quinta-feira, março 19, 2015

QUE É A EXCOMUNHÃO?





DIREITO CANÓNICO
SEBASTIÃO (Belo Horizonte): «Diante das recentes notícias de excomunhão proferidas sobre este ou aquele homem público, gostaria de saber em que consiste essa pena e quais os seus efeitos».

1. A excomunhão é, sumariamente, a pena pela qual um cristão é excluído da comunhão (ou da união de vida) dos demais fiéis (ou da Igreja); cf. Código de Direito Canônico, cân. 2257 § 1.

A palavra «excomunhão» tinha, nos primeiros séculos do Cristianismo, sentido assaz vago, podendo designar qualquer modalidade de pena eclesiástica. Foi no séc. XIII que o Papa Inocêncio III lhe deu a acepção que ela hoje possui no Direito da Igreja.

Dado o significado geral do termo «excomunhão», compreende-se que tivesse outrora vários sinônimos, como «anátema, maldição, execração».

O vocábulo grego «anathema» designava originariamente uma oferenda feita à Divindade, oferenda suspensa ou exposta no templo e sequestrada ao uso profano. Já que muitas vezes tais oferendas eram os despojos de inimigos vencidos na guerra, o anátema ficou sendo um objeto execrado ou tido como imundo, intangível aos homens puros. Na linguagem cristã, o anatematismo ou simplesmente o anátema tomou aos poucos o sentido que hoje lhe compete: é uma excomunhão, como declara o cân. 2257 § 2. ... mas excomunhão geralmente infligida em circunstâncias mais solenes, ou seja, em meio a ritos destinados a incutir mais sensivelmente o horror da pena.

Com efeito, o «Pontifical Romano», no tocante ao anátema, prescreve que o bispo, revestido de capa roxa e mitra simples, se sente em uma poltrona, tendo em torno de si doze presbíteros trajados de sobrepeliz e portadores de velas acesas. O Prelado pronuncia então palavras extremamente severas que excluem o réu da comunhão dos fiéis; a seguir, os assistentes atiram ao chão as suas velas. O ato é levado por carta ao conhecimento dos demais sacerdotes diocesanos e dos bispos vizinhos. - - Tal cerimônia caiu em desuso nos nossos dias.

Quando, pois, uma definição do Sumo Pontífice ou de um Concilio profere anátema (o que ainda hoje acontece), entenda-se “excomunhão” no sentido que será descrito no presente artigo. A expressão “anathema perpetuum” (ou “an. maranatha”, até que venha o Senhor...), outrora ocorrente em documentos eclesiásticos, era, por vezes nos primeiros séculos, interpretada como condenação ao inferno, onde o anatematizado seria companheiro de Judas, o traidor. Contudo o Papa Gelásio I, em 495 aproximadamente, declarou que o aposto «perpétuo» “maranatha” não excluía a possibilidade de reconciliação do réu com Deus e com a Igreja, mas apenas realçava a obstinação ou dureza de coração do delinquente, que punha em perigo a sua salvação eterna.

2. O poder de excomungar membros nocivos ou indignos sempre foi reconhecido às sociedades devidamente organizadas; é condirão essencial para salvaguardar o bem comum. Os judeus o praticavam (cf. Jo 9,22). No Novo Testamento Jesus o insinuou em Mt 18,17, referindo-se a irmãos obstinados no mal; São Paulo fez uso desse direito, considerando a excomunhão como remédio salutar para um irmão que levava vida escandalosa (cf. 1Cor 5,3-5).

3. Até o séc. XV era vedado aos fiéis ter relações, mesmo no setor profano, com os excomungados; quem desrespeitasse esta proibição, incorria por sua vez em excomunhão. Tal medida, porém, provocava, na vida cotidiana, não poucos conflitos de consciência. Em vista disto, o Papa Martinho V, no concilio de Constança (1418), resolveu distinguir entre excomungados «tolerados» (tolerati) e excomungados «a ser evitados» (vitandi), distinção esta que foi explicitada pelo Direito atualmente vigente (cf. pág. 241 deste fascículo).

A excomunhão era frequentemente aplicada na Idade Média. No séc. XVI, porém, o Concílio de Trento (sess. XXV) admoestou os bispos e juízes eclesiásticos a usar de moderação e cautela nesse setor, pois, sem dúvida, a excomunhão vem a ser a mais grave de todas as penas eclesiásticas. O atual Código de Direito Canônico em 1918 renovou esta exortação e, desenvolvendo tendências já manifestadas por Pio IX no século passado, diminuiu notavelmente o número de casos que, por efeito da própria lei, são punidos de excomunhão (ver a lista dos mesmos sob o titulo número 4 deste artigo).

Consideremos agora de mais perto o que vem a ser exatamente a excomunhão, quais as suas modalidades, os seus efeitos e os casos em que a lei eclesiástica a inflige.

1. Que é excomunhão?

A excomunhão vem a ser, junto com a suspensão e o interdito, uma das penalidades eclesiásticas ditas «censuras». Por isto, faz-se mister, antes dò mais, aqui dizer o que o Direito Canônico entende por «censura».

O cân. 2241 define a censura como penalidade pela qual um cristão, tendo-se tornado delinquente obstinado, é destituído de certos bens espirituais ou de bens temporais anexos aos espirituais, até que se emende e seja devidamente absolvido.
Para esclarecer esta definição, pode-se imediatamente fazer a seguinte observação:

Os bens espirituais de que possam gozar os fiéis na Igreja, classificam-se em três categorias:
a) alguns têm. por assim dizer, sede nas almas, e permanecem invisíveis: seriam a graça santificante, os caracteres sacramentais, as virtudes infusas;
b) outros, embora não sejam hábitos residentes na alma, pertencem aos fiéis individualmente ou à personalidade própria de cada um; seriam as boas obras, as orações, os méritos...;
c) por fim, há bens espirituais que pertencem à Igreja como tal ou como Corpo de Cristo e dos quais cada fiel participa na medida em que está incorporado ou vinculado à Igreja; tais bens são os sacramentos. os sacramentais, as orações públicas feitas em nome da Igreja, a jurisdição...

Ora é sòmente esta terceira categoria de bens que a Igreja pode subtrair, por meio de censuras, aos fiéis delinquentes. A Sta. Igreja só interfere nas riquezas espirituais que Ela mesma, por seu ministério sagrado, fornece aos cristãos no foro social, comunitário (dito também «foro externo»). Ela nada pode tirar dos bens espirituais meramente interiores de cada alma (bens «de foro interno»), como são os méritos, a fé. a caridade...

Em outros ternos : mediante as suas censuras, a Sta. Igreja rompe apenas vínculos de foro externo. Essa ruptura, porém, vai exercer seus efeitos também no foro interno, pois. em consciência e diante de Deus, o cristão censurado está obrigado a respeitar a sua sentença (não lhe será licito, portanto, receber furtivamente os sacramentos, caso haja sido declarado Inepto para tal).

Levando-se em conta os bens espirituais de foro externo dos quais um cristão possa ser privado, distinguem se três tipos de censura: a excomunhão, a suspensão e o interdito.

A excomunhão é a mais grave das censuras, pois priva de Iodos os ' " bens espirituais de foro externo e exclui da sociedade dos fiéis.

O Interdito priva apenas do uso de certas instituições ou coisas sagradas. como. por exemplo, sacramentos, atos de culto solene, sepultura eclesiástica.

A suspensão só recai sobre clérigos, despojando-os do uso das faculdades eclesiásticas (uso de ordens ou uso de jurisdição); o clérigo suspenso não pode mais administrar os sacramentos, mas pode recebê-los caso tenha as devidas disposições.

Feitas estas observações sobre as censuras em geral, detenhamo-nos agora sobre a excomunhão como tal.
De quanto acaba de sei- dito, depreende-se que

A) Excomunhão não é condenação ao inferno.

A Igreja não tem poderes judiciais para definir a .sorte póstuma dos homens. Além disto, sabe-se que, enquanto alguém é peregrino sobre a terra, sempre lhe resta a possibilidade de lazer penitencia mesmo das mais graves culpas que haja cometido; a graça de Deus com ida o pecador até o fim da vida; este a pode aceitar de maneira visível e pública ou de modo oculto na hora da morte. Por conseguinte, a ninguém, nem mesmo ao Sumo Pontífice, será lícito dizer que tal delinquente está definitivamente condenado ao inferno.

B) Excomunhão também não é declaração de que alguém esteja em pecado mortal.

A excomunhão, como se disse atrás, não visa diretamente o foro interno ou as realidades íntimas da consciência. Ela apenas leva em conta o comportamento externo e visível do cristão. Tal conduta pode ser a de um verdadeiro delinquente, ao qual a justiça e o bem comum pedem a aplicação de uma sanção; mesmo nesse caso, porém, o aparente réu pode não ter culpa grave, ou simplesmente pode não ter culpa, em consciência ou perante Deus. — A excomunhão, portanto, supre o estado de pecado mortal na pessoa excomungada, mas de modo nenhum ela acarreta ou constitui tal estado. A rigor, por conseguinte, pode haver uma pessoa excomungada que, não obstante, se ache em estado de graça (é de crer, porém, que tal caso seja raro).

C) Positivamente, a excomunhão é, como dizíamos, a privarão máxima dos bens espirituais de foro externo que a Igreja possa infligir, com intuito estritamente medicinal, ou seja, em vista de correção do respectivo delinquente.
À guisa de explicarão, dir-se-á

1) Toda excomunhão supõe um delito (isto é, a violação de uma lei) externo ou visível (a Igreja não pune atos meramente internos) e grave. A gravidade da falta se mede não somente pela importância da lei violada, mas também pelo dano causado ao próximo e pela responsabilidade do delinquente.

Caso, por conseguinte, alguém tenha a intenção de cometer uma falta grave passível de excomunhão, mas só execute um ato que no foro externo tem pouca importância, não incorre em excomunhão, embora peque gravemente. É o que se daria, por exemplo, se alguém espancasse levemente um clérigo com premeditada intenção de o ferir mortalmente; tal pessoa, no seu foro interno, cometeria um pecado grave (por causa da sua intenção), mas não incorreria na censura anexa aos delitos vultuosos e veementes desse gênero.

2) A excomunhão supõe claro conhecimento de causa da parte do delinquente. O que quer dizer que só incorre em excomunhão a pessoa que saiba que tal ou tal delito (que ela está para cometer) é passível de excomunhão; quem não tenha conhecimento da censura, não é atingido por ela.

Esta afirmação se deriva do fato de que a excomunhão é pena estritamente medicinal, não meramente vingativa. Ora as penas medicinais, na Igreja, visam todas sanear a contumácia ou obstinação do delinquente. Pois bem. ensinam os canonistas, para que alguém possa ser dito obstinado ou contumaz, não "basta que saiba ser tal ou tal ato proibido pela Lei de Deus (ou pecado); faz-se mister outrossim, saiba que esse ato também é proibido pela lei da Igreja, e proibido de modo a acarretar tal ou tal pena para o delinquente. Somente se souber disto é que o réu poderá ser tido como obstinado e. consequentemente, passível de excomunhão.

3) Já que é pena estritamente medicinal, a excomunhão não pode ser infligida por prazo fixo, de modo a dever ser suspensa em data previamente estipulada. Ao contrário, a excomunhão durará tanto tempo quanto perdurarem as disposições «doentias» do delinquente; logo que este dê sinais evidentes de emenda de vida e peça absolvição, o caso é reconsiderado pela autoridade da Igreja, que em geral restitui a sua comunhão.

4) Ainda pelo mesmo motivo vê-se que a excomunhão só pode propriamente recair sobre pessoas físicas (pois sòmente estas são capazes de emenda de vida); caso seja proferida sobre um corpo moral ou lima sociedade, ela atinge os membros dessa sociedade que sejam pessoalmente culpados ou cúmplices do delito (cf. cân. 2255 § 2).
Está claro que a sentença de excomunhão só se pode aplicar aos filhos da Igreja, pois quem não Lhe pertence não pode ser excluído do seu grêmio. Donde se deduz, por exemplo, que um estadista não batizado não pode ser excomungado, caso se torne perseguidor da Igreja; em circunstâncias análogas, é excomungado o estadista católico.
Passemos a outro aspecto da questão:

2. Modalidades de excomunhão

Distinguem-se modalidades de excomunhão de acordo com o ponto de vista sob o qual essa pena é considerada. Contemplaremos aqui apenas dois aspectos principais.

Do ponto de vista da autoridade que a profere, faz-se distinção entre
- excomunhão «ferendae sententiae», a qual depende de sentença explícita do juiz eclesiástico (por isto também é dita «ex- communicatio hominis») e supõe admoestações canônicas antecedentes;
- excomunhão «latae sententiae», isto é, decorrente do texto mesmo da lei; segue-se imediatamente ao delito, não sendo necessárias previas admoestações nem processo judiciário (por isto, também é dita «excommunicatio iuris»).

As excomunhões «latae sententiae» se subdistinguem em cinco modalidades de acordo com a autoridade que esteja habilitada a absolvê-las. Existem, sim, excomunhões reservadas à Santa Sé dc modo especialíssimo, do modo especial, de modo simples; excomunhões reservadas ao Bispo ou Ordinário diocesano; excomunhões não reservadas.

Exemplos se encontrarão sob o titulo n. 4 desta resposta.

Do ponto de vista da gravidade das consequências, distinguem-se
- excomungados tolerados («tolerati»), com os quais é permitido aos fiéis entreter relações civis,
- excomungados a ser evitados («vitandi»), com os quais o intercâmbio, em tese, é ilícito (contudo relações meramente familiares ou civis ficam permitidas aos respectivos pais, consorte, filhos, súditos e a outras pessoas que tenham justo motivo para isso; cf. cân. 2267).

Para que alguém seja excomungado «vitandus» (a ser evitado) , requer-se, conforme o cân. 2258 § 2, o cumprimento simultâneo de três condições:
- o réu deve ser, na sentença de excomunhão, mencionado pelo respectivo nome ou por característica pessoal (profissão, encargo...);
- a sentença de excomunhão deve ser promulgada publicamente, seja pelo periódico oficial da Santa Sé («Acta Apostolicae Sedis»), seja por avisos colocados às portas das igrejas ou proferidos do alto dos púlpitos;
- a sentença deve declarar explicitamente que a pessoa excomungada há de ser evitada. Excetua-se apenas o caso de quem ouse levantar a mão contra o Sumo Pontífice: torna-se excomungado «vitandus», desde que haja cometido o atentado (cf. cân. 2343 § 1).

Ora, já que raramente se preenchem as três condições acima, exíguo tem sido o número de excomungados a ser evitados em nossos tempos. O ex-bispo de Maura, porém, D. Carlos Duarte, incorreu nessa pena extrema.

Podem ser outrossim mencionados:
- os sacerdotes Xavier Dvorak e Luis Svatos, por se haver agregado pertinazmente à Associação cismática «Jednota» na Tcheco-eslováquia (cf. A.A.S. XIV 11922] 593);
- o sacerdote Ernesto Buonaiuti, por disseminar contumazmente a heresia dita «Modernismo» (cí. A.A.S. XVIII [19261 40s);
- o sacerdote José Turmel, autor de obras modernistas publicadas durante quarenta anos sob a cobertura de quatorze pseudônimos sucessivos (cl. A.A.S. XXU 119303 517-520);
o sacerdote Prosper Alfaric, que chegou a negar obstinadamente a existência histórica de Jesus Cristo (cí. A.A.S. XXV [1933] 333).

Importa agora considerar

3. Os efeitos da excomunhão

3.1. A todo e qualquer excomungado é vedado
a) receber os sacramentos;
b) administrar os sacramentos e os sacramentais.
Contudo em caso de necessidade e na falta de outro sacerdote, torna-se licito a qualquer sacerdote excomungado administrar os sacramentos. Fora dos casos de evidente necessidade, um sacerdote excomungado tolerado os poderá administrar licitamente, desde que os fiéis o peçam de boa fé e é-ie esteja em estado de graça (se lhe faltasse o estado de graça, pecaria gravemente e incorreria em irregularidade). O excomungado «vitandus». porém, não poderá licitamente administrar fora dos casos de necessidade; incorreriam em falta grave ele e os fiéis que, cientes da excomunhão do sacerdote, dele recebessem o sacramento; nessas circunstâncias, a confissão seria não sòmente ilícita, mas até inválida, por falta de jurisdição do sacerdote;
c) assistir aos Ofícios Divinos. Por «Ofícios Divinos» entendem-se aqui os atos de culto que só podem ser executados por clérigos (a celebração da S. Missa, o canto das horas canônicas com ministros paramentados, a bênção do SSmo. Sacramento.»).
Ao excomungado, porém, não é proibido ouvir a pregação da Palavra de Deus nem entrar na igreja para rezar fora das horas de Ofício.
O reitor da igreja tem o direito (que não constitui uma obrigação) de pedir ao excomungado tolerado que se retire do recinto durante a realização dos referidos atos de culto. Em nossos dias a proibição de assistir aos Ofícios Divinos tem caído em desuso, desde que se trate de excomungados tolerados que queiram comparecer numa atitude meramente passiva.
Caso. porém, um excomungado «vitandus» penetre na igreja com a intenção de assistir a um ato de culto oficial, o reitor, primeiramente, intimá-lo-á a retirar-se; se nada conseguir, os fiéis abandonarão o templo: quanto ao sacerdote que esteja celebrando a S. Missa e já tenha proferido as palavras da Consagração, prosseguirá no altar até a Comunhão do preciosíssimo Sangue, indo depois terminar o Santo Sacrifício na sacristia;
d) usufruir das indulgências, dos sufrágios o das orações que a S. Igreja costuma fazer oficialmente pelos fiéis. Não é il:cito, porem (ao contrário, ardorosamente se recomenda) que os sacerdotes e os fiéis, a titulo particular, isto é, em seu nome pessoal, orem pelos excomungados; poderão fazê-lo mesmo na igreja e em público. É permitido (e até muito louvável) que os sacerdotes apliquem a S. Missa pelos excomungados, contanto que o façam sem solenidade e aparato a fim de evitar o escândalo ou qualquer aparência de aprovação do mal (vê-se, pois, que. em se tratando de aplicar a S. Missa, a sanção versa apenas sóbre a parte externa do rito sagrado; tal sanção é oportuna para evitar qualquer perigo de equiparação do bem e do mal). K altamente necessária a oração dos sacerdotes e dos leigos em prol dos excomungados, pois, sendo a excomunhão uma pena medicinal, é de desejar que os excomungados consigam a medicina ou o remédio espiritual que a respectiva sanção lhes deve proporcionar; ora a consecução desta graça pode ser eficazmente impetrada pela prece;
e) exercer algum cargo, oficio ou jurisdição dentro da Igreja;
f) usufruir de algum privilégio eclesiástico ou de pensões, benefícios ou dignidade dentro da Igreja;
g) eleger, nomear, apresentar alguém (o que se aplica principalmente nos casos de ser padrinho de batismo, de crisma...);
h) obter sepultura eclesiástica, a menos que na hora da morte o excomungado dê sinais de arrependimento.
Caso o excomungado persista por um ano inteiro no seu êrro, torna-se suspeito de heresia (cf. cân. 2340 § 1) e vem a ser tratado como tal.

3.2. Em particular, os excomungados «vitandi» são destituídos não somente dos emolumentos e benefícios anexos aos seus respectivos cargos e ofícios, mas também dos próprios cargos; perdem o direito a qualquer graça ou favor papal. As Missas que em benefício deles sejam celebradas, terão por fim obter a sua conversão, não podendo por conseguinte visar alguma graça de índole temporal como saúde ou emprego.

Os canonistas ainda enumeram outros efeitos da pena de excomunhão. Contudo, já que versam sobre pormenores e casos especiais, limitamo-nos à lista acima, a fim de considerar imediatamente o aspecto final da questão.

4. Os delitos passíveis de excomunhão

No Código de Direito Canônico são enunciados 37 casos de excomunhão «latae sententiae» (ou a ser contraída pelo fato mesmo de se cometer o delito). Desses casos, 4, para ser absolvidos, ficam reservados à Santa Sé de modo especialíssimo; 11, de modo especial; 11, de modo simples; 6 são reservados ao Bispo ou Prelado diocesano, e 5 não são reservados.
Ei-los todos, sucessivamente formulados:

1) A excomunhão reservada à Santa Sé de maneira especialíssima recai sobre
- profanação do sacramento da Eucaristia (cân. 2320);
- violência física contra a pessoa do Sumo Pontífice (cân. 2343 $ 1);
- absolvição de cúmplice em pecado de luxúria simples ou qualificado (cân. 2367 § 1);
- violação direta do sigilo sacramental (cân. 2369 $ 1).

2) A excomunhão reservada à Santa Sé de maneira especial se prende na maioria dos casos a delitos contra a fé:
- apostasia, heresia, cisma (cân. 2314);
- edição, defesa, conservação e leitura de livros que propaguem a apostasia ou o cisma (cân. 2318 $ 1);
- simulação de celebração da S. Missa e de administração do sacramento da Penitência por parte de quem não seja sacerdote (cân. 2322 S 1);
- apelo a um Concilio Ecumênico contra determinação do Sumo Pontífice reinante (cân. 2332);
- recurso aos poderes civis a fim de impedir ou entravar a execução de leis da Santa Sé ou dos seus legados (cân. 2333);
- promulgação de leis ou decretos contrários à liberdade ou aos direitos da Igreja; recurso aos poderes seculares para impedir o exercido da jurisdição eclesiástica (cân. 2334);
- o gesto de convocar perante tribunal civil um Cardeal, um legado da Santa Sé, um dos Oficiais maiores da Cúria Romana ou o respectivo prelado diocesano (do convocante) (cân. 2341);
- ofensa física infligida à pessoa de um Cardeal ou de um legado do Sumo Pontífice (cân. 2313 $ 2);
- usurpação de bens ou de direitos da Igreja Romana (cân. 2345);
- falsificação ou alteração de cartas, decretos ou leis da Santa Sé. ou ainda uso fraudulento e enganador desses documentos (cân. 2360);
- caluniosa denúncia feita aos superiores eclesiásticos contra um sacerdote como se houvesse solicitado no confessionário o seu penitente a pecado de luxúria (cân. 2363».

3) A excomunhão simplesmente reservada à Santa Sé está anexa a
- comércio sacrílego de indulgências (cân. 2327);
- inscrição na maçonaria ou em organizações afins (cân. 2335»;
- o gesto de um sacerdote que, de má fé e sem a devida delegação, ousasse absolver de excomunhão reservada à Santa Sé de maneira especial ou especialíssima (cân. 233S S 1);
- colaboração consciente e espontânea, em assuntos religiosos e em proporções amplas, de um clérigo com pessoa excomungada a ser evitada (cân. 2338 $2);
- o gesto de denunciar perante tribunal civil
um bispo que não seja o respectivo bispo diocesano de quem
denuncie»
ou um Abade ou Prelado Nullius.
ou um supervisor geral do Instituto de Direito Pontifício (cân. 2341)
- violação de clausura das monjas ou dos Religiosos regulares por parte de pessoas estranhas;
- saída ilegal da clausura por parte das monjas (cân. 2342);
- usurpação ou desvio do bens da Igreja (cân. 2316)
- duelo (cân. 2351 $1);
- tentativa de matrimônio por parte de clérigos de ordens maiores (bispos, presbíteros, diáconos, subdiáconos) ou por parte de religiosos ou monjas que tenham votos solenes (cân. 2388 $ 1);
- simonia com cargos e dignidades eclesiásticas (cãn. 2392);
- sequestração, destruição, ocultamento ou alteração de documentos pertencentes à Cúria diocesana (cân. 2405).

4) A excomunhão reservada ao bispo diocesano atinge
- celebração de casamento misto perante ministro nãocatólico; acordo assinado pelo nubente católico, permitindo o batismo ou a educação da prole respectiva fora da Igreja Católica (cân. 2319);
- fabricação, venda, distribuição e exposição ao público de falsas relíquias (cân. 2326);
- ofensa física à pessoa de um clérigo ou Religioso não enunciado no cân. 2313 § 1-3 (cân. 2343 $4);
- crime de aborto (cân. 2350 $1);
- abandono (ou apostasia) da vida regular por parte de Religioso professo (cân. 2385);
- contrato matrimonial por parte de Religiosos de votos simples (cân. 2388 $ 2);

5) A excomunhão não reservada está anexa a
- edição da Sagrada Escritura ou de comentários da mesma, sem a devida autorização eclesiástica (cân. 2318 S 2);
ordem de dar sepultura eclesiástica a infiéis, apóstatas, heréticos, cismáticos, interditados, contra as disposições do cân. 1240 § l (cân. 2339)"
- ilegítima alienação de bens eclesiásticos, todas as vezes que, para tanto, esteja prescrito o beneplácito apostólico (cân. 2347);
- ato de constranger um varão a abraçar o estado clerical ou de coagir um varão ou uma donzela a entrar na vida religiosa (cân. 2352);
- o «deixar de denunciar» o confessor que no confessionário solicite o seu penitente a pecado de luxúria (cân. 2368 §2).

Além disto, observe-se :
- o cân. 2330 confirma a excomunhão reservada de modo especialíssimo ao Sumo Pontífice (n.b.: não à Santa Sé), proferida peia Constituição Apostólica «Vacante Sede Apostólica» contra as pessoas que ousem ilegitimamente intervir na eleição de um Papa;
- a Sagrada Congregação do Concílio houve por bem, aos 22 de março de 1950. punir com excomunhão, reservada de modo especial à Santa Sé, o delito previsto pelo cân. 2380, isto é, o exercício de comércio por parte de clérigos;
- aos 9 de abril de 1951, o Santo Ofício declarou haver excomunhão, de modo especialíssimo reservada à Santa Sé, para todos os que ousem conferir ou receber a sagração episcopal sem prévia e explicita provisão da Santa Sé (medida esta que tinha em vista principalmente as sagrações episcopais cismáticas realizadas ultimamente nos países da Cortina de Ferro ou da Cortina de Bambu, em que os governos comunistas tendem a criar «Igrejas Católicas Populares» ou «Igrejas Católicas Progressistas»).

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

Reflexões sobre a intercessão dos santos

Antes de explorar o título da única mediação de Cristo, seria prudente definir os termo. A palavra mediador geralmente possui dois significados. Em um estrito e primário sentido, refere-se à figura que se interpõe entre duas partes opostas para reconciliá-las. Há 4 componentes para esta definição: 1- intervenção pessoal; 2- de um princípio; 3- a intenção de efetivar uma reconciliação; 4- entre duas ou mais partes alienadas.

Em relação à nossa redenção a única pessoa que se adequa à definição estrita é Jesus Cristo. Somente Jesus se interpõe efetivamente entre as duas partes, Deus e todo o gênero humano. Somente Jesus foi capaz de alcançar a reconciliação com Deus. Como escreve São Paulo Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem (1Tm 2,5). Esta é a fé da maioria dos cristãos e o ensino oficial da Igreja Católica.

Há, entretanto, um sentido menor que os cristãos sempre compreenderam sobre a idéia de mediação. É a idéia de uma mediação subordinada na qual participamos da mediação de Jesus Cristo. É uma mediação que é feita através, com e em Cristo. O mediador subordinado nunca está isolado, mas sempre dependente de Jesus. Examinemos as fundamentações bíblicas deste entendimento, com especial referência a 1Tm 2,5.

Devem sempre se aplicar alguns princípios quando se interpreta a Bíblia. Por exemplo, a Escritura tem um único divino autor, mas vários autores humanos diferentes. Por essa razão, cada livro canônico forma apenas uma harmonia, cada parte concordando com a anterior e a sucessora. Assim, por exemplo, um ensinamento em Gênesis não pode ser contraditório a um ensinamento do Evangelho de João, ou vice-versa. Em adição, o corpo completo da verdade revelada em toda a Bíblia freqüentemente lança uma luz no entendimento de um livro ou de um texto específico. Por isso livros adiante nos explicam e aumentam nosso conhecimento sobre o livro de Gênesis, por exemplo. Em segundo lugar, para tentar se entender um texto particular, deve-se acima de tudo considerar o seu contexto.

Voltemos à primeira carta de Paulo a Timótio e ver como estes princípios se aplicam.

Se considerarmos o versículo em questão Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem fora do contexto, facilmente iremos interpretá-la mal.

Será que "um só mediador" não significa apenas um - sem exceção? Por isso pedir a intercessão dos santos pode parecer anti-bíblico se visto por esta perspectiva. Contudo, esta interpretação não é precisa. A passagem não está isolada, mas é um versículo em um livro maior, chamado Epístola. Qual é, então, o correto sentido do que Paulo está falando? Como esta passagem se adequa ao contexto apresentado na Bíblia? Vamos considerar esta questão analisando o contexto imediato deste versículo.

São Paulo está rejeitando a idéia de mediadores subordinados a Cristo? Não, muito pelo contrário! O capítulo 2 se inicia com a seguinte exortação:

Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade "Súplicas, pedidos e intercessões" são atos de mediação. Paulo está explicitamente instruindo Timótio para que os cristão assumam seu papel de mediadores subordinados entre Deus e aqueles que estão listados, todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade. O princípio teológico que Paulo usa para dar apoio à este comando é a passagem já citada no versículo 5 - a mediação única, e primária, de Cristo.

Assunto tão prático é o fato de os cristãos orarem uns pelos outros. Estabelecem grupos de orações exatamente para este propósito. Qual seria, então, a objeção de pedir aos cristão que estão no céu para orarem por nós na terra? Muitas pessoas são beneficiadas pelas orações fervorosas de muitos parentes e amigos. Uma vez no céu devemos supor que estes não mais se importam com nosso bem-estar, ou que Deus se ofenderia se nós pedíssemos que intercedessem por nós? Esta idéia certamente não encontra base em 1Tm 2,5. Indubitavelmente, a rejeição à intercessão dos santos se fundamenta no desejo de enfatizar a sublime e infinita capacidade da única mediação de Cristo. Esta louvável motivação leva, infelizmente, a um conhecimento inadequado da grandeza imensurável do poder mediador de Jesus. Em outras palavras, cai em conflito com importantes ensinos bíblicos.

Um importante tema que cerca a maioria dos livros da Bíblia é a idéia da aliança. A aliança é o pacto da parte de Deus que faz do seu povo a sua família. Certamente, os vários exemplos bíblicos que mostram a imperfeição do homem e sua falha sucessivas vezes de cumprir a aliança em nada diminui o poder de Deus, mesmo que seja sempre Deus quem dê todo o auxílio ao seu povo. A bíblia amplamente mostra que nosso Deus quer incluir os seus fracos e pecadores filhos nos assuntos da família - a salvação das almas. Dessa forma, Paulo, seguindo seu apelo para "súplicas, pedidos e intercessões" está instruindo Timótio que esta mediação é agradável a Deus.

Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,3-4)

No Antigo Testamento somos apresentados ao exemplo de mediação de Abraão ao pelo podo de Sodoma, que Deus aprovou e correspondeu. Em relação à história de José, John Skinner escreve:

A profunda convicção religiosa que reconhece a mão de Deus, não meramente em intervenções miraculosas, mas no trabalho dos fins divinos através da agência humana e pelo que podemos chamar de causas secundárias, é característica da narrativa de José [John Skinner, "Genesis," International Critical Commentary (Edinburgh: T. and T. Clarke, 1910), p. 487, sublinhado acrescentado]

Moisés, Davi, os profetas e os sacerdotes levíticos claramente exerceram seu papel como mediadores. No Novo Testamento Jesus formou os seus apóstolos e os concedeu o papel de mediadores. Ele deu-os instruções para evangelizar e batizar (cf. Mt 28,18-20), perdoar pecados (Jo 20,23) e de celebrar a Eucaristia (1Cor 11,23-25) - todas essas são funções de mediadores. Paulo termina sua carta a Timótio conectando a única mediação de Cristo com o seu próprio apostolado, que também era uma missão de mediação subordinada:

E deste fato - digo a verdade, não minto - fui constituído pregador, apóstolo e doutor dos gentios, na fé e na verdade (1Tm 2,7)

A verdade dos cristãos participando na única mediação de Cristo é abundantemente clara na prática da Igreja primitiva. Isto encontra-se afirmando inclusive por um dos maiores historiadores e patrologistas protestantes, JND Kelly. Ele diz:

Um fenômeno de grande significação no período patrístico foi o surgimento e gradual desenvolvimento da veneração aos santos, mais particularmente à bem-aventurada virgem Maria...Logo após vinha o culto aos mártires, os heróis da fé que os primeiros cristãos afirmavam já estarem na presença de Deus e gloriosos em sua visão. Em primeiro lugar tomou forma de uma preservação das relíquias e da celebração anual de seu nascimento. A partir daí foi um pequeno passo, pois já estavam participando com Cristo da glória celeste, para que se buscassem suas orações, e já no terceiro século se acumulam as evidências da crença no poder da intercessão dos santos [J.N.D. Kelly, Early Christian Doctrines, revised edition (San Francisco: Harper, c. 1979), p. 490]

Um exemplo se encontra nos relatos antigos do Martírio de Policarpo, que morreu aos 86 anos:

Quando [Policarpo] finalmente acabara suas orações, na qual relembrou cada um dos que havia encontrado, do pequeno ao maior, do famoso ao desconhecido, e de toda a Igreja Católica em todo o mundo, seu momento de partida havia chegado. Sentaram-no em um jumento e partiram da cidade[William A. Jurgens, The Faith of the Early Fathers, 3 volumes (Collegeville: The Liturgical Press, c. 1970), Vol. I, # 79]

Após seu martírio ouvimos falar da reverência que era prestada aos seus restos:

Então, ao menos, conseguimos tomar os seus ossos, mais preciosos que uma jóia e mais puros que o ouro, e os pusemos em local adequado. Que o Senhor nos permita ser capaz de nos juntarmos a ele na alegria e no júbilo, e de celebrar o nascimento do seu martírio [Ibid., # 81a]

São Cirilo de Jerusalém, em suas Leituras Catequéticas, compostas por volta do ano 350, escreveu:

Façamos menção aos já falecidos; primeiro aos patriarcas, profetas, apóstolos e mártires, que por suas súplicas e orações Deus receberá nossos pedidos [Ibid., # 852]

Santo Agostinho fazia pregações duas vezes por semana desde sua ordenação em 391 até sua morte em 430. Sobre nosso assunto ele tem a dizer:

A oração, contudo, é oferecida em benefício de outros mortos de quem lembramos, pois é errado rezar por um mártir, a cujas orações nós devemos nos recomendar [Ibid., Vol. III, # 1513]

Em sua obra Contra Fausto, escrito por volta do ano 400, escreve:

O povo cristão celebra unidos em solenidade religiosa a memória dos mártires, tanto para encorajar que sejam imitados e para que possam repartir seus méritos e serem auxiliados pelas suas orações [Ibid., # 1603]

A eficácia da mediação subordinada dos cristãos descansa solenemente na mediação única de Cristo:

Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito (Jo 15,5-7)

Os cristãos são criados em grande 

solidariedade uns com os outros por causa desta união com Cristo (cf. Cl 1,18; Gl 3,28; Rm 7,4; 12, 4-8; 1Cor 6,15; 10,16; 12,12.27; Ef 4,11-12.16; 5,23; Hb 10,10). É esta relação que garante a potência que torna nossa intercessão uns pelos os outros eficaz, estejamos na terra ou no céu.

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Deus Castiga ?


Nilton Fontes

A. O Castigo de Deus

Introdução

A chave do problema está em querermos ‘explicar tudo’. Quando deparamos com questões embaraçosas, remetemo-las a ‘mentalidade da época’, ‘costumes vigentes’, ‘práticas comuns daqueles povos’... etc. 

Isto, na prática, resulta em ‘podas’ na Palavra de Deus, isto é, retiramos a inspiração devida de determinado episódio ou narrativa bíblica. E nós sabemos quão desastrosas são as conseqüências de tais práticas. Basta lembrar: 
- A Desmitificação proposta por Bultmann(1). 
- O Marcionismo(2), dentre outras. 

Outro ponto polêmico é a questão do castigo. 
- Deus Castiga? - Perguntam os estudiosos através dos tempos. 

As Escrituras

Giezi, O servo do profeta Eliseu: 
2Rs 5,27: A lepra de Naamã se pegará a ti e a toda a tua descendência para sempre. E Giezi saiu da presença de Eliseu coberto de uma lepra branca como a neve. 
Pr 3,12: porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima. Ecl 30,1: Aquele que ama seu filho, castiga-o com freqüência, para que se alegre com isso mais tarde, e não tenha de bater à porta dos vizinhos. 
Deus não poupou seu próprio Filho(Rm 8,32): 
Is 53,5: Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. 

Jesus falou do rigor do castigo... 
Mt 23,33: Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno? Mt 25,46: E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna. 

...e do castigo proporcional: 
Lc 20,47: que devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Eles receberão castigo mais rigoroso. 
São Paulo, reconhecendo-se pecador, aplicava o castigo a si mesmo: 1Cor 9,27: Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros.
... na autoridade do Espírito Santo, inflige ao mago Elimas humilhante castigo: At 13,11: “Eis que agora está sobre ti a mão do Senhor e ficarás cego. Não verás o sol até nova ordem! Caíram logo sobre ele a escuridão e as trevas, e, andando à roda, buscava quem lhe desse a mão” 
... e diz que o Senhor nos castiga para corrigir: 
1Cor 11,32: Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo. 
... e evitar o castigo eterno: 
2Ts 1,9: Eles sofrerão como castigo a perdição eterna, longe da face do Senhor, e da sua suprema glória. 
E que o castigo é sinal do seu amor: 
Hb 12,6: pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). 
Reiterado pelo apóstolo João: 
Ap 3,19: Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te. 

Diante das palavras de Pedro, Ananias e Safira caíram mortos: 
At 5,5: “Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto. Apoderou-se grande terror de todos os que o ouviram”. 

A Tradição dos Padres

- São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, ensina em seus escritos que há três formas de amar a Deus: a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda, é como escravo que obedece por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o amor filial, daquele que obedece porque de fato ama o Pai. É assim que devemos amar a Deus; e, a melhor forma de amá-lo é repudiando todo pecado. 

“A ira de Deus é inevitável. Deus não é de vingança, mas castiga pela mansa. (Numinis ira inevitabilis). [Erasmo, Adagia 5.2.32]. 

- Santo Agostinho(354-430): “...quando Deus corrige o gênero humano e envia o misericordioso flagelo do castigo, para que os homens se emendem antes do dia do juízo. E o faz, em geral, sem escolher os que prova, pois não quer que ninguém se perca”( Sermão s/Devastação de Roma, 2) 
Também de Santo Agostinho são as seguintes palavras: "Se vives em pecado e Deus não te castiga, mal sinal é". 

O Doutor Angélico: 
Santo Tomás de Aquino(1225-1274) nos diz: “Também nos casos em que os justos sofrem neste mundo aparecem a justiça e a misericórdia. Pois por tais sofrimentos eles se purificam das faltas veniais (leves) e desapegando dos bens terrenos se elevam mais a Deus. Diz Gregório (Moral 26,9): ‘Os males que neste mundo nos oprimem, impulsionam-nos para Deus’” (Suma Teol. I, Q.21, art.4, obj 3). 

"Acolhei a disciplina pois quando se acender sua cólera... Bem-aventurados todos os que nele confiam". "Pois, quando, em breve, se acender sua cólera, bem-aventurados todos os que nele confiam". E diz bem: "Quando se acender", pois, de momento, não queima e corrige como pai, mas, no futuro, queimará e consumirá, quando punir com a pena eterna: "É o nome do Senhor que vem de longe, sua cólera é ardente e pesada, seus lábios respiram furor e sua língua como fogo devorador" (Is 30, 27). (Comentário ao Sl 2 – Cap X) 
“D'Ele, portanto, vem o mal do castigo, mas este não é um mal absoluto, porém relativo, e em termos absolutos, é um bem. Porque já que uma coisa é boa quando ordenada para um fim, enquanto o mal implica em uma falta desta ordem, aquilo que exclui a ordem até o fim último é mau, e este é o mal de um crime. Por outro lado, o mal do castigo é realmente um mal, enquanto privação de algum bem particular, mas é, absolutamente falando, um bem, enquanto ordenado para o Fim último.”(Suma Teol. II/II, Q.19, art.1) 

Outros:

São Bernardo(1090-1153): 
"Quem pecou, não experimentando o castigo de Deus, pode estar certo que é objeto da ira de Deus. Deus condena no outro mundo a quem nesta vida não conseguiu corrigir pela adversidade". 

Pe. Antônio Vieira(1608-1697): 
“Daqui se entenderá aquela sentença famosa de Davi, que mais parece enigma que sentença: Semel locutus est Deus, duo haec audivi (Sl. 61, 12): Deus — diz Davi — disse uma coisa, e eu ouvi duas. — Aquilo que se ouve, se se ouve bem, é o mesmo que se diz; pois, se Deus disse uma só coisa, Davi, que era muito bom ouvinte, como ouviu duas? O mesmo Davi se explicou, e não sei se nos implicou mais: Duo haec audivi, quia potestas Dei est, et tibi, Domine, misericordia: quia tu reddes unicuique juxta opera sua (Ibid. 12): O que ouvi — diz Davi — é que Deus todo-poderoso tem misericórdia e justiça, com que dá a cada um segundo o merecimento de suas obras”(Sermão do 4º sábado da quaresma). 

Para o santo Cura d’Ars(1786-1859), os castigos de Deus são graças: “’Dizemos às vezes: Deus castiga aqueles a quem ama’. Nem sempre é verdade. As provações, para aqueles que Deus ama, não são castigos, são graças...” . "Se não houvesse almas puras que aplacassem a Deus ofendido pelos nossos pecados, quantos e quão terríveis castigos teríamos nós que suportar!"(Idem, cf. Sacerdotii, nostri promordia, 17). 

Sinais do nosso tempo: A Irmã Lúcia, (1907-2005) de Fátima, escreve: “A guerra vai logo acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virem uma noite iluminada por luz desconhecida, saibam que é o grande sinal que Deus lhes dá de que vai castigar o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, fome, perseguições à Igreja e ao Santo Padre...”(Castigo que se cumpriu com trágicas conseqüências). 

O Sagrado Magistério

Paulo VI, na doutrina das indulgências, lembra-nos que as penas do pecado devem ser reparadas pelos sofrimentos desta vida ou da outra (se não indulgenciadas): “Assim nos ensina a revelação divina que os pecados acarretam como conseqüência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e sobretudo mediante a morte, ou então no século futuro...”(DI, 2) 

Catecismo: “Para os estimular às obras virtuosas, foram necessários o temor do castigo e diversas promessas temporais, até sob a Nova Aliança. Em todo caso, mesmo que a Lei Antiga prescrevesse a caridade, ela não dava o Espírito Santo pelo qual "o amor de Deus derramado em nossos corações" (Rm 5,5) “(Cat § 1964). 

"A nossa Cabeça(Cristo), diz santo Agostinho, ora por nós; acolhe uns membros, castiga outros, a outros purifica, a outros consola, a outros cria, a outros chama, a outros torna a chamar, a outros corrige, a outros reintegra"(Mystici Corporis, 57). 

“Deus é descrito amando o seu povo escolhido com um amor justo e cheio de santa solicitude, qual é o amor de um pai cheio de misericórdia e de amor, ou de um esposo ferido na sua honra. É um amor que, longe de decair e de cessar à vista de monstruosas infidelidades e pérfidas traições, castiga-os, sim, como eles merecem, mas não para os repudiar e os abandonar a si mesmos, mas só com o fim de limpar, de purificar a esposa afastada e infiel e os filhos ingratos...”(Haurietis Aquas, 15) 

B. A prefiguração do Castigo Eterno

Figuras em Geral: 
As realidades do AT só se tornam plenamente explícitas quando confrontadas com a Revelação Plena do NT. Assim não poucos dos personagens e episódios ali narrados são figuras e prefigurações de realidades que só se conheceriam em plenitude nos tempos messiânicos: 

1Pd 3,21: “Esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo” 

Rm 5,14: “No entanto, desde Adão até Moisés reinou a morte, mesmo sobre aqueles que não pecaram à imitação da transgressão de Adão (o qual é figura do que havia de vir)” 

Hb 9,1-9: “A primeira aliança ... o Santo ... o Santo dos santos... Isto é também uma figura que se refere ao tempo presente, sinal de que os dons e sacrifícios que se ofereciam eram incapazes de justificar a consciência daquele que praticava o culto”. 

O Santuário do templo como figura do céu: “Eis por que Cristo entrou, não em santuário feito por mãos de homens, que fosse apenas figura do santuário verdadeiro, mas no próprio céu”(Hb 9,24).
Também no deserto, o alimento e a bebida dos hebreus eram figuras de Cristo: “todos comeram do mesmo alimento espiritual; todos beberam da mesma bebida espiritual (pois todos bebiam da pedra espiritual que os seguia; e essa pedra era Cristo).”(1Cor 10,3-4). 

Figuras de Castigo: 
Não havendo outra maneira de representar a perdição e condenação eternas no AT, os hagiógrafos utilizavam a morte física para exprimi-la: 
Gn 2,17: “no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”. 
Gn 20,7: “Devolve agora a mulher deste homem ... se não a devolveres, sabes que morrerás seguramente, tu e todos os teus” 
2Sm 12,13: “Natã respondeu-lhe: O Senhor perdoa o teu pecado; não morrerás.” Jr 28,16: “Ainda neste ano morrerás, pois que insuflaste a revolta contra o Senhor!”
Am 7,17: “Eis o que diz o Senhor: tua mulher será violada em plena cidade, teus filhos e tuas filhas cairão sob a espada, teu campo será repartido a cordel; quanto a ti, morrerás numa terra impura” 
Nm 26,10: “A terra, abrindo sua boca, engoliu-os com Coré, enquanto o seu grupo perecia pelo fogo...” 
2Sm 6,6-7: “Oza estendeu a mão para a arca do Senhor ... a cólera do Senhor se inflamou contra Oza ... Oza morreu ali mesmo, perto da arca de Deus.” Nm 3,4: “Nadab e Abiú morreram diante do Senhor, quando levaram à sua presença um fogo estranho no deserto do Sinai” 

C. CONCLUSÃO

1. Em Deus tudo é infinito. Não se pode exaltar um atributo em detrimento do outro, sob pena de incorrermos nas mais horrendas heresias: Ex: Deus sendo misericordioso não condena ninguém, logo o inferno não existe ou ‘se existe está vazio’. ?!?!?!?! (Heresia tão propagada nos nossos dias!!!). 

2. É preciso ler o Antigo Testamento dentro do adágio: “O Novo está contido no Antigo. O Antigo está explicado no Novo. O Novo está latente no Antigo. O Antigo está patente no Novo.” (tb cf. Dei Verbum, 16). 

3. Jesus nunca retirou a autoridade das Escrituras(3) , relegando suas partes difíceis a ‘costumes dos povos da época’, ou coisas semelhantes, mas proclamou com toda autoridade:
“Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas...”(Mt 5,17); “Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus”(Mt 5,19); “passará o céu e a terra do que se perderá uma só letra da lei”(Lc 16,17). 

Síntese Final

Para preservar o povo de Deus da idolatria dos pagãos e de todas as suas práticas abomináveis, não poucas vezes os israelitas foram exortados a não fazer nenhum pacto com os habitantes da terra que o Senhor lhes daria (Ex 23,24.32; 34,12.15; Lv 20,5; Dt 4,19; 12,3.30; Jz 2,2-3.17; 8,27.33; 1Sm 15,6). Por conseguinte, o Herém é ordem de Deus, entendida nestes principais motivos: 

a) Justiça de Deus contra os cananeus idólatras Se Deus outrora fizera justiça, riscando do mapa cidades inteiras (a pentápole: Sodoma, Gomorra...) por causa de sua perversidade, não é de se surpreender que Ele o faça através de agentes humanos, no caso o seu povo eleito. 

b) Utopia 
Seria inadmissível que Josué se apresentasse aos reis de Canaã com um discurso assim: “Senhores, sabeis, que Iahweh, nosso Deus, o Todo-Poderoso, nos deu esta terra que habitais, por herança. Portanto é preciso que dela saiais, deixando-nos todos os seus palácios, todas as suas construções, todos os seus rebanhos, todas as suas vinhas... porque esta é a vontade de Deus. Buscai para vós outra terra” ?!!?!?!?!?!??! 

c) Mal menor 
O maior mal que pode afligir o homem é o pecado, pois lhe tira o maior bem: a vida eterna. 
Por isso a prática do herém tornou-se um ‘mal necessário’, ou MAL MENOR, para evitar que o povo de Deus assimilasse todas as mazelas pagãs, como de fato se verificou posteriormente, face ao não cumprimento fiel da ordem de Deus (1Rs 14,24; 15,12; 2Rs 2,3; 9,22; 23,7; 1Cr 5,25; Pr 22,25; Is 1,21; 57,8; Jr 3,2; 8,19; Ez 6,9; 23,7).

Este ensinamento foi ratificado e consolidado no NT, especialmente quando Jesus disse: “Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti”(Mt 5,29; cf. 18,9)
“Se o teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o”(Mc 9,45); “Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar”(Lc 17,2). “o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á”(Mc 8,35).

d) Dureza de coração Finalmente é preciso dizer que o herém deve ser entendido dentro da pedagogia progressiva de formação da consciência do povo de Deus ... 
O Pregador da Casa Pontifícia assim se expressa sobre o herém: 
“O problema da violência nos angustia, nos escandaliza, atualmente esta inventou atemorizantes formas novas de crueldade e de obtusidade e invadiu até os terrenos onde deveria ser um remédio contra a violência: o esporte, a arte, o amor. Nós, os cristãos, reagimos horrorizados à idéia de que se possa fazer violência e matar em nome de Deus. Há quem objecione contudo: mas não está a própria Bíblia cheia de histórias de violência? Não é Deus chamado «o Deus dos exércitos»? Não se atribui a Ele a ordem de destinar ao extermínio cidades inteiras? Não é Ele que prescreve, na Lei mosaica, numerosos casos de pena de morte? 
Se houvesse dirigido a Jesus, durante sua vida, a mesma objeção, com segurança lhe haveria respondido o que disse a propósito do divórcio: «Moisés, tendo em conta a dureza de vosso coração, vos permitiu repudiar a vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim» (Mt 19,8). Também a propósito da violência, «ao princípio não foi assim». O primeiro capítulo do Gênesis nos apresenta um mundo onde não é nem sequer concebível a violência, nem dos seres humanos entre si, nem entre os homens e os animais. Nem sequer para vingar a morte de Abel é lícito matar (Cf. Gn 4, 15).” (Frei Raniero Cantalamessa – pregação de sexta-feira santa de 2004). 

Em 08.03.2005
Nilton Fontes 


NOTAS: 
(1) Para Bultmann (1884-1976), teólogo protestante, o Novo Testamento era inaceitável ao homem moderno, que não mais acredita em milagres, demônios e intervenções sobrenaturais no curso da história. Era pois necessário eliminar tudo isto que ele chama de mitos: desmitificar.

(2) Márcion, cristão da Ásia Menor, viu um contraste entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo Testamento. O primeiro, um Deus criador justiceiro e punitivo, criador, também, do sofrimento, dor doença - e até pernilongos e escorpiões. - O Deus do Novo Testamento era Amor e Perdão. Dois deuses diferentes? Chamaram-no "dualista" e Irineu, mais tarde, objetava que os gnósticos eram dualistas como os marcionistas acreditavam que "há outro Deus além do criador".

(3) No tempo de Jesus, por Escrituras, entenda-se: O Antigo Testamento.


P.S. - Este artigo nós o apresentamos no curso de Teologia e o mesmo foi apreciado e aprovado pessoalmente por Dom Estêvão Bettencourt com nota máxima. Por isso o publicamos sem receio. 

quinta-feira, novembro 13, 2014

Quem é a Besta (Fera) do Apocalipse?




 

A Besta do século I

Bem meus irmãos Católicos, esse artigo será dedicado ao assunto que os protestas mais usam contra a Santa Igreja e o Santo Padre, (A Besta do Apocalipse); segundo eles, a Besta do Apocalipse é o Papado, eu não sei de onde eles retiraram essa idéia, porém no momento que se entra no protestantismo é retirado metade do cérebro e a outra metade fica atrofiada porque é proibido pensar dentro do protestantismo, assim eles acreditam em qualquer bobeira protestante. Mas eu mostrarei como é fácil interpretar Biblicamente e historicamente toda a figuração sobre a tal Besta. 

Vamos começar:

Em primeiro lugar, devemos entender para qual situação foi prometida a vinda da tal Besta e em que momento ela viria, isso podemos encontrar nos próprios livros Bíblicos, nem preciso citar o velho versículo de (Mateus 24) onde Jesus Cristo profetiza que tudo ocorreria naquela geração, se tudo ocorreria naquela geração a tal Besta também deveria vir naquela geração, hoje eu provarei a todos os hereges protestantes que essa tal Besta veio no (século I)

No livro de Apocalipse é bem claro que o dragão daria sua força e poder a Besta (fera).

"4. e prostraram-se diante do Dragão, porque dera seu prestígio à Fera, e prostraram-se igualmente diante da Fera, dizendo: Quem é semelhante à Fera e quem poderá lutar com ela?" (Apocalipse capítulo 12)
Podemos observar que o dragão (DIABO) deu o seu poder a Besta (fera), mas como ele deu esse poder? Se você perguntar isso a um protestante, ele ira mijar na roupa, mas não saberá te responder, já para um Católico da única Igreja de Jesus Cristo isso é fácil, o dragão só poderia dar esse poder para a Besta em espírito; mas que espírito? Logicamente através do espírito do (anticristo).

O mesmo autor do Apocalipse escreve em sua primeira carta que o anticristo não é um homem e sim um espírito maligno, ainda mais, ele declara que: (naquele momento o espírito do anticristo já estava em no mundo). Mas que momento é esse? A resposta é simples: (Século I).

"18. Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora." (I João capítulo 2)

"3. todo espírito que não proclama Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo." (I João capítulo 4)

Supostamente São Jeronimo afirma que Nero era o Anticristo esperado:

"Como para o Anticristo, não há dúvida, mas o que ele vai lutar contra a santa aliança... esses eventos foram tipicamente prefigurados sob Antíoco Epifânio, de modo que este rei abominável que perseguiram o povo de Deus prefigura o Anticristo, que está a perseguir o povo de Cristo. E assim há muitos de nosso ponto de vista que pensam que Nero era o anticristo por causa de sua selvageria e depravação (São Jerônimo - Comentário sobre Daniel, notas sobre Daniel 11:27-30)

São João afirma nesses textos que o anticristo era um espírito maligno e que naquele momento já estava no mundo, o mesmo acontece com São Paulo em sua carta aos Tessalonicenses, ele deixa bem claro que o mistério da iniqüidade naquele momento já estava em ação apenas esperando o que lhe detinha, São Paulo escreve essa carta uns (15) anos antes da destruição de Jerusalém e uns (10) anos antes da perseguição Cristã por parte do Imperador CEZAR NERO.

"6. Agora, sabeis perfeitamente que algo o detém, de modo que ele só se manifestará a seu tempo. 7. Porque o mistério da iniqüidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém." (II Tessalonicenses capítulo 2)

Sobre esse texto, Santo Agostinho diz que o mistério da iniquidade no qual São Paulo se referia, se tratava de Nero:

"O que significa a declaração, que o mistério da iniquidade já opera?... Alguns supõem que isso seja dito da parte do imperador romano, e, portanto, Paulo não falou em palavras claras, porque ele não teria suportado a acusação de calúnia por ter falado o mal do imperador romano: embora ele sempre esperava que o que tinha dito que seria entendido como aplicação de Nero" (Santo Agostinho, citado por Moisés Stuart, em Apocalipse)
Bem, por esses textos, podemos afirmar que o anticristo era um espírito maligno e que esse espírito maligno agiu na Besta (fera) segundo ordens de satanás naquele momento em que São João escreveu o Apocalipse, naquela geração como Jesus profetizou. Só falta agora saber quem era essa Besta, vamos observar as suas características e provar que se tratava do Império Romano desde Otávio Augusto até Domiciano, mas você poderá até me perguntar, o por que só é contado o Império Romano desde Otávio Augusto até Domiciano e não os outros Imperadores posteriores? A resposta é Simples; porque São João narra a história de Jerusalém desde o domínio Romano por volta de (63 A.C) até a sua destruição com o Imperador Tito Flavius e o fim daquela dinastia com o irmão de Tito Flavius, o último imperador da dinastia Flavius chamado Domiciano. 

São João começa a narrar os fatos com a tomada de Otávio Augusto volta de (31 A.C), ele fora o primeiro imperador de Roma. 

Obs:

*Quando Otávio toma o pode em Roma, auto se proclama Augusto que significa Divindade Sagrada.
 
"1. Foi-me dada uma vara semelhante a uma vara de agrimensor, e disseram-me: Levanta-te! Mede o templo de Deus e o altar com seus adoradores. 2. O átrio fora do templo, porém, deixa-o de lado e não o meças: foi dado aos gentios, que hão de calcar aos pés a Cidade Santa por quarenta e dois meses." (Apocalipse capítulo 11)

Perceberam que São João estava narrando exatamente o inicio da BESTA?
 
Vamos ver exatamente as características dessa BESTA e assim provar que se tratava do Império Romano.

"1. Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios." (Apocalipse capítulo 13)

Observem duas características interessantes sobre a BESTA (fera):

A primeira característica dessa Besta é que ela se levantava do mar, mas que mar era esse? Simples a resposta; se tratava do (mar mediterrâneo), era pelo mar que o Império Romano entrava na cidade de Jerusalém.

 
A segunda característica é que ela possuía (10 chifres e 7 cabeças), interessante isso, parece coisa de outro mundo, mas São João estava apenas se referindo aos (10) Imperadores Romanos desde de Otávio proclamado Augusto a Tito Flavius, sendo assim, desses (10) Imperadores apenas (7) obtiveram os seus reinados, ou seja, dos (10) chifres (simbolizam poder) só (7) foram cabeças (simboliza autoridade) do Império Romano. Em Apocalipse (17) diz que desses (7) reis (5) já haviam caído e um estava em atuação, outro (7º) que viria duraria pouco tempo para vir um (8º) REI que era um dos (7) anteriores, assim esse (8º) REI iria para perdição.

"9. Aqui se requer uma inteligência penetrante. As sete cabeças são sete montanhas sobre as quais se assenta a mulher. 10. São também sete reis: cinco já caíram, um subsiste, o outro ainda não veio; e quando vier, deve permanecer pouco tempo. 11. Quanto à Fera que era e já não é, ela mesma é um oitavo (rei). Todavia, é um dos sete e caminha para a perdição" (Apocalipse capítulo 17)

Parece difícil de interpretar isso, mas com um pouco de entendimento histórico podemos observar que São João escrevia isso no momento em que (VESPASIANO) era Imperador de Roma, sendo assim, ele ordenar que seu filho Tito Flavius (aquele sétimo Rei que viria depois e duraria pouco tempo) destruísse o Templo e a cidade de Jerusalém, mas vamos entender isso dentro da história.

1º) São João diz: Existiam (10) reis, mas só (7) obtiveram reinados, entre a dinastia JULIUS e a dinastia FLAVIUS existiram (3) Imperadores (GALBA, OTON E VITÉLIO), tais  Imperadores não obtiveram autoridade em Roma porque não tiveram um ano de reinado, sendo assim, os (3) imperadores não foram cabeças do Império Romano, na verdade eles perderam seu poder em uma guerra civil dentro de Roma que durou um ano (Entre os reinados de Nero e Vespasiano)
 
2º) São João diz: (5) reis já tinham caído, (ele se referia ao fim da dinastia JULIUS) que foi de Otávio Augusto e terminou no reinado de CEZAR NERO.
3º) São João diz: Um rei ainda estava em ação, (ele se referia ao inicio da dinastia FLAVIUS) com o Imperador VESPASIANO, no qual teria derrubado os 3 Imperadores que não receberam os seus reinados, GALBA, OTON E VITÉLIO.
4º) São João cita: Um rei que deveria vir, mas que ao receber o seu reinado (duraria pouco tempo), ele se referia a TITO Flavius filho de VESPASIANO e que foi comandante na destruição do Templo, esse Imperador chamado TITO FLAVIUS durou apenas (2) anos em seu reinado, das (7) cabeças ele foi o que durou menos.

5º) São João diz: Quando cair o (7º) rei viria o (8º) que era um dos (7) anteriores, mas caminhava para perdição, porque era a Besta que já não existia; ele se referia a (Domiciano), esse imperador era conhecido como um novo CEZAR NERO no qual também proclamou uma perseguição aos Cristãos, sendo assim, os Cristãos julgavam ele como sendo um novo Nero, mas São João diz que ele (caminhava para perdição), isso porque ele seria o fim da dinastia FLAVIUS e o fim da Besta do Apocalipse após a destruição do Templo, Domiciano foi assassinado sem deixar herdeiros. 







Estão ai os (10) chifres e as (7) cabeças, o (8º) REI e a chamada BESTA DO APOCALIPSE.

Ainda têm algumas particularidades sobre essa BESTA (fera); por exemplo:
São João diz: "vi uma Besta que dava seu poder a outra Besta e que essa primeira Besta teria sido curada de morte".

"3. Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera 11. Vi, então, outra Fera subir da terra. Tinha dois chifres como um cordeiro, mas falava como um dragão. 12. Ela exercia todo o poder da primeira Fera, sob a vigilância desta, e fez com que a terra e os seus habitantes adorassem a primeira Fera cuja ferida de morte havia sido curada" (Apocalipse capítulo 13)

Bem, essa BESTA (fera) se tratava de (Caio Calígula), o terceiro rei, por um tempo ele ficou enfermo e do nada ele se curou quando todos davam como certa a sua morte, fatos narrados por Flavio josefo e Euzébio de Cesaréia; a outra Besta (fera) no qual São João se referia se tratava de (Herodes Agrippa), ele recebeu total poder de Caio Calígula para perseguir os Santos Apóstolos, foi assim que São Tiago irmão de São João fora martirizado.

Outra particularidade sobre a Besta é quando São João cita que a imagem da Besta era adorada.

"No mês seguinte esse felicíssimo imperador caiu gravemente enfermo, porque tendo deixado sua maneira sóbria de viver A doença, porém, começou a diminuir e a notícia espalhou-se imediatamente, levando a alegria até os extremos da terra Quando souberam que o imperador tinha recobrado completamente a saúde, parecia-lhes ter com ele recobrado a própria e a sua primeira felicidade. Não se tem recordação de alegria mais geral; parecia que se tivesse passado num momento, de uma vida selvagem e rústica a uma vida doce e sociavel, dos desertos para as cidades e da desordem para a ordem, pela felicidade de se estar sob o governo de um chefe tão benévolo e legítimo.” (Flavio Josefo História dos Hebreus Livro único capitulo II)

Assim Caio Calígula se proclama semi-deus e ordena que coloque a sua imagem em todos os templos.

"3. Um dos embaixadores alexandrinos era Ápion, que havia caluniado muito os judeus dizendo, entre outras coisas, que viam com maus olhos o honrar a César, pois enquanto todos os que estavam submetidos à soberania de Roma construíam altares e templos a Caio e em tudo o mais o equiparavam aos deuses, somente os judeus achavam indigno honrá-lo com estátuas e jurar por seu nome.” (História Eclesiástica de Euzébio de Cesaréia livro capítulo II livro V)  

"2. Extraordinariamente caprichoso era o caráter de Caio para com todos, mas muito especialmente contra a raça judia, à qual tinha um ódio implacável. Nas cidades, começando por Alexandria, apoderou-se das sinagogas e encheu-as de imagens e estátuas com sua própria figura (pois ele que permitia a outros erguê-las, também as erigia por seu próprio poder), e na Cidade Santa o templo, que até então saíra intacto por ser considerado digno de toda inviolabilidade, foi por ele transformado em seu próprio templo, chamando-o: Templo de Caio, Novo Zeus Epifano.(História Eclesiástica de Euzébio de Cesaréia livro capítulo II livro VI)

Para satisfazer as suas alucinações, Caio Calígula (primeira Besta), da o poder a Herodes Agripa I (segunda Besta), Agripa faz guerra aos Santos, e Caio Calígula usa de sua influencia com Agripa para colocar a sua imagem dentro do Templo de Jerusalém, assim se cumpre a profecia de que.

A segunda Besta fazia com que a primeira Besta fosse adorada através de sua imagem.

“Caio, cognominado Calígula, sucedeu a Tibério e pôs Agripa em liberdade, deu-lhe ainda a tetrarquia de Filipe, que havia falecido, e o fez rei” (Flavio Josefo História dos Hebreus capítulo XVI, livro II A Guerra dos Judeus , parágrafo 163)   
  
"14. Seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe era dado fazer sob a vigilância da Fera, persuadindo-os a fazer uma imagem da Fera que sobrevivera ao golpe da espada.
15. Foi-lhe dado, também, comunicar espírito à imagem da Fera, de modo que essa imagem se pusesse a falar e fizesse com que fosse morto todo aquele que não se prostrasse diante dela" (Apocalipse capítulo 13)
 
Outra grande questão é quando São João cita o nome da Besta dando o numero de (666), ele usou o nome grego de CEZAR NERON, pois ele queria identificar a Besta com um nome de crueldade contra os Cristãos e todos nós sabemos que NERO foi o Imperador mais cruel e em seu reinado ele proclamou um massacre aos Apóstolos e Discípulos, assim que São Paulo e São Pedro foram martirizados.

Apocalipse 13

"17. e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Fera, ou o número do seu nome. 18. Eis aqui a sabedoria! Quem tiver inteligência, calcule o número da Fera, porque é número de um homem, e esse número é seiscentos e sessenta e seis" (Apocalipse capítulo 13)
Importante ainda observar que o designando pelo número (666), João queria insinuar a fragilidade e caducidade de tal perseguidor, ou perseguidores em geral da Igreja, pois no simbolismo antigo dos números, (6) é símbolo de precariedade, visto que equivale a (7) símbolo da perfeição menos 1.

Conclui-se:  Kaiser Neron em grego, NVRN RSQ em hebraico:
 N     V      R      N      R       S       Q
50 + 6 + 200 + 50 + 200 + 60 + 100 = 666

Bem, não temos mais dúvidas sobre isso ok.
Para saber mais sobre a crueldade de CEZAR NERO entre no artigo:
Perseguição Cristã e os Martírios em Roma e na Ásia.
Outra particularidade é quando São João cita que um anjo derruba uma taça sobre o trono da BESTA; Isso ocorreu quando o mesmo CEZAR NERO colocou fogo em ROMA e após ter total rejeição colocou a culpa nos Cristãos que lá viviam, caso de São Pedro e São Paulo fundadores da Santa Igreja Católica única de Jesus Cristo.
"10. O quinto derramou a sua taça sobre o trono da Fera. Seu reino se escureceu e seus súditos mordiam a língua de dor" (Apocalipse capítulo 16)
As consequências desse fato e da taça jogada no trono da Besta, foi a conspiração contra NERO, o seu assassinato tempos depois e uma grande guerra civil dentro Roma com a duração de um ano. Fatos narrados por Flavio Josefo.
“Não era somente a Judéia que experimentava os males que causa uma guerra civil; a mesma Itália também os sentia ao mesmo tempo. Galba fora morto no centro de Roma, e Otom, declarado seu sucessor; mas as legiões da Alemanha escolhem Vitélio para a mesma honra e este disputa o império. Seus exércitos travam um combate perto de Bebriaque, na Gália Cisalpina. No primeiro dia o de Otom levou vantagem, mas no dia seguinte o de Vitélio, comandado por Valente e por Cesina, saiu vitorioso e destruiu um grande numero de inimigos. Otom ficou tão assustado que se matou em Bruxelas, depois de ter reinado somente três meses e dois dias. Os que tinham seguido seu partido entregaram-se a Vitélio, que já tomava o caminho de Roma, com seu exército.” (Flavio Josefo História dos Hebreus capítulo XXXIII, livro IV A Guerra dos Judeus, parágrafo 350)
A última particularidade é sobre o oitavo REI, São João diz que ele era um dos (7) anteriores, subia do abismo e caminhava para perdição.  
 “11. Quanto à Fera que era e já não é, ela mesma é um oitavo (rei). Todavia, é um dos sete e caminha para a perdição.” (Apocalipse capítulo 17)
Lógico que isso é uma metáfora, pois um Cristão de verdade não acredita em reencarnação e muito menos que alguém possa voltar do inferno, sendo assim, o autor do Apocalipse ser referia a uma lenda que ser criou depois da morte de CEZAR NERO, alguns acreditavam que CEZAR NERO voltaria para governar Roma com toda a sua crueldade; quando os Cristãos viram (Domiciano) entrando no poder com a mesma crueldade de CEZAR NERO, eles começaram a acreditar que a tal lenda tinha se cumprindo, por isso São João cita no Apocalipse que o oitavo REI era um dos (7), pois circulava entre as comunidades Cristãs da épocas que Dominicano era o próprio CEZAR NERO. Euzébio de Cesaréia diz isso em seu livro.    
Domiciano deu provas de uma grande crueldade para com muitos, dando morte sem julgamento razoável a não pequeno número de patrícios e de homens ilustres, e castigando com o desterro fora das fronteiras e confisco de bens a outras inúmeras personalidades sem causa alguma. Terminou por constituir a si mesmo sucessor de Nero na animosidade e guerra contra Deus. Efetivamente ele foi o segundo a promover a perseguição contra nós, apesar de que seu pai Vespasiano nada de mal planejou contra nós.” (História Eclesiástica de Euzébio de Cesaréia parágrafo I, capítulo XVII, livro III)
A suposta lenda de que Nero iria voltar foi registrada por Tácito cronista e historiador Romano que viveu no I século:
Após o suicídio de Nero, nas províncias orientais foi estabelecida a crença de que, na realidade, não estava morto e que em qualquer momento poderia voltar. Esta crença estendeu-se ata tornar-se autêntica lenda popular” (A vida dos doze césares; Vida de Nero; Tácito Histórias II; Dião Cássio, História Romana LXVI 19)
O mesmo diz Santo Agostinho em: (Agostinho de Hipona, Cidade de Deus XX 19-3)
Santo Agostinho, também afirma que o mistério da iniquidade, no qual São Paulo dizia que já operava naquele momento, se tratava de CEZAR NERO, do mesmo modo, São Jerônimo afirma que no ponto de vista deles (Padres da Igreja), o Anticristo, era CEZAR NERO.
"O que significa a declaração, que o mistério da iniqüidade já opera?... Alguns supõem que isso seja dito da parte do imperador romano, e, portanto, Paulo não falou em palavras claras, porque ele não teria suportado a acusação de calúnia por ter falado o mal do imperador romano: embora ele sempre esperava que o que tinha dito que seria entendido como aplicação de Nero" (Santo Agostinho, citado por Moisés Stuart, em Apocalipse)
"Como para o Anticristo, não há dúvida, mas o que ele vai lutar contra a santa aliança... esses eventos foram tipicamente prefigurados sob Antíoco Epifânio, de modo que este rei abominável que perseguiram o povo de Deus prefigura o Anticristo, que está a perseguir o povo de Cristo. E assim há muitos de nosso ponto de vista que pensam que Nero era o anticristo por causa de sua selvageria e depravação (São Jerônimo - Comentário sobre Daniel, notas sobre Daniel 11:27-30, - Baker Book House Grand Rapids, Michigan, 1958)
Não podemos nos esquecer que São João diz que o oitavo REI caminhava para perdição, mas por que ele diz isso? Simples; Domiciano era o último membro da Dinastia Falvius, seu pai Vespasiano e seu Irmão Tito Flavius não se encontravam mais entre os vivos, sendo assim, Domiciano era o único que mantinha a dinastia viva, mas ele morreu assassinado por uma conspiração de sua própria esposa, seu único filho não sobreviveu; assim ele levou toda a dinastia Flavius para perdição e era o fim da Besta do Apocalipse, em seu lugar o senado de Roma colocou Nerva como imperador, Nerva que não fazia parte da família Flavius.
Depois de Domiciano imperar quinze anos e de sucedê-lo Nerva no governo, o senado romano decidiu por votação que se anulassem as honras de Domiciano e que regressassem a suas casas os que haviam sido expulsos injustamente, e que ao mesmo tempo recuperassem seus bens. Isto é referido pelos que transmitiram por escrito os acontecimentos daquele tempo” (História Eclesiástica de Euzébio de Cesaréia parágrafo VIII, capítulo XX, livro III)
Impressionante como tudo se cumpriu perfeitamente como Jesus Cristo profetizou e São João revelou no Apocalipse, pena que os protestantes não acreditam em Jesus Cristo e nem nas Escrituras Sagradas.
“34. Em verdade vos declaro: não passará esta geração antes que tudo isto aconteça” (Mateus capítulo 4)
Autor: Cris Macabeus.
Referencias bibliográficas:
Bíblia versão dos Monges de Maredsous (Bélgica) editora Ave Maria.
História Eclesiástica de Euzébio de Cesaréia século IV.
História dos Hebreus de Flavio Josefo século I.




Fonte: Cris Macabeus