sexta-feira, julho 07, 2017

A origem do mal



Origines explica que o mau do mundo não está em Deus:

Na tentativa de refutar as teses gnósticas com relação ao mau, isto é, as desigualdades do mundo, Origines diz que é nas próprias criaturas racionais que se deve colocar a causa de sua diversidade. Pois foi por sua vontade que elas se aproximaram de Deus ou dEle se apartaram; a causa de sua diversidade é, pois, o livre-arbítrio. Ou seja, Origines explica que a causa do mau não está em Deus, mas em nossas escolhas. Os gnósticos das escolas de Marcião, de Valentino e de Basílides, questionavam perguntando: se o Criador de todas as coisas é ao mesmo tempo justo e bom, como se explica a existência de tantas e tão grandes desigualdades ao mundo? - Essa era uma pergunta indagadora da época, e até creio que ela tem sido palco de duvidas para muitos de nós nos dias de hoje. Os membros destas escolas, concluíam então, que "só nos restava, pois, atribuir a razão desta injusta desigualdade ao caso, ou, então, ao capricho de um Deus desprovido de bondade". Origines logo tratou de exterminar pela raiz gnóstica, essa ideia de que a desigualdade do mundo é culpa de Deus, e que ela está enraizada nEle. Origines vai dizer que o problema da desigualdade, isto é, do mau, está inteiramente ligado ao livre-arbítrio. 


Em seu, De Principius, ao falar que a existência do livre-arbítrio se prova pela especulação e pela experiência, disse que, "onde há uma razão, ali também há liberdade. Pois pensar racionalmente significa julgar. Também as emoções humanas estão sujeitas ao juízo racional. Julgando-as, a razão é capaz de pronunciar-se a respeito delas; em outros termos: ela tem o poder de desaprovar e recusar o que lhe desagrada, e de aprovar e reter o que lhe agrada. Por isso podemos querer o que é justo e louvável, como também o que é feio e vil; é, pois, como toda a justiça que somos chamados a prestar contas". - Ele diz que pela experiencia interna, o homem que deseja viver castamente não se deixará levar ao vicio pela primeira mulher que se lhe depara. E se faltar a seu proposito, ele mesmo é responsável por suas faltas, pois não quer resistir a tentação. Ou seja, o homem peca por suas escolhas, mas geralmente se esconde no depoimento de que a carne é fraca, por isso, eu peco. A nossa capacidade de nos tornarmos seres maus ou bons, está inteiramente ligado em escolher está diante de Deus para adora-Lo, ou afastar-se de sua presença para nos encher dos prazeres do mundo. 


Alguns naquela época, já negavam a existência do livre-arbítrio, Origines prova então, que a educabilidade do homem pode livra-lo de praticar certos erros e então fazer com que ele torne um homem bom. Por exemplo, ele diz que "sob influência de más companhias, certos homens se deixam arrastar às piores infâmia". Ora, se repararmos bem para o que o autor disse, isso é verdade, pois nem um homem nasce mau, ele se torna mau. Se Deus é quem dá o sopro da vida e Ele é repleto de bondade, o seu sopro nos faz inteiramente bons. É aquela bondade que reconhecemos perfeitamente nas crianças. Para explicar isso, Origines diz em seu, (De Principius), que toda criatura é essencialmente mutável. Pelo fato de ter sido tirado do nada, toda criatura deve ter um começo de existência; por outras palavras, sua existência é posterior à não existência. Por isso nenhuma criatura é por si mesma aquilo que é. Só Deus existe por si mesmo, por ser Ele a fonte de toda bondade. As criaturas ao contrário, receberam sua bondade do Criador, pelo que também podem tornar a perde-la; em outros termos: elas são necessariamente mutáveis. - Dai ele diz que, abandonar ou perder a bondade, é sinônimo de tronar-se mau: "recedere autem a bono non aliud est quam effici in malo" - O mal é a privação ou ausência da bondade, é um não ser, e, como tal, é o oposto de ser e do bem. Na proporção em que o homem se aparta do bem, ele perde sua perfeição e cresce no mal.

Conclusão: As maldades que praticamos não estão ligadas a Deus e nem é obra dEle. Deus jamais teve a pretensão de construir um mundo onde o sofrimento e a maldade fossem tão grandes como nos dias de hoje. As nossas ações é quem nos levam a fazer seja o bem ou o mau. Não podemos jamais questionar Deus como sendo o autor da maldade. Se o homem se torna alguém ruim, é porque quis. Nascemos perfeitamente bons, mas na medida que nos afastamos de Deus, perdemos o que é o sentido da bondade e passamos a ser seres ruins diante da humanidade. Como disse Origines, é por nossa vontade que nos afastamos de Deus. Então que a unica vontade que tenhamos em nosso carroção, é a de nos aproximarmos de dEle, e que depois, somente a vontade dEle seja feita em nossas vidas. 

Gilson Azevedo