Estudo norte-americano aponta que quem acredita em Deus é condicionado pela emotividade e menos capaz de pensar de modo crítico - mas dois especialistas em neurociência o desmentem
Quem acredita em Deus é menos capaz de pensar analiticamente?
Quem acredita em Deus é menos capaz de pensar criticamente do que um ateu?
Um ateu tem pensamento crítico mais desenvolvido que um crente?
É verdade que os crentes têm menos capacidade de pensar analiticamente?
De acordo com um estudo norte-americano, as pessoas que acreditam em Deus seriam condicionadas pela empatia e pela emotividade e teriam menor capacidade de pensar criticamente. No entanto, dois especialistas italianos em neurociência afirmam que não há nenhuma conexão entre a crença em Deus e a maior ou menor capacidade de raciocínio.
“Crer em Deus modifica o cérebro”, afirmaria o estudo publicado pela revista “Plos One“, segundo o qual aqueles que creem em Deus tendem a reprimir uma área usada pelo pensamento analítico e a ativar a área responsável pela empatia.
“Pelo que sabemos sobre o cérebro”, diz o professor Tony Jack, um dos elaboradores desse estudo, “acreditar em algo sobrenatural nos leva a deixar de lado o pensamento crítico para nos ajudar a ter uma compreensão melhor das coisas do ponto de vista social e emotivo” (Adnkronos, 2 de abril).
Quem acredita em Deus é menos capaz de pensar analiticamente?
Quem acredita em Deus é menos capaz de pensar criticamente do que um ateu?
Um ateu tem pensamento crítico mais desenvolvido que um crente?
É verdade que os crentes têm menos capacidade de pensar analiticamente?
De acordo com um estudo norte-americano, as pessoas que acreditam em Deus seriam condicionadas pela empatia e pela emotividade e teriam menor capacidade de pensar criticamente. No entanto, dois especialistas italianos em neurociência afirmam que não há nenhuma conexão entre a crença em Deus e a maior ou menor capacidade de raciocínio.
“Crer em Deus modifica o cérebro”, afirmaria o estudo publicado pela revista “Plos One“, segundo o qual aqueles que creem em Deus tendem a reprimir uma área usada pelo pensamento analítico e a ativar a área responsável pela empatia.
“Pelo que sabemos sobre o cérebro”, diz o professor Tony Jack, um dos elaboradores desse estudo, “acreditar em algo sobrenatural nos leva a deixar de lado o pensamento crítico para nos ajudar a ter uma compreensão melhor das coisas do ponto de vista social e emotivo” (Adnkronos, 2 de abril).
Analisando oito experimentos diferentes, feitos com grupos de 159 a 527 adultos, os pesquisadores observaram que as pessoas religiosas seriam mais empáticas do que aquelas que não acreditam em Deus. Segundo esses estudiosos, o cérebro usaria uma “rede analítica” de neurônios que permite pensar criticamente e uma “rede social” de neurônios que permite sentir empatia. “Por causa da tensão entre as duas redes, é possível aprofundar o nosso lado social e emocional. Esta poderia ser a chave para explicar por que a crença no sobrenatural é algo que une a história de culturas diferentes”.
Pensamento analítico x empatia
O professor Paolo Maria Rossini, diretor da Área de Neurociências da Policlínica Agostino Gemelli, em Roma, observa que o estudo de Tony Jack foi realizado na Universidade Case Western Reserve, de Cleveland, nos EUA, a partir de publicações anteriores do mesmo grupo de trabalho, que considera que o “pensamento analítico” é frequentemente associado ao ateísmo enquanto um pensamento religioso e transcendente é mais frequentemente ligado a um temperamento socializador e empático.
Um aspecto em comum
Continua Rossini: “Alguns acreditam que estas duas formas de relacionar-se com a realidade e com os outros se contrapõem nitidamente. Em ambos os casos, porém, o pensamento envolve circuitos neurais que passam pelos lobos frontais, estruturas que regulam as emoções, a memória e as capacidades de relacionamento pessoal”.
Ideação e preocupação moral
Os autores do estudo tinham examinado oito publicações científicas sobre o assunto, todas elas enquadradas em um modelo teórico que “se concentra em diferentes níveis de déficit no ‘processamento social e emocional’, típicos do espectro de distúrbios do autismo (ideação) e de tipo psicopatológico (preocupações morais)”.
Eles chegaram assim à conclusão, comenta Rossini, de que “a crença religiosa está positivamente associada às preocupações morais e de que a associação negativa entre ‘credo religioso’ e pensamento analítico pode ser explicada pela correlação negativa que liga a preocupação moral ao mesmo pensamento analítico (…) O estudo não apontou, no entanto, nenhum vínculo entre o tipo de ideação e a existência de um credo religioso e espiritual. O que foi descoberto pelos pesquisadores, primeiro, mal se vincula à teoria de que uma crença religiosa e espiritual se correlacione com a percepção das próprias ações, e, segundo, sugere que as diferenças de sexo masculino e feminino podem ser explicadas por diferenças na percepção moral”.
Deduções “pouco científicas”
Filippo Tempia, neurocientista, professor da Universidade de Turim e membro do instituto científico da fundação Cavalieri Ottolenghi, também da Itália, declara à Aleteia que “o artigo de Jack e seus colaboradores não diz em absoluto que a fé religiosas modifique o cérebro ou nos leve a pensar de modo menos crítico e mais social e empático. O estudo simplesmente compara pessoas que tendem a pensar de modo mais crítico e analítico e pessoas que respondem de forma mais intuitiva. Nos problemas colocados neste estudo, as respostas intuitivas estão erradas”.
A primeira conclusão seria a de que o número de pessoas que acreditam em Deus é menor dentro do grupo de indivíduos que raciocina de modo mais analítico. “Este resultado não é novo. O primeiro estudo é de 2012. Na verdade, o objetivo deste novo estudo é outro: dizer se a crença em Deus está ligada a uma maior aptidão social ou maior preocupação moral. Os resultados mostram que esta última, de fato, está relacionada com um grau maior de crença em Deus, mas a atitude social não tem essa relação”.
Teorias desmentidas
Tempia acrescenta que este resultado “desmente muitas teorias sociais que tendem a explicar a crença em Deus como um traço evolucionário que foi selecionado por causa dos benefícios sociais que permitia. Outra falsa teoria refutada é a de que a crença em Deus surge da tendência do cérebro a atribuir uma ‘mente’ a tudo o que age: a pedra que cai, a água que corre etc”.
Este estudo, além disso, “demonstra que a capacidade de compreender as outras pessoas como agentes dotados de vontade não tem relação com uma tendência maior ou menor a acreditar em Deus. O único fator realmente correlacionado com a crença em Deus, para este estudo, é a preocupação moral”.
O neurocientista observa ainda que “este estudo mal leva o cérebro em consideração: trata-se de experimentos de psicologia sem qualquer medição instrumental”.
O estudo de Jack e seus colaboradores demonstra que “a correlação entre a tendência a acreditar em Deus e o menor raciocínio analítico não é verdadeira, mas resulta do fato (mostrado nesse trabalho) de que as pessoas com mais raciocínio analítico têm menos preocupação moral com os outros. A verdadeira relação, de acordo com esses autores, é unicamente entre acreditar em Deus e ter maior preocupação moral”.
Causa ou efeito?
Uma limitação do estudo de Jack, destaca ainda Tempia, é que ele “não consegue dizer qual é a causa e qual é o efeito: se a preocupação moral leva à crença em Deus ou se a crença em Deus gera a preocupação moral, ou mesmo se a correlação se deve a um terceiro fator não considerado no estudo”.
Fonte: http://pt.aleteia.org/
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