Quem é a "Prostituta" do Apocalipse?


“Um dos sete Anjos das sete taças veio dizer-me: ‘Vem! Vou mostrar-te o julgamento da grande prostituta, que se assenta à beira das águas copiosas: os reis da terra se prostituíram com ela, e com o vinho da sua prostituição embriagaram-se os habitantes da terra’. Ele me transportou, então, em espírito ao deserto, onde vi uma mulher sentada sobre uma besta escarlate, cheia de títulos blasfemos, com sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida com púrpura e escarlate, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro cheio de abominações; são as imundícies de sua prostituição. Sobre a fronte estava escrito um nome, um mistério: ‘Babilônia, a Grande, a mãe das prostitutas e das abominações da terra’. Vi então que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. E vendo-a, fiquei profundamente admirado.”
(Ap 17,1-6).

João escrevia de dentro de uma prisão, na ilha de Patmos, e o fazia através da linguagem apocalíptica, rica em símbolos e sinais, para que os soldados romanos não entendessem a mensagem cristã caso colocassem as mãos nos manuscritos.

Para entendê-lo, devemos, por isso, entender sua técnica e retraduzir em idéias os símbolos que ele propõe, sob a pena de falsificar o sentido de sua mensagem (como acontece com as profecias de Daniel, também de linguagem apocalíptica, e as diversas ‘continhas’ que foram criadas ao longo dos anos para ‘adivinhar’ o dia da expiação).

Pois bem, um destes símbolos, é o nome Babilônia, que queria referir-se à Roma pagã.

Sabemos que a Roma pagã por sua devassidão moral era comparada à antiga Babilônia.

Antes do Apocalipse, São Pedro em sua primeira epístola utilizou-se do mesmo termo para referir-se à Roma.(1Pd 5, 13).

Como Deus não é um Deus de confusão, o Anjo do Senhor fornece mais detalhes que facilitam a identificação da Prostituta, a inimiga de Deus. Vejamos o restante do trecho:

“O Anjo, porém, me disse: ‘Por que estás admirado? Explicar-te-ei o mistério da mulher e da Besta com sete cabeças e dez chifres que a carrega’. A Besta que viste existia, mas não existe mais; está para subir do Abismo, mas caminho para a perdição. Os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, ficarão admirados ao ver a Besta, pois ela existia, não existe mais, mas reaparecerá. Aqui é necessário a inteligência que tem discernimento: as sete cabeças são sete montes sobre os quais a mulher está sentada.”
(Ap 17, 7-9) 


Pois bem! É incorreto dizer que a prostituta que está sentada sobre os sete montes (que ficam na parte oriental) de Roma é a Igreja Católica, pois na época em que São João Evangelista redigiu o Apocalipse quem ali estava estabelecido era o Império Romano, que oprimia o povo de Deus.

São João estava, justamente, transmitindo a mensagem do Anjo ao povo de Deus, a fim de informar que a vitória dos cristãos contra o Império Romano era iminente:

Os reis que a Prostituta possui, ou seja, os Imperadores Romanos, Farão guerra contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, e com ele vencerão também os chamados, os escolhidos, os fiéis.” (Ap 17, 14).

O Apocalipse era, antes de tudo, uma mensagem reveladora de caráter confortador aos cristãos oprimidos pelo Império Romano. Pois foi Cristo que enviou sua Igreja à Roma.

“Na noite seguinte, apresentou-se-lhe o Senhor e disse: …Tem bom ânimo: porque, como deste testemunho de mim em Jerusalém,assim importa que o dês também em Roma.” (Atos 23,11).
E após anunciada esta vitória dos Cristãos sobre o Império Romano (Babilônia, Roma pagã), lá a Igreja está estabelecida até os dias de hoje. Conforme prometido pela Sagrada Escritura. 


Figura como mero oportunismo a tentativa de associar a Igreja Católica à prostituta do Apocalipse, além de se tratar de um erro grosseiro de interpretação. Sem falar da utilização da maledicência e do falso testemunho contra o Catolicismo.

Por isso, nunca é demais ressaltar o que a própria passagem nos diz: “Aqui é necessário a inteligência que tem discernimento“.


Fonte: pensamentos de deus 

Comentários

  1. O Apocalipse é claro em definir a prostituta como sendo uma CIDADE (πόλις) onde foi crucificado o seu Senhor (Ap 11,8/ Lc 9,30-31/ Jo 19,15-18), e não uma igreja (εκκλησία) em particular. Foi nessa cidade que foi derramado o sangue dos profetas (Mt 23,29-39). Jesus disse que não é admitido que um profeta morresse fora de Jerusalém (Lc 13,33). Os próprios profetas de Israel chamaram Jerusalém de prostituta (Is 1,21/ Jr cap 2/ cap. 3,6-10/ Jr 13,27/ Ez 7,21-26 comparado com Dn 9,24-17/ Ez 16,15-59 comparado com Ap 17/ Ez 23,1-49).

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