias Vella, padre exorcista da Ilha de Malta).
Nossa Senhora da Defesa, seja a nossa proteção!

Fonte: blog.christifidei.com

quinta-feira, julho 24, 2014

Irmãos e Irmãs de Jesus?

Irmãos e Irmãs de Jesus?

Visão Católica e Ortodoxa
Autor: rev. William G. Most
Trad.: Carlos Martins Nabeto

m Mt 13, 55 e Mc 6,3, as seguintes pessoas estão nomeadas como irmãos de Jesus: Tiago, José (ou Josés - os manuscritos variam na forma) Simão e Judas. Mas, Mt 27, 56 diz que, «junto à cruz estava Maria, a mãe de Tiago e José». Mc 15, 40 diz que «ali estava Maria, a mãe de Tiago, o menor, e José». Logo, embora a prova não seja conclusiva, parece que os dois primeiros, Tiago e José, (ou Joses), - exceto se supormos que estes eram outras pessoas com os mesmíssimos nomes - eram filhos de outra mãe e não da Mãe de Jesus.

Vemos aqui que o termo «irmão» foi usado para indicar aqueles que não eram filhos de Maria, a Mãe de Jesus. Do mesmo modo, facilmente poderia ter ocorrido o mesmo com os outros dois «irmãos», Simão e Judas. Além disso, se Maria tivesse outros filhos e filhas naturais no tempo da crucifixão, seria estranho Jesus ter pedido a João para que cuidasse dela. Especialmente porque Tiago, o «irmão do Senhor» ainda estava vivo em 49 d.C. (cf. Gl 1, 19); certamente ele poderia ter cuidado dela... Lot, que era sobrinho de Abraão (cf. Gn 11, 27-31), é chamado de «seu irmão» em Gn 13, 8 e 14, 14-16. O termo hebraico e aramaico ah era usado para expressar vários tipos de graus de parentesco (v. Michael Sokoloff, A Dictionary of Jewish Palestinian Aramaic, Bar Ilan University Press, Ramat-Gan, Israel, 1990, p.45). O hebraico não tem palavra para parentes. Eles poderiam dizer ben-dod para expressar filho de um tio por parte de pai, mas para outros graus de parentesco eles precisavam construir uma frase complexa, tal como «filho do irmão de sua mãe» ou «filho da irmã de sua mãe» (para consultar expressões complexas do aramaico, v. Sokoloff, pp. 111 e 139).
Objeção 1: não deveríamos usar o hebraico, já que o grego possui um termo para designar primo e outros tipos de parentes, também os Evangelhos não se utilizam de outras palavras específicas para designar os parentes de Jesus. Eles usam somente o termo grego adelphos, o que significa irmão real.
Resposta: A Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento hebraico, (cuja abreviatura padrão é LXX), usa o grego adelphos para Lot que, como vimos acima, era, na verdade, sobrinho. Além disso, os escritores dos Evangelhos e Epístolas sempre tinham em mente as palavras hebraicas, mesmo quando escreviam em grego. Isto vale principalmente para São Paulo. E, como podemos ver atualmente, há uma forte evidência de que São Lucas, em certos pontos, estava traduzindo documentos hebraicos – dois tipos de hebraico [hebraico e aramaico] com grande cuidado. A LXX, para Ml 1, 2-3, traduz: «Eu amei Jacó e odiei Esaú». São Paulo, em Rm 9, 13, cita exatamente da mesma forma que a tradução grega. Ainda que os tradutores da LXX conhecessem o hebraico e o grego - e assim também Paulo - utilizaram um modo muito estranho de expressão, modificando potencialmente a expressão hebraica.
Como isso aconteceu?
O hebraico e o aramaico carecia dos graus de comparação (tais como: bom, melhor, o melhor; claro, mais claro, claríssimo) e, então, precisava-se encontrar outra forma de expressar as idéias. Enquanto nós poderíamos dizer: «Amo mais a um que a outro», o hebreu diria: «Amo a um e detesto o outro». Em Lc 14, 26, Nosso Senhor nos diz que devemos «odiar nossos pais» é óbvio, porém, que quer dizer que devemos amar mais a Cristo do que a nossos pais. De forma semelhante, em 1Cor1, 17, Paulo afirma: «Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar»; só que o próprio Paulo já havia declarado ter batizado algumas pessoas; logo, o que realmente queria dizer é: «Minha missão mais importante é pregar; batizar é menos importante». São Paulo, em 1Tes 4, 5 diz que os gentios «não conhecem a Deus». Ele usa o termo conhecerno sentido do hebraico yada, um termo amplo que significa conhecer e amar. De fato, não são raras as vezes em que podemos afirmar que certa palavra hebraica encontrava-se na mente de São Paulo, que se expressava em grego.
Todos os estudiosos admitem que o Evangelho de São Lucas possui mais semitismos que os livros escritos por outros semitas (Lucas não era semita, mas médico de origem grega). Por quê? A princípio, parece que Lucas escrevia assim para imitar o estilo da LXX, mas, em um estudo que fiz (v. meu artigo «São Lucas imitava a Septuaginta?», publicado no Jornal [Internacional] de Estudos do Novo Testamento, jul./1982, pp.30-41, editado pela Universidade de Sheffied, Inglaterra), mostrei, estatisticamente, que Lucas não tentava imitar a Septuaginta. Eu fiz um estudo de um semitismo bem estranho em Lucas: o aditivokai, que reflete o aditivo hebraico wau. Eis um exemplo tirado de Lc 5, 1: «E isto aconteceu quando as multidões se apertavam para ouvir dele a palavra de Deus e ele se encontrava de pé junto ao Lago [de Genesaré]». A palavra «e», grifada em itálico, poderia existir no hebraico, mas não no grego, nem mesmo no aramaico. Pela contagem real, São Lucas usa este «e» somente de 20 a 25% das vezes que poderia usá-lo, se estivesse imitando a Septuaginta. Certamente, não foi esta a razão de seu uso.
Então por que ele a empregou assim? Em linhas gerais, São Lucas nos diz que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em grego (alguns judeus sabiam se comunicar em grego), hebraico ou aramaico. Logo, seria possível que São Lucas tivesse usado relatos escritos nessas linguagens. O problema não seria perceptível no grego se fossem usadas fontes gregas, é lógico; mas se ele usou, em certos momentos, documentos hebraicos, e se ele os traduziu com extremo cuidado - tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego, onde não existiria - então poderíamos afirmar que foi dessa forma que ele resolveu fazer. As estranhas estruturas que encontramos – também anormais no aramaico - usadas por São Lucas em alguns pontos, mas não em outros, parecem demonstrar a existência de documentos hebraicos, traduzidos com extremo cuidado. Lucas sabia como escrever em grego culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim? Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos originais que usava. Portanto, precisamos conhecer o hebraico fundamental para compreendermos a questão corretamente (o «e» é omitido nas traduções das linguagens modernas, como o inglês; o problema só é verificável quando lemos São Lucas na língua grega original).
Há uma palavra importante em Rm 5,19, que diz que «muitos» se tornaram pecadores (= pecado original). É óbvio, porém, que São Paulo se referia a «todos». De fato, o grego usa polloi; no grego comum, sempre significa «muitos», mas não «todos». Entretanto, se conhecermos o hebraico que estava na mente de Paulo, tudo torna-se claro. Havia uma estranha palavra, rabbim, que aparece pela primeira vez em Is 53, na profecia da Paixão. Pelo contexto, percebemos claramente que significa todos, ainda que também signifique muitos, para ser mais exato ela significa todos dos que são muitos. Por exemplo, se eu estiver em uma sala com outras três pessoas, eu poderia dizer todos, mas não poderia dizer muitos; agora, se usarmos uma concordância grega para encontrarmos todas as citações em que São Paulo usa a palavrapolloi como substantivo, veremos, pelo contexto, que sempre - sem exceção - significará todos; é o caso de Rm 5, 19. Assim, precisamos retornar ao hebraico para compreender o termo grego usado aqui por Paulo.
Em outras partes, São Paulo freqüentemente faz uso do termo grego dikaiosyne não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na forma ampla do sentido hebraico de sedaqah. Há muitos outros lugares no Novo Testamento onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são suficientes para mostrar como os escritores do Novo Testamento trabalharam e a necessidade de se evitar que entendamos somente o que diz o grego (que insiste que devemos ignorar o fundamento hebraico, afirmando que o grego possui palavras próprias para designar primos e outros parentes, ao contrário do hebraico).
Objeção 2: J. P. Meier, em A Marginal Jew (Doubleday, 1991, pp.325-326) afirma que «o novo Testamento não é uma tradução grega»; assim, o termo hebraico usado para referir-se a irmão não pode ter gerado uma «desastrosa» tradução.
Resposta: Muitos estudiosos crêem que parte ou até mesmo todos os Evangelhos são traduções gregas. A evidência citada acima, no Jornal de Estudo do Novo Testamento contribui para demonstrar isso. Em adição, temos evidências extensivas mostrando que, apesar dos autores não terem feito uma tradução, eles muitas vezes usavam palavras gregas com o significado do pensamento hebraico fundamental. Isto é especialmente notável em Paulo, ainda que Meier afirme que Paulo não estava fazendo uma tradução, bem como conhecia «Tiago, o irmão do Senhor», em pessoa.
Meier também assegura (pp.327-328) que Josefo, um judeu que escreveu em grego, várias vezes utiliza a palavra correta para designar primo, mas usa a palavra irmão para indicar os «irmãos de Jesus». Concordamos que Josefo assim se expressa. No entanto, será que Josefo possuía informação direta acerca da real natureza dos «irmãos» de Jesus? É óbvio que não. Meier também não analisa a questão sob este ponto de vista...
Objeção 3: Meier afirma (p. 323) que se quisermos que ah signifique primo, então deveríamos ller Mt 12, 50 assim: «Todo aquele que faz o desejo de meu Pai que está nos céus é meu primo, prima e mãe». De maneira similar (p.357), ele diz que Mc 3, 35 deveria então ser lido: «Nem seus primos acreditavam nele».
Resposta: Meier parece ser deliberadamente cego nestes pontos. Ora, se ah possui um significado amplo, poderíamos então mantê-lo na tradução, não apenas limitando-o a primo; poderia ser primo, mas também qualquer outra espécie de parente.
Objeção 4: Em Mt 1, 25, os protestantes apontam para duas palavras: até que e primogênito.
Resposta«Até que»: muitas palavras antigas têm diversos significados possíveis. Às vezes o termo «até que» abrange o tempo posterior ao indicado mas nem sempre isso acontece. Em Dt 34, 6, Moisés foi enterrado «e até hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura». Isto era verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua sendo verdade ainda hoje. No Sl. 110, 1, conforme interpretado pelo próprio Jesus, «o Senhor disse ao meu Senhor (= de Davi): 'Senta à minha mão direita até que eu coloque os teus inimigos sob os teus pés'». Obviamente, Jesus sempre estará à direita do Pai; logo, a palavra até que jamais significará uma mudança de estado. O Sl 72, 7, um salmo messiânico, diz que em seus dias «a paz abundará até a lua não mais existir». Aqui novamente, o poder do Messias jamais deixará de existir ainda que a lua deixe de brilhar (Mt 24, 29). Em 2Sm 6, 23, diz-se que «Mical, esposa de Davi, não terá mais filhos até o dia de sua morte». Logicamente, ela não os terá mesmo após sua morte! Em Mt 11,3, Nosso Senhor diz que se os milagres feitos em Cafarnaúm tivessem sido feitos em Sodoma, «ela teria durado até o presente dia». Isso não significa que Jesus a destruiria logo a seguir. Em Mt 28, 20, Jesus promete que permanecerá com sua Igreja e seus seguidores «até o fim do mundo». Será que deserdará depois, na eternidade? Em Rm 8, 22, São Paulo diz que toda a Criação suspira, esperando pela revelação dos filhos de Deus até os seus dias (de Paulo). Nem por isso ele irá para sua missão, mas continuará até a restauração final. Em 1Tm 4, 13, o apóstolo pede para que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento «até eu (Paulo) chegar». Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais coisas após a chegada de Paulo. E existe muitos outros exemplos, embora estas poucas citações sejam suficientes para demonstrar que a expressão «até que», no Antigo e no Novo Testamento, significa uma mudança de coisas que está para acontecer segundo o ponto a que se refere.
Até mesmo J. P. Meier, que trabalha estressantemente para tentar provar que Jesus tinha irmãos naturais, admite que o argumento baseado na expressão «até que» nada prova (em CBQ - jan/1992, pp.9-11).
Primogênito: Jesus é assim chamado em Lc 2, 7 (e também em Mt 1, 25, se considerarmos a adição ao texto grego encontrada na Vulgata latina). Este termo se refere ao hebraico bekor, que expressa principalmente a posição privilegiada do primeiro filho com relação aos demais filhos. Não implica, porém, na existência real de outros irmãos. Podemos ler numa inscrição grega encontrada numa sepultura em Tel el Yaoudieh (cf. Biblical 11, 1930, pp.369-390) que uma mãe faleceu ao dar à luz ao seu filho: «Nas dores do parto de meu filho primogênito, o destino me trouxe o fim da vida». No mesmo sentido, existe outroepitáfio em Leontópolis (v. Biblical Archaeology Review, Set.-Out./1992, p.56).
Objeção 5: Alguns escritores cristãos primitivos dizem que os irmãos do Senhor eram irmãos reais.
Resposta: Meier, que tão diligentemente coleta todos os dados que possam servir para contestar a virgindade de Maria após o nascimento de Jesus, menciona apenas quatro:
  1. Hegésipo, no séc. II - Mas Meier admite (p. 329): «...tal testemunho não está livre de problemas e possíveis auto-contradições»;
  2. Tertuliano - Contudo, Meier reconhece que isto ocorria porque queria «reforçar sua posição ao ponto de vista docético sobre a humanidade de Cristo»; tal desejo fez com que fizesse tal afirmação. De fato, Tertuliano, com a mesma predisposição, afirmou que a aparência do corpo de Cristo era horrível! (Sobre o Corpo de Cristo, cap.9) Realmente ele era um extremista, como se comprova pelo fato de que não sendo os montanistas tão severos quanto à moralidade, acabou por fundar sua própria sub-seita;
  3. Meier também sugere que duas passagens de Santo Ireneu (séc. II) podem implicar na negação da virgindade pós-parto: na primeira Ireneu faz um paralelo entre Adão e Cristo, para segurança de sua teologia da recapitulação; na segunda, Ireneu desenvolve o tema da nova Eva. É difícil, porém, encontrar nessas passagens qualquer dica que negue a virgindade pós-parto. O próprio Meier admite que a interpretação desses textos são improváveis;
  4. Helvídio, no séc. IV [totalmente refutado por São Jerônimo]. Estes textos, contudo, são desprezíveis se comparados com o extenso suporte patrístico que favorecem a tese da virgindade perpétua (cf. Marian Studies, VIII, 1956, pp. 47-93).
Por isso, em seu sumário de conclusões (pp. 331-332), Meier não faz qualquer menção a estes escritores da Igreja primitiva.
Objeção 6: Meier (p.331) diz que devemos seguir o critério do múltiplo atestado: Paulo, Marcos, João, Josefo e talvez Lucas atestam a existência dos irmãos de Jesus.
Resposta: Isto nada mais é que o retorno ao início da questão. Méier não provou que qualquer um destes «irmãos» seja, de fato, um irmão real de Jesus. Meier acrescenta que o sentido natural de irmão é o que indica irmão real, mas já vimos na segunda resposta (acima), que tal sentido não é absolutamente obrigatório. Ele também afirma que não existe outro caso claro no Novo Testamento que possa admitir outro significado, a não ser irmão real ou meio-irmão. Novamente ele acaba retornando ao início do problema pois não consegue provar que algum desses textos possa significar irmão real.
O próprio Meier reconhece (p. 331) que «todos estes argumentos em conjunto não podem produzir uma certeza absoluta». Nós acrescentamos: em Mc 3, 20-21, os parentes de Jesus vão até ele para prendê-lo – os irmãos mais novos não poderiam tomar tal atitude na cultura semita, pois Jesus era o primogênito. E, quando Jesus contava com 12 anos ao visitar o Templo de Jerusalém, seus irmãos mais novos deveriam acompanhá-lo (exceto as irmãs), se de fato existissem, de outra forma Maria teria ficado em casa cuidando dos filhos mais novos. Vemos, assim, que não há evidências sólidas na Escritura que nos permitam supor que Nossa Senhora tenha tido outros filhos. Há, por outro lado, respostas lógicas para todas as objeções formuladas. Porém, a razão decisiva é o ensino da Igreja; os credos mais antigos chamam Maria de aei-parthenos, ou seja, «sempre Virgem».
Meier parece querer usar um machado para cavar... Em seu longo artigo publicado na CQP (1992, pp. 1-28), ele diz, na última página, que deveríamos perguntar se a hierarquia das verdades não nos deixaria aceitar protestantes dentro da Igreja Católica sem que pedíssemos a eles para que acreditassem na virgindade perpétua de Nossa Senhora. De fato, existe uma hierarquia de verdades, algumas mais básicas que outras. Mas isso não significa, em absoluto, que possamos incentivar a negação de uma doutrina que vem sendo repetidamente ensinada pelo Magistério Ordinário, bem como pelos mais antigos credos (portanto, infalíveis). Realmente, se alguns protestantes querem aderir à Igreja sem aceitar a autoridade do Magistério, então jamais serão católicos de fato, ainda que aceitem todos os demais ensinamentos. Aceitar realmente a autoridade significa aceitar tudo, e não quase tudo.
Até mesmo Meier, tão inclinado à negação da virgindade perpétua, admite (pp.340-341) que existe uma estranha tradição rabínica que diz que Moisés, após seu primeiro contato com Deus, deixou de se relacionar sexualmente com sua esposa. Isto aparece primeiro em Filo de Alexandria e foi suportado, depois, pelos rabinos. Ora, se Moisés, em virtude de um contato externo com Deus, agiu dessa maneira, porque então não poderia ocorrer o mesmo com Nossa Senhora, que foi preenchida pela divina presença para a concepção de Jesus e carregou a própria Divindade em seu ventre durante nove meses? De fato, Lutero e Calvino, como Méier reconhece (p.319), aceitaram a doutrina da virgindade perpétua de Maria.
Por que, então, Meier luta tanto contra ela? Realmente, os protestantes, se forem lógicos, não podem apelar para provas bíblicas, a partir do momento em que nem mesmo têm como determinar quais livros são inspirados. Lutero achava que, se um livro pregasse a justificação somente pela fé, então ele era inspirado, caso contrário, não. Mas, lamentavelmente, ele nunca conseguiu provar que isso era verdade (tanto ele quanto eu poderíamos escrever livros sobre o assunto e nem por isso seriam inspirados) eis que vários livros da Bíblia não mencionam a justificação pela fé... É que, infelizmente, Lutero não sabia o que São Paulo queria dizer com a palavra fé. (sobre este assunto, consultar a obra fundamental do Protestantismo: Interpreter's Dictionary of the Bible, Supplemento, p.333).

FONTE:
Petersnet